Luiz Felipe Tavares na teia do Aranha

Todos que fazem o TB e já viram o filme “Homem-Aranha”, dirigido por Sam “Evil Dead” Raimi, são unânimes em afirmar que trata-se da melhor adaptação de um personagem famoso dos quadrinhos para as telonas dos cinemas.

Você poderá, a partir de hoje, conferir a opinião de alguns dos integrantes do Trek Brasilis sobre o filme, começando pelo nosso colunista da Série Clássica e especialista em DVD e cinema em geral, Luiz Felipe do Vale Tavares.

REVIEW: Homem-Aranha (“Spider-Man”)
Por Luiz Felipe do Vale Tavares

Sam Raimi foi sem dúvida a melhor escolha para dirigir Spider-Man. É um diretor fã de quadrinhos, que sabe o que o público gosta, sabe como dirigir seus atores, criar ótimas cenas de ação, contar uma boa história e passar o verdadeiro significado da palavra diversão.

Sam Raimi é mais bem conhecido como o diretor da trilogia “Evil Dead” (A Morte do Demônio, Uma Noite Alucinante e Uma Noite Alucinante 3). São filmes de terror em que predomina o humor negro, genial por sinal, e incríveis e inovadores movimentos de câmera. Raimi é também o diretor de “Darkman”, filme com cara de gibi, inteligente, super estiloso e com ótimas cenas de ação. Certamente foi Darkman que colocou Raimi como a melhor opção para dirigir Spider-Man.

Os fãs de Raimi podem ficar desapontados pelo fato de que a câmera mirabolante de seus filmes anteriores estar ausente nesse filme. Com certeza por imposição dos produtores da Columbia Pictures para evitar que o filme ficasse “estranho”. Mas pelo menos em uma cena Raimi nos brinda com um de seus truques de câmera; quase no fim quando o Duende Verde lança uma bomba que explode bem na frente do Homem-Aranha arremessando-o para longe. A cena é muito parecida com uma do “Evil Dead 2”, logo no início, quando um demônio arremessa o herói da história, Ash, pela floresta até ir de encontro com uma árvore. Por falar no Ash, o ator que o interpreta, o impagável Bruce Campbell, amigo de Sam Raimi, faz uma breve aparição em Spider-Man como o apresentador no ringue de luta livre.

Agora quanto ao filme em si, é uma das melhores adaptações de quadrinhos para o cinema. Os estúdios finalmente perceberam que investir seriamente em heróis de quadrinhos com os diretores e atores certos garante um enorme sucesso e grana farta.

Uns dos segredos é a escolha do elenco. Se acharem o ator certo para o herói certo, é um enorme passo à frente.

Durante anos, o último verdadeiro bom filme sobre super-heróis foi o “Superman”, na verdade apenas o primeiro e o segundo filme. Christopher Reeve é o Superman. Quanto ao “Batman” tenho minhas reservas; os dois primeiros tinham um visual esplendido, mas eram filmes falhos; o terceiro e quarto foram aberrações. Michael Keaton não era o Batman, e certamente Val Kilmer e George Clooney eram menos ainda.

Há uns dois anos chegou “X-Men”, que provou que um filme sobre super heróis poderia ser feito seriamente, agradando tanto aos fãs como o público em geral. Hugh Jackman é o Wolverine, e Patrick Stewart é o Professor X.

Muita gente criticou a escolha do ator Tobey Maguire para interpretar Peter Parker/Homem-Aranha, mas considero a escolha perfeita. Muita gente não sabe que Peter Parker/Homem-Aranha não é um tipo de herói como Superman ou Batman. Parker é um cara comum, um simples ser humano, jovem, que de repente se vê com poderes inimagináveis e passa a usá-los para combater o crime. Para mim, Maguire é o Homem-Aranha.

Kirsten Dunst é também uma ótima atriz, embora eu ache que ela não pôde explorar todo o seu potencial no papel de Mary Jane. De qualquer forma também a considero uma ótima escolha para o filme.

O personagem que recebeu maiores críticas foi o Duende Verde, interpretado pelo excelente (quando quer) Willem Defoe (de “Platoon” e “A Última Tentação de Cristo”). O Duende Verde foi o personagem mais descaracterizado em relação aos quadrinhos, principalmente com seu uniforme parecido com o dos vilões do Jaspion (e Power-Rangers). Fora isso não tenho reclamações. Acho que o personagem funciona no filme e temos uma boa interpretação de Dafoe.

Os efeitos especiais impressionam, mas sempre se mostram um tanto artificiais. Como todos os técnicos em efeitos especiais sabem que ainda estão longe de gerar um personagem CGI plenamente convincente, preferiram não tentar disfarçar. As cenas em que o Aranha aparece pulando entre os prédios de Nova York são um espetáculo, embora nitidamente gerados por computador. O diretor Sam Raimi concordou que é melhor assim, pois os efeitos especiais dessa forma dariam uma melhor impressão de uma revista em quadrinhos.

Concluindo, temos um excelente filme, digno de reconhecimento por não ser apenas mais um filme de ação sem alma e sem inteligência como quase todos os filmes oriundos dos EUA atualmente. Após uns cinco anos de desilusão com o cinemão americano de ação e aventura, parece que finalmente as coisas estão melhorando de novo. Tivemos recentemente excelentes filmes como “Matrix”, “X-Men”, “O Senhor dos Anéis” e “Spider-Man” e teremos em breve algumas boas apostas como “As Duas Torres” (continuação do Senhor dos Anéis), “Matrix 2 e 3”, “Hulk” (com ótimo elenco e direção a cargo de Ang Lee de O Tigre e o Dragão) e “Indiana Jones 4” (já em fase de pré-produção). Minha fé nesse gênero de filme está voltando.

Luiz Felipe do Vale Tavares escreve sobre DVDs, cinema e Jornada nas Estrelas com exclusividade para o TB