Sinopse:

Data Estelar: 3211.7.

A USS Enterprise está em uma missão de inspeção de rotina de uma estação automática no planeta Gamma II. O Capitão Kir, Uhura, e Chekov se preparam para ser transportados a instalação, quando desaparecem antes do transporte ser ativado. Eles aparecem em uma praça parecida com uma arena, em planeta desconhecido, sendo atacados logo após sua chegada por um grupo de criaturas humanóides de espécies diferentes.

O grupo tenta usar os fasers, mas estes não funcionam, forçando a um combate corpo a corpo, onde os oficiais da Enterprise acabam sendo subjugados. Um quarto humanóide então aparece, cumprimentando Kirk e seus oficiais por sua performance. O ser identifica-se com Galt, Mestre dos “Servos” de Triskelion, a serviço dos “produtores”, os verdadeiros mestres de Triskelion, que permanecem desconhecidos para Kirk e seu grupo.

Tais seres parecem ter como único objetivo apostar em combates realizados pelos Servos na arena dos jogos, jogos dos quais Kirk, Uhura e Chekov terão agora que participar pelo resto de suas vidas, como se fossem gladiadores, para entretenimento dos “Provedores”. Para garantir a submissão dos cativos, o grupo recebe um tipo de colar preso ao pescoço que infringe severa dor a quem o usa, em caso de desobediência, sendo em seguida levados para suas celas.

Neste meio tempo a Enterprise procura pelos membros desaparecidos ainda em Gamma II, obviamente sem sucesso. Os sensores não captam nenhum sinal dos tripulantes, e a tripulação começa a procurar em outros planetas habitáveis do sistema.

De volta a Triskelion, Kirk e seu grupo fazem planos para escapar, mas o poder de Galt sobre eles, graças aos colares, é virtualmente insuperável, colares que eles não estão em condições de remover. Os três são introduzidos aos seus servos instrutores, que irão servir a suas necessidades básicas, ao mesmo tempo em que os preparam para os combates na arena.

Chekov é apresentado a Tamoon, uma mulher enorme, com características de um tigre. Para Uhura, é escolhido Lars, um humanóide macho, corpulento e de semblante ameaçador. Para Kirk é escolhida Shahna, uma linda e tímida mulher de cabelo verde exoticamente vestida. Shahna inicialmente parece ser tão dura com Kirk quanto os outros instrutores são com seus servos, mas aos poucos ela vai se afeiçoando ao capitão.

Shahna explica a Kirk que como sua serva instrutora, ela irá treiná-lo até que esteja pronto para a arena, quando serão então “comprados” pelo “Provedor” que fizer a maior oferta por ele. Kirk tenta extrair mais informações de Shahna, mas esta não coopera muito, inicialmente, então o capitão muda a estratégia, para uma abordagem mais pessoal, mas é interrompido pelo que Shahna diz ser um intervalo para exercício.

A bordo da Enterprise, após uma busca infrutífera em Gamma II, e no sistema Estelar ao redor, Spock resolve seguir a única pista a sua mão, uma inesperada leitura de partículas ionizadas que poderia ser compatível com algum tipo de feixe de transporte. Sob os protestos de McCoy e Scott, o primeiro oficial ordena um curso que levara a Enterprise a doze anos luz da atual posição da Enterprise, no sistema estelar trinário M24, origem do fenômeno, esperando encontra lá seus companheiros desaparecidos.

Em Triskelion, Kirk e seus oficiais estão realizando seu treinamento com seus servos instrutores quando Galt aparece trazendo com ele um servo que deverá ser castigado. Galt ordena que todos no grupo usem o homem como “alvo de pratica”, o que significa que todos deverão desferir golpes contra o oponente indefeso. Uhura é chamada a iniciar a punição, se recusa, no que é seguida por Kirk.

Eles são punidos com uma pequena dose do “colar de obediência”, mas mesmo assim Galt ela ordena uma punição extra em Uhura como forma de dar ao grupo uma lição. Kirk se interpõe, exigindo ver os criadores, o que é negado, e Galt repassa para ele a punição que Uhura sofreria.

Kirk é amarrado, e é transformado em “alvo de pratica” e Galt não tem duvida que Kirk vá morrer no processo. Kloog, um gigante mal encarado usa um chicote contra Kirk, mas este, mesmo amarrado, consegue se defender e imobilizar o gigante, após um pequeno descanso permitido por Galt, durante o qual Shahna dá a Kirk algum tipo de estimulante.

A luta então é interrompida ao som da voz de um dos produtores e começam a se ouvir lances pelos membros da Federação, até que a maior oferta vence. Kirk e seus homens são vendidos ao produtor 1, recebem “a marca” (os seus colares passam a ter a cor vermelha) de seu “dono”, sobre os protestos inúteis de Kirk. Galt informa a Kirk e seu grupo que agora que estes são servos marcados, qualquer desobediência será punida com a morte.

Durante o treino, Kirk encontra tempo para ficar a sós com Shahna, e tenta descobrir informações sobre os provedores, mas esta ainda se mostra reticente. Kirk tenta “amaciá-la”, falando sobre outros planetas que ele visitou a sobre o conceito de liberdade. A estratégia parece funcionar, mas causa a imediata reação dos “Provedores” através do acionamento do seu colar de obediência.

Kirk protesta e pede para seu punido no lugar dela, sem sucesso, o que causa surpresa e admiração na alienígena. Após um beijo entre os dois, Galt aparece, e manda os dois voltarem para as celas, enquanto diz a Kirk este não será punido por ter divertido os “Provedores”.

Na cela, Shahna expressa os seus sentimentos a respeito da tentativa de Kirk interceder em seu favor, arriscando com isto atrais a irá dos “Provedores” contra ele. Kirk tira vantagem deste momento, e acerta um direto em Shahna, que cai desacordada. Ele pega as chaves da cela e liberta Chekov e Uhura, e tentam novamente a fuga, que é interrompida pela aparição de Galt e mais uma vez pelo uso dos colares.

A Enterprise finalmente chega ao planeta, e Spock consegue localizar os desaparecidos na superfície. O Vulcano e McCoy tentam descer a superfície para procurar por seus companheiros, mas antes que eles consigam, a nave perde toda a energia, fato causado pelos “Produtores”. Tal ação é notada por Kirk e seus oficiais, que subitamente passar a ouvir tudo o que acontece na ponte da Enterprise, e vice versa.

Kirk mais uma vez pede para ver os “Provedores”, anunciando que fará uma proposta para que eles não poderão recusar. Após algumas negativas, Kirk consegue finalmente seu intento. Ele é transportado para o interior do planeta, numa câmara abaixo da superfície, onde está todo o maquinário que faz todo o equipamento de Triskelion funcionar. Lá ele encontra uma mesa cercada por um domo onde estão três cérebros sem corpo, brilhando. Os “Produtores”

Estes dizem ser antigas formas de vida humanóides, que evoluíram para criaturas de puro intelecto, e que agora passam seu tempo apostando entre si em seres que eles julgam inferiores e que são trazidos para lutar na arena. Os “Produtores” estão dispostos a manter os humanos ali, e planejam destruir a Enterprise.

Kirk convence a estes a aceitar uma aposta de tudo ou nada. Eles enfrentarão servos escolhidos pelos produtores na Arena, e se vencerem, todos, inclusive os servos, ganharão a liberdade, cabendo aos provedores ensinar os servos a se auto governarem. Se Perderem a tripulação da Enterprise ficará sem resistência, oferecendo entretenimento aos “Produtores”. Estes aceitam a aposta, mas sob a condição de que Kirk lute sozinho contra três adversários. O capitão não tem escolha e aceita a condição.

Kirk é enviado de volta a Arena, Galt informa que a luta será até a morte, e o combate começa, sendo assistido também pela tripulação da ponte da Enterprise através da tela. Kirk elimina dois adversários, mas apenas fere o terceiro. De acordo com as regras estabelecidas, o lutador ferido é substituído por Shahna. Kirk Reluta, mas consegue subjugar Shahna, sem matá-la. Apesar disto os “Produtores” aceitam a vitória de Kirk, e honram o acordo.

Shahna pede que Kirk a leve, mas este diz não poder fazê-lo, e pede que ela fique e aprenda. Kirk, Uhura e Chekov voltam a Enterprise, deixando para trás uma ex serva derramando lagrimas por Kirk.

Comentários:

Começando pela parte boa, podemos dizer que este é um segmento é extremamente bem intencionado. Existe em “The Gamesters of Triskelion” uma proposta panfletária, ao criticar o sentimento de superioridade de um determinado grupo, representado pelos “Provedores”, sobre outro, representado pelos “servos”, recriminar a escravidão, defender o direito a autodeterminação e por extensão, os direitos civis. O segmento bate de frente com o barril de pólvora que era a questão racial nos Estados Unidos da América, nos anos sessenta.

Notem que a certa altura do episodio, Galt apresenta um servo negro para ser castigado, e pede justo a Uhura que seja a primeira a aplicar o castigo. Uhura é claro se recusa, mesmo com a vida ameaçada. Uma cena simples, mas significativa, dada à situação política da época, onde a maior reverencia era o reverendo Martin Luther King.

O episodio, ao apresentar seres de diversas raças da galáxia escravizados, e tentar discutir as origens e implicações de tal situação, afirma a mensagem “Todos são iguais”, de King, que entendia que a luta dos povos do Terceiro Mundo assemelhava-se a dos negros americanos contra a discriminação e o preconceito, e a atitude de Uhura reafirma a filosofia de não violência do mártir, que lutava contra o racismo, mas se opunha a grupos como os Panteras Negras, influenciados por Malcon X, que postulavam a organização de milícias populares nos bairros negros como forma de resistência ao poder dos brancos.

Se tivermos em mente que este episodio foi ao ar em janeiro de 1968, e que apenas três meses depois Luther King foi assassinado em Memphis, Tennessee, é possível perceber um pouco da contexto perigoso com que Jornada tentava lidar a época. Mas como se diz, de boas intenções o inferno anda cheio, e não há boa intenção que consiga salvar este segmento da monotonia que tem problemas demais

Tirando a intenção, muito pouco se salva deste segmento da Série Clássica, que não passa de uma colagem de alguns temas já apresentados e discutidos ao longo de sua existência, até aqui. Os “Provedores” reacendem a mensagem que avisa sobre os perigos da mecanização do ser humano, (“What Are Little Girls Made Of?”), ou do controle de seres vivos sencientes (humanos ou alienígenas) por computadores, (“The Return of the Archons” e “The Apple”).

E de novo, temos a tripulação da Enterprise precisando lutar pela sobrevivência como gladiadores, (“Arena" e "Bread and Circuses”). Os exemplos anteriores são os mais óbvios, embora o fã atento possa encontrar por outras referencias, se quiser se dar ao trabalho de procurar.

Junte-se a isto uma tediosa seqüência de combates corpo a corpo de Kirk, o tradicional apelo do capitão ao seu charme de oficial da Frota Estelar para conseguir se livrar da encrenca da semana, e a indefectível aplicação da sua lógica circular para convencer os provedores a aceitar a proposta final, que acaba por libertar a todos. No final, o todo é muito menor do que a soma das partes, e não podia deixar de ser diferente, com tão pouca originalidade em foco.

Se a trama não desperta atenção, os diálogos acompanham a falta de criatividade. O curso relâmpago sobre o “Federation Way of Life”, ministrado por Kirk a incauta Shahna exala chatice e previsibilidade, e deixa uma questão: Como nosso bravo capitão salvaria o dia se, ao invés de Shahna, ele tivesse ficado com Tamoon !? Seria no mínimo, interessante. Mas como Kirk é um cara de sorte, caiu na mão da Barbarella.

Os adversários dos oficiais da Federação também são pífios. Um ogro lerdo, outro lutador com a agilidade de um Frankstein de filme “B” e é claro, a “doce” Tamoon. Alguém realmente acreditaria que este trio são lutadores que sobrevivem na arena dias, após dia ? Difícil, por isto jamais temos a sensação de os membros da Federação estão mesmo em perigo, apenas, no Maximo, em uma enrascada.

O material apresentado a todos é pobre demais para permitir que alguma atuação individual de algum brilho ao segmento. Podemos citar as cenas a bordo da Enterprise entre McCoy, Spock e Scott como alguns dos momentos capazes de criar alguma empatia com o espectador, principalmente quando Spock chama Scott e “Magro” para uma conversa de “pé de orelha”, mostrando que o Vulcano aprendeu alguma coisa dos acontecimentos de Galileo 7. Mesmo assim, é preciso alguma dose de boa vontade, pois a insistência de McCoy em questionar Spock sem nenhum argumento valido excede o credito do bom doutor.

Os “Provedores” também são deveras decepcionantes. A escolha da dos cérebros para representar os seres dominantes de Triskelion é uma alegoria ao perigo de que o uso do intelecto em detrimento das emoções humanas, mas uma alegoria muito mal realizada. No final, Kirk convence-os a apostar tudo ou nada, e ao vencer aposta, ele vai embora, deixando a nos, fãs incautos a atarefa de acreditar que os “Provedores”, Jogadores compulsivos, e seres que sempre trataram os “servos” como inferiores, vão simplesmente cumprir sua promessa e ensinar a estes um modo de vida que os próprios provedores não conhecem. Haja suspensão de descrença.

Uma menção honrosa deve ser feita à cena final de Shanah, muito bonita, e comovente, mas é só. As coreografias manjadíssimas, os atuações fracas de todos os atores, alguns pelo pobre material apresentado, outros por que são ruins mesmo, a falta de criatividade, e a conclusão simplória da trama, fazem deste um dos piores segmentos da segunda temporada da Serie Clássica.

Citações:

O Titulo original de deste episodio seria "The Gamesters of Pentathalon".

Chekov teve que tomar o lugar de Sulu neste episodio. George Takei, inicialmente escalado estava ocupado com as filmagens de “Os Boinas Verdes” (The Green Berets).

O Globo de Acrílico usado para exibir o cérebro dos “Produtores” foi usado como o topo da nave de Lazarus, em “The Alternative Factor”.

Dick Crockett (O servo Andoriano) foi o coordenador de dubles na Serie Clássica. Ele atuou frequentemente como duble de William Shatner. Ele também atuou como Klingon no episodio "The Trouble with Tribbles". O ultimo trabalho de Crockett foi como coordenador de Dubles no filme “10”. Ele morreu durante a produção do filme.

A Voz de Robert Johnson, um dos provedores, foi uma das mais famosas vozes da América por muitos anos. Era dele a voz que gravada na fita que dava ao agente Jim Phelps sua próxima missão, em Missão Impossível (Mission: Impossible).

O fundo pintado utilizado para representar os equipamentos dos provedores sob a superfície era o mesmo da estação de mineração Janus VI, em "The Devil in the Dark".

Margaret Armen escreveu também: "The Paradise Syndrome", "The Cloud Minders", para a Serie Clássica, e "The Lorelei Signal", "The Ambergis Element" para a Serie Animada e "Savage Syndrome", para o projeto Star Trek Fase II.

Joseph Ruskin (Galt) retornaria a Jornada nas Estrelas anos depois em varias participações: Em Deep Space Nine ele esteve presente em "The House of Quark", "Looking for par'Mach in All the Wrong Places", como Tumek, e "Improbable Cause", como o Informante de Odo . Em Voyager no episodio "Gravity" como um Mestre Vulcano, em Enterprise - "Broken Bow" como um médico Suliban e em Insurreição, como Oficial son'a. Ele, Clint Howard e Jack Donner, são os únicos três atores que apareceram tanto na série original como em Enterprise.

Angelique Pettyjohn fez uma ponta no seriado Batman, em 1967. O nome do episodio: "A Piece of the Action". Ela também teve uma pequena participação em “Clambake” - O Barco do amor- (1967) com Elvis Presley, e em “Get Smart” – Agente 86 (1967), nos episódios "Pussycats Galore" e "Smart Fit the Battle of Jericho", como o agente 38, Charlie Watkins. Infelizmente, sua carreira nunca decolou, levando a atriz a participar de filmes pornográficos, hora como Ashley St. John ou Heaven St. John. Ela teve uma curta carreira como stripper em Las Vegas, no inicio dos anos 80, e durante anos foi figurinha carimbada nas convenções de Jornada nas Estrelas. Angelique Pettyjohn morreu aos 48 anos, em 14 de fevereiro de 1992, vitima de câncer.