Entrevista com Steven Ira Behr, Parte II

Na primeira parte da entrevista do Star Trek.com com Ira Steven Behr, o produtor lembrou suas experiências de trabalho como um escritor/produtor em duas séries de Jornada: A Nova Geração e Deep Space Nine. Nesta segunda metade, Behr dá mais detalhes sobre a produção de Deep Space Nine, a trama envolvendo o Dominion e se continuaria a trabalhar na série, se esta recebesse sinal verde para novos projetos. Veja os mais importantes pontos da entrevista.

Vamos entrar no arco de Deep Space Nine da Guerra do Dominion. Para algumas pessoas, foi a melhor decisão, mais ousada que você poderia ter feito e, para outros, foi a pior escolha possível. O que fez você ir na direção da Guerra contra o Dominion e quanto surpreendidos ficaram por você ter sido capaz de fazer isso?

“Bem, nós tínhamos conversado sobre isso há anos, o pensamento era de: “Se pudéssemos ser mais serializados?”. Eu sentia o fim próximo. Obviamente, todos nós sentíamos. Sabíamos que seriam sete anos e fora. Seja o que for, devíamos fazê-lo agora. Alguém me perguntou no último dia de filmagem porque eu fiquei por tanto tempo e eu acho que minhas palavras foram: -” Eu tenho o resto da minha vida para não estar aqui. Então, enquanto eu estiver aqui, vou ficar até o fim”. Por isso que pensamos: – “O que nós queremos fazer?” –  Uma das coisas que queria fazer era experimentar com a serialização e com o tipo de guerra space opera, que contou sobre muitas das mitologias que a série tinha construído. Pensei que poderia fazê-lo. Eu sabia que poderia fazê-lo. E, em seguida, tornou-se uma barganha. Eu nem me lembro quantos episódios fizemos, mas sei que queria mais. Rick (Berman) e eu íamos e voltávamos. Nada terrível. Sem brigas ou qualquer coisa assim. Mas nós barganhávamos um pouco e conseguíamos o que quer que fosse.”

Se fosse obrigado a sentar e assistir três episódios de Deep Space Nine, quais você escolheria e por quê?

“Eu só tenho 170 e poucos para escolher, certo? Um deles provavelmente seria “Duet”, eu acho. Mas eu não posso escolher três. Em outro dia eu poderia pegar episódios diferentes. Seriam os que eu escrevi ou que eu não escrevi? Há tantos episódios que me orgulho.”

Qual foi a celebridade melhor convidada para a série? Quem foi o mais entusiasmado?

“Fiquei muito empolgado quando Frank Langella veio (como Ministro Jaro). Ele não queria colocar seu nome na série. Ele disse que não estava fazendo isso porque ele gostava de Jornada, mas para suas sobrinhas ou sobrinhos, você sabe, aquela velha desculpa. Mas na época, eu estava empolgado que teríamos Frank Langella fazendo três episódios. Tivemos Jeff Combs (Weyoun), Andy Robinson (Garak) e Marc Alaimo (Gul Dukat). Tivemos Wally Shawn (Grand Nagus), embora em sete anos, eu só o vi uma vez. Tivemos muitas conversas com Wally, mas apenas uma vez eu falei com ele quando ele não tinha uma cabeça Ferengi vestida.”

De uma vez por todas, descreveria seu relacionamento com Rick Berman?

“Por que alguém se importaria?”

As pessoas se preocupam, em parte porque havia tantos rumores …

“Se eu encontrasse Rick Berman na rua hoje eu iria abraçá-lo. Corremos um para o outro durante a greve dos roteiristas e nos abraçamos. Será que estávamos de acordo o tempo todo? Não. Podíamos conversar sobre isso? Claro, podíamos, mas qual é o ponto? Dado o fato de que éramos parte dessa franquia monolítica, Deep Space Nine foi além dos limites, tanto quanto pudíamos naquele momento, naquela situação. Poderíamos ter ido mais longe? Com certeza. Será que os fãs teriam ido com a gente? Nem todos, de forma clara. No dia-a-dia, eu diria, ao longo de sete anos, que tivemos um relacionamento muito bom de trabalho. Discordamos em muitas coisas pequenas e grandes, mas ele foi lá comigo para lutar por Avery Brooks. Caminhamos através de um conjunto de escritórios executivos. Éramos animados e éramos uma equipe para fazer isso. Chegamos lá e eles imediatamente se renderam, o que foi engraçado depois de três anos. Nós estámos prontos para ir com armas em punho e eles disseram: – “OK”. Isso foi um pouco anticlimax, mas nós éramos um time naquele momento. É uma das coisas que me deixa profundamente perplexo sobre toda a experiência com Jornada, é o meu relacionamento com Rick Berman, por que as pessoas se importam ou o que significou mesmo, o que meu relacionamento era.”

Algumas pessoas adoram Deep Space Nine e consideram-na a melhor série de Jornada e outras pessoas ainda se recusam a reconhecê-la como Jornada. Será que essas reações extremas significam que você fez o seu trabalho corretamente?

“Não muito. Vou lhe dizer o seguinte: ninguém, eu não me importo qual seja a série, se é Alphas, Deep Space Nine, Fame, seja ela qual for, ninguém julga meu trabalho ou o trabalho em que eu estou envolvido mais do que eu faço ou com um sistema de classificação mais severo do que o meu. Então, o que as outras pessoas pensam … tudo o que eu gostava no final do dia era: “Eu acho que nós fizemos o melhor trabalho que podíamos fazer?”. Então, os fãs podem ser fãs, como eu sou um fã de outras coisas. Eles tomam as suas decisões e isso é bom também. Mas como eu me sinto sobre a série? Sinto-me bem ou não?”

Última pergunta sobre Jornada. Será que você gostaria fazer mais de Deep Space Nine ou seria melhor deixar tudo como terminou?

“Se isso se tornasse uma realidade (continuar a série) – o que tenho dificuldade em imaginar – há uma grande parte de mim que gostaria de voltar a esse mundo e a esses personagens. Sinto falta de muitos dessas personagens. Eu sinto falta das pessoas também, mas eu sinto falta daqueles personagens. Então, eu diria não? Eu não acho que diria não.”