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               MANCHETE
              DO EPISÓDIO 
              Volta de
              Moriarty é feita em estilo, 
              com direito a "Noiva de Frankenstein" 
               Episódio
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              episódio 
            
            Sinopse: 
            
            Data Estelar: 46424.1. 
             
            Enquanto se divertem em uma simulação de mais um caso de Sherlock
            Holmes no holodeck, Geordi e Data percebem que o programa está
            apresentando alguns estranhos defeitos. Eles pedem que Barclay
            investigue as anomalias, mas o tenente fica chocado, ao começar
            seus testes com o sistema, quando o professor James Moriarty em
            pessoa se materializa diante de seus olhos. O personagem informa a
            Barclay que o computador o havia criado com tamanha perfeição
            originalmente que ele acabou se tornando vivo. Na cabeça do
            professor, Picard o manteve refém no computador por mais de quatro
            anos. 
             
             Moriarty
            requisita uma audiência com Picard. Barclay desliga o programa e
            vai informar ao capitão, mas, ao que tudo indica, o professor é
            capaz de se ligar e se desligar sozinho. Mais tarde, Picard, Data e
            Barclay vão ao holodeck se encontrar com Moriarty. Lá, o capitão
            da Enterprise informa que ainda é impossível permitir que o
            professor deixe o holodeck. Mas Moriarty está inconformado; ele não
            acredita em Picard e e decide deixar a sala. Para o espanto de
            todos, ele consegue deixar o holodeck e ir até o corredor da nave.  
             
            Incapaz de acreditar no que acaba de ver, Picard instrui Beverly
            Crusher a examinar Moriarty. Ela descobre que o impossível acontece
            --uma fantasia de holodeck se tornou um ser humano vivo e normal. 
             
            Empolgado com a nova vida que se abre, Moriarty pede a Picard um último
            favor: que permita dar a outro personagem, a condessa Regina
            Barthalomew, a mesma consciência que o professor ganhou, e que
            ajude a tirá-la do holodeck. A condessa foi escrita originalmente
            para ser a paixão da vida de Moriarty. Mesmo assim, Picard não
            parece tocado com a situação. Após conferenciar com Beverly, Data
            e Barclay, Picard decide adiar qualquer ação até que eles possam
            determinar melhor o que aconteceu com Moriarty.  
             
            Enquanto isso, a Enterprise está nas proximidade de dois planetas
            gigantes gasosos que estão para colidir. Picard tenta lançar
            sondas aos planetas, mas sua autorização é rejeitada pelo
            computador. Moriarty então entra na ponte e informa que tomou o
            controle da nave. Ele se recusa a devolvê-lo a Picard enquanto ele
            não concordar em dar vida à condessa e permitir que ela também
            deixe o holodeck. Sem opção, Picard concorda em tentar, para
            evitar que a Enterprise seja pega na explosão resultante da colisão
            planetária. 
             
             Mais
            tarde, conforme Picard e Geordi trabalham para restabelecer seu
            comando sobre o computador da nave, Data descobre que todos os
            eventos presenciados depois da saída de Moriarty do holodeck na
            verdade eram uma simulação. Data descobre isso ao observar que
            Geordi, que é destro, estava usando sua mão esquerda para realizar
            as tarefas --um dos defeitos que os programas originais do holodeck
            estavam manifestando quando Data e Geordi pediram o auxílio de
            Barclay em primeiro lugar. No caso, Picard, Data e Barclay são
            reais, pois haviam entrado no holodeck a pedido de Moriarty, mas os
            demais fazem parte da simulação --criada pelo próprio professor. 
             
            Desesperado para se libertar da simulação, Picard encontra a
            condessa e pede que ela convença Moriarty a devolver o controle de
            navegação para ele. Em vez de aceitar o pedido do capitão,
            Moriarty trabalha com Riker para ser transportado de volta à
            realidade. Uma vez transportado, entretanto, ele se recusa a
            devolver o controle da nave se Riker não der a ele uma nave
            auxiliar. Sem escolha, Riker concorda. 
             
            Conforme Moriarty e a condessa deixam a Enterprise, o professor
            devolve o comando a Picard, que rapidamente interrompe a simulação.
            Ele então informa a todos sobre o verdadeiro truque: todo o
            processo de teletransporte bem-sucedido e da saída de Moriarty da
            Enterprise também não passaram de uma simulação. Na verdade,
            Moriarty continua existindo somente no computador, em um pequeno
            cubo capaz de fornecer a ele e à condessa uma rica simulação por
            anos e anos. 
              
            Comentários: 
             
            "Ship in
            a Bottle" tem três características que tornam o segmento
            um dos melhores da temporada e da série. Primeiro, ele aproveita
            uma história interessante, bem-sucedida e que pedia uma continuação
            (no caso, o episódio do segundo ano "Elementary,
            Dear Data"). Segundo, trabalha de forma adequada e
            inovadora os temas suscitados pelo enredo, sem, entretanto,
            tornar-se uma repetição do episódio original no qual é baseado.
            Para completar, tem uma história extremamente inteligente. 
             
            A volta do professor Moriarty é um atrativo por si só. O ator
            Daniel Davis, em sua segunda aparição como o personagem na série,
            mantém o brilhantismo e a vivacidade de sua primeira atuação. E
            desta vez o trabalho de roteiro com o personagem está ainda mais
            eficiente. Não só Moriarty é um ser consciente, embora seja uma
            simulação do holodeck, como ele mantém sem "modus operandi"
            criminoso mesmo quando suas motivações são nobres, como é o caso
            aqui. Fica mais evidente aqui que o professor, embora tenha ganho
            consciência, não conseguiu superar sua natureza ficcional, o que
            faz todo o sentido do mundo. Não é por que ganhou vida própria
            que ele deveria simplesmente repudiar seu passado. 
             
             Outro
            belo trabalho que se faz com Moriarty é a criação de uma segunda
            história envolvendo o personagem. Se fosse somente uma sequência
            da premissa original "Moriarty ganha vida e quer sair do
            holodeck", o episódio poderia ter se tornado enfadonho.
            Entretanto, ao permitir que o professor miraculosamente deixe o
            holodeck logo no início e introduzir um novo elemento, sua paixão
            também holográfica, se mostrou uma estratégia das mais
            eficientes. É praticamente uma recriação em holodeck da história
            "A Noiva de Frankenstein". Mas melhor, evitando todo o mau
            gosto da produção de terror e mantendo todo o conteúdo filosófico
            que gira em torno da premissa. 
             
            Claro, depois descobrimos que a saída miraculosa de Moriarty do
            holodeck, espetacularmente atuada por Davis (com direito a uma
            imponente citação de Descartes, "cogito, ergo sum",
            seguido pela tradução "penso, logo existo"), não passou
            de uma fraude criada pelo professor para obter mais uma vez o
            controle da Enterprise (ele já havia feito isso em "Elementary,
            Dear Data") e convencer Picard a trabalhar em prol de
            seu objetivo. 
             
            Essa reviravolta na trama, descoberta também de forma sutil pelo
            comandante Data, ao perceber que seu amigo Geordi está
            "canhoto", desde a saída de Moriarty do holodeck, torna o
            episódio ainda mais complexo. E a solução final encontrada pela
            tripulação --criar uma simulação dentro da simulação,
            enganando Moriarty e induzindo-o a pensar que havia logrado sua
            meta-- foi igualmente espetacular. Poucas vezes se viu uma execução
            tão boa do batido clichê, "o feitiço vira contra o
            feiticeiro". 
             
            De forma periférica, o episódio também faz um bom trabalho com o
            tenente Barclay. Embora esteja longe de ser algum foco do enredo,
            foi uma boa idéia colocá-lo como o "engenheiro que deve ir
            consertar o holodeck" e envolvê-lo na trama. Afinal de contas,
            personagens holográficos são mais reais para Reg do para qualquer
            um; é interessante vê-lo em um conflito interno, cético com relação
            às capacidades de Moriarty e da condessa, mas ainda assim fascinado
            por sua existência e seu comportamento. Dwight Schultz mais uma vez
            nos brinda com uma atuação bastante convincente e notadamente
            discreta. 
             
            Os únicos personagens regulares que se mostraram úteis à trama
            foram Picard e Data, apoiados pelas regularmente competentes atuações
            de Patrick Stewart e Brent Spiner. O resto de elenco só cumpriu
            tabela, sem qualquer real importância para o episódio (a maior
            parte das aparições deles, inclusive, se deu na simulação criada
            por Moriarty, um sinal claro de que não havia realmente qualquer
            interesse em usá-los efetivamente na história). 
             
             Finalmente,
            é sempre bom ver a Enterprise envolvida num projeto de pesquisa
            astrofísico. As tomadas de efeitos especiais envolvendo os choques
            dos planetas foram extremamente bem realizadas, e a nave apareceu
            realmente bem nas tomadas de abertura e fechamento do episódio.
            Foram esses os principais valores de produção com destaque no
            segmento. Digno de nota também é o cenário do escritório de
            Holmes, mas nada que de fato não tenha sido feito antes. 
             
            Da forma como foi escrito, atuado, dirigido e executado, "Ship
            in a Bottle" tem a dupla virtude de se sustentar sozinho
            como um grande episódio e ao mesmo tempo dar um fechamento digno da
            jornada do professor James Moriarty pela Enterprise, iniciado na
            segundo ano da série. Realmente um dos grandes destaques da
            temporada. 
              
            Citações: 
            Moriarty - "Cogito, ergo sum.
            I think, therefore, I am." 
            ("Cogito, ergo sum. Penso, logo, existo.")  
             
            Moriarty - "Policemen. I'd recognize them in any century." 
            ("Policiais. Eu os reconheceria em qualquer século.") 
             
            Data - "Captain, I have determined how Moriarty was able to
            leave the holodeck. He never did. Neither did we. None of this is
            real. It is a simulation. We are still on the holodeck." 
            ("Capitão, eu descobri como Moriarty foi capaz de sair do
            holodeck. Ele nunca saiu. Nem nós. Nada disso é real. É uma
            simulação. Ainda estamos no holodeck.") 
             
            Barclay - "Computer, end program!" 
            ("Computador, terminar programa") 
            
            Trivia: 
             
            Este é o primeiro episódio da Nova Geração exibido após
            a estréia de Deep Space Nine, em 3 de janeiro 1993. Aliás,
            entre o último episódio inédito da Nova Geração exibido
            na época ("Chain of Command, Part
            II") e "Ship in a Bottle", nada menos
            do que cinco episódios de DS9 foram exibidos nos EUA. 
             
             
            Daniel Davis volta à série como Moriarty. Davis é mais conhecido
            no Brasil como Niles, o mordomo de "The Nanny". Sua
            primeira aparição havia sido em "Elementary,
            Dear Data", da segunda temporada. 
             
             
            Este é o penúltimo episódio em que Barclay aparece na série. "Genesis",
            da sétima temporada, é o último. Depois disso Reg Barclay poderá
            ser visto em uma ponta em "Jornada nas Estrelas: Primeiro
            Contato" e em alguns episódios de Voyager. 
             
            Ficha
            técnica: 
            História de Frank
            Abatemarco 
            Roteiro de René Echevarria 
            Direção de Alexander Singer 
            Exibido em 25/01/1993 
            Produção: 138 
            Elenco: 
            Patrick Stewart como
            Jean-Luc Picard 
            Jonathan Frakes como William Thomas Riker 
            Brent Spiner como Data 
            LeVar Burton como Geordi La Forge 
            Michael Dorn como Worf 
            Gates McFadden como Beverly Crusher 
            Marina Sirtis como Deanna Troi 
             
            Elenco convidado: 
             
            Daniel Davis como
            Moriarty 
            Dwight Schultz como Reginald Barclay 
            Clement Von Franckenstein como um cavalheiro 
            Stephanie Beacham como a condessa 
            Majel Barrett como a voz do computador 
             
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