Série Clássica
Temporada 2

Análise do episódio por
Carlos Santos



 









 

MANCHETE DO EPISÓDIO
Episódio desenvolve Spock e apresenta elementos da política da Federação

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Sinopse:

Data Estelar: 3842.3.

A USS Enterprise é incumbida de transportar vários embaixadores de diferentes raças alienígenas para uma conferência que iria determinar a admissão de Coridian, um sistema estelar, na Federação. Coridian possui um suprimento quase ilimitado de cristais de dilítio, mas a pequena população e a falta de governo permitiram que operações ilegais de mineração por estrangeiros interessados apenas em explorar seus recursos naturais ocorressem.

Sarek é o embaixador de Vulcano, e está acompanhado pela sua esposa Amanda – que é humana – e que para surpresa de Kirk e McCoy, são os pais de Spock. Também para surpresa de Kirk, Sarek mostra-se extremamente frio e distante de Spock, aparentemente por que Spock escolheu devotar sua vida à Frota Estelar em vez da Academia de Vulcano.

A conferência terá lugar num planeta neutro, com nome de código “Babel”. McCoy questiona Amanda sobre Spock e descobre que, enquanto criança, ele teve um animal de estimação, mas este “bichinho” tinha quase 2 metros de altura e garras afiadas. Enquanto isso, Uhura detecta uma transmissão não identificada vinda de dentro da Enterprise, e subsequentemente, Chekov detecta uma pequena nave de origem desconhecida em curso paralelo ao da nave, exatamente fora do alcance dos phasers e em velocidade de Dobra 10.

O Tenente Joseph relata que o embaixador Telarita Gav foi encontrado assassinado. McCoy conclui que a morte foi instantânea, causada pela quebra do pescoço da vítima por algum “expert” na arte de matar. Spock explica que os Vulcanos possuem método semelhante de terminar com a vida, chamado de Tal-Shaya, fazendo com que Sarek seja um suspeito da morte do Telarita, já que havia se envolvido numa altercação com ele, após acusar seu povo de serem contrabandistas de Coridian. No entanto, quando Kirk começa a questionar o embaixador Vulcano, Sarek sofre um ataque cardiaco e explica que, no momento em que Gav fora morto, ele tivera outro ataque que o impossibilitaria de ter cometido qualquer crime.

Enquanto isso, Spock detecta emissões de tritanio do casco de uma nave alienígena depois dela transmitir uma mensagem. Uhura determina que a mensagem foi recebida em algum lugar à bordo da Enterprise. No entanto, Spock não é capaz de decodificar o fragmento da mensagem que Uhura interceptou.
Sarek revela que teve três ataques cardíacos previamente e que vinha tomando Bengacidrina para combater o problema. Ele necessitava de uma cirurgia de coração aberto, mas a Enterprise não possuia depósitos de sangue suficientes para a realização da cirurgia, principalmente por causa do tipo sanguíneo raro do embaixador, tipo T negativo. Apesar do fato de que o sangue de Spock era uma mistura de fatores humanos e Vulcanos, ele se dispõe a doar seu sangue para uma transfusão para Sarek, após McCoy usar um estimulante experimental para aumentar a taxa de produção de sangue.

Thelev, um membro da equipe do embaixador Andoriano luta com Kirk e acaba por esfaqueá-lo. O Capitão requer cuidados médicos, então Spock tem que assumir o comando da Enterprise. Nestas circunstâncias, ele relata que não poderá mais realizar a transfusão para Sarek e não poderá passar o comando da nave para mais ninguém por que ele era a pessoa mais qualificada para o comando sob aquelas circunstâncias. Amanda, sua mãe implora para que ele mude de idéia, mas Spock se recusa.

Finalmente, Kirk finge estar totalmente curado de seus ferimentos – com a aprovação relutante de McCoy – e retoma o controle da Enterprise, ordenando que Spock se apresentasse à enfermaria. Uhura detecta outra transmissão originaria da Enterprise, e desta vez consegue triangular o sinal, descobrindo que ele se originava da cela onde o Andoriano estava preso. Uma busca da segurança revelou um transmissor escondido em uma de suas antenas, que mostrou-se falsa.

A Enterprise é atacada pela nave alienígena que a rondava, enquanto Sarek e Spock estavam na mesa de cirurgia, fazendo com que suas vidas ficassem em perigo. A nave se move muito rápido, fazendo com que a Enterprise não consiga atingí-la, enquanto o inimigo consegue atirar contra a nave de Kirk inúmeras vezes, fazendo com que ela perdesse um de seus escudos. Kirk então, engana seus inimigos desligando os escudos e boa parte da energia da Enterprise, fazendo com que seus atacantes acreditem que a nave está à deriva e impotente. Quando a nave alienígena parte para o suposto ataque final, Kirk atinge-os com os Phasers e desabilita-os. No entanto, antes de propor sua rendição, os inimigos se auto-destroem.

O prisioneiro Andoriano, junto com seus comparsas, aparentemente tentava semear a discórdia e a desconfiança entre os membros da Federação, mas acabou por se matar após auto-administrar uma dose de veneno, logo após seus colegas na nave alienígena terem se auto-destruído. No entanto, Spock, que estava se recuperando da cirurgia, conclui que os perpetradores eram de Orion, já que os Orianos eram conhecidos contrabandistas de dilítio de Coridian e, portanto, estavam ansiosos para prevenir a interferência em seus esquemas. McCoy confina os convalescentes Kirk e Spock na enfermaria, inclusive ordenando que ambos fiquem calados.

 

Comentários:

Jorney to Babel é o episodio mais complexo e mais importante da segunda temporada da Série Clássica, pois lida com vários de seus elementos mais fundamentais. A descoberta da relação conturbada de Spock com seu pai e a revelação de um pouco do cenário político da Federação num ambiente cercado de mistério, graças ao assassinato do embaixador Telarita, com direito a USS Enterprise sendo perseguida por uma nave desconhecida, convergem para uma realização de grande importância para dar personalidade a série.

Temos algumas afluentes que deságuam na mesmo rio (ou seria o contrario !?), mas o eixo principal sobre qual gira o roteiro é relação de Spock com seu pai, Sarek, por isto tratemos disto, primeiramente.

Ao longo da existência da Série Clássica, alguns episódios foram veículos importantes para que Leonard Nimoy pudesse adicionar tijolos a construção de seu personagem . “The Naked Time”, “The Menagerie”, “The Galileo Seven”, da primeira temporada, e nesta segundo ano de vida, o clássico “Amok Time”. Todos acrescentaram elementos que nos ajudariam a entender a forma de pensar e agir de Spock, mas ainda havia uma questão importante? O que o motiva ?

Esta questão parece ser em parte respondida em Jorney to Babel, que vem acrescentar ao personagem um importante Background, ao apresentar sua família a audiência. Esta apresentação é claro, feita em grande estilo. Descobrimos aqui que o pai do primeiro oficial da Enterprise é um importante representante de um dos mais importantes planetas da Federação, Sarek, De Vulcano.

Além é claro, de dar um toque de continuidade aos eventos de “Amok Time”, quando McCoy ficou surpreso pelo fato de T´Pau, uma pessoa de extrema importância em seu planeta, estar presidindo a cerimônia de casamento de Spock, tal revelação acrescenta enorme importância a escolha de Spock em se dedicar a uma carreira na Frota Estelar.

Não bastasse Spock ter abandonado um futuro promissor, sendo herdeiro de um nome importante em seu planeta de origem, a desaprovação desta escolha por seu pai torna a dimensão desta ainda mais importante. Qual a lógica por trás dela ? Acredito que esta resposta se tornou clara para os fãs ao longo dos anos, mas a primeira pista da charada pode ser encontrada nas palavras de sua mãe, Amanda, quando ela está conversando com Kirk, após a gafe do capitão na engenharia.

“It hasn't been easy on Spock. Neither human nor Vulcan. At home nowhere ...
except Starfleet.”


A lógica sugere que a principal motivação por trás da escolha de Spock seria a de procurar seu próprio caminho, conquistando por merecimento seu espaço. Podemos especular que, devido a sua herança mestiça, Spock sofreria preconceitos entre os Vulcanos “puros”, e estes certamente questionariam os seus méritos, uma vez que certamente herdaria o nome do pai, mas não o respeito deste. Pena que Gene Roddenberry não quisesse conceder a Serie Animada às benções da canonicidade, pois o episodio “Yesteryear” é um elemento riquíssimo nesta abordagem das motivações do personagem.



Ainda no terreno da especulação, fica aparente que Spock em algum momento decidiu pela Frota Estelar como forma de buscar esta independência, e talvez seja este o verdadeiro motivo da desaprovação de Sarek, que deixa claro, com todas as letras, que esperava que seu filho seguisse seus passos, em Vulcano. Se a ida de Spock para a Frota Estelar representava a sua libertação e a sua busca por uma identidade própria, para seu pai representava um ato de rebeldia. Típica relação entre o filho adolescente e pai que não consegue ver méritos nas escolhas deste filho.

Dezoito anos depois, as motivações continuam, mas se não sabemos como era a relação de pai e filho quando estes discordaram de forma tão intensa, é fácil observamos um avanço na forma como cada parte considera o problema. Spock está visivelmente desconfortável com a situação, e deixa claro, a todo momento que está aberto a reiniciar a relação com Sarek, embora este pareça irredutível. Mas Sarek, como bem diagnosticou sua esposa, Amanda, nutre um orgulho quase humano pelas realizações do filho, embora não queira admiti-lo. Um impasse.

Notem que a brincadeira do “Ursinho de Pelúcia” (teddy bear), que não poderia ter acontecido sem a provocação de nenhum outro senão McCoy, não acontece por acaso. Além de nos divertir, como sempre, fornece a oportunidade perfeita para que possamos descobrir que Sarek não esta tão indiferente ao que cerca seu filho como parece.

A manifestação da doença de Sarek a bordo da Enterprise, desencadeando os eventos que culminariam no inicio da aproximação entre e pai e filho parece perfeitamente justificada, quando descobrimos que este desistiu da aposentadoria “precoce”( a qual deve ter escolhido em função da descoberta de seu problema) para tomar parte nesta conferencia. Fica claro ao longo do episodio a importância de Sarek neste encontro que acontece em momento tenso da política da Federação. Sarek sabia dos riscos, mas reconhecia a importância de que a coisa certa fosse feita, e neste ponto, além de justificar coincidências, ele demonstra o mesmo caráter do filho.

A súbita piora da condição de Sarek, e a necessidade de uma cirurgia de emergência colocam Spock na condição de poder salvar a vida de seu pai, e dar ao nosso vulcano uma chance de reverter o quadro das relações entre os dois, mas quando Kirk é incapacitado pelo ataque do Falso Andoriano, Spock se vê entre o dever com o seu pai e o dever com a Frota. Para Spock, a escolha é lógica e simples.

Spock tem um dever claro com a Frota Estelar, mas antes de tudo, ele precisa fazer o que é certo, sob a sua ótica, e mais importante, sob a ótica de seu pai. Se Sarek estava disposto a sacrificar a sua vida por compreender a importância de seu papel para seu povo, é claro e cristalino que Sarek não esperaria outra coisa de seu filho que não aceitar suas obrigações, acima de todas as coisas e a qualquer custo. Para demonstrar a seu pai o quanto o ama, Spock precisa correr o risco de deixá-lo morrer, e como conseqüência, perder o único amor incondicional que sempre teve, o de sua mãe. Um dilema aparentemente sem solução.

E deste paradoxo nasce uma das cenas mais poderosas e emocionantes de Jornada nas Estrelas. Jane Wyatt e Leonard Nimoy protagonizam em Jorney to Babel, um dos momentos mais emocionantes da serie, quando a mãe de spock cobra deste que ajude a seu pai. A atriz, que tem um desempenho excelente ao longo do episodio, se torna brilhante nesta cena, em que Leonard Nimoy também demonstra toda a sua capacidade como ator. Demonstrar todo o seu sofrimento e ao mesmo tempo não descaracterizar o personagem que ele criou é uma tarefa digna de Hercules, mas ele consegue de forma notável.

Felizmente para todos, Kirk fornece a resposta a equação, e é claro, ganha com isto mais uma oportunidade de salvar o dia. Ao fingir estar bem para retornar ao posto, permite que Spock salve a vida de Sarek, e de quebra, acrescenta mais pontos na sua carreira de herói intergaláctico, salvando a nave mesmo ferido, embora aqueles Orions tenham caído no truque de “Fingir de morto” tão fácil, que quase dá pena, não é verdade ? Mas deixemos isto de lado, pois não há duvida que Kirk acharia uma solução, como sempre.

Outro aspecto da trama é a questão política. Desde que passamos a conviver com Jornadas nas Estrelas, passamos a ouvir da Frota Estelar, e da Federação dos Planetas Unidos. É claro e comum que com o sucesso de Jornada nossa curiosidade a respeito desta Federação aumentasse, mas durante muito tempo, esta Federação jamais passou de um nome nas linhas de roteiro, uma vez que Jornada sempre esteve voltada para a forma como os seres humanos daquele ambiente se relacionam com o meio externo e não para suas relações internas.

Aqui, pela primeira vez, podemos observar um pouco da política desta organização, e a impressão que fica é que as coisas estavam bem longe da panacéia que esta Federação se tornaria nos tempos da Nova Geração, que estavam por vir. Tal cenário torna a existência da Frota Estelar uma questão interessante. Sendo a Frota uma organização interplanetária, com seus membros oriundos de diversos planetas membros, qual seria a sua posição caso ocorrese a Guerra entre estes membros, conforme parecia ser possível, de acordo com as questões levantadas por McCoy e Spock ao longo do episodio?

O quadro pintado pelos eventos de Jorney to Babel apontam para a conclusão de que a Frota Estelar parece ser um organismo que aceita membros de outros mundos, mas não que seja ela a única representação de força destes. O autor ousaria especular que neste ponto, devido a total presença dos humanos como seus membros majoritários, a Frota Estelar ainda é a uma organização essencialmente terrestre, embora a serviço da Federação, pelo menos na Série Clássica.

Tal conclusão parece reforçada pelas declaração de Amanda ao dizer que “Vulcanos não aprovam a força”.Embora ela negue, mas Sarek não parece totalmente disposto a acreditar no papel pacifico da Frota Estelar, e sendo ele um representante importante de um dos mais importantes, senão o mais importante planeta desta Federação, é fácil concluir que esta opinião é compartilhada por outros. Ao mesmo tempo, tal constatação, junto com o retorno das relações de Spock com seu pai, poderia ser representar também um fato político importante.

Afinal, o sucesso e ascensão do filho de um embaixador respeitado dentro e fora de seu planeta (lembremos que o embaixador Gav diz que outros seguirão o voto de Vulcano, quando a questão de Coridan é levantada) poderia acelerar uma aproximação de Vulcano da Frota Estelar e adicionar ainda mais importância ao papel desta organização. Tudo isto é claro, é apenas especulação, mas vale apenas como observação do quanto pode ser retirado deste segmento da Serie Clássica.


De volta ao episodio, é a vez de falarmos de nossos coadjuvantes. Kelley, cujo personagem realiza a operação mais importante de toda franquia, tem participação competente, porem apenas pontual. Na cena em que ele descobre que Spock tinha um “ursinho” a expressão no rosto do ator é absolutamente impagável, e a cena final onde ele “finalmente tem a ultima palavra” também está nos anais da Série Clássica, embora nesta, Jane Wyatt, Leonard Nimoy e Mark Lenard tenham contribuído de forma maravilhosa para o tradicional final simpático. Os três conseguiram uma interação incrível, alcançando total credibilidade em sua missão de se mostrar para a audiência como uma familia de verdade.


Shatner também é coadjuvante aqui, mas tem grandes momentos ao longo do episodio. Para começar, a missão da Enterprise de conduzir os representantes da Federação até Babel imputa a nave a seu capitão uma responsabilidade e uma importância sem precedentes. Até então a Enterprise era mais uma entre as naves da Frota Estelar, em sua missão de explorar novos mundos e novas civilizações, mas a missão de transportar membros tão importantes, tendo que mediar conflitos num ambiente tão volátil eleva a nave, sua tripulação e seu comandante a outro patamar de importância.

Como conseqüência, Kirk, a quem conhecemos como um homem de ação, deve agora assumir a postura de diplomata, ao menos temporariamente, o que ele faz com sucesso, mesmo que ainda use um pouco da boa e velha "diplomacia Cowboy" de vez em quando. Shatner consegue passar a audiência à noção de que seu personagem tem esta capacidade em todas as suas intervenções.

O capitão passa tranqüilidade a decisão com muita habilidade, e sem exageros. Da mesma forma o ator transmite sinceridade sempre que demonstra a sua preocupação para com a situação do amigo Spock. Méritos de Shatner, que ainda teria a chance de salvar o dia, mais uma vez, é claro, ao usar de toda a sua malandragem para derrotar o seu perseguidor invisível.

Por ultima e não menos importante, está a presença do saudoso Mark Lenard, interpretando Sarek. O ator que já havia sido brilhante em “The Balance of Terror”, interpretando um comandante Romulano reaparece desta vez como um importante embaixador Vulcano e pai de Spock. Desnecessário, porem justo, dizer que Lenard conseguiu personificar um vulcano tão nobre e sincero quanto Spock, o que não é tarefa fácil. Não é a toa que o ator é dos mais populares entre os fãs da Série Clássica.

Como nem tudo é perfeito existem alguns problemas no segmento. Começando pela ameaça a Enterprise, que parece um pouco mal calculada. É difícil imaginar que bastaria a nave Orion acelerar ao máximo para poder sobrepor-se a Enterprise, mesmo considerando a desorientação causada pelo assassinato do embaixador Telarita a bordo. Alias este assassinato parece ter sido desnecessário para a desenrolar da trama, uma vez que o mistério sugerido rapidamente evaporou com o ritmo alucinante do episodio.

Também precisamos ter certa dose de boa vontade para não nos perguntar por que a Frota Estelar não teria colocado mais naves apoiando a Enterprise, em virtude da importância da missão a cargo de Kirk e seus tripulantes. Se tal situação é comum e até justificavel ao longo da Série Clássica, neste segmento toma certo ar de absurdo, devido a todo cenario já exposto anteriormente.

A insegurança de McCoy quanto a sua capacidade de realizar a operação em Sarek parece exagerada, pois tendo um vulcano a bordo ele deveria estar mais familiarizado com a anatomia vulcana do que demonstrou. Seria mais simples e ainda assim eficiente que McCoy se mostrasse preocupado em realizar uma operação tão delicada, apenas pela criticidade da situação em si, sem a necessidade de exagerar na dose.

Mas talvez o maior problema de todos, e razão dos outros citados, seja a quantidade de questões que o segmento levanta em tão pouco tempo, o que deixa pouco espaço para que boas idéias possam dar os frutos que deveriam. Isto não compromete o episodio, mas exige uma certa dose de “Suspensão de descrença” por parte do espectador. Jorney to Babel merece tal distinção, mas talvez este tivesse sido muito mais rico e produtivo caso fosse realizado em duas partes. Com certeza havia assunto para isto, sem falar em material para futuros desbobramentos.

No fim de tudo, temos política, nobreza, sacrifício, mistério e heroísmo, elementos movidos por roteiro com grande inspiração, e realizado a perfeição pelos atores, que somados ao talento de Jane Wyatt e Mark Lenard, e a integração destes a já consagrada química de Shatner, Nimoy e Kelley, resultam em mais um episodio clássico de Jornada nas Estrelas.

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Citações:

Amanda: "Vulcans believe peace should not depend on force.”
("Vulcanos acreditam que a paz não deve depender da força".)

Spock: "Vulcans do not approve of violence."
("Vulcanos não aprovam a violência".)

Spock: "It [being a Vulcan] means to adopt a philosophy, a way of life which is logical and beneficial. We cannot disregard that philosophy merely for personal gain, no matter how important that gain might be."
("Ser vulcano significa adotar uma filosofia, um modo de via o qual é lógico e benéfico. Nos não podemos negligenciar essa filosofia meramente para o ganho pessoal, não importa o quanto importante este possa ser.")

Spock: "It would be illogical to kill without reason."
("Seria ilógico matar sem uma razão.")

Sarek: "Offense is a human emotion."
("Ofensa é uma emoçao humana.")

Spock: "There is no logic in Thelev's attack upon the captain. There is no logic in Gav's murder."
("Não há lógica no ataque de Thelev ao capitão. Não há lógica no assassinato de Gav.")

Shras: "Perhaps you shuld forget logic and devote yourself to motivations of passion or gain. Those are reasons for murder."
("Talvez você deva esquecer a lógica e devotar-se a motivações de paixão ou ganho. Estas são razões para assassinato.")

Spock: "Oh, yes, you humans have that emotional need to express gratitude. You're welcome, I believe, is the correct response."
("Oh, sim, vocês humanos têm a necessidade emocional de expressar gratidão. Não tem de quê, acredito, é a resposta correta.")

McCoy: "A teddy bear..."
("Um ursinho...")

Spock: "Not precisely, Doctor. On Vulcan the 'teddy bears' are alive and they have six-inch fangs."
("Não precisamente, Doutor. Em vulcano, “ursinhos” são vivos, e tem garras de quinze centímetros.")

Sarek: "One does not thank logic, Amanda."
("Não se agradece à lógica, Amanda.")
Amanda: "Logic! Logic! I'm sick to death of logic. Do you want to know how I feel about logic?"
("Lógica! Lógica! Eu estou farta de lógica. Você quer saber o que eu sinto sobre a lógica?")

Spock: "Emotional, isn't she?"
("Emocional ela, não?")
Sarek: "She has always been that way."
("Ela sempre foi desta maneira")
Spock: "Indeed? Why did you marry her?"
("Verdade? Então por que se casou com ela?")
Sarek: "At the time it seemed the logic thing to do."
("Na ocasião parecia a coisa lógica a fazer.")

 

Trivia:

Primeira aparição dos Telaritas, que voltariam a Série Clássica em “Whom Gods Destroy”, da Terceira temporada. A raça retornaria a Jornada nas Estrelas em Enterprise, nos episódios Dead Stop, Bounty, Babel One e United.

Podemos encontrar um Andoriano, visto de passagem, em The Gamesters of Triskelion. Eles voltariam a Série Clássica em Whom Gods Destroy, da Terceira temporada, mas a raça viraria figurinha carimbada em Enterprise, com presença em 10 episódios da serie.

Os Orions voltariam a Jornada nas Estrelas no episodio da Serie Animada, The Pirates of Orion. Depois em DS9, nos episódios The Begotten, A Simple Investigation, Honor Among Thieves, Prodigal Daughter, e em Enterprise, nos episódios Borderland e Bound.

O planeta Coridan, alvo da disputa, voltaria a ser citado em Shadows of P'Jem – Enterprise, Sarek – TNG, e One Little Ship – DS9.

Sarek e Amanda, que haviam sido apenas citados em This Side of Paradise, são apresentados. O saudoso Mark Lenard retornaria ao encarnar o pai de Spock em nos filmes III, IV, V e VI, e nos episódios Sarek e Unification - Part I, da TNG.

Mark Lenard é o único ator de Jornada nas Estrelas a representar a três principais raças da Serie Clássica. Balance of Terror - Comandante Romulano- , Journey to Babel, Sarek, Unification - Part I, Star Trek III, Star Trek IV, Star Trek VI e Sarek (Sarek de Vulcano) e Star Trek I - Capitão Klingon -.

Jane Wyatt retornaria nos filmes III e IV como Amanda.

Jane Wyatt ganhou três prêmios Emmy nos anos de 1958, 59 e 60 pela sua participação na serie Father Knows Best (Papai Sabe Tudo).

No episodio de DS9 Favor the Bold, ficamos sabendo da existência da USS Sarek.

Um quadro de Sarek pode ser visto no refeitório da USS Enterprise em Jornada nas Estrelas VI.

O Ursinho de Spock, I-Chaya, um animal conhecido como sehlat, é visto em "Yesteryear", da Série Animada.

No roteiro original, Sarek e sua comitiva eram tele-transportados a bordo da Enterprise. Devido ao estouro do orçamento, principalmente por causa do alto custo das maquiagens dos Andorianos e Telaritas, faltou dinheiro para o feito do transporte e o roteiro foi alterado, permitindo o uso do material de Galileo Seven.

O campo de Tantalus usado no episodio "Mirror, Mirror", pode ser encontrado na enfermaria da Enterprise.

Enterprise usaria este episodio como fonte de inspiração de um de seus melhores segmentos, Babel One. No episodio, a NX 01 leva Telaritas para uma conferencia de paz no planeta Babel, para uma tentativa de estabelecer um tratado de paz entre este povo e o Andorianos. Infelizmente foi logo após a exibição de Babel One que seria feito o anuncio oficial do cancelamento da série.

 

Ficha técnica:

Escrito por D.C. Fontana
Direção de Joseph Pevney
Música de Gerald Fried
Exibido em 17 de novembro de 1967
Produção: 44

Elenco:

William Shatner
como James Tiberius Kirk
Leonard Nimoy
como Spock
DeForest Kelley
como Leonard H. McCoy
Nichelle Nichols como Uhura
George Takei como Hikaru Sulu



Elenco convidado:

Jane Wyatt como Amanda Grayson
Mark Lenard
como Sarek
William O'Connell
como Thelev
Majel Barrett
como Christine Chapel
John Wheeler
as Gav
James X. Mitchell
como tenente Josephs
Reggie Nalder
como Shras

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Sinopse: Alexandre Bortuluci
Edição: Daniel Sasaki