Burman espera produzir Klingons em Star Trek 2

O ganhador do Oscar de Melhor Maquiagem, Barney Burman, conversou um pouco antes de sua premiação, com o site Trek Movie, e falou de seu trabalho e as comparações com os efeitos em computação gráfica. Ele também comentou sobre o seu desejo de trabalhar no perfil dos Klingons para o próximo filme.

Burman já trabalhou em mais de 80 filmes diferentes e projetos para a televisão, como Arquivo-X, Galaxy Quest, Pearl Harbor, Planeta dos Macacos, Homens de Preto II,  Matrix Reloaded, Constantine e outros . Mas seu primeiro trabalho foi realmente no laboratório de maquiagem em Star Trek III: A Procura de Spock em 1984, tendo retornado em Star Trek VI: A Terra Desconhecida. Em 2004, co-fundou a Make-up Proteus FX com o artista Steve Prouty. O primeiro trabalho de Burman pela Proteus foi com J. J. Abrams em Missão: Impossível III. Abrams o recontratou para Star Trek, que culminou com seu primeiro Oscar.

Você ficou surpreso com o quão pouco CGI Abrams usava para os personagens alienígenas?

Burman: “Inicialmente, nós conversamos sobre fazer algumas misturas de próteses com CGI, para que pudéssemos mudar a forma das pessoas um pouco mais, mas o tempo e o dinheiro tornaram proibitivos. Mas eu nunca fui surpreendido por J.J. querer fazer uma boa quantidade de efeitos práticos, porque ele adora essas coisas. E ele acredita ter sempre in camera tanto quanto possível, e eu adoro isso sobre ele. Eu adoro esses cineastas que querem criar um mundo que as pessoas possam viver e reagir, no momento”.

Você acha que no mundo pós-Avatar, cineastas como J.J., que gostam de próteses, ainda vão ficar com elas? Ou haverá pressão para seguir com mais CGI?

Burman: “Eu não sei se é pressão, mas haverá aqueles diretores que gostam de controlar tudo após. E haverá aqueles caras como J.J. que querem ver tanto na frente deles quanto possível, e depois reforçar as coisas no lugar certo. Avatar foi obviamente um marco e um filme maravilhoso, mas acho que ainda é o tipo de exceção, e não a regra, ou pelo menos eu espero”.

Lembro-me depois da primeira vez que vi cenas do filme no preview em 2008, que fiz um comentário com um dos produtores sobre como bom é o CGI, e fiquei surpreso ao saber que tudo foi feito com maquiagem. Você teve esse tipo de reação das pessoas que não percebem que o que vemos em Star Trek é um trabalho de sua equipe?

Burman: “Falei com algumas pessoas que não sabiam. Quando mostrei a imagens de meu portifólio, a reação foi: “uau, eu não sabia que o cara estava realmente lá”. É uma espécie estranha de elogio. Mesmo um dos nossos artistas de composição cometeu esse erro, me dizendo que pensou que o movimento nos personagens saiu após a edição”.

Havia algum CGI nas adições de alguns dos personagens, como os olhos de Keenser?

Burman: “Keenser sempre foi planejado para ter algum tipo de elemento CGI sobre os olhos, e lá estava uma piscada adicionada ao alien que você vê na Kelvin. Mas esse alienígena (da Kelvin) também teve alguns movimentos faciais da atriz, que veio com a vibração da boca, o que foi muito interessante”.

Qual desses aliens do filme foi o maior desafio para você?

Burman: “É difícil dizer, mas tem o do bar, porque ele foi um dos nossos primeiros aliens. Eu fiz isso em silicone e por isso tive que aprender sobre a gravidade que causaria o efeito, onde o silício veio a descansar sobre o ator. Houve um alienígena que era um peixe-borboleta e eu acho que nunca entendi direito o meu gosto, mas no final a cena foi cortada, por isso não importa”.

Algumas pessoas se perguntam se o alien no bar foi uma chamada de volta para Deep Space Nine, do personagem Morn. Eu sei que seu tio Ellis trabalhou nesta série, houve assim uma conexão ou apenas uma coincidência?

Burman: “Eu nunca vi Deep Space Nine, então eu não estava familiarizado com o personagem. Ellis dirigiu o laboratório, mas eu não sei se ele projetou qualquer alienígena. Se houver qualquer semelhança foi acidental. Esse é um personagem que eu assentei com um busto e um pouco de argila, coloquei-os em conjunto e foi como ele veio à vida”.

Muitos personagens estranhos apareceram em uma das cenas cortadas de Rura Penthe. Qual foi o mais difícil para você fazer?

Burman: “Vários deles nessa cena, na verdade. Um deles era um personagem que chamamos de ‘Quadrado’, porque tinha quatro olhos. Ele está na cena excluída, sendo torturado pelos Klingons. Os caras adicionaram os olhos em CGI, e eu estava realmente animado com esse personagem. Houve um Gorn e um Vampiro de Sal, e eu fiquei triste em vê-los fora. Eram mais máscaras gerais inteiras (sem botões ou zippers), com macacões e luvas, mas eles foram muito bem concretizados”.

Se você voltar para um próximo filme de Star Trek, que tipo de desafios gostaria de assumir?

Burman: “Devo ressaltar que eu não sei como será o script e eu não sei o que vão fazer, mas parece que estão pedindo para trazer os Klingons. E eu realmente gostaria de revisitar a raça Klingon e desenvolvê-la ainda mais. Na série original eles tinham apenas uma cor e tratamento do cabelo. E, no filme, os Klingons tinham uma espécie de vértebra percorrendo sua cabeça. Meu pai repensou-os para Star Trek III e deu-lhes mais do que o tratamento de testa bizarro demoníaca, ele trouxe uma linha de contorno do cabelo. Então, eu gostaria de trazer minha visão para eles”.

Eu também acho que seria divertido adicionar diferentes tipos de Klingons, ou alguns personagens … já que são alienígenas. Seria bom criar uma raça mais substanciada desses personagens, pois não existe um simples visual para um planeta inteiro. Com a variação na raça humana que nós temos, eu gostaria de ver esses tipos de variações em um alienígena ou outra raça. Quer se trate de Klingons, ou quem quer que seja”.

Mesmo que eles tenham cortado, você criou Klingons para Star Trek, embora tenha mostrado um visual com os capacetes e máscaras. Então, você gostaria de desmascará-los para uma sequência?

Burman: Sim! Eu adoraria ver os Klingons sem máscara. Para mim, é como se fosse como Batman Begins, e eles fizeram isso de novo. E na seqüência sabiam que tinham de trazer o Coringa, porque ele é o mais icônico vilão do Batman. Então, para mim é a mesma coisa, se você estiver indo fazer um segundo Star Trek, espero que a gente comece a ver os Klingons”.