por Salvador Nogueira



 









 

Capítulo 3 - Estratégias de sucesso
Como criar a estética do século 22 e decolar com a série


Quando Rick Berman e Brannon Braga aceitaram a incumbência de escrever o próximo capítulo televisivo da história de Jornada nas Estrelas, não bastava apenas que fosse mais um, mas precisava ser algo que desse ao franchise um novo fôlego, após as curvas decrescentes de audiência que começaram quando A Nova Geração saiu do ar e não pararam até a conclusão de Voyager.

Além do mais, a dupla se recusava terminantemente a produzir "mais do mesmo", ou seja, uma série que fosse ambientada e escrita no estilo do que havia sido feito pelos dois até então. Ambos se manifestaram muito claramente nesse sentido, não deixando dúvidas quanto à necessidade de colocar novos termos para a premissa da série.

Brannon Braga foi bem enfático ao comentar a questão. "Eu precisava de algo novo, fresco. Como roteirista, não acho que conseguiria escrever mais uma linha de diálogo para Voyager. Eu realmente já estava farto do século 24." Para o produtor, a nova série tinha um sabor ainda mais especial. "É muito mais gratificante e empolgante estar em algo desde o início", diz. "E estou muito feliz que não tivemos de correr com o show."

Com tamanha vontade de escrever coisas diferentes, não foi difícil estabelecer o que seria o novo programa. Quem melhor define, de forma simplória, o processo criativo da dupla é o próprio Braga. "Eu gostaria de poder dizer que [o processo de criação] foi em uma câmara escura com um monte de hologramas em volta, mas não foi diferente de duas pessoas falando sobre o mercado de ações ou falando sobre como elas vão construir uma ponte, ou qualquer outra coisa que pessoas fazem em negócios --exceto que estávamos falando sobre viagem no tempo e Klingons", diz.

"Nós meio que sentamos e resolvemos as coisas, sobre os personagens, sobre os tipos de história que queríamos contar. Realmente usamos bem o nosso tempo quando criamos a série. Basicamente nos encontramos todos os dias por dois anos, e criamos sete personagens e uma história para o piloto. Gastamos nosso tempo escrevendo o roteiro do piloto. Durante nossas sessões, ficávamos juntos, tomávamos café com biscoitos, e só sentávamos e escrevíamos o dia todo. Nada especial na verdade."

Uma vez definida a grande novidade, uma série ambientada no século 22, cem anos antes do capitão Kirk, Berman e Braga tiveram que decidir como atacar dois fronts que precisariam se adaptar ao novo estilo "Jornada" de ser. O primeiro, o de produção, que consistia na criação de novo visual para série, seja em termos de maquiagem, figurino, design de cenários, música, ou outro estímulo audiovisual que iria parar na telinha no produto final.

Nesse aspecto específico, a dupla achou melhor investir na prata da casa, que conhece o franchise e sua história de cor e de trás para diante. Michael Okuda (arte de cenário), Herman Zimmerman (design de produção), John Eaves (ilustrador sênior), Doug Drexler (ilustrador júnior), Michael Westmore (maquiagem) e Robert Blackman (figurino) eram todos velhos conhecidos de Jornada nas Estrelas, tendo trabalhado tanto na telinha quanto na telona. Eles ficaram responsáveis pelo novo visual da série, e a resposta do público aos resultados foi quase 100% positiva.

John Eaves criou o exterior da Enterprise NX-01, a nave do seriado, com base em outra criação sua, a USS Akira, vista brevemente em uma batalha do filme "Jornada nas Estrelas - Primeiro Contato".

Por muito tempo, esse foi o detalhe mais controvertido da produção, tanto pelo fato de a nave parecer mais moderna que a da série original, embora devesse ser sua predecessora, quanto por ser muito semelhante à Akira. Alguns fãs acharam a semelhança tão ultrajante e tão representativa da falta de criatividade da equipe de produção que passaram, jocosamente, a chamar a nave de "Akiraprise".

No fim das contas, as críticas acabaram se dissipando quando a nave foi divulgada em todos os ângulos, o que demonstrou que a grande semelhança entre a Akira e a nova Enterprise só saltava aos olhos quando a nave era vista de cima. Para todas as outras perspectivas, os dois veículos eram bastante diferentes.

Quanto ao aspecto "moderno" da antiga nave do século 22, não havia nada que pudesse ser feito. Berman dizia que a equipe toda estava muito dedicada a se manter fiel à "história" estabelecida, mas enfatizava que licença dramática seria e precisaria ser tomada. Ele justifica com um exemplo: "Nossos celulares parecem mais modernos que os comunicadores da série original".

Aliás, foi esse o espírito com o qual a equipe de produção encarou o desafio de manter a continuidade, tanto da cronologia quanto das questões visuais. Braga chegou a declarar que a intenção era ser "respeitoso à continuidade", mas que esses detalhes não teriam precedência sobre uma boa história.

Além do mais, Braga comenta o fato de vários "fatos" do universo de Jornada já terem "prescrevido" no mundo real, como por exemplo as Guerras Eugênicas, que deveriam ter acontecido entre 1996 e 1999, mas, como todos sabem, não ocorreram na verdade.


Visual interno

Os ambientes internos da Enterprise e as características visuais da tecnologia do século 22 ficaram por conta da equipe coordenada por Herman Zimmerman --e logo de cara já cativaram o público. Nada de telas de toque por toda parte, como se viu nas três séries ambientadas no século 24. Os botões estão de volta à ativa na NX-01, com interiores que são uma mistura de submarino nuclear do século 21 com os consoles da Estação Espacial Internacional (ISS).

Aliás, a inspiração para vários dos equipamentos da NX-01 saiu de objetos do nosso cotidiano. O console do piloto da nave foi inspirado no de um porsche. O painel inclui até um pequeno volante! O submarino nuclear subiu à cabeça dos produtores para dar a impressão de um ambiente mais claustrofóbico e menos luxuoso que o das naves que viriam nos séculos seguintes.

A equipe chegou até a visitar um submarino da marinha dos EUA com o objetivo de captar o espírito do lugar. Isso se traduziu de forma perfeita nos cenários. Apesar de seu estilo retrô, com relação ao que vimos na série original de Jornada, ninguém pense que o cenário pareceu saído de um filme de Flash Gordon ou qualquer produção "B" de ficção dos anos 50. A mais moderna tecnologia foi empregada nos cenários, que estão salpicados por monitores de plasma por todos os cantos.

A cadeira do capitão, por exemplo, tem forte inspiração naval. Quem conta é Jim Mees, um dos decoradores de cenários da série. "Pegamos uma forma existente, que era na verdade um assento de embarcação, como uma cadeira de submarino. Adicionamos um braço articulado com um monitor embutido.

O design do assento central, projetado por John Eaves, também tem seu aspecto funcional. "Da cadeira, o capitão pode ver e falar com todos na ponte/cenário", diz Mees. "O assento escorrega de lado a lado para operar todos os controles e para a câmera filmar além do capitão sem precisar que o capitão/ator saia de sua cadeira."

Claro, não faltaram também homenagens à Série Clássica. A estação de T'Pol na ponte tem um visor de luz azul bem parecido ao que ficava no console de ciências da Enterprise original, onde Spock costumava se reclinar para olhar. Há intercoms nas paredes da nave bem parecidos com os clássicos. As portas fazem o mesmo barulho consagrado na série original. Os comunicadores voltam a ser no formato "flip", embora tenham agora um visual mais moderno e bem-acabado que os clássicos.

A idéia foi fazer uma nave mais táctil, cheia de botões, alavancas e chaves. "Tudo é manual para os atores nesta série", diz Zimmerman. "As alavancas, chaves, botões e travas, todas as coisas que você costumava ver em painéis de toque em caixas pretas em Jornada nas Estrelas, nós estamos agora fazendo mecanicamente. Não é espaçoso ou luxuoso como as outras séries de Jornada. Em vez disso, é uma tentativa de fabricar o futuro mais realisticamente, baseado em aeronaves e espaçonaves que [pesquisadores] estão desenvolvendo agora."

Mas nem sempre o que se traduz para as telas é o que os atores vivenciam no set. "Eu diria que uma das coisas mais frustrantes é que não dá para apertar os botões", diz Linda Park (Hoshi Sato). "Levou um tempo para acostumar com os botões de apertar que não podem ser pressionados!"

A engenharia e a sala de transporte são provavelmente os ambientes mais diferenciados. Além do visual completamente diferente, os dois locais têm disposições totalmente contrárias ao que havíamos nos acostumado nas séries anteriores. A câmara de intermixagem voltou a ser horizontal, depois de passar 21 anos na vertical, e agora a sala de transporte, que agora tem o tamanho de um closet, só tem capacidade para teleportar um de cada vez --e normalmente nenhum dos tripulantes quer se arriscar a ter suas moléculas espalhadas pelo espaço. Embora seja uma tecnologia já eficiente no século 22, ninguém confia muito na mais nova engenhoca criada pelos humanos.

Muitas das mudanças nos cenários foram possíveis porque as plataformas de estúdio em que Enterprise está sendo produzida são diferentes das que estavam em uso nas outras séries. Essa mudança permitiu várias flexibilizações na concepção dos sets.


Novos velhos conhecidos

Se na área tecnológica os designers respeitaram ao máximo o visual da série original, só se desprendendo dele quando era absolutamente necessário, no campo de maquiagem foi impossível seguir o mesmo padrão.

"Não estamos tentando voltar e recriar 1965, porque tecnicamente nós já fomos além do que as pessoas estavam fazendo lá", diz Michael Westmore, o chefe de maquiagem da equipe. "Se eu tirasse séries de 1965 e dissesse, 'Essa é a aparência', eu seria praticamente atirado pelos ares. Hoje a maquiagem precisa ser afiada o suficiente e desafiadora o suficiente para que o olho do telespectador fique interessado nela."

"Se tivermos de fazer as mulheres [verdes] de Órion, as faremos diferentemente", afirma o artista. "Qualquer coisa da série original será literalmente desenhada e atualizada com a aparência atual. Em 1965 você tinha maquiagem de pancake com base em água, de modo que a parte difícil era manter o material sem que ele saísse. Hoje temos cores que ficam melhor e lápis de ar. Também usamos adesivos de silicone para colar as coisa. Lá eles usavam cola. Todos esses produtos e adesivos nos permitem fazer coisas que eles não podiam em 1965."

O designer ao menos se mostra bastante animado com a chance de recriar velhos alienígenas com nova roupagem, tornando-os mais palatáveis às audiências exigentes. "Eu penso sobre alienígenas como os Telaritas --os velhos que pareciam usar máscaras de Halloween com um trabalho de cabelo bem cru que era usado para disfarçar bordas", diz. "Se os refiséssemos hoje, seria a ponto de eles terem olhos. Eu faria uma variação no rosto para suavizar os traços e as perucas custariam US$ 3 mil em vez de US$ 50."

Em alienígenas consagrados também nas séries modernas de Jornada, os produtores optaram pelo padrão Nova Geração, quando se tratou de escolher qual o visual que valia. Os Klingons, que aparecem logo no piloto da série, ganharam o visual das séries mais modernas, com testas enrugadas e cabelos compridos, e não a maquiagem tosca da série original.

Paradoxalmente, o visual de Qo'noS, o planeta-natal Klingon visto no episódio-piloto, "Broken Bow", lembra bastante o estilo "Gêngis Khan" adotado pelos Klingons clássicos. Isso mostra que a equipe responsável pela concepção visual de Enterprise mais uma vez está preocupada com uma conciliação da nova série com o seriado original --por mais difícil que seja realizar essa tarefa a contento de todos os fãs.

Para reforçar essa intenção, os produtores podem até criar uma explicação definitiva sobre a aparência simplória dos Klingons durante as três temporadas original. "Pensamos sobre isso", diz Berman. "Eu não sei. Eu acho que é algo que discutimos possivelmente fazer." O produtor se sente um pouco injustiçado pelas críticas à escolha de usar os Klingons "modernos". "Quando os Klingons de repente mudaram dramaticamente para 'Jornada nas Estrelas - O Filme', ninguém pediu uma explicação", argumenta.

Assim como os Klingons ganharam um visual moderno, as outras espécies que apareceram na Série Clássica e depois foram esquecidas pelas encarnações subsequentes foram relembradas na nova série, mas com nova cara. "Os Andorianos eram provavelmente os alienígenas com a aparência mais boba em Jornada nas Estrelas", diz Brannon Braga. "Então achamos que seria legal atualizar a aparência. Os novos figurinos e maquiagens são extremamente impressionantes. [Nós] também vamos explorar sua cultura um pouco."

Jeffrey Combs, ator veterano de Jornada que fez Brunt e Weyoun em Deep Space Nine, teve a chance de interpretar um dos "neo-Andorianos" e comentou sobre a nova maquiagem. Segundo ele, os alienígenas continuaram azuis, mas agora eles usavam "uma peruca branca realmente legal" e uma "peça de testa". As famosas antenas Andorianas também ganharam um toque tecnológico, conta o ator. Elas se movimentam de acordo com o estado de espírito do personagem.

A criação de novos alienígenas, entretanto, envolveu também um grande trabalho. Duas produções que se destacaram logo de início foram os Suliban, espécie designada para ser fornecer vilania à série, e o doutor Phlox, o médico da Enterprise, que ninguém sabe direito de onde veio ou a que espécie pertence. O desafio foi criar um alienígena simples, porém original.

"Sabemos que com Phlox era uma questão de literalmente tentar encontrar um personagem humanóide onde há design suficiente para que você saiba que não é um humano", diz Westmore. "O que esse personagem acabará virando durante a série nós veremos, mas tentamos bolar algo que mude sua anatomia sem fazê-lo algo próximo de um Talaxiano ou um Ferengi ou algo assim."


Nova roupagem

Maquiagem e cenários resolvidos, faltavam só os uniformes. Para eles, o figurinista Robert Blackman optou por partir de uma mistura entre os macacões usados em Deep Space Nine e Voyager e os uniformes usados pelos astronautas da Nasa nos dias de hoje, com direito até a "patch" da missão no ombro esquerdo!

"Eu realmente fiz muita força por esses", diz Blackman. "Se você olhar para os astronautas da Nasa, eles parecem pilotos de corrida de automóveis. Seus macacões estão cobertos de patches. Esse é um patch da nave e é o único que vamos ter em nossos macacões. Eu queria patches com nomes também, mas isso já é um começo."

Blackman encomendou macacões em vários tecidos --incluindo denim (tecido grosso) e twill (tecido costurado diagonalmente)-- e cores antes de escolher o tecido azul escuro. Os vários protótipos foram feitos com diferentes detalhes em cada lado da roupa, de modo que os produtores pudessem ter uma idéia de todas as possibilidades que a versão finalizada poderia ter.

Para completar, um toque de continuidade --o padrão de cores em faixas nos ombros dos uniformes roxos respeita a Série Clássica, que estabelece dourado para comando, vermelho para engenharia e segurança e azul para ciências e medicina. Nas séries posteriores, vermelho e dourado seriam invertidos.

Uma das grandes diferenças com relação a outros uniformes de Jornada é a presença --abundante-- de zíperes e bolsos. São 13 zíperes no total, que dão às roupas uma aparência muito mais funcional e contemporânea.

Os modelos levaram três semanas para serem projetados. Blackman gastou duas delas rabiscando suas idéias para o uniforme e uma terceira fazendo pesquisa e desenvolvimento com tecidos.




Sangue novo

Com o visual resolvido, Berman e Braga precisavam se concentrar na tarefa que mais recaía sobre seus ombros naquele momento --revitalizar não o visual, mas as histórias e o formato em que elas seriam contadas na nova série. Para isso, a dupla preferiu apelar para novos talentos. A maioria dos escritores mais velhos de Voyager foi dispensada (exceção notável foi Andre Bormanis, que era consultor científico e foi promovido a roteirista), e novos roteiristas foram chamados. Entre eles, gente que já tinha experiência com ficção científica, como Stephen Beck (ex-"seven Days") e Fred Dekker ("Robocop 3"), e gente que nunca havia escrito para o gênero, como Antoinette Stella (ex-"Barrados no Baile").

Além disso, a dupla de criadores se envolveu de forma intensa na produção dos primeiros episódios. Rick Berman chegou a revelar que se envolveu nos roteiros da nova série como nunca havia se envolvido antes no franchise.


Forte divulgação

Os detalhes da produção estavam resolvidos e tudo já estava pronto para o início das filmagens de "Broken Bow", o episódio-piloto da série. Entretanto, para garantir o sucesso do novo programa, não bastava aquela nova combinação de elementos capaz de manter o público cativo e conquistar novos fãs. Era necessário avisá-los da novidade.

Para tanto, um esquema fortíssimo de propaganda foi engenhado pela Paramount Pictures, em conjunção com a rede UPN. Um planejamento detalhado começou a se desenhar quando o estúdio anunciou a nova série, a primeira a não ter "Star Trek" no título. Enterprise estava chegando, e ninguém ficaria alheio a isso.

O anúncio oficial da premissa, feito pela UPNem 17 de maio de 2001, foi apenas o primeiro passo para uma forte campanha de marketing feita pela rede, em conjunto com a Paramount. Durante a exibição de "Endgame", o episódio final de Voyager, em 23 de maio, foi veiculado o primeiro vídeo promocional da série, sem qualquer imagem do novo programa.

Dali em diante, as revelações seriam feitas de maneira bastante estratégica. Enquanto os trailers, no formato de teaser, apenas aguçavam a curiosidade, exibindo apenas o nome da série e um fundo de estrelas, coube a grande veículos de comunicação no ramo do entretenimento a divulgação dos detalhes mais importantes.

Ficou para a revista "TV Guide" a honra de fazer a primeira grande matéria com a nova série, incluindo um pôster com uma imagem da nova Enterprise, desenhada por John Eaves. Isso aconteceu numa segunda-feira, 9 de julho.



Apenas 24 horas depois, a segunda grande história sobre a nova série apareceu na imprensa: o programa noticioso "Entertainment Tonight" exibiu uma matéria exclusiva que mostrava as primeiras imagens dos novos cenários da série.

Por fim, os novos uniformes da Frota Estelar foram revelados por segmentos de notícias produzidos pela própria UPN para seus noticiários.

Poderia até parecer um interesse genuíno da imprensa pela nova série, mas na verdade tudo fazia parte de um planejamento estratégico cuidadoso para deixar os fãs gradualmente mais ansiosos pela estréia. A "TV Guide" já tem uma longa tradição com Jornada nas Estrelas, cobrindo a produção desde os anos 60; o "Entertainment Tonight" é produzido pela Paramount; a UPN é a rede que comprou a nova série, além de propriedade da Viacom, empresa-mãe da Paramount. Realmente não surpreende que esses três organismos tenham feito a festa com as novidades de Enterprise.

Com os segredos revelados, a tocha passou definitivamente à UPN, cuja responsabilidade ficou em criar trailers mais e mais interessantes com as primeiras cenas divulgadas do episódio-piloto, "Broken Bow". E os promos tiveram efeito, atiçando ao máximo a curiosidade do público. Toques até então distantes de Jornada, como a inclusão de música pop nos trailers, foram algumas das armas utilizadas.

Graças à força do marketing, a produção foi ganhando não só a aceitação como o apoio de todos, incluindo aí aqueles que estavam temerosos de uma violação definitiva da consistência interna do franchise. O resultado chegou em 26 de setembro, data de estréia da nova série: apesar da catastrófica destruição das torres do World Trade Center e de parte do prédio do Pentágono apenas 15 dias antes, que desviou o interesse do público para programas de noticiário, a UPN registrou nesta data a segunda melhor audiência de sua história, abocanhando a segunda posição entre as redes americanas. Só não foi recorde absoluto porque perdeu para a estréia de Voyager, em 1995.

"Broken Bow" rendeu aproximadamente 12,54 milhões de expectadores. Um episódio duplo estava concluído, mas 24 ainda estavam por ser produzidos e exibidos. A meta da primeira temporada: segurar, semana após semana, tantas pessoas quanto possível.

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