O começo do fim!

Quando você pensa que Mr. Rick Berman aprendeu sua lição, cai essa bomba na sua cabeça (ei, melhor na sua do que na minha). Depois de uma década sofrível produzindo uma Jornada nas Estrelas pobre e sem brilho, parece que Mr. Berman quer repetir a dose por mais alguns anos. Depois de duas séries horríveis – Voyager e Enterprise – e dois filmes que foram verdadeiros épicos desastrosos na bilheteria – Insurreição e Nêmesis – Berman parece querer se superar e produzir algo que faça seus últimos fracassos se tornarem verdadeiras obras-primas aos olhos dos trekkies e dos fãs intelectualmente dotados.

Diga-se a verdade, a produção do próximo filme da moribunda franchise de Jornada não foi idéia de Berman, mas dos produtores Kerry McGlucagge e Jordan Kerner. Parece que quando ouviu que um filme estava sendo produzido sem ele, Mr. Berman ficou enciumado e logo pediu para entrar na roda. Foi de Berman a escolha do roterista Erik Jendresen, que entre outras coisas escreveu o premiado drama de guerra “Band of Brothers” para o canal HBO, produzido por ninguém menos que Tom Hanks e Steven Spielberg.

Bom, você deve estar pensando, não é? Se esse cara consegue injetar tamanho drama na Segunda Guerra Mundial, talvez ele consiga injetar este tal drama na minha Guerra Romulana, pensou Berman e seus parceiros de crime. O problema é que Berman não é nenhum Tom Hanks e muito menos nenhum Spielberg. Berman é um bom produtor, mas tem o problema crônico de também se considerar escritor e roterista. Foi assim em Voyager e Enterprise e foi assim nos quatro filmes de cinema de A Nova Geração. Não importa se o roterista do filme é um renomado indicado ao Oscar chamado John Logan ou um pobre coitado chamado Brannon Braga, lá está Berman metendo sua colher no roteiro e levando o título de co-roterista. Veja os créditos de Generations, Primeiro Contato, Insurreição e do pobre Nêmesis. Oh, meu pobre Nêmesis!

Mas eu aposto que você quer saber sobre o que é esse tal roteiro, não é, meu caro? Baseado em notícias preliminares e fontes do site do qual eu sou editor, o TrekWeb, parece que “Star Trek: The Beginning” começa 2 anos após os eventos do penúltimo episodio de Enterprise, “Terra Prime”. Ou seja, o filme se passa durante o hiato de 6 anos entre “Terra Prime” e “These Are The Voyages…”, o episódio final, período de tempo em que se passou a terrível guerra entre a Terra e Romulus.

E é nessa guerra romulana que conhecemos os personagens do filme, uma tripulação de cadetes (ou será MACOS?) vivida por atores mais jovens que os encontrados nas outras séries a bordo de uma nave estelar similar a NX-01, com ao que parece com o mesmo design e uniformes, mas na qual o capitão e seu oficiais não são os personagens principais do filme. O ponto mais importante da premissa é o incidente que dá início a tal guerra e que levará à fundação da Federação anos no futuro.

Pura especulação? Talvez. O próprio Berman já disse em entrevistas que o projeto não teve ainda a luz verde do estúdio para seguir produção, e que apenas um roteiro estava sendo desenvolvido, sendo que ainda não havia desenvolvimento no resto do projeto. Se for a verdade, Deus existe.

Outro fato curioso é que um ator já está com seu nome ligado a “Star Trek: The Beginning“, mesmo sem a tal luz verde da Paramount. E assim como Scott Bakula, ele já tem fãs junto à comunidade de ficção e fantasia. É David Boreanaz, que durante anos encantou telespectadores como a vampiro de coração bom chamado Angel, nas séries “Buffy – A Caça Vampiros” e (você acertou) “Angel”. Parece que os agentes do ator, ao passear pela Paramount à procura de um projeto para seu cliente, colocaram a mão no roteiro de Jendresen e gostaram do que leram. Se Boreanaz vai virar oficial da Frota Estelar e é claro, se o filme vai sair do papel, isso já é outra história.

Fiquem ligados nesse canal, quer dizer, site. Afinal de contas, o desempregado Boreanaz precisa do cachê. Para concluir, os mais cínicos dizem que a Paramount está apenas esperando que o contrato de Mr. Berman com o estúdio acabe no ano que vem, e assim os executivos podem dar com o pé na bunda do ex-produtor e seu roteirista, e assim contratar um novo produtor e dar início a um novo projeto.

Quem sabe alguém com bom senso chame um produtor que entenda o gênero como Joss Whedon ou J. Michael Straczynski para dar vida nova a Jornada. Ou chamar um velho ator chamado Shatner para adaptar seu livro “O Retorno do Capitao Kirk” para a tela grande. Ou um último filme com Picard e sua tripulação, que apague a memória de Nêmesis dos nossos cérebros, já não muito saudáveis.

Como Leonard Nimoy sempre dizia, “existem sempre possibilidades”… Cruze os dedos. Eu estou cruzando os meus.

Artigo originalmente publicado no conteúdo clássico do Trek Brasilis em 3 de outubro de 2005.