Novo bate papo com Orci e Kurtzman

kurtzman-orciA história de Star Trek começou há três anos com os roteiristas Alex Kurtzman, Roberto Orci. Nessa nova entrevista aos sites Trek Movie e Comingsoon, os escritores e o produtor Damon Lindelof forneceram mais detalhes a respeito da criação do script, do tempo altenativo e também algo sobre o próximo filme. Vejam o que de mais importantes foi comentado por eles. Spoilers.

Sobre ter algo em mente para Jornada antes do convite.

Orci: “Nós tivemos uma idéia e pensamos que aquilo realmente poderia funcionar. Uma vez que você tenha uma idéia, é difícil ignorá-la. Fica na sua cabeça e você pensa que se não fizer isso, alguém poderia entrar e destruir tudo. Foi inspirada no que pensávamos que era necessário para Jornada. Conversamos sobre isso em geral, mas não tão específico antes dos telefonemas (do estúdio). Mas tivemos discussões sobre o que fazer e quanto voltar para a juventude de alguns dos personagens”.

Kurtzman: “O problema imediato que enfrentamos foi que não havia nenhuma versão de seguir em frente com Jornada, na qual o Bob chama de o “Novo da Nova Geração”. Isso não tinha qualquer atrativo para a gente. A ideia foi sempre voltar à série original, mas o problema é que sabemos o destino dos personagens da Série Clássica. Portanto, se você estiver insuflando uma nova vida para Jornada, como fazê-la tornar-se imprevisível? Se você sabe como eles morrem, você nunca pode colocá-los em perigo real. Isso levou-nos ao ponto em que  se nós alterarmos a linha de tempo, poderíamos contar toda uma nova série de histórias com os nossos personagens”.

Um reboot ou prequel?

Orci: “Nós sempre sentimos que os fãs podem lidar com paradoxos e múltiplas reflexões interessantes. Por isso que não poderíamos dizer “não” (para reboot ou prequel), uma vez que a ideia disso é ser tanto um prequel quanto uma sequência. É literalmente um filme de duas audiências. Se você conhece Jornada, então você entende tudo que acontece. Se não conhecer, ele funciona muito como um prequel”.

Kurtzman: “Os personagens não mudaram como personagens. Eles ainda tem todos os traços de personalidade que conhecemos da tripulação original. Acho que o grave erro teria sido a tentativa de reinventar os personagens. Isso teria feito toda a gente, incluindo nós próprios, muito infeliz. Seria como violar o solo sagrado. Esta foi uma maneira de permanecer fiel ao cânon e levar as histórias em uma nova direção”.

Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas no contexto da uma abordagem científica.

Orci: “Star Wars é auto reconhecida como fantasia e Jornada é possívelmente uma extrapolação do nosso futuro, com base naquilo que é agora conhecido cientificamente. Isso sempre foi parte da diversão de Jornada. E o Sr. Spock foi sempre a alma moral de Jornada, e o que ele era? Ele era a ciência oficial”.

Utilizar a viagem no tempo novamente

Orci: “Nós hesitamos em usar a viagem no tempo, porque ela era muito utilizada. No entanto, houve uma razão importante para usá-la – ser tanto um prequel quanto uma sequência – manter o cânon, e ainda afastarmos dele. Apesar de seu uso exagerado, nós achávamos que deveríamos usá-la mais uma vez, e então não utilizá-la novamente. Foi também a única forma de justificar o nível de envolvimento que nós sentimos para Nimoy ser um verdadeiro participante ativo no filme”.

 Sobre a ausência de personagens conhecidos da série original.

Kurtzman: “Na verdade a enfermeira Chapel esteve no primeiro rascunho. Ela fazia parte de uma divertida cena, mas eu não me recordo por que razão ela não acabou na mesma”.

Orci: “É só questão de espaço (no filme). Uma das coisas que nós queríamos ter certeza é que pelo menos o nosso grupo central de personagens tinha que ter uma verdadeira razão de ser no filme e ter a sua hora de brilhar. Mas tentamos nos certificar de que nada está excluído. Portanto, mesmo se não vê-lo, não há nada no filme que se oponha à existência de Gary Mitchell, por exemplo. Assim como Chekov tecnicamente nunca foi visto por Khan na série original, mas é reconhecido por Khan em Star Trek II. Por quê? Porque se você tivesse virado à esquerda em Space Seed, você teria encontrado Chekov”.

Criar o planeta Delta Vega diferente daquele na série original.

Orci: “Verdade. Sim fizemos. Nós movemos o planeta para satisfazer os nossos propósitos. A familiaridade do nome pareceu mais importante como uma surpresa, do que um novo nome sem importância”.

A diferença entre Nero e Khan.

Kurtzman: “Os melhores caras maus são aqueles que, quando você finalmente compreende a sua história, você se simpatiza com eles e pode se relacionar de alguma maneira. Você não pode concordar com o que estão fazendo, mas pode se conectar com eles emocionalmente. É por isso que Khan foi tão maravilhoso. Depois que ele (Khan) conta a história de perder sua esposa, você percebe com isso que ele está muito louco. Essa foi uma espécie de bússola para nós, descobrir quem era o Nero. Mas, quanto ao que é diferente, embora você se simpatize com Khan, ele parece ser um personagem sem consciência, o que não posso dizer o mesmo sobre Nero”.

Orci: “Khan era realeza; Nero é classe trabalhadora. Khan veio de um passado distante e Nero de um futuro distante. E eu acho que o foco de suas obsessões também os definem. Para Khan, foi Kirk, mas para o Nero … bem, vamos descobrir o foco de sua obsessão vendo o filme”.

 Por que utilizar Romulanos ao invés de Klingons?

Orci: “Nós queríamos fazer uma mistura, com algumas coisas clássicas, mas com uma distorção. E a batalha já foi ganha pelos fãs do Sr. Worf por aceitar Klingons. Então, parece que o filme está indo para trás para demonizar uma raça que já tínhamos feito amigos em A Nova Geração. Considerando que da última vez que vemos Spock de Nimoy, ele está em uma tenue espécie de guerra fria com os Romulanos e que foi o último lugar onde deixamos esse personagem, queríamos continuar a partir de seu ponto de vista”.

A diferença dos romulanos do filme com os da série clássica.

Orci: “A principal diferença é que eles são leais uns aos outros, mas não são diplomáticos ou um braço militar do Império Romulano. Eles são da classe de trabalhadores, Romulanos normais, que sonharam com uma vida em paz em seu planeta natal com suas famílias. Eles não são pessoas que iniciam o seu percurso como imperialistas. Nero e sua tripulação não são os construtores do Império”.

Veremos outros romulanos além de Nero no século 23?

Orci: “Não. Assim como Khan é um vilão singular, também é Nero e sua tripulação”.

Vocês já pensaram numa sequência?

Lindelof: “Alex, Roberto e eu iremos escrever em conjunto. Já tivemos as primeiras conversas preliminares com J.J., mas, obviamente, falar agora é quase trazer má sorte, está muito longe. Nós esperamos que funcione bem, e então vamos levá-lo para o próximo ano. Estamos um pouco curiosos quanto ao que o público quer. Nós vamos começar a ter uma noção com relação ao que eles estão respondendo no filme. Queremos escrever para eles também”.

Vocês irão observar episódios como Semente do Espaço, A Cidade à Beira da Eternidade, Tempo de Loucura?

Orci: “Temos de olhar para trás. Iremos fazê-lo novamente”.

Kurtzman: “Definitivamente, nós fizemos isso neste filme. Muito do que você verá no filme terá um monte de crossovers, em termos daquilo que se passou em suas vidas. Acho que podemos ver esta nova linha temporal em harmonia com a antiga linha do tempo. Você verá uma série de personagens através de uma lente ligeiramente diferente”.

A história de Jornada de agora em diante não será contada da mesma forma?

Orci: “Sem dúvida. A vantagem de fazê-lo desta maneira é que o Universo não está completamente mudado, mas não é totalmente previsível como antes. Portanto, os mesmos personagens podem encontrar as mesmas situações, mas tem resultados diferentes”.