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   por 
Mariana Pedroso Gamberger
 Há 
sete anos assisti pela primeira vez ao episódio piloto de Deep Space Nine. 
Até então eu nem sabia da existência da série. Quando me perguntaram o que eu 
tinha achado, disse que não era nada especial, mas que uma certa Major era um 
personagem muito interessante. Mal sabia que esse era o início de uma grande paixão. 
DS9 e Kira Nerys!     Procurando 
pela Internet, encontrei poucos, mas interessantes, sites sobre Kira Nerys e sua 
intérprete, Nana Visitor. O que mais me chamou a atenção foi a paixão com que 
os fãs falavam sobre a atriz; em como ela é uma pessoa excepcional, carinhosa 
com os fãs, atenciosa. Eu me deparei também com o seu fã clube e com um grupo 
maravilhoso de pessoas espalhadas por todo o mundo.     Desde 
então, eu só poderia desejar que um dia pudesse me encontrar com essas pessoas 
maravilhosas. E quando achei que não haveria mais esperança e oportunidades, ali, 
do outro lado do Adriático, numa cidadezinha chamada Bellaria, como acontece em 
todos os meses de maio, o fã clube de Jornada nas Estrelas da Itália promoveu 
a maior convenção do país. Eles sempre trazem convidados especiais de diversas 
séries do universo de Jornada. Para a minha alegria, este ano Nana Visitor 
era a convidada.     Encurtando 
a história, apenas cinco dias antes da convenção, resolvi ir. Comprei os bilhetes 
do trem, empacotei minhas coisas e após uma viagem de 16 horas - durante a noite 
toda e parte da manhã -, cheguei em Bellaria.  Era uma sexta-feira. 
 Encontrei 
com o pessoal do fã clube que também já estava por lá. Eram pessoas vindas de 
diversos países somente para ver Nana. Alemanha, Áustria, Irlanda, Estados Unidos, 
da própria Itália e eu do Brasil (ou seria Croácia?). Ao todo, nove pessoas. 
  O 
grande dia do encontro seria o sábado, quando Nana teria o seu painel e depois 
autografaria para todos os presentes. Mas, no almoço, eis que surge a própria 
no refeitório, juntando-se aos outros convidados. O pessoal do fã clube imediatamente 
levantou e foi falar com ela, para dar as boas-vindas. E lá fui eu, inocente e 
despreparada para tal momento. A primeira coisa que notei foi como ela é alta 
e magra. Após beijinhos e apresentações (somente eu e o garoto da Itália não a 
conhecíamos), foi acertado um encontro somente conosco após a sessão de autógrafos. 
Ao voltar para a mesa, mal consegui comer e as minhas mãos não paravam de tremer. 
Eu tinha sido "nanatized"!   
   
 Apesar 
de eu já ter lido diversas transcrições de chats e convenções, diversos artigos 
de revista e entrevistas com Nana, ouvir essas histórias ao vivo, contadas pela 
própria, era outra coisa.  Ela 
teve o seu painel no sábado e no domingo, respondendo perguntas do público. Foi 
uma experiência fascinante; até consegui acalmar meus nervos e fiz duas perguntas 
no domingo. A sessão de autógrafos também foi ótima, apesar do curto período de 
tempo. Levei um pôster da Kira, tirado da revista oficial, e em cujo verso havia 
uma foto de Gul Dukat. Quando chegou a minha vez, um dos meus amigos disse a Nana 
para adivinhar quem estava do outro lado e ela prontamente respondeu: "- 
Dukat"? Sua cara ao olhar o outro lado foi impagável e todo mundo caiu na 
risada.      Finalmente 
chegou a hora do encontro. Fomos em um dos cafés no centro de Bellaria. Eu corri 
até o hotel para pegar os presentes que tinha trazido para Nana. Quando voltei, 
ela já havia chegado e, para a minha surpresa, qual era o único lugar vazio para 
eu sentar? Do lado da própria! Ela conversou com a gente por uma hora, contando 
sobre a sua vida, o que anda fazendo e ela sempre faz questão de perguntar o que 
os outros estão fazendo e como vai cada um. Eu já comentei que ela é uma pessoa 
fantástica, doce, generosa e atenciosa?  
   Foi 
quando dei meus presentes para ela que tive a oportunidade de dizer alguma coisa, 
porque, para ser sincera, eu não tinha dito nada até então. No máximo, eu tinha 
conseguido tirar algumas fotos. Eu lhe dei dois CDs de música brasileira, pois 
já sabia que antemão que ela gostava. Ela me disse que é a sua música favorita, 
e que adorou o presente. De brinde, pude ouvi-la cantarolando Águas de Março! 
    Tivemos 
um segundo encontro com ela no dia seguinte. Eu me despedi durante o almoço, pois 
iria embora antes do anoitecer. O resto do pessoal, no entanto, ainda a encontraria 
para um sorvete.    Nem 
preciso dizer que esse foi um dos melhores finais de semana que já tive. O pessoal 
do fã clube é fantástico e espero ter a oportunidade de encontrá-los novamente. 
E, é claro, Nana - que é tudo e um pouco mais do que eu imaginava.  
   Durante 
os painéis, embora tenha havido pouca novidade, 
Nana contou muitas histórias engraçadas e interessantes. Vale a pena descrever 
algumas delas.   Lamentos 
      
Sobre o final de DS9, Nana mostrou-se desapontada por não encontrar mais 
a maior parte das pessoas com quem trabalhou durante 7 anos. Mas ainda mantém 
contato com Sid, que é seu ex-marido e pai de seu segundo filho, Django. Além 
dele, Michael Dorn é um grande freqüentador de seus almoços. 
   
Ela e Rene também são muito próximos. É por isso que ela achava muito estranho 
e sempre foi contra o relacionamento amoroso entre Kira e Odo. A atriz acha que 
o final foi perfeito para os dois. Eles realmente não deveriam ficar juntos e 
o fato de Odo ter ido para o Grande Link foi muito mais fiel ao seu personagem. 
   
Outra pessoa com quem ela tinha grande amizade era Ira Behr. Sendo ambos nova-iorquinos, 
ela disse que sempre que discutiam sobre algo, parecia que estavam tendo uma enorme 
briga. Segundo Nana, as pessoas ao lado até saíam de perto. Na realidade, tratava-se 
apenas do temperamento de ambos. 
 Aliás, 
ela também contou que a grande briga que os dois tiveram foi quando Ira chegou 
até ela todo feliz e disse-lhe que Kira iria ter um caso com Dukat. Nana quase 
teve um infarto e brigou com o amigo até o final, dizendo que Kira nunca teria 
qualquer relacionamento com Dukat, que isso estaria totalmente fora do seu personagem. 
Essa batalha ela ganhou, já que Kira nunca teve um relacionamento com Dukat. Porém, 
sua mãe teve.  Como 
Nana disse, nem sempre ela conseguia ganhar a batalha - mas nunca foi por falta 
de tentativa.  
   Confidências 
      
Nana 
Visitor 
sente saudades de Kira. Ela contou que, durante a época em que a série era produzida, 
chegou a ter diversos pesadelos, nos quais era Kira e estava presa em um campo 
de prisioneiros durante a ocupação cardassiana. Isso mostra como  estava 
envolvida com o personagem e como se preocupava em torná-lo o melhor possível. 
Na 
semana anterior ao término de Deep Space Nine, somente ela chorava, e parecia 
ser a única que não estava preparada para o seu final.  
   
Quando viu que os cenário estavam sendo desmontados, ela estava caminhando pelo 
Promenade, e encontrou dois dos trabalhadores que, por sinal, eram seus amigos. 
Ela perguntou se eles poderiam pegar alguma coisa para ela, pedindo, em seguida, 
o peixe que ficava pendurado na parede do Quark's. Eles disseram que fariam isso, 
mas que ninguém poderia saber, já que a ordem era de que nada poderia sair dali. 
Nana voltou para o seu trailer e, após um tempo, ouviu um batido na porta. Quando 
abriu, eram os dois trabalhadores carregando o peixe e querendo saber onde estava 
o seu carro para que eles pudessem colocar logo dentro, para que ninguém visse. 
Depois disso, veio uma ordem do Rick Berman, de que estava terminantemente proibida 
a retirada de qualquer material dos sets e que tudo era propriedade da Paramount. 
Nana nos perguntou então, se ela não deveria pendurar o peixe na sala da casa 
dela e chamar o Rick Berman para jantar. A platéia caiu na gargalhada. 
   
   
Sobre maquiagem, após o primeiro dia que estava usando o nariz bajoriano, ao final 
das filmagens, ela simplesmente o arrancou com as mãos. Foi então que descobriu 
que na realidade ele era fixado com cola e não com um produto mais desenvolvido. 
Isso lhe custou uma cicatriz no nariz, que tem até hoje.
   Bastidores 
      
O 
episódio mais difícil ,em termos emocionais, foi "Duet", o seu 
favorito, pois o episódio todo foi centrado em Kira e em Aamin 
Marritza - sem efeitos especiais, sem ação. 
   
Por outro lado, o mais 
difícil em termos físicos foi o primeiro do universo espelho, "Crossover", 
dado que ela trabalhou em jornada dobrada, fazendo a Kira e a Intendente. Durante 
esse episódio ela chegou a trabalhar 18 horas por dia. Nana acha que a Intendente 
não era sexy, pois o figurino de couro fazia um barulho insuportável. Além disso, 
por causa do calor, ela suava muito e apareciam manchas por toda a roupa. Ela 
tinha que ficar na frente de um ventilador gigante, até que elas desaparecessem.
   
Nana também falou sobre Avery 
Brooks (capitão Sisko). Com seu jeito todo particular, na maior parte das vezes 
ninguém consegui entendê-lo, nem mesmo os diretores. Segundo ela, todos ficavam 
apavorados quando tinham que dirigir o ator, temendo não entender o que ele queria 
dizer. Mas Nana passava muito tempo com ele e aprendeu a interpretá-lo. Então, 
todos vinham a ela e perguntavam: "- O que ele quis dizer com isso"?   
 
   
Na época em que surgiram pela primeira vez os action figures, Nana resolveu 
dar um para seu filho Buster, que tinha três anos de idade. Assim que ele pegou 
a boneca, falou "mamãe". Ela ficou toda orgulhosa pelo filho tê-la reconhecido. 
 
   
Ainda sobre Buster, como ela queria ficar com ele a maior parte do tempo, sempre 
o levava aos sets de filmagem. Certa vez, quando a luz vermelha estava acesa - 
o que significa silêncio absoluto, pois se está filmando -, um dos técnicos chegou 
perto de Buster, e perguntou como ele estava. Imediatamente, o garotooca com dois 
anos de idade, colocou o dedo na boca, em sinal de silêncio, e apontou para a 
luz.  
   
Django, o segundo filho, também sempre ficou no ambiente de trabalho. Nana voltou 
a trabalhar após duas semanas do nascimento e, certa vez, quando perguntaram ao 
garoto onde ele tinha nascido, ele respondeu "Star Trek, Los Angeles".
   
Curiosamente, quando Nana fez a audição para o papel de Kira, ainda não haviam 
selecionado uma atriz para Dax. Ela acabou lendo para a produção algumas partes 
dessa personagem, que lhe chamou bastante a atenção. Naquele instante, ela achou 
Dax mais interessante e conta que, se tivessem dado a ela a opção de escolha, 
teria escolhido fazer a Oficial de Ciências. 
     Vida 
após DS9 
      
Com relação aos trabalhos pós-Deep Space Nine, Nana contou que gostou muito 
de fazer "Dark Angel" e trabalhar com James Cameron. Só lamenta não 
ter tido condições de continuar na segunda temporada, pois na época estava morando 
em Nova York, e fazendo o musical "Chicago" na Broadway. Isso significava 
voar seis horas até Vancouver, gravar todas as suas cenas em três dias, voltar 
para Nova York para fazer "Chicago", e depois na semana seguinte voltar 
a Vancouver. E, é claro, no meio disso, tudo arranjar tempo para seus filhos. 
Ela disse que ficou triste pelo fato de a série ter sido cancelada, pois sabia 
que Cameron tinha planos interessantes para ela.    
   
Recentemente, Nana Visitor esteve em dois seriados: "According to Jim" 
e "Las Vegas".  
   
Ela também fez um filme com Bruce Boxleitner, "They Are Among Us", que 
ainda não foi distribuido nos EUA.
    
     
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