Bryan Burk exibe 38 minutos do filme no Brasil

Star-Trek-Alem-da-EscuridaoNum evento especial para a imprensa brasileira em São Paulo e fechado para o público, foram exibidos 28 minutos iniciais e duas cenas de 5 minutos cada de Além da Escuridão – Star Trek. A apresentação teve a presença do co-produtor Bryan Burk que fez uma palestra explicando o objetivo do filme e as cenas para o formato em 3-D. Não precisa dizer que está recheado de Spoilers.

Burk, antes da apresentação das cenas, deixa bem claro qual tem sido o caminho trilhado por eles desde o início. “As pessoas, principalmente lá nos Estados Unidos, podem ser divididas entre aquelas que amam Jornada e aquelas que acham que a galera que curte a franquia é esquisita. Eu me incluía nesse segundo grupo”, disse o produtor aos risos. “Quando começamos a trabalhar com Star Trek, fui conhecer mais do que havia sido feito antes e vi o quanto Gene Roddenberry foi brilhante. […] Por isso, quando aceitei ser produtor de Star Trek, quis fazer algo que caísse no gosto de quem não gosta de Jornada. Que fosse algo que eu gostasse”.

Em sua palestra (J. J. Abrams não esteve presente no evento em São Paulo) Burk não quis desmerecer aqueles que trabalharam nas séries e filmes antes dele, mas relacionou o baixo orçamento a falta de visão do estúdio para com a franquia. “Esse pessoal tinha grandes ideias. O problema é que o estúdio nunca viu Jornada como algo de primeiro escalão e, por isso, não dava o dinheiro suficiente para realizar grandes cenas. Quando a Paramount veio com a ideia de produzir um filme da franquia, pedimos um financiamento que permitisse ao filme ser grande. E eles foram além do esperado”.

De acordo com Burk, a trilha era provisória, os efeitos não tinham sido acabados e a própria edição deve sofrer alterações. Inclusive, de acordo com o produtor, os nove minutos iniciais que foram mostrados ano passado em algumas salas antes de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada já sofreram alterações.

Pelo mesmo motivo não houve exibição em 3D. O produtor contou que, neste momento, estão fazendo a conversão das cenas para o formato. “Na Bad Robot, nunca fomos fãs do 3D. Avatar foi incrível, mas a maioria dos filmes que vieram depois, que falavam que usaram ‘3D igual a Avatar’, não chegaram nem perto. Por isso, agora que vamos usar o 3D, queremos fazer melhor. Estamos colocando os fundos ainda mais no fundo, indo além do que os outros fazem”.

Depois disso tudo foi apresentado o video. O site Judão fez um resumo do que foi visto por lá e que apresentamos na íntegra abaixo.

Se você acha que aguenta dar apenas uma olhadinha, então é melhor pensar duas vezes porque resistir será inútil.

 

Prólogo

O filme começa em IMAX, com algumas mudanças em relação ao que foi visto antes da exibição de O Hobbit. Capitão Kirk e McCoy estão em um planeta Classe M, fugindo de um povo em um estágio equivalente a nossa Idade da Pedra. Eles correm por uma mata sensacional, vermelha, com o objetivo de tirar aquele povo de perto de um vulcão em erupção. Vulcão que pode não só matá-los, mas acabar com todo o planeta.

Enquanto isso, em uma nave de serviço, Spock, Uhura e Sulu sobrevoam o vulcão. Spock vai descer até a cratera para, lá de dentro, explodir um artefato que irá congelar a lava. O Vulcano, com um traje especial (que lembra um usado pelo Spock original em Jornada nas Estrelas – O Filme) começa a descida, mas tudo dá errado e o cabo que segura o oficial se rompe. Por sorte, ele cai em uma pedra incandescente e começa os procedimentos para salvar o planeta.

Kirk e McCoy continuam fugindo. Após chegar em um precipício, eles se jogam e caem no mar. Morreram? Que nada: eles queriam justamente ENTRAR na USS Enterprise, que está no fundo do oceano do planeta.

“Mimimi, uma nave estelar no mar”, muita gente disse isso quando viu isso acontecendo no trailer. Veja bem: no contexto do filme, isso faz muito sentido. A tripulação da nave não pode, por conta da 1ª Diretriz, se revelar ao povo. Assim, se ocultar no mar faz muito sentido e os escudos que aguentam batalham estelares devem servir para segurar um pouco de água com sal. Sem falar que o Sr. Scott, ao receber o capitão na nave, começa a levantar uns 888 motivos pelos quais deixar a Enterprise no oceano é uma loucura. Ou seja, tudo isso É realmente um absurdo. Essa é a ideia. Principalmente porque estas atitudes cobram um preço logo depois.

Na Ponte de Comando, Kirk recebe o aviso: Spock está vivo e iniciou a contagem do dispositivo no vulcão. Se a lava não matá-lo, a explosão congelante o fará. Pra piorar, naquela situação, é impossível usar o teletransporte. Eles precisam sair do mar.

“Você não deve me salvar, capitão. Irá contra a 1ª diretriz”, diz o Vulcano. “Você está sugerindo que o deixe morrer?”, responde Jim Kirk. “As necessidades de muitos superam as necessidades de poucos”. PUTAQUEPARIU! É a fala da morte de Spock em Jornada nas Estrelas II – A Ira de Khan.

Não preciso nem dizer o que o capitão James Tiberius Kirk faz: ele tira a USS Enterprise do mar, trazendo para aquele povo uma visão aterradora e, ao mesmo tempo, surpreendente do que os espera no futuro.

Como é incrível ver aquela nave enorme saindo das águas em IMAX. Você nem lembra mais do mimimi.

E assim, no último segundo, Spock é teletransportado para dentro da nave. “Capitão, você violou a 1ª diretriz”. “Ah, eles nem repararam”.

Não? Reunidos, os habitantes do planeta começam a desenhar a USS Enterprise no chão. O desenho se revela uma transição para a nave no espaço que, em seguida, começa a entrar em dobra. UMA CENA DE DOBRA INCRÍVEL, como nunca foi feita e que deve ficar ainda mais foda em 3D. Sobe som com a trilha da franquia. Na tela surgem os créditos: Star Trek – Into Darkness.

E esse é o fim do prólogo.

 

Novo capitão

Na cena seguinte vemos um oficial da Frota Estelar em Londres. Ele, ao lado da esposa, acompanha a filha em um hospital. Ela está muito doente e não deve viver por muito tempo. O oficial, transtornado, anda pelos arredores do hospital e é abordado por um homem. Ele se apresenta como John Harrison. “Você quer salvar sua filha?”, diz o homem.

Sim, é o vilão do filme, interpretado por Benedict Cumberbatch.

Enquanto isso, encontramos Kirk em São Francisco, a cidade da Frota Estelar. Ele acorda com DUAS mulheres-felinas na cama. Porém, uma mensagem o tira de lá rapidinho. Christopher Pike o convocou para uma reunião. Ele encontra o Spock no caminho e começa a falar, empolgado, que “eles vão nos chamar para aquela missão de cinco anos, Spock!”. YEAP! É a missão de cinco anos que motiva a série original. 😉

Só que lá as notícias não são muito boas. Descobrimos que a Enterprise deveria apenas monitorar o vulcão, e não se meter naquela confusão, muitos menos ir contra a 1ª diretriz. E o pior: enquanto Spock foi sincero em seu relatório, Kirk mentiu completamente. “Seria ilógico mentir”. É, esse é o Sr. Spock que conhecemos.

Por conta dessas atitudes impensadas, Pike diz que Kirk não está preparado para ser o capitão da Enterprise (o que é verdade, afinal na nova linha temporal ele assume o comando mais jovem do que na versão original). Assim, o almirante Marcus colocou Pike novamente como capitão da nave e mandou Kirk de volta para a academia.

Não falei que as cenas do começo do filme teriam uma consequência?

De volta para Londres, vemos Harrison preparando algo para o oficial da Tropa. Inclui um anel e um remédio. Com o remédio, o cara salva a vida da filha. Depois ele vai até uma biblioteca da Tropa na cidade. Lá dentro – o negócio fica no subsolo – coloca o anel que estava usando na água. Ele começa a efervescer e… BOOM!

Tudo vai pelos ares.

 

O verdadeiro ataque

Mais uma vez o filme volta para São Francisco. Jim está em um bar, enchendo a cara depois de ter sido rebaixado. Quando ele vai exercer toda a sua glória como Kirk para xavecar, eis que Pike aparece. Ele tem boas notícias: convenceu Marcus a colocar Jim como o primeiro oficial dele na Enterprise, enquanto Spock será transferido para outra nave.

Nem dá tempo de tomar uma birita para comemorar: Pike é convocado para uma reunião de emergência.

No caminho, Kirk encontra Spock e conta o que aconteceu. “A penalização é baixa considerando o que fizemos”, diz o cara de orelhas pontudas e sangue verde. “Spock, eu sei que você escolheu não ter sentimentos e eu valorizo isso, mas gostaria de ver pelo menos uma vez compaixão em seus olhos”.

É legal ver isso. Spock e Kirk, depois dos eventos do primeiro filme, já são amigos — de uma forma como é vista na série original. As falas de um com o outro estão ácidas, deixando a amizade desses caras tão diferentes ainda mais empolgante.

A reunião, então, começa. Nesse momento é esclarecido um dos mistérios do filme: Peter Weller, o eterno Robocop, interpreta o almirante Marcus – provavelmente o pai da cientista Carol Marcus, com quem Kirk tem um filho na cronologia original e que está também presente em Além da Escuridão.

Com todos os capitães e primeiros oficiais presentes, o almirante revela o que rolou em Londres. Alguém está atacando a Federação dos Planetas Unidos e eles devem revidar. E o autor desse ataque veio de dentro: é John Harrison, que faz parte da Frota. Há imagens dele no local do atentado.

Na cabeça de Kirk aquilo não fazia sentido. Ele até queria explicar o que estava pensando, mas Pike não deixa. Marcus percebe a movimentação e acaba por obrigar que o agora primeiro oficial explique o que está pensando. “Não faz sentido. Por que ele atacaria uma biblioteca? É um lugar público. Não há nada lá para nos prejudicar. Mas ele sabe que isso faria nos reunir aqui, nesta sala…”. Jim nem precisa terminar a frase. Harrison surge pela janela, em uma nave, ATACANDO TODOS!

Capitães e oficiais graduados morrendo. O vilão atinge logo o núcleo atuante da Frota Estelar. Claro que Kirk é sempre Kirk e, eventualmente, descobre uma forma de derrubar a nave. Não antes que Harrison atinja o capitão Pike.

Antes de cair, Harrison olha Kirk bem nos olhos. Em seguida, o cara é teletransportado. A nave cai e…

CABOU. 🙁

 

Enterprise caindo

Em seguida foi exibida uma cena de cinco minutos, que acontece mais para frente no filme. Vemos a USS Enterprise completamente detonada, com setores destruídos e sendo atraída pela gravidade da Terra. A nave irá cair. O capitão interino Spock inicia o processo de evacuação e pede que todos abandonem seus postos. Ele, no entanto, vai ficar. “Com todo o respeito capitão, mas ninguém vai abandonar a nave”, diz Sulu.

Até porque, se eles não evitarem a queda ou desviarem a nave pro mar, muita gente pode morrer na Terra…

Lá no meio, Kirk e Scott estão indo para a engenharia para tentar estabilizar a nave e fazer mais alguma coisa que possa salvá-la. A Enterprise se contorce e vira para todos os lados e vemos muita gente, mas MUITA GENTE, despencando para a morte pelo corredores e pela engenharia.

A cena termina com a Enterprise quase que despencando em nosso planeta. Será esse o fim da nave?

 

Fuga em São Francisco

A cena seguinte acontece bem depois e parece ser já do clímax de Além da Escuridão – Star Trek. Harrison está em uma cidade, que parece ser São Francisco, e Spock é teletransportado. Começa uma perseguição pelas ruas, prédios e até por janelas, até que o vilão se joga por cima de uma nave de transporte. Spock faz o mesmo e os dois saem na porrada.

Harrison pula para outra nave, quando Spock vai fazer o mesmo… CABOU.

 

Algumas conclusões

Pelo que deu pra ver, J.J. Abrams está realmente empenhado em levar Star Trek para um lugar nunca visto antes na franquia. O vilão, incrivelmente interpretado por Benedict Cumberbatch, age mais como um guerrilheiro do que como um exército alien empenhado em acabar com a paz universal.

Agora… Será que John Harrison é realmente o Khan? Não há nenhuma pista disso nas cenas exibidas. O que dá pra perceber é que ele é alguém que quer vingança contra a Frota. Diria que mais cabe ele ser Vulcano (irmão/parente do Spock depois de uma operação, como dizem alguns boatos) buscando vingança pela destruição do planeta natal do que o Khan.

Ainda assim, algo é certo: quem quer que seja o vilão, o nome de batismo não é John Harrison. Fica provado que tudo o que faz é para conseguir a vingança que almeja e, por isso, assumir a identidade de um oficial da Frota soa mais como algo para reunir os capitães e primeiros oficiais no ataque inicial contra a sede da Frota Estelar.

Já a vingança de Kirk contra o vilão tem aparentemente uma motivação simples: com a provável morte de Pike, Jim perde aquele quem considera um segundo pai.

Ah, sim: um dos meus palpites, de que o Peter Weller poderia ser o Khan, foi literalmente para o espaço. Como já disse, ele interpreta o almirante Marcus. Claro que sempre cabe um plot twist incrível aí, mas é bem difícil de acontecer.