Eu também vi quatro cenas do novo filme!

star-trek-logo-1Como já publicado anteriormente, o TB viu quatro cenas do novo filme, por meio de nosso editor Salvador Nogueira. As cenas foram mostradas numa sessão promovida pela Paramount apenas para a mídia e exibidores de filmes. Seguindo a linha democrática do site, abrimos espaço a outro fã de Jornada que também esteve lá, para opinar sobre o que achou desses 25 minutos de projeção.

Flávio Fernandes é um leitor do TB que está sempre dando sua opinião nos artigos que são publicados neste site. Ele trabalha num dos maiores exibidores de filme da cidade de São Paulo. De acordo com ele, a Paramount locou um cinema na Avenida Paulista para um evento aos exibidores do Brasil inteiro (Cinemark, UCI, Severiano Ribeiro e etc.).  Neste evento eles falaram sobre dois filmes:  Watchmen e Star Trek. O tema do encontro foi sobre o lançamento dos filmes no  Brasil, parcerias, campanha de marketing e outros. O evento foi fechado, coorporativo. As cenas de Jornada (inclusive com legendas) foram totalmente digitalizadas, geradas nos EUA – através de satélite.  

Segundo Flávio, infelizmente não foi possível obter imagens, uma vez que ocorreu um forte esquema de segurança, não permitindo a presença de celulares, máquinas fotográficas e etc.

Ele nos enviou um texto, em que comenta sobre o que achou dessas quatro cenas. Veja abaixo. Vale lembrar que vocês poderão também comentar sobre o assunto com mais profundidade  no Forum TB.

Prezados colegas:

Inicialmente é bom ressaltar que sou um trekker ortodoxo, principalmente no que tange a Série Clássica. Isto posto, seguem minhas impressões sobre as quatro cenas que assisti na última quinta-feira.

 

Cena 1 – Conhecendo Kirk – em um Bar:

Quanto a questão de Kirk estar bêbado e gostar de bares isto sempre foi – razoavelmente – característica dele.  Sabemos que ele era freqüentador de cabarés em Rigel 2, ou que por exemplo, Scotty já o tinha visto bêbado (Lembre-se do episódio “O Intruso” da série clássica).

Então seria aceitável vê-lo quando jovem, com vinte e poucos anos em um bar bêbado.  Bem, quanto a ele brigar, então, também seria algo aceitável, pois, o homem não pode ser tão “bom de briga” sem “treinos”, não é??

Como não conhecemos a questão do “Reboot” tão falado da estória é difícil analisar algumas coisas, mas, parece-me que a “cantada” na Uhura é um uma falha e algo dispensável.  Não que ela não seja linda (nas duas versões Nichelle ou Zoe), mas realmente não vemos nada disto no relacionamento entre os dois, aliás, dentro do cânon o relacionamento de ambos mostra-se muito frio e profissional. 

Quanto ao Pai de Kirk ter salvado 800 pessoas, servido na frota estelar e etc… também é um fato jamais mencionado no universo de Jornada.  Realmente não sei como esta questão vai ser apresentada.

Bem, em relação à produção da cena, a música, o Lay-Out do Bar, os alienígenas, pode não ser cópia de Star Wars como o Salvador citou, mas tem a haver.  A música é bem humana, o ambiente do bar é bem humano, mas as cenas têm sim conexões aparentes com Star Wars.  Lamentavelmente, para mim. 

Falando sobre Cristopher Pike, sempre o vi como um Kirk mais velho.  Não conhecemos este personagem bem, talvez por isto eu tenha esta impressão.  O que podemos ver, na cena, é que ele será um tutor de Kirk.  Um oficial com mais experiência que vai guiá-lo por um tempo.  Bem, neste caso, como o personagem está em aberto achei muito interessante esta abordagem.

A cena é dinâmica, bonita, musical e muito bem fotografada.  Não achei nada “criminoso” a postura do jovem Kirk nela apesar da questão da Uhura.  Acho que dentro de um contexto, sem muito rigor, a mesma pode ser inserida no que conhecemos de Jornada.

 

Cena 2 – A reação alérgica de Kirk:

Esta cena é problemática.  Isto porque existem várias coisas que contrariam o que conhecemos, na minha opinião.  Fica muito nítido mesmo.  Olhem bem o que eu digo:

 1) O Lay-Out da Enterprise: Basicamente temos um Lay-Out branco (paredes da nave) e preto (chão da nave). A nave por dentro é muito diferente, a ponte de comando completamente diferente. Nem tão arredondada é. Realmente, infelizmente, vejo novamente algo de Star Wars aqui. Lembre-se da primeira cena do episódio quatro de Star Wars quando Darth Vader arromba uma porta de uma nave que está transportando a Princesa Lea. Então, o interior em termos de cores é parecido mesmo com a nova Enterprise;

2) Os Romulanos: Nem preciso falar sobre isto (Lembre-se do episódio: “O Equilíbrio do Terror da série clássica). Este é um erro crasso do Cânon, mas, deve haver alguma explicação, mas qualquer uma que haja levará a alteração da missão de cinco anos que conhecemos. Por isto, acho inaceitável, e poder-se-ia ter alternativas a isto, digo, dentro do roteiro;

3) A postura de Spock, muito bem falado pelo Salvador, mostra uma falta de profundidade. Eles realmente são parecidos fisicamente, mas a simpatia (ou “anti”-simpatia – como queiram) brilhante de Nimoy não dá nem para perceber de longe. Parece alguém estranho, um novo personagem nitidamente opositor a Kirk com uma energia que ele nunca perseguiu, nem nas suas maiores convicções. Neste particular, o que vi de Spock não gostei mesmo.

Quanto a questão da doença, das mãos inchadas e etc… tudo bem.  São argumentos do roteiro com um pouco de humor que podemos aceitar. 

Como disse esta cena mostra o quanto às coisas vão mudar, o quanto o cânon será deixado de lado, o quanto não se trata apenas de uma Jornada nas Estrelas 2.0, mas sim de uma nova realidade (ou realidade alternativa) que vai inclusive deixar de lado a nossa querida série clássica.  Temos que nos preparar para isto mesmo.

 

Cena 3 – O nosso velho Spock – Alento para nós, os tradicionais:

Esta cena é realmente familiar.  Kirk é bem Kirk mesmo aqui.  Gostei também do Scotty (apesar de ele estar acompanhado de um alienígena típico de Star Wars.  Estarei  sendo implicante??).  E quanto a Spock, que “fascinante” foi vê-lo novamente.  Com a “profundidade” de sempre, mais idoso, mas – sim – o nosso velho Spock mesmo.  Todo o tempero de nosso querido personagem foi resgatado nesta cena, neste momento.  Esta cena – sim – era Jornada pura.  Um diálogo típico, os personagens em suas melhores características, um cenário típico, uma situação típica e etc… Adorei esta cena, e a mesma me deu realmente – ainda – esperanças.

 

Cena 4 – Ação em Vulcano:

Esta cena mostra o que eu acho que vamos ver na maioria do filme:  Uma “aventurona”.  Se isto é bom ou ruim, acredito, é algo pessoal de cada um que vai assistir ao filme. A “aventurona nua e crua” não considero isto Jornada.  As aventuras de Jornada são dentro de um contexto especial típico.  Não sei se veremos estes aspectos “típicos” presentes com muita freqüência neste filme.

Bem, os efeitos especiais são espetaculares. Mas, minha ortodoxia me impõe a necessidade de comentar alguns detalhes á saber:

 1) Não entendo como não foram usados os phasers nesta cena. O combate corpo a corpo faz parte de Jornada, é super legal, mas no contexto na cena os phasers seriam os mais apropriados;

2) O comportamento de Kirk e Sulu, no combate, é invertido. Novamente vemos um jovem rebelde meio perdido (Kirk) e o inverso um oficial bem treinado (com uma espada de Samurai retrátil) comandando a cena. Isto não é aceitável, ainda por cima, Sulu salva a vida de Kirk (o que seria aceitável num contexto menos absurdo);

3) A cena não tem um conteúdo prático bem definido do que se “tinha que fazer”, “como foi feito” e os “resultados em relação aos objetivos”. Não é muito Jornada também.

Fora as impressões acima tudo tem um bom ritmo, um dinamismo, uma boa fotografia e efeitos especiais muito modernos e interessantes, mas é  só, e beira um “besteirol” muito bem feito.

 

Comentários Finais:

Fica fácil analisar uma estória de fundo dos personagens de Jornada das Estrelas como um Trekker ortodoxo.  Nas cenas fiquei procurando o Feenegan e Ruth (A Licença), Carol Marcus (ST II), Kobaiashi Maru, e etc…  Não achei.  O fato é que – talvez – eu não vá achar no filme inteiro.  Posso ficar chateado, pensando que JJ. Abrahams não é maior que Jornada nas Estrelas, deixando de lado tanta coisa, violando o cânon e etc… para ter um filme em novo ritmo e versão 2.0. Mas o resumo de tudo é que além de primeiro precisarmos assistir o filme inteiro para entender o andamento das coisas, a seqüência dos fatos do roteiro e etc… teremos que estar preparados para ver algo novo e tentarmos apreciar.  Se os ingredientes antigos, em “pílulas” forem acrescentados nesta nova versão, que isto nos sirva de consolo.  Se ficar evidenciado que – no roteiro – quando Nero altera a linha temporal (e por isto não teremos nesta nova realidade as aventuras da missão de cinco anos que aprendemos a amar desde a infância), e que será fruto de uma necessidade de manter nossa Jornada nas Estrelas viva, teremos que conviver com isto.

Talvez nada disto seja importante para o diretor, para os roteiristas e nem mesmo para o novo público alvo da franquia, mas para alguns como eu será.

Pode não ser o motivo de deixarmos de assistir o filme, até várias vezes.  É claro que iremos assistir, comprar os DVD´s no futuro e até mesmo ter carinho por tudo isto. Porém, o que senti, em resumo, vendo as cenas, é que Jornada nas Estrelas como conhecíamos acabou quando vimos nossa Enterprise indo em direção ao Sol no filme número seis (A terra desconhecida).  Ainda com Shatner e companhia.

Agradecemos a contribuição de Flávio Fernandes neste artigo.