Zachary Quinto e Leonard Nimoy já trabalharam juntos por duas vezes, interpretando o mesmo personagem icônico, Spock, mas eles compartilharam mais do que apenas um conjunto de orelhas protéticas. Os dois se tornaram amigos íntimos e conviveram essa amizade até a morte de Nimoy. Em entrevista aos EW, Zachary fez um depoimento emocionado sobre seu amigo e tutor.
Qual é a sua primeira lembrança dele?
Zach: Eu considero a minha primeira memória real de Leonard como eu o conheço, quando eu o encontrei em 2007, quando foi anunciado que eu estaria assumindo o papel. Conheci-o no centro de convenções, pouco antes de pisar no palco na frente de 7.000 pessoas e eu estava tão impressionado com seu senso de humor, sua afabilidade e sua estatura, sua presença, era tão autoritário e ainda assim tão à vontade, ao mesmo tempo. Eu poderia dizer imediatamente que ele era alguém que operou muitos níveis diferentes. Eu acho que eu nunca poderia ter imaginado o quão perto nós viríamos a ficar. Na época eu só esperava que ele fosse me apoiar na exploração do papel, e estar disponível para mim quando surgissem dúvidas, mas foi através desse processo que nós forjamos uma amizade. E ele se tornou realmente muito mais uma figura paterna para mim do que qualquer outra pessoa na minha vida, e foi isso que eu realmente valorizei e continuarei a valorizar mesmo em sua perda.
Como é que vocês dois trabalharam para encontrar a ligação entre o seu Spock? Como foi para retransmitir o bastão?
Zach: Ele nunca tentou influenciar a minha interpretação do personagem. E assim nós começamos a reunião. Gostava de ir para a casa dele e nós almoçávamos. Passávamos algumas horas juntos e eu gostava de fazer-lhe perguntas. Então, eventualmente, começávamos a falar de outras coisas, e eu digo que eu aprendi mais sobre o personagem através das conversas que tivemos sobre outras coisas, sobre sua infância, e sua experiência, quando ele se mudou para Los Angeles. E, eventualmente, ao longo do tempo, a nossa relação tinha muito pouco a ver com Spock. Eu diria que foram apenas os primeiros seis ou oito meses de nosso relacionamento que nós realmente conversamos sobre o personagem, e então eu não posso nem me lembrar da última vez que falamos sobre Spock. Eventualmente, isso tornou-se algo sobre sermos queridos amigos e ficarmos em contato sobre a vida um do outro. Eu fiquei muito, muito próximo de toda a sua família, sua esposa Susan é muito querida para mim. Ele evoluiu para algo que era maior do que Jornada, ou maior do que o personagem, e muito mais significativo e duradouro. Apesar de ser o personagem que nos uniu, é a amizade que cultivamos que eu acho que vai continuar.
Para aqueles que o conhecem principalmente como Spock, é difícil separar o homem do personagem. Como Leonard Nimoy era como pessoa?
Zach: Houve muita discussão ao longo dos anos, e Leonard engajou uma discussão com ele mesmo de “I Am Not Spock” , ou “I am Spock”. Eu acho que a realidade é que ele não foi Spock porque Spock é ele em muitas maneiras, é a sua dignidade, seu respeito pela humanidade, seu abraço incondicional as pessoas que ele ama, sua crença nos direitos das pessoas que devem ser respeitadas na suas próprias vidas que definiram ele como uma pessoa, e sua sensibilidade artística. Você olha para o corpo do trabalho que ele deixa para trás, e não apenas como ator, como um advogado, como filantropo, como um colecionador de arte, como um fotógrafo, como poeta, como um escritor … ele era realmente e sem exagero um homem renascentista. E, por fim eu sinto que ele era infinitamente curioso e aberto as perspectivas e opiniões de outras pessoas e ele foi politicamente esclarecido e lutou por causas que acreditava e trabalhou para tornar a vida das pessoas mais fácil. Eu acho que havia muitas coisas sobre ele que transcenderam o papel de Spock, porque essas são todas as coisas que são qualidades desse personagem. Eu acho que é uma espécie de linha borrada, mas para mim ele é o homem que eu me lembro, que eu celebro, que eu amo, e eu estou muito feliz que Spock seja um aspecto de sua personalidade e o aspecto que nos juntou , mas não é de maneira nenhuma o que eu acho que é a definição singularmente dele. Devido a sua capacidade para o amor e para a exploração do que significa ser humano vai muito além que um personagem e tocou a vida de muitas pessoas e eu tive a sorte de ter sido um deles.
Como é que você descobriu sobre seu falecimento?
Zach: Eu fiquei muito triste de estar tão longe durante seus últimos dias e eu estava muito em contato com Susan e sabia que ele estava muito doente durante os últimos dias da sua vida, eu estava filmando em Berlim e senti a um milhão quilômetros de distância. Eu fiquei muito, muito grato por poder estar aqui com a sua família e de estar aqui para o seu funeral, para falar em seu funeral e honrá-lo dessa forma. Significou muito para mim eu ser capaz de ser um dos que disse adeus a ele dessa forma, porque eu senti que isso é quem ele era. Ele teria viajado até os confins da terra para as pessoas que ele amava, e eu estava tão grato que eu tive a oportunidade de fazer isso. Mesmo que fosse em circunstâncias tão tristes, eu sinto que a minha dor é contrabalançada por minha gratidão, por ter tido ele na minha vida e ser capaz de considerá-lo um amigo querido e ao longo da vida.