Por onde anda….Barbara Luna, a Marlena Moreau?

Marlena MoreauVocê se lembra da atriz Barbara Luna? Ela interpretou a tenente Marlena Moreau no clássico episódio do universo espelho, “Mirror, Mirror”. Sua carreira é longa e diversificada com créditos em muitos filmes e séries de TV. Hoje, aos 75 anos, a atriz concedeu uma entrevista ao site Star Trek.com onde falou de seu trabalho na série original, inclusive com participação no fanfilm Star Trek Phase II.

Alguns de seus créditos: Bonanza, A Hora do Diabo, A Quinta Dimensão, Mannix, Missão Impossível, Buck Rogers no Século 25, As Panteras, Projeto UFO, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Águia de Fogo, Dallas, entre outros.

Seus créditos de cinema e televisão datam de 1958, apesar de seus créditos nos palcos serem antes disso. Sabemos que é como perguntar qual de seus filhos você mais gosta, mas qual do seu trabalho você sentiu mais feliz de ter no seu currículo?

LUNA: É como dizer “Quem é o seu filho favorito?” E isso é porque cada trabalho, pelo menos para mim, foi uma experiência maravilhosa. Mas, em termos de o que se destaca, eu teria que dizer que Jornada, “Mirror, Mirror”. Então você tem os seus fãs de novela, meu personagem em One Life to Live, Maria, foi bastante notório. Ela era a megera que todos amavam e odiavam. E quando você trabalha com pessoas como Frank Sinatra e Spencer Tracy em algo como A Hora do Diabo, vai se destacar. Ship of Fools se destaca, porque tinha Vivian Leigh, Oskar Werner e Lee Marvin e Michael Dunn (que mais tarde estreou em ” Plato’s Stepchildren”) e George Segal. Eu trabalhei com as melhores pessoas, os melhores atores e atrizes.

autograph showsMas é em Jornada que você é mais reconhecida, certo?

LUNA: Certamente. Quando estou em seção de autógrafos – e não apenas nas convenções de Jornada, mas na seção de autógrafos – e eu tenho todas as minhas fotos em cima da mesa, os fãs ficam na mesa olhando para as fotos. Eles olham e dizem: “Oh, você conheceu Frank Sinatra?”, “Oh, você conheceu Henry Fonda? Maravilhoso. Mas vamos falar de Jornada… “.

E, vamos falar sobre Jornada. Você se lembra como conseguiu o papel?

LUNA: Eu trabalhei com Marc Daniels em um episódio de Missão: Impossível . Ele dirigiu o meu primeiro episódio de Missão: Impossível, “Elena” (em 1966), e eu estava trabalhando um pouco na Paramount. Houve um momento em que eu já tinha ganhado o direito de receber um script ao invés de ter que entrar e fazer o teste, e que Jornada foi um deles. Claro, alguém sabia no que ia se transformar? Quer dizer, era um trabalho. Foi apenas um trabalho. Eu já tinha ouvido falar a respeito a partir de muitos outros atores envolvidos em Jornada, mas isso é o que era, um emprego. Foi oferecido para mim. Era um cara com orelhas engraçadas. E eu já era uma fã de William Shatner, quando eu fiz a série. Eu sempre achei que ele era um ator maravilhoso.

O que lhe interessou sobre Marlena como um personagem … ou personagens?

LUNA: Bem, eu descobri algo muito interessante sobre o mundo da ficção científica. Quando foi oferecido a mim, eu fiquei numa espécie de choque. Eu pensei, “Meu Deus”, porque quase todos os papéis que eu retratei eram hispânicos ou japoneses ou chineses ou vietnamitas ou indianos. Por causa da minha raça, que eu sempre agradeço aos meus pais, você não pode realmente fechar os olhos. E eu acho que se você vê todos os personagens que já interpretei você sabe exatamente o que eu estou falando. Marlena foi surpreendente porque não havia sotaque envolvido. Eu pensei: “Puxa, eu amo esse papel, porque ela é apenas uma mulher. Sem sotaque. Apenas uma mulher”. Quando me ofereceram Koori em Buck Rogers, foi a mesma coisa. Ela era um pássaro … (risos), mas ainda assim era feminina. Essa é uma das coisas que é tão intrigante sobre o mundo da ficção científica. Pode ser contratado apenas como um ator ou uma atriz e não para ter qualquer etnia particular. As coisas (em geral) são muito melhores hoje. É muito maravilhoso, porque as coisas não são tão estereotipadas mais. Tive muitas discussões com os produtores, onde eu estaria contratada para um papel e eles mudavam o nome do personagem para um nome mais latino-americano. Eu ía até o escritório do produtor e dizia: “Nós não podemos fazer isso!” Então eu sinto que muitos de nós abrimos caminho para atrizes como Jennifer Lopez, Cameron Diaz e Salma Hayek, que são contratadas apenas como atrizes e não porque elas falam com sotaque.

kirk marlenaSeu cabelo como Marlena foi notável e seu traje como a Marlena do universo espelho foi memorável, também. O que você pode compartilhar com histórias sobre o cabelo e a roupa?

LUNA: Quando eu quero dar uma boa risada eu sempre olho para a tenente Moreau, quando ela chega no final com os cabelos presos até o teto. Os penteados, eram muito engraçados. Mas, na verdade, algo terrível aconteceu. A história já é conhecida. Eu acordei com uma inflamação de garganta e febre muito alta depois de filmar por quatro dias. E, claro, eu não poderia chamar o estúdio e dizer: “Eu estou doente. Eu não vou”. Então, eu, claro, entrei no meu carro e fui para o trabalho. Eles deram uma olhada para mim e me mandaram para o médico e disseram: “Oh meu Deus, ela está muito contagiosa”.

Naturalmente, a cena que restava era a cena na cabine, a cena do beijo com Shatner. Eu mal tinha uma voz. A decisão foi me mandar para casa e ir para a próxima cena, que é o que eles fizeram. Voltei cerca de um mês mais tarde e completei o episódio. No entanto, eu acho que enquanto eu estava me recuperando, eu perdi vários quilos. Então, quando cheguei no cenário com o traje que foi feito para aquela cena, Roddenberry disse: “Oh, meu Deus, isso está horrível. Não”. Bill Theiss, responsável pelo vestuário, saiu, e gênio como era, me colocou em um biquíni e envolveu este material em torno de mim. E o que você vê é o belo kaftan (espécie de sobretudo) na cena da cabine.

Muitas pessoas me perguntam por que eles não fizeram mais com Moreau, porque não houve uma sequência, porque ao que parece, quando ela aparece no final, poderia haver uma continuação. Eu não sei. Esta é apenas uma conjectura da minha parte, mas se eles tinham algum plano, quando eu fiquei doente, provavelmente vetaram a ideia. Mas eles podem nunca ter tido planos afinal.

marlena TOSO que passa por sua cabeça quando já faz quase 50 anos que filmou “Mirror, Mirror”, que houve duas Marlenas de brinquedo, e um Minimates, e que você tem feito inúmeras convenções de Jornada e seções de autógrafos?

LUNA: É também o 50 º aniversário de A Quinta Dimensão. É o que estávamos falando antes: era apenas um outro trabalho. Eu fiz isso, que era o fim de tudo e eu nunca pensei mais nisso. Um motorista de táxi que conheci em Nova York me contou sobre as convenções. Ele me reconheceu e me chamou de Marlena. Eu pensei: “Que lindo, ele pensa que sou Marlene Dietrich”, mas ele estava falando de mim a partir de Jornada. E ele me contou tudo sobre as convenções e o que se passa. Mas eu não acho que você percebe até que você faça isso. Como atores, sentados em uma mesa, vendo uma fila de pessoas à espera de um autógrafo … honestamente, eu não acho que nós realmente captamos. Somos muito agradecidos. É espantoso. Mas pouco a pouco eu vim a entender do que se trata e por isso também que Jornada é tão impressionante. E acontece que eu amo os filmes de JJ Abrams. Acho que eles são maravilhosos. Sim, eles são maravilhosos. Sim, eles desviam do que Jornada é realmente, mas, é Hollywood. É show business. E eu acho que ele fez uma coisa maravilhosa lançando nova luz sobre Jornada. Ele vai continuar, como diz o ditado.

Como é a vida para você hoje em dia?

barbaraLUNA: Quando me aposentei como atriz, eu realmente pensei que ia ser uma senhora ociosa, mas eu descobri o que significa a aposentadoria. Fiz One Life to Live, em Nova York por vários anos e quando isso terminou, liguei para o meu agente e disse carinhosamente: “Eu realmente quero uma vida sem você”. Eu, na verdade, comecei a trabalhar como uma criança, fazendo Broadway, e felizmente nunca perdi um ano, uma vez que eu comecei a fazer filmes e televisão. Mas, eventualmente, eu queria saber o que era ir para a Europa e não ter que voltar para um teste ou um emprego. Então, eu fiz isso.

Eu tenho sido voluntária. Sou voluntária para um grupo chamado Thalians, que já existe há muito, muito tempo. Foi fundada há 54 anos por Debbie Reynolds, Hugh O’Brien, e Ruta Lee é o presidente do conselho. Ajudo arrebanhar celebridades para seus eventos de caridade. Eles estão em um estado de transição. Eu também ajudei Dave no The Hollywood Show, que será de 11 a 13 de abril. Isso é um show de autógrafos. Estarei com um monte de outras pessoas de TV e filmes, e haverá reuniões de atores e atrizes de Jornada e Quinta Dimensão, por isso deve ser muito emocionante. É muito mais divertido para eu fazer isso. Estou circulando e vendo velhos amigos. Adoro isso, e é uma espécie de minha maneira de retribuir.