EDITORIAL: Viajando sobre Voyager

Começou a crescer entre alguns visitantes do Trek Brasilis a opinião de que este site é contrário a Voyager, relegando a série ao desprezo e colocando-a como porção menos importante e até esquecível do universo de Jornada nas Estrelas. Embora seja até compreensível que algumas pessoas pensem assim, essa conclusão não poderia estar mais longe da verdade. Por uma razão muito simples: o TB existe para celebrar o universo de Jornada, não reparti-lo e picotá-lo.

Voyager é, sem dúvida alguma, a série mais criticada do franchise. O TB, por justamente ter a ambição de trazer ao fã a mais completa e honesta visão de todas as coisas que cercam Jornada nas Estrelas, faz questão de não impor qualquer tipo de restrição à manifestação de críticas ou elogios a qualquer parte do franchise que seja. Como Voyager é a mais polêmica, natural que seja também a mais criticada.

O que é preciso ficar bastante claro para os visitantes é que a opinião de um indivíduo de modo algum se traduz na opinião do site. Hoje, o Trek Brasilis é um amálgama de opiniões e gostos, que refletem justamente a apreciação que cada um tem de Jornada nas Estrelas. A única opinião que realmente pertence ao site é a de que ele deve trazer ao telespectador de Jornada nas Estrelas o maior volume de informação possível, seja ela na forma bruta –dados, entrevistas, matérias–, seja na forma lapidada –análises, artigos, colunas. De resto, não somos contra ou a favor de ninguém.

Se há um problema no ambiente de dublagem, noticiamos. Se a dublagem merece aplausos, aplaudimos. Se um entrevistado fala bem de Rick Berman, publicamos. Se ele fala mal, publicamos do mesmo jeito. Nós não estamos do lado de ninguém, exceto do nosso leitor, com quem temos o compromisso de disponilibizar o melhor material possível.

Há pessoas que claramente temem a divulgação e a difusão de críticas ao franchise, e, em especial, a Voyager, acreditando que a carga negativa poderia afetar o desempenho da série no Brasil, ou mesmo desestimular o USA a exibi-la. Esse tipo de comportamento, mais comum entre certos grupos de fãs do que supõe meu amigo leitor, é típico de uma mentalidade acrítica –justamente o mal que combatemos por aqui.

Ninguém aqui, nem o mais ferrenho crítico de Voyager, acha que os fãs deveriam parar de assistir à série, nem recomendam isso a seus leitores. Muito ao contrário, eles estimulam seu público a conferir e formar sua própria opinião. Quando o site oferece um fórum totalmente livre de censura e a possibilidade de o leitor comentar as notícias, o intuito é justamente estimular sua capacidade crítica –e tenho certeza de que Gene Roddenberry não pensou muito diferente acerca das metas que ele queria atingir com um certo programa de televisão que ele inventou.

Vale a pena assistir a Voyager? Claro que sim. Vale a pena criticar a Voyager, ou qualquer outra série ou segmento do franchise? A resposta é a mesma: indubitavente, sim. Alguns confundem crítica com depreciação. Muito ao contrário, criticar alguma coisa é, acima de tudo, respeitá-la. Se Voyager fosse um caso perdido, por que os fãs, ou a imprensa, se importariam em criticá-la, ano após ano, temporada após temporada, episódio após episódio?

Se gente como Luiz Castanheira, Fernando Penteriche e Daniel Sasaki criticam a série (no Fórum, em artigos para a capa do site ou no guia de episódios), seguramente não é para desmerecê-la, mas para apresentar um viés crítico a respeito do que, acima de tudo, é uma produção televisiva, com padrões de qualidade passíveis de avaliação.

(Aproveito este momento para abrir um parêntese para falar sobre o grande amigo Daniel Sasaki. Dificilmente vocês encontrarão um fã tão incondicional de Voyager quanto ele. Basta dizer que os desenhos que ilustram este editorial foram feitos por ele, segundo o próprio, para aplacar a frustração de ver sua série favorita terminar. Alguém poderia por favor escrever a ele e pedir que ele continue desenhando?)

Se alguém acha que um canal de televisão ficará mais ou menos sensibilizado com a qualidade dos programas que exibe, então deveria se perguntar por que a Hebe continua no SBT, o Faustão na Globo, e Jornada só é exibida em televisão a cabo. Os números da audiência são a regra do jogo. E, neste caso, criticar não é nada mais que um convite apetitoso para que o telespectador vá conferir o programa.

Após algumas discussões ferrenhas no Fórum do site, surgiu a sugestão para que a seção fosse dividida por série, para que os admiradores de cada uma delas pudessem trocar mensagens sem entrar em atrito com os demais. Isso, seguramente, é a última coisa que o TB vai fazer. Segregação não resolve diferenças, mas sim as acentua.

O objetivo diário deste site, que norteia todo e qualquer material publicado aqui, é promover a união dos fãs de Jornada nas Estrelas. Pouco importa se gostamos mais desta ou daquela série, deste ou daquele personagem. Estamos todos unidos por um fator indiscutível –somos todos fãs de Jornada nas Estrelas.

Essa é a forma como o TB encara seu papel junto aos fãs, e a abordagem dada sobre cada um dos segmentos já criados do franchise. Se você, amigo leitor, quer um site acrítico, ou com o rabo preso a este ou aquele interesse (econômico ou de qualquer outra natureza), está procurando no lugar errado. Aqui você só encontrará um grupo de pessoas extremamente esforçadas e dedicadas que fazem de sua atividade de divulgação uma segunda profissão apenas para aumentar a apreciação que os fãs têm deste esforço de extrapolação dos limites da imaginação humana iniciado há 35 anos por Gene Roddenberry.

E, sim, eu assisto a Voyager todos os fins de semana. E gosto.

Salvador Nogueira é editor do Trek Brasilis