Entrevista com Nana Visitor, Parte II

Na primeira parte da entrevista com Nana Visitor, a atriz falou sobre seu tempo na série Deep Space Nine. Agora, nesta segunda parte da conversa com o Star Trek.com, Nana comenta mais a respeito de seu papel como Kira, e em Wildfire, a relação de amizade com Michael Piller, sua decisão de morar no Novo México e os novos projetos. Veja os pontos mais importantes.

Quando a série terminou, você estava animada com o futuro, com medo do que poderia seguir, ou os dois?

“Eu fiquei arrasada. Eu estava completamente arrasada. Eu sou uma pessoa muito tribal, e eu senti que o grupo foi a minha tribo. Eu senti que a Paramount, até ao final da série, foi a minha casa. Eu amava profundamente meu persongem. Eu não estava pronta para desistir de interpretá-la. Meus filhos cresceram praticamente na Paramount. Foi muito difícil para eu sair. Eu estava nos meus 40 anos, sendo colocada para fora no mundo. E se você pensar sobre isso, verá que eu era uma atriz de Jornada, nos meus 40 anos, mulher, e foi difícil não pensar que  não seria bom. Mas, na verdade, eu comecei a fazer alguns dos meus mais satisfatórios trabalhos, desde então. Todos os clichês e os pressupostos que você acha que vai governar a sua vida … nem sempre governam a sua vida.”

Pós-Deep Space Nine, você conseguiu um papel recorrente em Dark Angel, realizou o seu sonho de atuar na Broadway (no show Chicago), teve participações como convidada em Frasier e Battlestar Galactica, e apareceu em filmes como Mini’s First Time e Swing Vote. Mas seus projetos mais significativos – em termos de cinema e TV – foram provavelmente Wildfire, Sexta-Feira 13 e Family Guy. Conte um pouco sobre cada uma dessas experiências.

“Michael Piller foi mais uma vez o que envolveu uma mudança na minha vida. Eu odiava o campo. Eu fui uma daquelas detestáveis nova iorquinas, que acreditava nestes cartazes que mostram Nova York e absolutamente nada no meio do país e, em seguida, Los Angeles. Quando soube que íamos filmar Wildfire no Novo México, eu fiquei arrasada. E para estar filmando nas duas primeiras semanas, pensei, “Eu não posso fazer isso. Eu não posso estar aqui”. Então, algo aconteceu e me transformou, parei de lutar e comecei a ouvir o meu ambiente e a mim. Quando você está nesse meio, você não pode evitar, e eu acho que eu realmente precisava disso em minha vida. Então eu diria que Wildfire foi muito importante devido à localização do mesmo e o que ele significou para mim. E, não me interpretem mal, eu gostei da série, amava as pessoas, adorei que Michael Piller tenha me contratado novamente, detestei tê-lo perdido tão cedo durante nosso trabalho (falecido em 2005), e fiquei muito orgulhosa do trabalho que fizemos. Mas, principalmente, fiquei emocionada quando descobri metade do país que eu nunca tinha sentido antes.”

Você foi a assassina Sra. Voorhees no remake de Sexta-Feira 13 e forneceu a voz de vários personagens em Family Guy …

Sexta-Feira 13, para mim, é apenas uma memória de desconforto, de pé com uma faca na chuva. E o meu ponto de partida foi na cama de erva daninha. Então, depois que eu pulei fora na garota da minha cama de erva venenosa eu comecei a cair na lama, lama muitas vezes. A única diversão realmente desta coisa estava em ser decapitada. Eu apreciei isso. Foi um processo fascinante. E em termos de Family Guy, eu acho que eu fiz oito episódios, ou mais. Você sabe, sempre que Seth MacFarlane chama, eu vou, porque eu adoro ele, e ele é um dos grandes talentos com quem já trabalhei, que é dizer muito, porque eu trabalhei com um monte de pessoas incríveis.”

Se paramos para visitá-la hoje, poderíamos encontrar qualquer vestígio de Deep Space 9 ou da Major Kira em sua casa?

“Não. Não, você não iria encontrar. Bem, é engraçado … Isso é algo em que eu sempre fui cuidadosa. Eu quero ser uma atriz, verbo, e não uma atriz, substantivo. Eu não quero que as pessoas saibam que eu sou uma atriz quando andam na minha casa. Eu quero que elas saibam que me preocupo com o seu conforto, que sou uma boa cozinheira, que eu adoro entreter e que eu aprecio as coisas belas. Mas o que eu faço para viver … Eu não quero que isso venha a frente. O único lugar onde eu tenho algumas coisas – como um grande pôster meu quando eu fiz a peça de Chicago na Broadway, ou imagens de séries e filmes que eu fiz, ou um Deep Space Nine em quadrinhos com uma estampa de Kira, que eu absolutamente amo; é o seu olhar triste e cansado – estão no quarto da lavanderia. Tenho caixas de coisas que eu aprecio, que vou olhar as vezes, mas eu tento muito, como eu disse, não ser Gloria Swanson. Realmente, isso tudo diz respito a atuar, sendo o que eu faço, e não quem eu sou.”

Tem sido um longo tempo desde que terminou Deep Space 9. Você acha que a essa altura já fez a Major Kira pela última vez?

“Isso é o que eu sinto. Eu nunca penso em fazer a Major Kira de novo, mas eu poderia e em um momento. Ela é alguém que eu tive dificuldade realmente para deixar acontecer. Eu tinha que me ver para que eu não ficasse assustadora para as pessoas ou para que eu não ficasse um pouco agressiva na minha própria vida depois de interpretar seus sete anos. Eu tinha que me encontrar sem estar na Major Kira. Então, ela está ali. Ela é tão totalmente disponível para mim. Seria um prazer fazê-la novamente e, como eu disse, seria uma alegria vê-la como uma comandante madura, como uma coronel da estação. Eu não estou contando com isso, mas eu adoraria.”

Há algo que não pedimos que você queira falar sobre, sobre Kira ou Deep Space 9 ou qualquer outra coisa?

“Eu tenho uma pergunta para os fãs. Como Kira teria mudado após nove de setembro? Se a série ainda estivesse em 2001, eles teriam alterado ela? E se a série tivesse chegado depois de nove de setembro, eles teriam o personagem? Essa é uma pergunta que eu tenho. Kira foi chamada de uma combatente da liberdade, mas era uma terrorista. Então essa é a pergunta que eu tenho, e eu sei que é uma pergunta que faz muita gente ficar nervosa. É a maior pergunta que eu tenho, e me pergunto o que as pessoas pensam.”