Além da Escuridão: Lindelof traz mais detalhes

damon lindelof into darknessEm uma nova e extensa entrevista ao site Collider, o co-escritor e produtor Damon Lindelof discutiu sobre o processo de fazer o filme Além da Escuridão. Ele comentou sobre os cenários, o script, a linha de tempo do filme, os eventos de Star Trek com efeitos nesta sequência, o arco envolvendo Kirk, o vilão Harrison, presença de Easter Eggs, cenas de humor e muito mais. Nenhum spoiler.

Todo mundo me disse que vocês construíram a Enterprise e tudo ligado um ao outro em seu interior para que pudesse fazer as filmagens com sensação mais real. Como foi para você caminhar em um cenário através da Enterprise?

Damon Lindelof: Eu acho que foi uma experiência muito mais imersiva, porque antes você podia estar na ponte da Enterprise, mas uma vez que você segue para onde está o turbo elevador você já está de volta ao mundo real, com algumas coisas penduradas com luzes. Assim, a ilusão é destruída. Mas para o novo filme você pode andar no estúdio de som da Sony e há quatro maneiras diferentes de acessar o cenário, e você pode caminhar por um minuto e meio ou dois minutos antes de realmente estar na ponte. E há todos estes caminhos, onde você pode andar e tivemos que mudar certas partes uma vez que elas tinham sido destruídas. Por isso, foi quase como um algoritmo constante de transformação, o interior da nave, para que você realmente possa se perder nela e não saber que caminho você estava seguindo. Então, eu acho que para os atores, certamente, a idéia de estar muito mais em seu ambiente sem a necessidade de quebrar a ilusão era provavelmente muito mais útil para eles e certamente dirígivel para J.J. [Abrams] em termos de suas opções. Mas eu sei que soa como brega, é verdade, o público tem uma expectativa razoável para a sequência que vai parecer maior e o que essa palavra significa, por si só? Isso significa que há apostas maiores? Será que isso significa que você gastou mais dinheiro com isso? Significa que o vilão é duas vezes mais desagradável? Quem sabe? Isso significa um monte de coisas diferentes. Mas o que deixou J.J. muito apaixonado, e isso foi um grande negócio, foi não filmar nos galpões da Paramount, que foi uma grande quebra da tradição, mas eles simplesmente não aceitavam essa idéia, de que a Enterprise é uma nave enorme. E você realmente não tem um senso de escala quando a Enterprise está através do espaço ou quando está em órbita de um planeta. Como poderíamos ter uma noção de quão grande uma nave realmente é? Havia duas respostas. A primeira é a do lado de fora em relação ao que é planetário e a outra resposta foi a partir do interior. Vendo quantas plataformas existem e ser capaz de olhar e ver uma grande parte do que foi ligado nos cenários, estou muito feliz que ele tenha feito isso.

Chris Pine me disse que a primeira ou segunda semana de filmagens foi toda na ponte, você estava lá quando eles foram os primeiros a filmar essas coisas na ponte?

Lindelof: Sim, claro. Ou o Bob [Orci], o Alex [Kurtzman] ou eu estávamos no set no primeiro mês, certamente porque há muita coisa escrita que ainda estava acontecendo, uma vez que você tem o filme fora dos blocos. Todo mundo estava muito animado com o roteiro e o elenco ficou sem fazer nada por um tempo, eles apenas se sentavam lá e então você ía para a produção e todo mundo começava a ler o script novamente para a história ficar viva na cabeça dos atores. E então as coisas começam a acontecer em cenas onde você pensa: – “Oh, uau, isso seria algo bom para levar adiante”, ou “Isso seria muito mais impactante se fosse o retorno a algo que aconteceu mais cedo”. Em termos de produção não há realmente muito que você precise fazer, mas como um escritor eu acho necessário que todos nós estejamos presentes. E a grande coisa sobre as filmagens na ponte é algo que pareceu tão frustrante quanto filmar as coisas fora da seqüência ou fora da cronologia da história, porque você está filmando todas as cenas na ponte durante aquela gravação, por isso é como se fosse um avanço rápido na história e sempre parando quando chega a uma cena na ponte, e de repente você fica com a sensação de: “Oh meu Deus, tanta coisa aconteceu entre a última cena na ponte e aquela cena. Essa cena mostra os caras em um novo traje e ela tem um corte enorme”. É uma coisa engraçada, mas como você tem uma noção geral de todo o filme, é apenas por ter essa experiência.

Qual foi o processo de escrita na seqüência em relação ao primeiro filme? Alguma coisa mudou? Será que ninguém (da equipe de roteiristas) mudou as responsabilidades? Eram semelhantes?

Lindelof: É diferente em cada filme, não importa o que você faça e eu acho que J.J., Bob e eu, somos todos os escritores de TV de coração, assim que a maioria do processo de escrita acontece em uma série de TV, estamos na sala dos roteiristas, onde todos se sentam basicamente e discutem os personagens, o material e coisas da história e estrutura da história real. Isso tudo está acontecendo no pensamento do grupo, mas quando se trata da escrita real do script ou de materiais para um filme, se é o esboço ou a cena, você vai moldando e fazendo as coisas. Assim, a continuidade do filme, começou com J.J., Alex, Bob, eu e até Bryan Burk. J.J. e Bryan não são creditados como escritores, mas todos nós somos produtores do filme, a visão criativa do filme. Todos nós falamos sobre o que são as ideias da história, o que queremos refletir no filme, qual é a história que estamos contando desta vez, o que está acontecendo com os personagens, o que está acontecendo na história, se há alguma sensação temática que estamos passando. Vamos todos nos preparando, e quando você tem essas reuniões e então você termina, pega essas idéias e depois volta e diz: “OK, agora vamos falar sobre o enredo seguinte”. Então você puxa algumas coisas, faz algumas coisas melhores, dá seu aval para outras, e então você termina e repete o processo.

Quando você sai para diferentes trabalhos, como o Alex que estava dirigindo People Like Us por uma determinada parte do período, foi Orci e eu que fizemos a maioria do trabalho pesado (de escrever Into Darkness), então quando eu me ocupava, Orci e Kurtzman iam preencher o espaço em branco, em seguida, quando Bob saía, então Alex e eu trabalhávamos em conjunto, e às vezes apenas um de nós estava trabalhando e por isso gerou o primeiro rascunho do roteiro. Então, literalmente, eu não poderia apontar para o script que nós filmamos e dizer: “Olha, o Bob escreveu esta cena, eu escrevi esta outra ou Alex escreveu aquela cena, ou eu me lembro quando nós três escrevemos esta cena”. Até o momento de começar as filmagens cada pessoa opinava várias vezes e chegávamos a um consenso. Alex, Bob e eu estamos recebendo crédito de roteiro, mas, obviamente, tudo isso está em serviço da visão de J.J. como diretor. Ele não toma para si o crédito de escrever, mas ele é um dos principais contadores de histórias de lá também. E eu não acho que ninguém seja realmente precioso sobre uma idéia. Muitas vezes entramos em desacordo sobre o que deve acontecer em uma cena. Sempre com respeito, não é como há estados azuis e estados vermelhos. Eu acho que todos nós estamos tipo que alinhados em termos do que está acontecendo. Qual a coisa que mais falam em termos do que é a nossa fidelidade ao original? Qual é o nosso nível de fãs? Você tem Orci em uma extremidade onde ele lê as novelizações além de ver toda as séries Voyager, Deep Space 9, Enterprise, todos os filmes, tudo. E depois dele sou eu mesmo. Bem, algumas séries eu parei de assistir, eu vi toda A Nova Geração, a série original seguida de alguns de Deep Space Nine, mas não Voyager, nem Enterprise, nenhuma das novelizações, e eu parei realmente ir ao cinema ver Jornada depois, provavelmente, de Star Trek IX: Insurreição, o último que eu vi.

Perdi a conta dos filmes de A Nova Geração; são quatro.

Lindelof: Sim, houve Primeiro Contato, depois de Gerações. Primeiro Contato pode ser o último em que eu vi. Eu vi aquela em que eles estavam com os Borgs, que é O Primeiro Contato.

Sim.

Lindelof: Esse é provavelmente o último que eu vi. Conhecimento de Bob, particularmente da série original, que é provavelmente a coisa mais importante para ter conhecimento sobre esses filmes, não tem comparação. Eu não posso citar os episódios, capítulos e versículos que ele faz. Então você tem Kurtzman e J.J. no mesmo tipo de campo de conhecimento da série original e todos os filmes da série original. E então você tem Bryan Burke, que realmente não tinha nenhum ponto de entrada para qualquer coisa de Jornada, e ele quer ficar desse jeito para que ele possa ser o nosso ponto de salto para o público que não tem conhecimento dentro do que se passou na franquia.

A Paramount não se intrometeu para a sequência ou teve algum tipo de pedido? 

Lindelof: Não. Se eles fizeram, não foi algo que eu estava ciente. Eu acho que nós começamos muito cedo e uma vez que sabiamos que este é o filme que nós queríamos fazer, começamos a escrever e mostramos a Adam Goodman e Marc Evans (executivos do estúdio), “Aqui é o filme que queremos fazer. Aqui está o que se trata. Veja o que acontece no filme. Estes são os arcos e os personagens principais. Isso é onde estamos no final do filme, o que você acha?”. Eles tinham algumas idéias, mas no final ficaram incrivelmente entusiasmados e disseram:”Vão em frente”. Agora eles dariam notas para você seguir? É claro que eles fazem isso, e suas notas estão no espírito de fazer algo que seja mais claro, ou tentar compreender as questões motivacionais. Mas nunca ficam lá observando: “Eu acho que você não deve fazer isso” ou “Eu acho que você deveria fazer aquilo. Este filme precisa ter uma explosão a cada nove minutos. Este filme precisa de escuridão no título, etc, etc”. Não houve exigências. Eles praticamente nos deixaram fazer o que queríamos, mas isso é porque eles gostaram do que queríamos fazer.

Quanto ao processo de escrita você pensa nos possíveis Easter Eggs (referências a Jornada original escondidas)? Ou é algo que você começa a pensar quando está no set?

Lindelof: A maioria dos Easter Eggs já estão incorporados antes de entrar em produção. Eu acho que há algumas coisas que são inseridas ao longo do caminho, onde você encontra uma oportunidade. Mas eu acho que os fãs querem sentir que esse material tenha um monte de pensamentos por trás disso e que não está sendo casualmente referenciando a série original ou outra série. E você tem que fazer sua lição de casa, especialmente porque nós começamos uma nova linha de tempo. Você tem que ser muito responsável sobre o seqüenciamento das coisas, porque não podemos fazer o que queremos. Nossa linha de tempo não pode realmente divergir antes do primeiro filme, onde Nero basicamente destruiu a Kelvin. Assim, o nascimento de Kirk na verdade torna-se o ponto de divisão para o universo novo e alguma coisa procede em termos de história de Jornada porque você realmente não pode violar e você tem que ter uma noção que a série original está na missão de cinco anos, eles já estão nela. Nossa equipe não está necessariamente presa para onde Kirk e Spock e Magro eram, nem mesmo Chekov, quando os conhecemos na série original. Então, se você vai fazer algo você tem que fazer sua lição de casa.

Havia muito humor no primeiro filme. Quanto podemos esperar deste novo, considerando que a história parece mais sombria?

Lindelof: Nós temos falado muito sobre isso e acho que, certamente, os materiais de marketing e o título do filme estão vendendo a ideia de um tom mais sombrio para Jornada, mas espero especialmente, que as pessoas que viram os primeiros nove minutos, percebam que uma Jornada totalmente sombria não é Jornada. E eu acho que uma das coisas que fazem as melhores iterações de Jornada, mesmo sendo episódios ou os filmes que foram bem-sucedidos, é que elas são capazes de encontrar uma mistura dessas duas coisas, onde as apostas eram monumentalmente de vida ou morte, mas ainda havia momentos de grande humor. Será que nós queremos fazer Star Trek IV: A Volta Para Casa? Esse filme foi uma grande comédia, como um peixe fora da água. Com elementos de comédia fortes, mas as estacas da trama foram para salvar o futuro, mas a mecânica do filme era de que havia um monte de coisas engraçadas. Não, nós queríamos fazer um filme muito sério. Mas quando você olha para o primeiro filme que você diz, O.K. a abertura do filme é que o pai de Kirk morre e então a próxima seqüência de eventos é basicamente uma corrida até a Vulcano sendo destruído e as consequências fundamentais de Vulcano sendo destruído. Todas essas coisas parecem muito sombrias para mim e por isso eu não sinto como se o primeiro filme fosse necessariamente leve e espumoso e eu não sinto que este novo filme venha a divergir significativamente do primeiro filme, em termos de seu próprio nível de auto-importância . É ainda Jornada. Eu acho que os caminhos que os personagens se relacionam entre si, mesmo em momentos de estresse intenso pode ser bem-humorado, porque vários deles, particularmente o Magro, usa o humor como um mecanismo de enfrentamento para lidar com essas tensões imensas. Houve várias vezes em que pensei em algo engraçado para alguém dizer, mas ficávamos receosos achando que não ía funcionar naquele momento. E então o ator dizia: “deixe-me tentar e ver se consigo convencer”. E nós estamos no processo de edição agora, algumas dessas piadas vão sobreviver e alguns delas vão morrer, e algumass delas estarão disponíveis em Blu-ray e DVD (como extras). Encontrar o equilíbrio tem sido importante para nós. Eu não acho que ninguém quer ver um melancólico filme de Jornada.

Haverá algum aceno para os fãs que leram os quadrinhos ou já jogaram o videogame?

Lindelof: Eu acho que os acenos provavelmente tornam-se mais no espírito de, se você ler os quadrinhos ou você jogar os videogames, os acenos virão daquela direção versus o filme com essas coisas. Se você jogar o game ou ler os quadrinhos você vai entender qual o papel que eles têm na hora de ligar o novo filme e se você jogar o jogo você é o único que tem essa linha, porque esse tipo de coisa tem o risco de alienar as pessoas que não passaram para a versão plus.

O que mudou no script, se não em tudo, quando Benedict Cumberbatch assinou o contrato?

Lindelof: Bem, isso muda em termos de quando você lança qualquer ator, mesmo que você ache que Kirk é uma coisa fixa e você não vai mudá-lo em nada, quando lançamos Chris Pine reescrevemos seu papel, basicamente, correspondendo com o que viram Chris fazendo. Porque esses papéis não são ternos pré fabricados onde coloca-os e eles se encaixam como uma luva. Você faz o terno e, em seguida, o ator coloca-lo e então você diz: “Eu tenho agora esta medida em que ele se encaixa perfeitamente”. Então, com Benedict não foi diferente. O tipo de ator que ele é.

Que é espetacular.

Lindelof: Ele é espetacular, exigiu uma certa mudança na maneira que o personagem ia soar, você sabe? Nós dizíamos a nós mesmos sobre o personagem: “OK nós escrevemos este personagem John Harrison e isso é o que ele disse e é isso que ele fez, mas agora temos Benedict Cumberbatch interpretando-o, assim vamos reescrever o filme com isso em mente”. E isso não quer dizer que John Harrison fez algo diferente, ou não mudamos a história de foma alguma, mas fizemos mudar as palavras que saem de sua boca.

Quando vocês estavam planejando o primeiro filme naquele momento tinham essa idéia ou um conhecimento de onde vocês queriam ir? Ou foi algo como já que o primeiro foi um sucesso, então começaram a explorar a potencialidade criativa?

Lindelof: Enquanto nós estávamos fazendo o primeiro filme aconteceram certamente conversas sobre como uma possível seqüência seria e como intimamente seria ligada ao primeiro filme. Por exemplo, a idéia de dizer “Vamos amarrar o segundo filme inteiramente à destruição de Vulcano, porque isso é um grande negócio e muitos afluentes da história poderiam fluir para além disso”. Devemos fazer isso? Ou deveríamos fazer isso de várias maneiras parecer com O Cavaleiro das Trevas, onde você não precisa ter visto Batman Begins em tudo, a fim de entender as circunstâncias em que O Cavaleiro das Trevas começa? O Cavaleiro das Trevas começa da mesma forma que o Batman de Tim Burton, com Batman vivendo em Gotham e sendo uma figura estabelecida lá e ele está batendo em bandidos. Esta é uma introdução para um novo cara mau que é a criação de todos os tipos de problemas para o Batman. Então, se você já viu Batman Begins realmente não há referências anteriores a não ser Rachael, e ela foi reformulada, para que você entenda que Maggie Gyllenhaal (que substituiu Katie Holmes), ou Rachael e Bruce tem um relacionamento, mas você não precisa ter visto o primeiro filme. Na verdade, talvez isso ajude você a juntar mais a Bruce e o relacionamento de Rachel se você ainda não viu o primeiro filme, mas, no terceiro filme, The Dark Knight Rises você tem que ter visto Batman Begins, a fim de fazer qualquer sentido a tudo. Acho que a conversa que estávamos tendo é, nós vamos ter que assumir pelo que fizemos no primeiro filme porque é um grande negócio. Queremos assumir isso agora, ou queremos assumir isso mais tarde? Esse foi o primeiro tipo de conversa criativa que tínhamos relacionado com uma possível seqüência. Em seguida, o primeiro filme saiu e ele foi bem e a Paramount queria fazer outro, então começamos a ficar animados sobre algumas das idéias que tivemos e começamos a desenvolver ainda mais.

Nos primeiros nove minutos e o pouco que mostram no final, podemos ver claramente que algumas cenas do filme se passam na Terra e algumas outras tem lugar no espaço. Existe uma grande percentagem do filme sobre a Terra? Ou é apenas uma pequena porcentagem do que é mostrado?

Lindelof: Eu não quero entrar em percentagens de quanto acontece na Terra e quanto tem lugar fora da Terra, basta dizer que eu acho que uma das coisas que eu sentia que muita gente não sabia sobre Jornada era que elas não pensam que Jornada era sobre o futuro. Você toma algo como Star Wars, Star Wars não é o futuro. É muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante e Luke Skywalker não é um ser humano e não é do planeta Terra. A idéia, em Jornada, é que eles são. Eles estão no século 23, e essas pessoas são da Terra. A Terra precisou fazer mais de um papel nesses filmes, especialmente no sentido de dar ao público um grau de relacionabilidade. Eu acho que da mesma forma que Nova York se torna este ponto de apoio para as pessoas nos filmes da Marvel, que é a terra do Homem Aranha, que era o antigo reduto de Tony Stark, que era o antigo reduto de Os Vingadores, que é Nova York. Queríamos fazer a mesma coisa com a Terra nos filmes de Jornada.

Agora que todos os personagens ficaram sendo conhecidos no filme anterior, como foi escrever suas interações agora? Você está puxando muito com o cânon anterior ou está tentando criar coisas novas, porque é uma nova linha de tempo? 

Lindelof: O nosso princípio orientador era de que havia um certo nível de excitação em que se o primeiro filme era usar a terminologia da Sra. Pacman (do joguinho MS PacMan), “eles se encontram”, o segundo intervalo vai ser, em parte, o amor. A idéia é de que os personagens já se conhecem um ao outro, mas não se conhecem bem ainda. Certamente Kirk e Magro tem um relacionamento maior porque nós estabelecemos que eles se conheceram e entram relativamente juntos na academia. Então, esses caras são próximos, e estavam próximos no primeiro e mantem-se firme. Mas com muitas outras pessoas, especialmente agora que Kirk está no comando dessas pessoas, ao invés de eu sou o insolente agitador correndo ao redor da nave tentando dizer a todos o que eu acho que eles precisam fazer. Agora ele está no comando. Isso foi uma dinâmica muito interessante para jogar porque, novamente, não era algo que já vimos antes. É apenas na Enterprise que estão familiarizados com Kirk, onde tem sido o capitão, ninguém questiona o seu julgamento, ele sabe o que está fazendo e, ocasionalmente, fica em apuros, mas ele tem a confiança e o amor de todos sob seu comando na série original. Mas houve uma fase que precedeu a isso e essa é a fase em que trabalha Além da Escuridão. Então isso é muito emocionante para nós.

No início do preview há claramente uma data estelar (2259.55).

Lindelof: Sim.

Eu não sei em que a data estelar terminou no último filme, mas vocês têm claramente especificado quanto tempo se passou. Então, quanto tempo se passou entre o primeiro filme e o segundo?

Lindelof: Sem qualquer conhecimento insular de datas estelares o meu entendimento é que é cerca de seis meses, desde o final do primeiro filme com a missão Nibiru do novo filme.

O.K. obrigado. Eu sabia que tinha passado algum tempo, porque eles estavam, obviamente, em uma missão.

Lindelof: Sim, e não é a sua primeira missão.

Exatamente. Será que vamos ver ou falar sobre o impacto a longo prazo da destruição de Vulcano? Você mencionou anteriormente que isso é, obviamente, uma coisa importante, é algo que vocês direcionaram ou permitiram mudar para outra coisa?

Lindelof: É muito específico de uma pergunta sobre a trama para responder, basta dizer que entendemos, quando o fizemos no primeiro filme, que isso ia ter um impacto a nível de 11 de setembro neste universo. Da mesma forma que aconteceu em 11 de setembro dez anos atrás, mas ainda estamos falando sobre isso e ainda influencia tudo sobre nossas vidas diárias. Sempre que você quiser voar em um avião e você tira os sapatos ainda estamos revivendo a experiência de uma certa maneira. Tudo o que acontece em nossa nova linha de tempo tem que andar em sintonia com Vulcano sendo destruído e qual é o impacto disso na Federação. E qual é o impacto disso sobre Spock. Qual é o impacto disso sobre Kirk. Qual é o impacto disso sobre a geopolítica da galáxia em si. Nós tivemos que entrar nisso. Como este filme se relaciona diretamente com a destruição de Vulcano não é algo que estamos dispostos a falar.

Enquanto caminhava ao redor da Bad Robot descobri que Alice Eve interpreta a Dra. Carol Marcus. Eu definitivamente tenho que pedir-lhe o quanto de debate estava lá para ela neste filme?

Lindelof: Não houve muito debate. Foi uma idéia que, de todas as idéias que tivemos sobre a sequência do filme e, tendo Carol no segundo filme, era algo que todos nós concordamos que fosse uma boa idéia. A questão era como íamos usá-la? Que papel ela iria fazer? Será que ela vai ser um interesse amoroso para Kirk ou algo mais? E o que seria esse algo mais? Temos tantos personagens fenomenais e atores para o serviço neste filme que parece, na superfície, como se fosse um embaraço de riquezas, mas na execução efetiva de fazer duas horas e 10 minutos de um longa-metragem, ou o tempo que este filme termina, você quer dar ao público – você deseja saciar seu apetite por Magro, Chekov, Uhura, Scotty e, Kirk e Spock, então você tem todos esses caras para o serviço e Pike do primeiro filme e, obviamente, [Bruce] Greenwood está de volta. A ideia de introduzir qualquer novo personagem, além de Benedict, vai tirar o tempo de tela ou histórias que estão sendo conectadas a esses outros caras. Então tivemos que olhar para Carol como, ao contrário, ela sendo um personagem novo que nós queremos que você preste atenção, como ela pode interagir com todos aqueles outros caras de uma maneira que não tire a atenção deles, mas para melhorá-los?

O que você aprendeu no primeiro filme que tentou evitar no segundo? E que coisas que você tentou incorporar mais, se houver?

Lindelof: É uma boa pergunta, mas uma das coisas que eu aprendi é que não há lição a ser aprendida. Você tem que resignar-se ao fato de que os erros vão ocorrer a qualquer momento no processo criativo e é um pouco do romance “Appointment in Samarra” em que, quanto mais você sai do seu caminho para não cometer um erro você descobre um erro totalmente novo. No final das contas, certo ou errado, você tem que ir com seu instinto este é o filme que eu gostaria de ver. E como você disse uma boa quantidade de ansiedade é retirada da mesa para mim, pessoalmente, por causa da colaboração. Por causa da escrita de Bob e Alex, as idéias fora de Burk e o mais importante a responsabilidade de J.J., ele vai ter que dirigir este filme. Por isso, se há algo que deixa todos os cinco realmente empolgados, não significa necessariamente que ele vai ser grande, mas dá-nos confiança. As coisas que nós estávamos empolgados no primeiro filme, outras pessoas acabaram ficando empolgadas. Não há muito no primeiro filme que não desse certo, ou que nos arrependêssemos quando o impulso veio.

Se você comprar o DVD de Star Trek uma das coisas que encontramos no processo de edição do filme foi que havia muito sobre Nero. Nero tinha toda uma história onde ele foi basicamente levado para um planeta prisão Klingon e torturado, porque nós sentimos que precisávamos explicar o seu tempo entre a abertura do filme, a destruição da Kelvin e quando re-experimentamos ele no tempo presente do filme, antes do ataque a Vulcano. E acabou que não aconteceu. Então, essa idéia de dizer realmente que embora tenhamos Benedict, que é simplesmente um cara incrível, é a idéia de usar a força do antagonismo para complementar o que os conflitos e os temas estão acontecendo entre a equipe que conhecemos e amamos, isso foi que o que nós aprendemos durante o primeiro filme e tentamos aplicar novamente aqui. Assim, a idéia de “Espere um segundo, acabamos de ter Benedict Cumberbatch talvez devêssemos escrever cinco cenas mais para o cara e entender muito mais o sobre esse cara”. Essa tentação foi enorme. A partir do momento que nós não apenas o escolhemos, mas quando ele entrou e nós começamos a fazer acessórios com ele, todos nós ficamos completamente e totalmente apaixonados por Benedict e todos nós pensávamos, “Deus, devemos fazer isso?” Mas a partir do primeiro filme ficou apenas nisso, não, sempre deixamos querendo mais.

Fonte: Trek Movie