Publicado em
13 de junho de 2005


Assistimos aos DVDs nacionais!
Boxset vem com 7 discos e muito material extra que fará a alegria dos fãs da tripulação pioneira de Jonathan Archer


 









 


por Salvador Nogueira

Se você ainda não começou a ver os episódios da Série Clássica em DVD, a partir da semana que vem você terá uma forma diferente de abordar a franquia Jornada nas Estrelas -- é quando chega ao mercado brasileiro a primeira temporada de Enterprise, teoricamente, a "primeira" série no universo criado por Gene Roddenberry, ambientada no século 22.

O ano é 2151, e a primeira nave terrestre capaz de atingir dobra cinco está pronta para deixar a doca espacial, com uma difícil missão: entregar um sobrevivente Klingon que caiu na Terra após ser perseguido por Sulibans, uma raça nômade aparentemente envolvida numa Guerra Fria Temporal.

É um início intrigante para uma série de Jornada nas Estrelas, que acabou se mostrando morna demais e deu fim a 18 anos de produção ininterrupta da franquia. Ainda assim, vale a pena conferir, pois Enterprise tem algumas coisas que nenhuma das outras séries da marca tem. Os primeiros episódios fogem um pouco do esquema natural de Jornada e exploram mais o fato de que esses tripulantes são legítimos astronautas -- algo que passa despercebido nos outros programas e filmes que compõem a saga.

Mais uma vez, o Trek Brasilis conseguiu pôr as mãos nos discos produzidos para o mercado brasileiro, e traz em primeira mão suas impressões do que o fã pode esperar deste lançamento arrojado da Paramount Pictures no país. Pode-se dizer arrojado porque trata-se de um lançamento feito apenas para o mercado brasileiro, mas não para toda a América Latina -- haja vista que os discos têm apenas duas opções para os menus, Inglês e Português.

São sete discos, contendo os 26 episódios da primeira temporada, mais um bocado de extras. Um dos elementos mais interessantes do pacote sem dúvida é o conjunto de "cenas cortadas" dos segmentos. Em vez de serem incluídos como extras, eles estão junto a seus respectivos episódios. Elas não foram reeditadas no episódio -- muitas delas ainda estão incompletas, sem efeitos especiais ou uma mixagem de som mais apropriada --, mas oferecem lampejos de alguns "momentos" dos personagens que precisaram ser cortados por conta do tempo do episódio. Se cada segmento da Série Clássica podia esbanjar 51 minutos, Enterprise foi reduzida a 44 minutos por episódio.

Para uma avaliação mais detalhada de cada segmento, confira o nosso Guia de Episódios. Vamos então a uma análise técnica do conteúdo.

Os menus

Mais uma vez, a Paramount capricha nos menus dos episódios. O disco abre com uma cena da NX-01 deixando a doca espacial -- não é a mesma do piloto "Broken Bow", mas claramente uma nova renderização. Depois que ela passa, entra um menu muito similar aos gráficos vistos na ponte da nave, criados por Michael Okuda. É aí que o telespectador pode escolher o episódio que quer ver -- os segmentos tiveram os nomes traduzidos --, ou, no sétimo disco, chamar o menu dos extras.


Imagem dos episódios

A qualidade de imagem é a melhor possível e faz jus aos valores de produção da série. Você nunca verá os espetaculares efeitos especiais de Enterprise numa apresentação melhor do que esta. Os episódios estão todos em formato anamórfico em widescreen, como originalmente produzidos (e diferente da forma em que são exibidos no Brasil pelo canal AXN). Os extras são todos em tela cheia, o padrão tradicional de televisão.

Áudio dos episódios

Embora não seja surpreendente, uma vez que nenhuma emissora de TV nacional se arriscou a encomendar uma dublagem de Enterprise, é triste que esse pacote não disponha da possibilidade de ver os segmentos falados em português. A única trilha de som disponível é em inglês, com qualidade Dolby 5.1 -- exceto para "Broken Bow" (veja abaixo).

Comentários

Para o piloto "Broken Bow", os criadores Rick Berman e Brannon Braga gravaram uma trilha de comentário em áudio sobre o episódio e sobre o que pensavam enquanto concebiam a série. É interessante ver os argumentos dos dois, especialmente em situações críticas, como a escolha de fazer a polêmica cena da "descontaminação". Também há comentários de texto por Michael e Denise Okuda, em "Broken Bow", "The Andorian Incident" e "Vox Sola".



Extras

Os fãs, como sempre, chegam babando por este material, concentrado no último disco. Os documentários incluídos no pacote (a versão brasileira inclui um segmento a mais que a americana, sobre convenções de Jornada nas Estrelas) são em geral bons e atendem aos espectadores interessados. Mas há problemas. É surpreendente que uma série que, cronologicamente, antecede todas as outras (e portanto precisa levar em conta tudo que veio antes) tenha documentários com tão poucas referências ao resto da franquia. Mas vamos a uma análise do conteúdo.



Criando Enterprise (12 minutos)



Depois de uma abertura engraçadinha, em que Scott Bakula (Jonathan Archer) apresenta sua tripulação e o elenco da série, temos alguns insights sobre o processo de criação do conceito e do visual de Enterprise. Não apresenta surpresas com relação ao que já foi divulgado na internet durante a concepção da série.

Oh Capitão! Meu Capitão! Um perfil de Scott Bakula (10 minutos)

Rasgação de seda para Scott Bakula, o protagonista da série. É decepcionante que tão pouco seja dito sobre a carreira pregressa do ator. Passei o segmento inteiro esperando uma cena de Quantum Leap. Ela nunca veio.

Impressões do Elenco: Primeira Temporada (12 minutos)

Definitivamente um segmento interessante, em que os atores fixos da série comentam seus momentos favoritos no primeiro ano.

Dentro da Nave Auxiliar Um (8 minutos)

Um pequeno documentário totalmente dedicado ao episódio "Shuttlepod One", que começou como um conceito para economizar no orçamento e acabou como um dos segmentos mais bem-sucedidos da temporada, e um dos favoritos de Rick Berman em toda a história da franquia. É uma visão interessante de como funciona o orçamento numa série de TV e o que se pode fazer para mitigar as dificuldades financeiras ao longo da temporada.

Viagem no Tempo em Jornada nas Estrelas: Guerras Frias Temporais e Além (8 minutos)



Ele começa interessante, e Brannon Braga até faz uma revelação: admite que o conceito da Guerra Fria Temporal foi uma exigência do estúdio de que houvesse um elemento "futurista" na série. Mas logo o segmento desbanca para uma desinteressante seqüência de imagens congeladas elencando os principais episódios de viagens no tempo na história de Jornada nas Estrelas. É um documentário com uma premissa tão boa e como uma execução tão pobre quanto a do conceito da Guerra Fria Temporal em Enterprise...

Segredos
de Enterprise (2 minutos)


Bem interessante, mas curto demais, este segmento mostra como funcionam as luzes do reator de dobra da engenharia e o replicador de alimentos, do ponto de vista dos bastidores. Você nunca mais verá a tecnologia high-tech da NX-01 da mesma maneira...

Almirante Forrest no Centro do Palco (5 minutos)

Um pequeno documentário sobre Vaughn Armstrong, ator que mais papéis fez na história da franquia. e sobre como ele conseguiu seu papel recorrente em Enterprise. Novamente, uma boa oportunidade desperdiçada para mostrar clipes de todos os papéis (e séries).

Celebrando Jornada nas Estrelas

Um segmento que mostra o fenômeno das convenções e o fanatismo de alguns fãs. Inclui um casamento realizado na ponte da Enterprise-D, no Star Trek Experience, em Las Vegas.

Easter
Eggs e Merchandising


Há três "Easter Eggs" escondidos nos menus de extras do sétimo disco. Todos são bem agradáveis, curtos, e falam de determinados episódios da temporada. Há também dois trailers, um da nova atração do Star Trek Experience, em Las Vegas, e outro da Série Clássica em DVD (o mesmo que estava no site da Paramount no Brasil).