Série Clássica
Temporada 2

Análise do episódio por
Carlos Santos



 









 

MANCHETE DO EPISÓDIO
Episódio com personagem histórico deixa conclusões para a audiência

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Sinopse:

Data Estelar: Desconhecida

Kirk, Spock e McCoy estão retornando a Enterprise a bordo do Shuttle Galileo, trazendo com eles a comissária da Federação Nancy Hedford. A comissária, que deveria seguir para Epsilon Canaris 3 a fim de mediar um conflito, contraiu a doença de “Sakuro” uma rara e grave enfermidade, e por isto esta sendo levada a nave para tratamento. Entretanto, no caminho eles são surpreendidos por um tipo de fenômeno desconhecido, que o obriga a nave a um pouso forçado.

Eles descem em um planeta “adequado para a vida humana”, segundo as leituras de Tricorder feitas por Spock e fazem um diagnostico da shuttle, concluindo que todos os sistemas parecem estar em perfeita ordem, porém nada funciona, inclusive a comunicação. McCoy também identifica leituras idênticas às do fenômeno que os forçou a descer.

Enquanto o doutor apresenta seu relatório, uma pessoa aparece saudando-os, para espanto do grupo. A despeito da surpresa do grupo da Federação, o homem se mostra absolutamente entusiasmado com a presença deles, e pelo fato de poder entender a língua dos visitantes. Ele identifica-se como Cochrane, dizendo estar perdido naquele lugar a muito tempo.

Kirk identifica-se, bem como ao restante do grupo, e tanto Cochrane quanto Hedford, parecem mais impressionados um com o outro do que os outros integrantes do grupo. Cochrane mostra interesse também pela nave, o shutlle Galileo, elogiando a nave, mas ao mesmo tempo dizendo que não como fazê-la voltar a funcionar.

As leituras de McCoy confirmam que se trata se um ser humano. Kirk lhe informa os eventos que o obrigou a descer naquele lugar, bem como da possibilidade do mesmo fenômeno na superfície, mas Cochrane afirma não saber nada sobre isto. Spock então pergunta por que ele acha que a nave não pode voltar a funcionar, e recebe a explicação de que um campo amortecedor que impede sistemas de força funcionarem.

Kirk pergunta também sobre como Cochrane teria chegado ali, mas este se limita a dizer que se perdeu, mas que eles terão muito tempo para conversar. Ele convida o grupo para sua “casa”. Kirk insiste na questão, mas Cochrane não muda a atitude, insistindo para que eles vão até a sua casa, construída com sobras dos destroços de seu acidente. Kirk percebe que não vai conseguir muito, então pede que Spock mostre-lhe o funcionamento da nave.

Ele e McCoy voltam a conversar, e Kirk fala a magro que acha Cochrane familiar, despertando a mesma sensação em McCoy. Além disto ainda existe a situação da comissária, que esta ficando mais debilitada, precisando de cuidados imediatos. Sem muitas alternativas eles vão até a casa de Cochrane.

Uma vez lá, Kirk continua tentando descobrir algo sobre seu anfitrião, enquanto a comissária começa a sentir os efeitos da doença aumentarem. Nesta hora uma entidade gasosa aparece por alguns segundos no quintal da casa. Eles perguntam a Cochrane sobre tal fenômeno, mas esta tenta convencê-los que se tratava de imaginação por causa da luz. Spock refuta tal afirmação e volta a pedir a uma explicação.

Cochrane ainda tenta ser evasivo, mas Kirk perde a paciência e exige de uma explicação. Finalmente este começa a dar alguma informação relevante. Diz que chama a entidade de “companheiro”, e que ele o trouxe ao planeta após Cochrane um acidente que quase o matou. Tal entidade não só tratou de Cochrane como o rejuvenesceu, que não sabe explicar o que ela é exatamente, apenas que ela existe e se comunica com ela.

Kirk descobre que o prenome de Cochrane é Zefram, inventor da Dobra Espacial e que teria sido dado como morto a 150 anos. Cochrane diz ter ido para espaço para morrer aos 87 anos de idade, quando foi salvo pelo companheiro, passando a viver com ele desde então. Apesar da estória ser fantástica, Spock, embora ainda incrédulo é o primeiro a lembrar que o corpo de Cochrane nunca foi achado.

Enquanto o quadro de Nancy Hedford vai se agravando, Spock examina alguns instrumentos encontrados na casa de Cochrane e conclui que estes são da data indica por este como sendo a de seu desaparecimento. Todas as necessidades do naufrago espacial incluindo água e comida são atendidas pelo “Companheiro”, segundo ele próprio.

Kirk pede a Cochrane que tente descobrir por que por que ele e seu grupo foram trazidos para aquele planeta, mas este responde que já tem tal informação, e que o motivo seria servir de companhia para ele próprio. Cochrane diz ter se queixado da solidão na esperança que o “Companheiro” o deixa-se livre, mas ao invés de disto, a entidade resolveu arrumar-lhe companhia.

Ao ouvir tal afirmação Nancy Hedford entra em choque. Kirk manda que Spock faça novas analises da criatura, procurando por formas de neutralizá-la, mesmo que seja preciso matá-la para isto. Cochrane diz a Kirk que caso saia daquele planeta ele voltará a envelhecer, mas afirma que quer sair de lá mesmo assim. Ele esta curioso para saber como o mundo está fora dali depois de todo o tempo que passou isolado, e Kirk lhe dá algumas informações que aguçam ainda mais esta curiosidade. Kirk então diz precisar de ajuda para sair dali e Cochrane concorda em oferecê-la.

Spock volta ao Galileo, e enquanto trabalha no reparo da nave o “Companheiro” aparece novamente. O Vulcano tenta algum contato físico com a entidade, que é repelido
Violentamente, deixando Spock inconsciente, enquanto os sistemas da nave auxiliar são danificados pela criatura.

Ainda sem saber o que aconteceu com Spock, Kirk esta concentrada agora em que tentar fazer com que este convença a criatura em ajudar Nancy, cujo estado de saúde piora a cada instante. Cochrane afirma que eventualmente consegue estabelecer alguma comunicação com a criatura, mas não sabe dizer como, mas de predispõe a tentar, mesmo sem ter certeza se como fazê-lo.

Do lado de fora da casa, Cochrane, observado por Kirk e McCoy se posiciona para tentar o contato, o que acaba acontecendo, e durante este processo ambos concluem que a relação do homem e da criatura e mais complexa do que eles supunham até então e para decepção de Kirk, Cochrane diz que o “Companheiro” não pode ajudar Nancy Hedford, que parece condenada a morte certa.

McCoy descobre o Spock inconsciente após o ataque do companheiro, e tal experiência serviu para que ele descobrisse empiricamente que a criatura era composta em grande parte por impulsos elétricos. Ele e McCoy concluem então que podem causar um curto circuito na coisa, e Spock constrói um aparelho teoricamente capaz de realizar tal propósito. Cochrane, apesar de ter concordado em ajudar, resiste à idéia de destruir a criatura que salvou sua vida, mas após uma breve discussão com Kirk, ele concorda em servir de isca.

Cochrane entra em contato com a criatura, e quando esta aparece, Spock ativa o dispositivo, e quando isso acontece Cochrane desmaia. O “Companheiro” então ataca Kirk e Spock violentamente. McCoy pede pela vida dos dois, mas parece inútil, quando Cochrane acorda e percebendo o que acontece chama o companheiro mais uma vez, que finalmente deixa os dois livres.

Kirk esta vivo, porém ainda mais frustrado por não ter conseguido destruir a criatura. McCoy sugere então que Kirk tente outra alternativa, ao invés de tentar destruí-la. O capitão pede agora que Spock tente modificar o tradutor universal para falar com a criatura, enquanto o quadro de saúde de Nancy Hedford vai piorando.

Com Scott no comando a USS Enterprise chega as ultimas coordenadas conhecidas da Galileu e como não há sinal do shuttle, ele inicia uma busca, e coloca a Enterprise seguindo na direção dos últimos vestígios captados pelos sensores da nave, com esperança de encontrar algo, uma vez que o rastro que ele seguiam sumiu repentinamente.

No planeta, Spock adapta o tradutor universal de forma a permitir que eles falem com o “Companheiro”. Mais uma vez Cochrane chama a criatura, e quando ela aparece, Kirk consegue se comunicar com ela, e descobre para espanto que na verdade o ser é feminino, e não masculino como se pensava, e que ela esta apaixonada por Cochrane. Ele tenta convencer a “Companheira” a libertá-los, mas esta está irredutível.

A criatura deixa o local, e mais uma vez o grupo se reúne para discutir o assunto. Cochrane pergunta por que o tradutor foi construído com uma voz feminina, e Kirk explica que não o fez, mas que a criatura “é” assim, o que lhe causa certa confusão, principalmente quando Spock afirma que a “Companheira” enxerga em Cochrane um amante. Surpreendentemente sua atitude quanto ao ser, antes amistosa, agora muda para raiva, quando ele descobre tal fato.
Nancy Hedford, que ouvia a conversa apesar de estado de saúde, chama por McCoy. Ela mostra que também não entende a reação de Cochrane, que ficou irritado ao descobrir que foi amado pela criatura 150 anos enquanto Nancy, ao contrario, se recente de nunca ter sido amada.

A Enterprise continua a busca sem sucesso, até que se depara com um cinturão de asteróides com milhares de corpos que podem suportar vida humana, onde o shuttle poderia ter caído. Apesar da tarefa parecer impossível, Scott diz a Uhura que pretende procurar em todos, um a um se necessário.

Enquanto isto Kirk volta a carga com o “Companheiro”, tentando uma nova abordagem, agora baseando-se na questão do “sentimento” da entidade por Cochrane. Kirk tenta convencer a criatura que ela será a responsável pela morte de quem tenta proteger, a não ser os liberte, e diz também que ela e Cochrane não podem viver juntos, por serem diferentes.

Mas a tentativa de Kirk não surte o efeito desejado, e mais uma vez ele se frustra, entretanto, quando discutiam a questão, Nancy aparece de pé na entrada do abrigo, e após ser examinada por McCoy, conclui-se que ela está sem nenhum traço da doença que a estava matando.

Na verdade, a “Companheira” tomou o corpo de Nancy Hedford, que agora fala como a criatura. Nancy explica que agora ela partilha seu corpo com a “Companheira”, e por algum tipo de processo desconhecido, ambas estão conscientes ao mesmo tempo. Chamando a si mesmo de “nós”, ela diz que Nancy estava fraca demais para resistir, caso a união não fosse feita.

Ela se tenta se aproximar de Cochrane, mas este esta assustado com a nova condição de “ambas”. Através da experiências de Nancy, a “companheira” começa a finalmente entender o significado da solidão e compadecer-se da condição de seu “amante”.

Kirk manda Spock verificar o Shuttle, mas a “Companheira” lhe diz que isto não será necessário, pois os equipamentos encontram-se funcionando. Cochrane pergunta se ela deixara que eles partam, e esta reponde não ter mais o poder de impedi-los, pois ao uni-se a Nancy, passou a compartilhar sua condição humana, tendo perdido todos os seus dons especiais, o que a levara entre outras coisas, ao envelhecimento e a morte, tudo para compreender o significado do amor, da forma dita por Kirk.

Cochrane parece perceber o gesto, e começa a mudar sua posição anteriormente de repulsa para um certo apreço e carinho. Como um casal de namorados no Jardim do Éden, os dois saem para passear deixando para trás Spock, McCoy e Kirk, que consegue finalmente estabelecer contato com a Enterprise, e informar sua posição.

Longe dali, Cochrane fala a “Companheira” de sua intenção de levá-la e mostrar o mundo lá fora, mas ela diz que não pode deixar o planetoide onde se encontra, pois se o fizer morrerá, e só então o homem entende a magnitude do sacrifício da Companheira. Esta, por sua vez, apesar de ciente que irá deixar de existir por causa de sua escolha, declara-se feliz por tela feito, e poder através do corpo de Nancy experimentar sensações até então absolutamente desconhecidas para ela e Cochrane agora se sente impelido a ficar.

A Enterprise chega, e Scott aguarda o grupo da Galileo, mas Cochrane declara sua intenção de não seguir com grupo, mesmo sabendo que ele e a “companheira” envelhecerão até a morte, e pede a Kirk que não conte a ninguém sobre ele. O capitão concorda, e finalmente, deixa o planeta e os dois amantes, sozinhos.

 

Comentários:

Muitos se perguntam se o teletransporte de Jornada nas Estrelas é seguro, mas tal questão deveria ser levantada em relação aos Shutlles. Segunda aparição da nave Galileo na Série Clássica e segunda tripulação perdida em um planeta afastado. Um índice de insatisfação de cem por cento, marca muito difícil de igualar por outro tipo de transporte pessoal.

Pela terceira vez a Enterprise transporta um representante da Federação, desta vez é Nancy Hedford, tal qual seus colegas de edições anteriores da Série Clássica, igualmente arrogante. Juntos eles vão cair em um planeta distante, com Nancy doente, precisando de tratamento urgente e uma guerra para impedir.

Lá eles descobrem que não só estão ilhados, mas que tem a companhia de um ser humano, mas não de um ser humano qualquer. O homem é apenas o criador da Warp Drive, Zefram Cochrane, que teria morrido a 150 anos atrás.

Todos este ingredientes se juntam para formar a trama de “Metamorphosis”, uma trama um pouco insossa em principio, exatamente por juntar elementos de segmentos anteriores da série, como a acidente do Shuttle, a presença de um alto funcionário da Federação e uma crise por resolver em algum lugar distante. Nem mesmo a presença do inventor da dobra espacial tira um pouco do ar de pizza requentada neste inicio.

A descoberta de que o acidente do Shuttle foi causado pela mesma criatura que salvou Cochrane começa a tornar a coisa toda um pouco mais interessante, muito embora a primeira reação de Kirk tenha sido pensar em destruir a criatura, praticando o melhor da diplomacia Cowboy . Com tal solução fracassada, é necessário tentar o entendimento.

Embora tal solução (entendimento) deve-se ser considerada sempre em primeiro lugar por membros de uma Federação teoricamente avançada e pacifica, esta parece nunca ser a primeira ação quando a Frota Estelar se relaciona com entidades fisicamente diferentes. Existe um certo sentimento de que é preciso alguma identificação física para considerar o direito a vida de outros seres, algo que soa um pouco preconceituoso a principio. Anotem ai que voltaremos a esta questão.

Se o tradutor universal já é considerado algo equivalente a uma varinha de condão, dar a ele o poder de se comunicar com uma criatura totalmente diferente do que a o aparelho está acostumado a lidar é no mínimo improvável. Porém pior do que isto é a teoria de Kirk e Spock, de que uma criatura de energia, que não tem um “cérebro” (de acordo com o nosso conhecimento humano sobre o que seja um cérebro) possa ter “ondas cerebrais” que sejam passiveis de comparação pelo aparelho. Ou que existam “certos conceitos universais comuns a toda vida no universo”. Tecnobable do mais infame usado para a dar a chance de Kirk usar mais uma vez o melhor de sua lógica circular ao vivo e a cores e para identificar claramente para a audiência a criatura como sendo “fêmea”.

A questão do “gênero”, embora possa também se encaixar na questão anterior, acaba tendo utilidade, uma vez que a mudança da posição de Cochrane quanto ao seu relacionamento com a agora “companheira” levanta questões interessantes. A ajuda da criatura sempre foi bem aceita por ele enquanto Cochrane julgava que esta era apenas um amigo, mas quando o quadro muda para uma relação mais intima, de amor e por que não dizer, sexo, tal aceitação deixa de existir, certamente por conta dos diversos dispositivos morais implantados nele.

A questão da aceitação do companheiro revela tabus e preconceitos sutis, relacionados ao fato de que o ser humano é profundamente guiado pelo que vê, e pela sensação de igualdade física. Esta noção de igualdade vai se relacionar com o mundo em aspectos diferentes, mas a noção de que a semelhança é necessária para tal aceitação, fica clara, pelo menos para o autor, demonstrando uma postura racista por parte de Cochrane. E também de Kirk, que em seu discurso afirma que a “companheira” não pode amá-lo totalmente por ambos serem diferentes.

Tal diferença serve a Kirk (e justiça seja feita, também a McCoy) quando este não pensa duas vezes antes de decidir por eliminar a criatura, e depois a Cochrane quando este acha que foi usado. Interessante como a mesma questão aciona mecanismos diferentes, mas igualmente discutíveis tanto em Kirk quanto em Cochrane. O primeiro sequer cogita a possibilidade de entendimento antes que a tentativa de eliminar a “companheira” falhe, mas não entende a irritação de Cochrane, enquanto este se sente forçado a não pactuar com o plano inicial de Kirk, mas não aceita a relação mais “intima” com a criatura. No fim dá na mesma, e as necessidades e crenças de cada um deles e que são determinantes na ação de cada evento.

No fundo, Kirk não se sente mortalmente obrigado a preservara criatura uma vez que não se identifica com ela, e Cochrane se sente ultrajado ao descobrir a verdade pela mesma razão. Nem Kirk esta preocupado com o direito a vida de cada ser, nem Cochrane esta disposto aceitar um “não igual” como parceiro.

Sendo Jornada nas Estrelas uma série de ficção cientifica, é lógico (e verdadeiro) pensar que tal manifestação tende a nos fazer pensar se estaríamos mesmo preparados para um mundo onde não estamos sozinhos no universo, porem se olharmos para a década de sessenta, época da produção do segmento, será fácil encontrar exemplos mais palpáveis e urgentes deste sentimento, principalmente contra a população negra, mas não somente eles.

Porém, ainda na opinião do autor, um entendimento mais sutil da questão do preconceito foi embutido neste segmento de forma não intencional pelos seus autores, aquele que diz que para haver um relacionamento de amor entre Cochrane e a entidade, esta precisava necessariamente ser fêmea. Se apenas pelo fato de seu parceiro não ser “humano” Cochrane teve um surto de ira, imagine se descobrisse também que era “ele”. !? O que prova que mesmo entre aquele que lutam contra o preconceito, existem outros preconceitos ocultos.

Indiferente a estas considerações, a “companheira”, ao assumir a forma humana no corpo de Nancy Hedford demonstra que sabe mais sobre o amor do que os humanos, pois não se detém em fazer o sacrifício Máximo para poder estar ao lado daquele que ela escolheu amar. Ao contrário do que Kirk afirma, ela entende o amor e esta disposta a fazer o que for possível por ele.

Cochrane, ao perceber isto, também está disposto a sacrificar sua liberdade para poder retribuir este amor. Antes tarde do que nunca, porém tanto o criador da dobra espacial quanto o capitão da Enterprise deixam claro que tem muito ainda a aprender sobre igualdade e tolerância e por que não, sobre o amor.

Além das explicações improváveis sobre o tradutor universal o episodio tem outros deslizes, como a necessidade clichê de Kirk de assumir o peso do mundo nas costas, ou a caracterização de mais um representante da Federação (Nancy Redford) como uma pessoa arrogante e intransigente. Não dá para colocar a culpa deste comportamento na doença da menina, pois é a terceira vez que este perfil se repete, primeiro em "The Galileo Seven", depois em
A Taste of Armageddon, o que já representa um padrão para o perfil. Se a Série Clássica é uma metáfora de sua época, dá bem para entender que juízo eles faziam dos funcionários do governo fora das forças armadas na época.


Com a chegada as telas de “First Contact” as telas do cinema em 1996, “Metamorphosis” voltou a baila, uma vez que alguns de seus elementos foram aproveitados como referencia o filme de maior sucesso de A Nova Geração. Muito se fala que o filme contradiz o segmento da Série Clássica, o que não deixa de ser verdade, mas a grande questão aqui talvez seja a data do primeiro contato. Se assumirmos tal data do primeiro contato como a do filme, 4 de Abril de 2063, e somarmos mais 150 anos (tempo do sumiço de Cochrane) mas os 80 anos que separam os eventos de Kirk e Picard em “Generations” vamos encontrar a Série Clássica dentro do inicio do século 23, e A Nova Geração no final. No mais, o Cochrane de Alfa Centauri estava cansado de tudo e resolveu partir é algo que bem pode ser creditado ao perfil do homem que conhecemos em Primeiro Contato.

Um pergunta que não quer calar: Quem seria “O criador de todas as coisas” ?

“Metamorphosis” tem seus lá seus problemas, mas faz interessantes perguntas, e não
dá nenhuma resposta pronta, deixando a cada um a tarefa de fazê-lo, ou tentar ai menos, e isto já por si só já conta pontos.

 

Citações:

Kirk: "Not one hundred percent efficient, of course... but nothing ever is."
("Não é cem por cento eficiente, é claro, mas nada é.")

Kirk: "The idea of male and female are universal constants."
("A idéia de macho e fêmea são constantes universais.")

Kirk: "Love sometimes expresses itself in sacrifice."
("Amor algumas vezes se expressa em sacrifício.")

McCoy: "There's nothing disgusting about it [the Companion]. It's just another life form, that's all. You get used to those things."
("Não há nada de errado com isto. Ele é apenas outra forma de vida, só isso. Como o tempo você se acostuma a estas coisas.")

Kirk: "We estimate there are millions of planets with intelligent life. We haven't begun to map them."
("Nos estimamos que existam milhares de planetas com via inteligente. Nos não começamos a mapear todos eles.")

Kirk: "There are certain universal ideas and concepts common to all intelligent life. This device [the universal translator] instantaneously compares the frequency of brain wave patterns, selects those ideas and concepts it recognizes, and then provides the necessary grammar."
("Existem certas idéias e conceitos universais comuns a toda vida inteligente. Este dispositivo instantaneamente compara e freqüência padrão das ondas cerebrais, seleciona estas idéias e conceitos e os reorganiza, fornecendo a gramática necessária.")

Spock: "You [humans] are, after all, essentially irrational."
("Você humanos são antes tudo irracionais.")

 

Trivia:

Este episódio introduziu o tradutor universal

Elinor Donahue participou de diversas series de TV ao longo de sua carreira (inclusive uma participação em Friends em 1994). Em uma destas participações, na famosa serie “Papai Sabe Tudo” (Father Knows Best) ela atuou com Jane Wyatt, co-estrela da série e que ficou conhecida em Jornada como Amanda, a mãe de Spock.

Glen Corbett, o primeiro Zefran Cochrane da história de Jornada nas Estrelas, participou da serie “Dallas” interpretando o personagem Paul Morgam. O curioso e que um dos episódios protagonizados por ele teve o titulo de “When the Bough Breaks”, mesmo titulo de um segmento da primeira temporada de A Nova Geração. Corbett faleceu em 1993 de câncer de pulmão, três anos antes “The First Contact” ir às telas de cinema.

Elizabeth Rogers, que faz a voz original da “Companheira” e voltaria à série em carne e osso como a tenente Palmer nos episódios “Doomsday Machine” e “The Way to Eden”.

Richard Edlund, então trabalhando para a Westheimer Company, foi o responsável pelo efeito visual da “companheira”. A Westheimer esteve envolvida em “Jornada nas Estrelas IV - A Volta para Casa” e Edlund, posteriormente nas seguintes produções ganhadores do Oscar por efeitos visuais.

Raiders Of the Lost Ark (Caçadores da Arca Perdida) 1981
Star Wars: Episode IV - A New Hope 1977
Star Wars: Episode V - The Empire Strikes Back 1980
Star Wars: Episode VI - Return Of the Jedi 1983

Os seguintes filmes onde Edlund também trabalhou receberam indicações ao Oscar

Poltergeist 1982
2010 1984
Poltergeist II 1986
Ghostbusters (Caça-Fantasmas) 1984
Die Hard (Duro de Matar) 1988
Alien 3 1992

 

Ficha técnica:

Escrito por Gene L. Coon
Dirigido por Ralph Senensky
Música: George Duning
Exibido em 10/11/1967
Produção: 31

Elenco:

William Shatner
como James Tiberius Kirk
Leonard Nimoy
como Spock
DeForest Kelley
como Leonard H. McCoy
Nichelle Nichols como Uhura
George Takei como Hikaru Sulu



Elenco convidado:

Glenn Corbett como Zefram Cochrane
Elinor Donahue como Nancy Hedford
Majel Barrett a voz do companheiro

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