021. The Homecoming
022. The Circle
023. The Siege
024. Invasive Procedures
025. Cardassians
026. Melora ---
027. Rules of Acquisition
028. Necessary Evil
029. Second Sight
030. Sanctuary
031. Rivals ---
032. The Alternate
033. Armageddon Game
034. Whispers
035. Paradise
036. Shadowplay
037. Playing God
038. Profit and Loss
039. Blood Oath
040. The Maquis, Part I
041. The Maquis, Part II
042. The Wire
043. Crossover
044. The Collaborator
045. Tribunal
046. The Jem'Hadar

 

Avaliação geral

Ainda que fortemente ligada à primeira temporada, devido à estabilidade da equipe de roteiristas, esta segunda temporada é bastante superior à antecessora, seja na média de notas, seja na fração de episódios vencedores (com três ou mais estrelas), com "16/26" (versus "12/20"), ou mesmo na fração de episódios excelentes (com 3,5 ou 4 estrelas), com "12/26", versus "4/20" da temporada anterior (vale salientar que somente a sétima temporada tem uma fração tão grande de episódios excelentes).

A qualidade não se manteve consistente ao longo da temporada. A temporada começou muito bem, no rastro dos dois últimos episódios do ano anterior ("Duet" e "In The Hands Of The Prophets"), com a "Trilogia do Círculo", seguida por um segmento fraco e um forte ("Invasive Procedures" e "Cardassians", respectivamente). Aí chegamos no momento mais crítico da temporada, quando, antes do clássico "Necessary Evil", tivemos dois episódios fracos e, após mais quatro, uma verdadeira "trilogia do terror", formada por "Second Sight", "Sanctuary" e "Rivals".

Retomando em "Armageddon Game", seguimos com a "montanha russa de qualidade" (tão comum em séries de Jornada), até darmos de cara com os desconexos e desconjuntados "Playing God" e "Profit and Loss". Felizmente a seqüência final de oito episódios "vencedores" (uma das mais fortes da história de Jornada) nos faz recuperar a confiança na série e nos estimula a esperar a próxima temporada.

Cabe observar que dentre os dez episódios que receberam duas estrelas ou menos, apenas "Rules of Acquisition" e "Paradise" (até certo ponto) podem ser considerados produtos bem acabados, ainda que cheios de problemas (o primeiro com um humor duvidoso e uma história tola e o segundo com problemas com a escalação da antagonista, falta de foco e algumas conveniências).

Os outros oito "perdedores" apresentam problemas de produção de tal monta e são tão "zoneados" que chegam a ser ridículos. Citando alguns problemas claros (que ocorrem normalmente em uma produção de TV, mas aqui atingem tais níveis de obviedade que beiram a comédia involuntária), temos: rescritas até a morte (em todos eles), cenas escritas obviamente como tapa-buraco --devido ao episódio filmado estar ficando curto (onde "Sanctuary" é um óbvio exemplo, onde as cenas em que o tradutor universal não funciona foram acrescidas somente para retardar a "revelação" de que Bajor é a terra prometida dos Skreeans), histórias independentes coladas de qualquer jeito para pôr mais um episódio em produção (com quando a sub-trama de "Melora" colide com a trama principal ao seu final no Explorador), débeis tramas Sci-Fi, inseridas quase que arbitrariamente para satisfazer alguma espécie de quota (o "protouniverso" de "Playing God" e a sub-trama de filme "B" de "The Alternate", por exemplo) e absurdas conveniências de trama para fazer o episódio funcionar em seus termos (especialmente "Invasive Procedures", com a necessária "estupidificação" de Odo). 

(Esforço tem de ser --e foi-- despendido no sentido de reduzir tais ocorrências no decorrer da série. Isto é muito grave pois uma coisa é um episódio ser ruim devido a um roteiro infeliz e ser produzido de acordo, outra coisa é ele ser um "paciente de esquizofrenia múltipla com mais remendos que uma múmia", como ocorreu de forma muito freqüente neste temporada.) 

A grande virtude da temporada é se aproveitar do fato de que os personagens já estavam estabelecidos, mas ainda o suficiente novos para receberem uma dose maciça de caracterização. Outro fator importante foi estabelecer temas adicionais além daqueles da primeira temporada, envolvendo os Bajorianos, Cardassianos e federados, suas disputas internas e entre si.

Inúmeros problemas de caracterização ou foram minimizados ou mesmo completamente resolvidos. A temporada foi um momento de estabelecer e (ou) consolidar pares cuja interação sempre produziria efeitos satisfatórios até o final da série, tais como: Ben & Jake (ao longo da temporada), Sisko & Dax (ao longo da temporada e especialmente em "Playing God" e "Blood Oath"), Kira & Odo (ao longo da temporada, mas definitivamente em "Necessary Evil"), Bashir & Garak ("Cardassians" e "The Wire") e Bashir & O'Brien ("Armageddon Game"). A interação de Sisko com Dukat (por exemplo em "The Maquis") também foi muito importante para o personagem, aqui e ao longo da série. 

Novos temas são introduzidos com a adição dos Maquis (no duplo "The Maquis") e do, sugerido por toda a temporada, Dominion (em "The Jem'Hadar"), os quais marcariam definitivamente a série (o Dominion, em particular, até o último episódio). Também são inauguradas as séries de episódios em que o "chefe O'Brien é torturado" (com "Armageddon Game", "Whispers" e "Tribunal") e em que ocorrem aventuras no "universo do Espelho" (com "Crossover"). Certas piadas, que se tornariam recorrentes ao longo da série, também se destacam, como a do Morn (agora com referências mais diretas nos roteiros), o "falastrão que só fala fora de cena", ou do "infame capitão Bodai", um Galamite de crânio transparente e ex-amante de Jadzia.

Algumas características, sugeridas na primeira temporada, que se consolidaram aqui na segunda (temporada fundamental para o estabelecimento da personalidade da série), acompanhariam o programa até o seu final (o que pode ajudar alguns dos leitores a entender por que DS9 não é a sua série favorita):

DS9 é uma série muito mais orientada a personagem do que qualquer outra série de Jornada, são fundamentais para a série a caracterização e o desenvolvimento dos personagens. As tramas são em sua maioria bastante simples --em essência colocar os personagens em uma situação difícil (um dilema) e ver como eles reagem dentro de suas caracterizações. A série parece ter uma capacidade de produzir bons diálogos e oferecer insights sobre os personagens mesmo em situações em que a trama de um dado episódio não consegue ser nem um pouco original ou interessante.

DS9 é uma série totalmente orientada a elenco, Sisko (apesar de Avery Brooks ter destaque nos créditos de abertura) não merece tratamento privilegiado nos roteiros, ele é mais um personagem a ser desenvolvido. O que é diferente das outras séries de Jornada, em que a maioria das histórias é estruturada em torno do oficial comandante.

DS9 não é uma série Sci-Fi como muitas outras, ela é essencialmente uma série de drama regular ambientada em um cenário Sci-Fi. Histórias Sci-Fi típicas (especialmente as "treknológicas") parecem totalmente fora de lugar no contexto da série, mesmo quando funcionam (o que é raro). Dentre os elementos Sci-Fi que se destacaram nesta segunda temporada, temos o episódio "Whispers" e as sempre maravilhosas visões dos Profetas.

Apesar de alguns bons pontos de continuidade, tivemos alguns problemas elementares nesta área. O problema é quando as ações dos personagens nos episódios não têm suas conseqüências tratadas imediatamente no episódio seguinte. Isso é particularmente frustrante na descoberta do crime de Kira por Odo em "Necessary Evil", no fato de Jadzia abandonar o seu posto é seguir com os Klingons em "Blood Oath" e no caso do Garak sem implante ficar essencialmente igual ao Garak com implante em "The Wire". Temos também o caso da traição de Quark em "Invasive Procedures", onde a própria ação inicial do personagem já foi uma má idéia dos roteiristas.

Apesar deste grave problema e de vários outros (que foram apresentados ao longo dos comentários dos episódios, semana a semana), ainda assim é possível colocar esta segunda temporada de DS9 no nível da terceira temporada da Nova Geração (a minha temporada favorita daquela série) e como a segunda temporada mais importante da série, só ficando atrás da quinta. Ainda que em termos estritamente aritméticos a segunda temporada fique na quinta colocação em geral (a terceira temporada seria a sexta colocada e a primeira seria a última por este simples critério matemático).

Muitos acreditam que a série "se encontrou" na terceira temporada, com a adição da Defiant e do Dominion, outros tantos que isto ocorreu na quarta temporada, com a reintrodução de Worf e dos Klingons. Porém acredito que a série já tenha emergido desta segunda temporada com uma bem definida e distinta personalidade. Um belo esforço em geral!

 

Altos

Entre os melhores momentos desta temporada temos uma arrepiante apresentação (com "flashbacks") da Terok Nor dos tempos da ocupação Cardassiana, em "Necessary Evil" (momento fundamental para Odo, tanto no passado quanto no presente), uma atmosférica volta (mais sofisticada e com mais tons de cinza do que a apresentada no episódio da série original, com "Mirror, Mirror") ao "universo do Espelho", em "Crossover", um mergulho na mente do enigmático Garak, em "The Wire", uma homenagem de Michael Piller (não confessada e não creditada) ao seu ídolo Rod Serling, em "Whispers", a explosiva introdução do Dominion em "The Jem'Hadar" (episódio que gera repercussões até o final da série), o ponto alto da "Trilogia do Círculo", em "The Circle", Kira em sua melhor forma resgatando um mítico herói Bajoriano, em "The Homecoming", a introdução de um dos elementos mais característicos da série, os Maquis, em "The Maquis, Part I", levantando discussões inteligentes e complexas que continuam em "The Maquis, Part II" (onde, um discurso de Sisko serve mesmo como uma das marcas registradas da série, pois não devemos nunca esquecer que "é fácil ser santo no paraíso"), Dax e os Klingons Kor, Koloth e Kang embarcando em uma épica missão de vingança, em "Blood Oath", Kira desvendando um sombrio segredo de kai Opaka nos tempos da ocupação, em "The Collaborator", e a tocante história dos órfãos Cardassianos deixados para trás quando da retirada das suas forças pátrias de Bajor, ao final da ocupação, em "Cardassians".

Um pouco mais atrás temos o competente (mas insatisfatório) encerramento da "Trilogia do Círculo", em "The Siege", o real início da amizade entre Bashir e O'Brien, em "Armageddon Game", o retrato do sistema judiciário Cardassiano (com direito a um excepcional caracterização de Odo), em "Tribunal", e uma amostra do lado mais sensível do comissário, em "Shadowplay".

 

Baixos

Entre os piores momentos desta temporada temos "uma bizarra e óbvia versão Ferengi de 'Yentl'", em "Rules of Acquisition" (episódio que, apesar de ser bastante tolo, fica na história, por que foi nele a primeira vez que se ouviu falar do Dominion), "o fracassado estudo 'Niner' sobre cultos e seus líderes" (que foi afundado em parte pela falta de presença da protagonista e em parte por algumas conveniências da trama), em "Paradise", "o campeão absoluto em conveniências de trama", "Invasive Procedures", "uma boa idéia sobre Odo e sua figura paterna, sabotada por um sub-trama digna de um 'thrash-movie' ruim", em "The Alternate", o "protouniverso e outras tecnobaboseiras", em "Playing God" (que, apesar de todos os seus problemas, ainda tem um bocado de humor de qualidade e bons elementos de caracterização para Dax), "um grosseiro e desfocado estudo do problema da imigração", em "Sanctuary", "uma estapafúrdia versão Ferengi de 'Casablanca'", no absurdo "Profit and Loss" (que só não virou "antimatéria-pura" devido à presença sempre marcante de Andy Robinson como Garak) e "o caso de história de adultério abortada e remendada com muita tecnobaboseira", no 'trágico' "Second Sight" (que só não foi pior devido à atuação de Richard Kiley como o professor Seyetik).

No absoluto fundo do poço temos "a 'mágica' máquina de probabilidade do sonolento Chris Sarandon", no patético "Rivals" e a inacreditável mistura de "uma mensagem trekker da semana, envolvendo deficientes motores" e um "típico romance trekker da semana", no abominável "Melora" (Ok, o restaurante Klingon foi uma boa idéia. Mas o resto...).

 

Notas finais

A equipe de roteiristas se manteve estável em relação a temporada anterior com Michael Piller ("Crossover", uma rescrita não creditada em "Whispers", "The Maquis" e "Emissary", da temporada passada), Ira Steven Behr ("The Homecoming", "The Maquis, Part II", "The Collaborator" e "The Jem'Hadar"), James Crocker (que só participou da produção da série nesta temporada e contribuiu com "Cardassians" e "The Maquis, Part I"), Peter Allan Fields ("The Circle", "Necessary Evil", "Blood Oath", "Crossover" e "Duet", da temporada passada) e Robert Hewitt Wolfe ("The Wire", "The Collaborator" e "In The Hands Of The Prophets", da temporada passada). Peter Allan Fields encerra a sua participação na série como o melhor roteirista das duas primeiras temporadas (deixando muita saudade). Devido aos créditos principais de Behr fica claro que ele esteve presente em todos os momentos de impacto duradouro para a série nesta temporada (e além).

Dan Curry passou a tomar conta dos efeitos visuais a partir desta segunda temporada, com a saída do veterano Robert Legato após o término da primeira. Bob foi trabalhar na companhia Digital Domain onde acabou levando o Oscar de efeitos visuais por "Titanic" do diretor James Cameron. Dan, que já havia trabalhado anteriormente na seqüência de abertura da série, passou também a atuar com consultor de artes marciais e projetista de armas.

A série recebeu as seguinte nominações ao prêmio Emmy (o Oscar da TV): penteados, por "Armageddon Game", maquiagem, por "Rules Of Acquisition", e efeitos visuais, por "The Jem'Hadar". A série não levou nenhum dos prêmios. (O livro "Star Trek Deep Space Nine Companion" cita também uma nominação por vestuário para "Crossover", mas eu prefiro ficar com a informação do site oficial do Emmy.)

Finalmente foi construída a segunda parte do piso superior do Promenade e suas vias foram bastante alargadas, dando a ilusão de que o Promenade como um todo cresceu. O Promenade, enquanto DS9 esteve em produção, foi o maior cenário fixo de Hollywood.

Foi um erro (talvez o maior da temporada) matar Li Nalas. Os próprios produtores reconhecerem o erro ao criar mais tarde o personagem Shakaar, com óbvias similaridades.

 

Personagens

Regulares

Benjamin Lafayette Sisko (Avery Brooks)
Patente: Comandante
Posto: Comandante de Deep Space Nine

"Emissary" nos deu um grande salto de caracterização para Sisko, mostrando todo o seu amor por Jeniffer. Porém, em todo o restante da primeira temporada, pouco foi feito com o personagem. Sua boa presença em "In The Hands of The Prophets" foi um bom ponto, mas não suficiente. Suas cenas com Jake sempre funcionaram desde o início, mas o seu relacionamento com Dax demorou um pouco a engrenar, em parte devido aos problemas de caracterização de Jadzia, o mais problemático dos personagens num momento inicial.

Aqui, na segunda temporada, Brooks trouxe melhores atuações para o personagem, ainda em um estilo extremamente contido e distante, profissionalmente falando. Continua a existir a falta de um interesse amoroso ("Second Sight" foi uma catastrófica tentativa em colocar alguém na vida de Ben Sisko). Não houve também um cuidado especial em colocar Sisko no centro da série. Não me entendam mal, não é necessário colocá-lo como destaque em cada episódio, mas quando usá-lo em um episódio, que o façam sempre de forma a fortalecer a sua posição, e não em coisas detestáveis, como "Profit and Loss".

Felizmente as cenas com Jake continuam a funcionar e as com Jadzia começaram a funcionar de verdade também (fruto também do melhor trabalho com a personagem Dax). Porém, ainda não é claro se Sisko aceitou de fato a a estação como o seu lar, ou ainda pensa neste apenas como um posto temporário. Também o personagem ainda fala muito pouco sobre si, sobre o que ele realmente pensa.

Olhando a série como um todo, devemos destacar alguns pontos extremamente relevantes para o futuro do personagem:

Um episódio chave para o futuro de Sisko foi "Paradise". Nele os produtores descobriram que colocar Sisko/Brooks em uma posição extrema e adversa era meio caminho para o sucesso. 

Finalmente, em "The Maquis", descobrimos um pouco mais sobre do que é feito o personagem em seu melhor momento até então na série. Também neste episódio se originam os seus famosos discursos que passariam a ser uma marca registrada do personagem e também se originam as famosas "espanações de cenário" de Brooks.

Em "Crossover", apesar de Brooks interpretar a versão alternativa de Ben Sisko, temos a sua melhor atuação até ali na série, e aqui os produtores descobrem que Sisko pode muito bem ter algo de "perigoso", "implacável", e ainda assim ser um grande herói.

Ainda que o personagem tenha momentos importantes na segunda temporada (como o leitor deve provavelmente estar acompanhando no guia de episódios da série), como a introdução de uma bola de beisebol como o seu símbolo maior, foi na temporada seguinte (a terceira) em que Ben Sisko veio totalmente à vida. Falando sobre o comandante de DS9 (como ele próprio iria cantar um dia), "the best is yet to come".

Odo (René Auberjonois)
Posto: Chefe de Segurança

Vislumbramos momentos fundamentais do passado e do presente de Odo no clássico "Necessary Evil", seu lado mais sensível em "Shadowplay", uma fenomenal presença em "Tribunal", repleta de sub-texto, preciosos detalhes de sua "infância", com o encontro com seu "pai" (o cientista Bajoriano Mora Pol) em "The Alternate" (talvez o episódio mais decepcionante da temporada por desperdiçar o talento de Auberjonois e Sloyan juntos, com uma sub-trama de filme "B"), seu lado mais sombrio em "The Wire", suas opiniões diretas e sinceras em "The Maquis" e em "Playing God" e uma espécie de conseqüência para os eventos de "Necessary Evil" em "The Collaborator", em que ele comenta sozinho com Kira que, sob difíceis circunstâncias, mesmo o melhor dos homens pode fazer coisas terríveis, sem falar que neste episódio é a primeira vez que Odo mostra claramente ter sentimentos pela major.

Auberjonois é um dos melhores atores da história de Jornada e o seu trabalho com máscara é simplesmente impecável (um verdadeiro mestre nesta arte) --é muito difícil não gostar de suas atuações. Suas cenas com Kira funcionam sempre e as com Quark (quase) sempre. Uma bela temporada para o comissário!

Julian Subatoi Bashir (Siddig El Fadil)
Patente: Tenente de Segunda Classe
Posto: Oficial Médico Chefe

Bashir esteve no seu melhor explorando sua química com Garak em "Cardassians" e "The Wire" e com O'Brien em "Armageddon Game". El Fadil tem demonstrado um grande controle do personagem, sabendo temperar o idealismo e a ingenuidade de Bashir com uma maior seriedade quando necessário (sem falar que ele sabe fazer do seu personagem o mais irritante dos mortais quando pedido --isso é um elogio, pessoal!). No mais, é melhor esquecer que "Melora" foi sequer produzido. 

A redução dos seus flertes com Dax fez bem aos dois personagens. Bashir também teve uma boa participação em cenas de ação nesta temporada (El Fadil é o melhor em cenas de ação dentre todos os atores que interpretaram médicos em Jornada). Sua incrível capacidade em fazer diagnósticos sem a necessidade de um tricorder e o seu insuperável desempenho profissional em geral (claramente exemplificados em "The Wire") sugerem habilidades especiais que só seriam realmente explicadas em "Doctor Bashir, I Presume", da quinta temporada. Uma revelação que mudaria para sempre o personagem.

Jadzia Dax (Terry Farrell)
Patente: Tenente de Primeira Classe
Posto: Oficial de Ciências

Finalmente a Jadzia deixou de ser um bizarro "clone do Spock" para se tornar o personagem que todos iríamos adorar (e nos apaixonar) posteriormente. Preciosos detalhes de caracterização espalhados na temporada fizeram toda a diferença. Os pontos fundamentais foram: "Rules of Acquisition", "Playing God" (onde Farrell encontrou a melhor forma de interpretar a personagem) e "Blood Oath" (a melhor hora de Jadzia em toda a série).

Seu relacionamento com Ben Sisko também se desenvolveu e a ausência dos flertes de Bashir fez bem aos dois personagens.

Jake Sisko (Cirroc Lofton)

O relacionamento com Ben Sisko continua funcionando muito bem, e Lofton faz usualmente um bom trabalho. Foi uma boa escolha fazer Jake não seguir a carreira de seu pai, via Academia da Frota Estelar. A sua relação com Nog só não funcionou melhor (a química está lá) devido a alguns problemas com as atuações de Aron Eisenberg, especialmente em "The Jam'Hadar".

Miles Edward O'Brien (Colm Meaney)
Posto: Oficial de Operações

O'Brien não recebeu (essencialmente) nenhum desenvolvimento nesta temporada (ou em toda a série). Ele terminou a temporada como começou, com uma caracterização que sempre torna fácil a audiência simpatizar e se colocar no lugar do chefe. Além da costumeira boa utilização como parte do elenco, os roteiristas começaram a torturá-lo (em uma série de episódios bastante sólidos) e o colaram com Bashir (uma relação que a maioria das pessoas pode simpatizar também). Um bom uso do personagem, sem contar nas sempre confiáveis performances de Colm Meaney, um dos melhores atores do franchise.

Keiko O'Brien (Rosalind Chao) funcionou bem a maioria do tempo, como coadjuvante, e Molly O'Brien (Hana Hatae) continua a gracinha de sempre. 

Quark (Armin Shimerman)
Barman da estação

Assim como O'Brien, Quark não mudou muito ao longo da série e definitivamente não mudou muito nesta segunda temporada. A caracterização ideal de Quark foi apresentada em "Necessary Evil", tanto a passada quanto a presente. Apesar dos roteiristas terem descoberto isso, ele continuou sendo usado a maior parte do tempo como alívio cômico. Quando ainda temos bom alívio cômico, como na cena com Kira e Odo em "The Collaborator" por exemplo, não temos um grande problema, mas isso é raro e o humor envolvendo o personagem costuma derivar para o pastelão, sendo o "Quark flamejante" de "The Jem'Hadar" um belo exemplo.

Seus inúmeros flertes ao longo da temporada não significaram coisa alguma a longo prazo e pouca luz trouxeram sobre o personagem. A maioria das cenas com Odo funcionou bem. 

Seu irmão Rom (Max Grodénchick) e seu sobrinho Nog (Aron Eisenberg) estão precisando de alguma ajuda, tanto no departamento de caracterização quanto no de atuação. A segunda participação de Zek (Wallace Shawn) e Mai'hardu (Tiny Ron) na série, em "Rules of Acquisition", foi definitivamente inferior à da temporada passada, em "The Nagus".

(Para registro: Quark sabe usar armas e atira bem, especialmente em soldados Jem'Hadar.)

Kira Nerys (Nana Visitor)
Patente: Major da Milícia Bajoriana
Posto: Primeiro-oficial de Deep Space Nine

A nossa querida major continuou a viver a experiência de "estar do outro lado", como "Progress", na primeira temporada, nos apresentou. "Sanctuary", apesar de todas as suas mazelas, exemplificou claramente isto, assim como "The Collaborator", onde o seu maior ícone (kai Opaka) se mostrou também uma colaboradora, o tipo de pessoa que Kira sempre desprezou, acima de todas as outras. Uma fascinante nota de complexidade.

(Seria errado ela, a esta altura, já ter perdoado completamente os Cardassianos. Ela ainda continua os colocando sob suspeita e não tem medo algum de apresentar sua opinião sobre eles. "Duet" foi o começo de uma jornada de aceitação, que só iria acabar ao final da série.)

Nana Visitor é o tipo de atriz que põe verdade e emoção até na leitura de uma bula de remédio. É muito difícil apresentar uma performance ruim, é um exemplo de garra e dedicação. Em seus melhores momentos, Kira mostrou ser a grande estrela do espetáculo nestas duas primeiras temporadas: na "Trilogia do Círculo", em "Necessary Evil" (no passado e no presente), em "Crossover" (em dose dupla), em "The Collaborator" etc. Seu relacionamento com Bareil funcionou bem (com exceção de "Shadowplay") e suas cenas com Odo sempre funcionam. I love you, Nerys! 

Recorrentes

Vedek Bareil Antos (Philip Anglim)

Um personagem definitivamente nobre, teve bom uso na "Trilogia do Círculo" e na sua melhor hora, em "The Collaborator", onde sua relação com Kira tomou contornos mais fortes. "Shadowplay" não foi tão bom. Anglim se sai bem quando interpreta o galante vedek de uma forma bem contida, quando deixa as emoções aflorarem ele tende a perder o controle da caracterização.

Vedek/kai Winn Adami (Louise Fletcher)

Muito bem tanto na "Trilogia do Círculo", em que planejou um golpe de estado com Jaro e passou uma boa rasteira no bom ministro quando o envolvimento dos Cardassianos foi revelado, quanto em "The Collaborator", quando pressionou ao máximo Bareil e conseguiu que ele deixasse o caminho livre para a sua eleição como kai de Bajor, uma decisão infinitamente acertada dos produtores, por sinal. O trabalho de Fletcher é simplesmente matador. (Não se esqueçam também que ela planejou o assassinato de Bareil na temporada passada, em "In the Hands of the Prophets".)

Gul Dukat (Marc Alaimo)

Em sua mente o Cardassiano é sempre o herói que luta por uma nobre causa e faz o seu melhor para que acreditemos nisto. Seus melhores momentos foram em: "The Homecoming" (onde ajudou a fazer "controle de danos políticos" para os Cardassianos, após Kira e O'Brien terem libertado Li Nalas e outros prisioneiros de um campo de concentração que não deveria mais existir), "Cardassians" (onde sua capa de "benfeitor dos órfãos" é ao final retirada e ele se revela capaz de usar mesmo uma criança inocente para levar seus planos a frente), "Necessary Evil" (quando era comandante de Terok Nor) e "The Maquis" (onde temos a sua mais tridimensional caracterização em toda a série). 

Em termos de atuação, não existe muito a se dizer: Alaimo é Dukat! Ele literalmente tirou o personagem das mãos dos roteiristas, com uma agressiva e característica linguagem corporal e um abundante carisma.

(É interessante como os roteiristas conseguem manter o personagem presente, mesmo sem a sua presença física no episódio, através de referências e citações.)

Elim Garak (Andrew J. Robinson)

Garak começa a se tornar o personagem mais complexo da série e provavelmente de toda a história de Jornada. Robinson coloca tantas texturas, contradições e nuances no personagem que sempre parece que uma luz se ilumina quando ele entra em cena. Sem dúvida a língua mais afiada da história do franchise, as melhores falas são sempre do nosso querido "alfaiate". Seus melhores momentos foram em "Cardassians" (onde temos a primeira informação do seu passado com Dukat, sobre o que vamos ouvir falar novamente no excelente "Civil Defense", da terceira temporada, e além), "Profit and Loss" (onde foi a única coisa que salvou o episódio de ir literalmente para o fundo do poço) e "The Wire" (seu melhor momento na temporada e na série, onde, em relação ao seu misterioso passado, são apresentadas umas poucas verdades, uma infinidade de charadas e o inesquecível Enabran Tain (Paul Dooley), que também retorna na terceira temporada, no fenomenal episódio duplo: "Improbable Cause"/"The Die Is Cast"). 

Ainda conhecemos a versão alternativa de Garak do "universo do Espelho" em "Crossover", propositalmente muito mais direta e menos misteriosa que o "nosso" Garak.

 

Produção

Produtor: Peter Allan Fields
Produtor: Peter Lauritson
Produtores Supervisores: David Livingston e James Crocker
Co-Produtor-Executivo: Ira Steven Behr
Produtores Executivos: Rick Berman e Michael Piller
Produtor Associado: Steve Oster
Editor de Histórias: Robert Hewitt Wolfe (incorporado durante a temporada)
Elenco: Junie Lowry-Johnson e Ron Surma
Música: Dennis McCarthy etc.
Tema de Abertura: Dennis McCarthy
Diretor de Fotografia: Marvin Rush
Designer de Produção: Herman Zimmerman
Editor: Robert Lederman e Tom Benko
Gerente da Unidade de Produção: Roberto Della Santina
Primeiro Assistente de Direção: Richard Wells, Brian Whitley
Segundo Assistente de Direção: B.C. Cameron e Debra Kent
Designer de Vestuário: Robert Blackman
Co-Designer de Vestuário: Abram Waterhouse
Diretor de Arte: Randy McIlvain
Efeitos Visuais: Dan Curry 
Supervisor de Efeitos Visuais: Gary Hutzel e Glenn Neufeld
Supervisor de Pós-Produção: Terri Pots 
Supervisor de Edição: John P. Farell
Supervisor-chefe de Arte/Consultor Técnico: Michael Okuda
Ilustrador-chefe/Consultor Técnico: Rick Sternbach
Decorador de cenários: Laura Richarz 
Maquiador-chefe: Michael Westmore
Designer de Cenários: Sharon Davis e James Claytor
Ilustrador: James Martin 
Coordenador de Efeitos Visuais: Judy Elkins e Philip Barbiero e David Takemura
Supervisor de guarda-roupa: Carol Kunz
Supervisor de roteiros: Judi Brown e Cosmo Genovese
Efeitos Especiais: Gary Monak
Administrador de propriedades: Joe Longo
Coordenador de Construções: Thomas J. Arp e Dave Degaetano
Artistas Cênicos: Denise Okuda e Doug Drexler
Designer de penteados: Josee Normand 
Maquiadores: Karen J. esterfield, Dean Carl Jones e Camille Calvet-Sutfin e Dean gates
Cabelereiros: Gerald Solomon e Ronald W. Smith e Norma Lee
Mixagem de Som: Bill Gocke
Operador de Câmera: Joe Chess
Iluminador-chefe: William Peets
"First Company Grip": Bob Sordal
Figurinistas-chave: Phyllis Corcoran-Woods e Jerry Bono & Mary Ellen Bosche e Stephanie Colin
Editor Musical: Stephen M. Rowe
Supervisor da edição de som: Bill Wistrom
Supervisor da edição de efeitos sonoros: Jim Wolvington
Editores de Som: T. Ashley Harvey,Sean Callery,Paul Tade
Coordenador da Produção: Heidi Julian e Heidi Smothers
Coordenador da Pós-Produção: Dawn Hernandez e Dawn Velazquez
Associado de Efeitos Visuais: Cari Thomas & Laura Lang
Associado da Produção: Kim Fitzgerald e Kristine Fernandes
Consultor Científico: Andre Bormanis
Abertura: Dan Curry
Coordenador de Dublês: Dennis Madalone
Pré-Produtora: Lolita Fatjo
Executivo do elenco: Helen Mossler
Lentes & Câmeras: Panavision
Efeitos vídeo-ópticos: Digital Magic
Composição especial de vídeo: CIS Hollwood
Fotografia com controle de movimento: Image "G"
Animação por computador: Vision Art Design & Animation
Instalações de edição: Unitel Video
Som de Pós-produção: Modern Sound