Michael Piller: a modernidade de Jornada

Por Salvador Nogueira  

O escritor que mudou a face de A Nova Geração. O co-criador de Deep Space Nine e Voyager. O idealizador de "The Best of Both Worlds", considerado por muitos como o melhor episódio da história de Jornada nas Estrelas. O primeiro de uma nova safra de roteiristas que salvaram o franchise de ser uma eterna reprise do formato adotado na Série Clássica. O roteirista e co-criador da história para o nono filme de Jornada, "Insurrection". A lista não termina. Este é Michael Piller, visto por muitos como o maior nome das versões modernas de Jornada. O escritor atualmente trabalha com seu filho em uma produtora criada pelos dois, a Piller2. Entre um roteiro e outro, Michael se dispôs a responder a algumas perguntas. Na pauta, sua experiência em Jornada, suas opiniões sobre o atual estado do franchise, suas recomendações para Brannon Braga, que está criando a próxima série, e até uma incrível coincidência que explica como uma brasileira foi parar em DS9. Um presentão para os fãs brasileiros, no ano em que a série completa seu 35º aniversário. Tudo isso e muito mais, em entrevista exclusiva.


 









 

 

 

 

 

 

 

 

 
Trek Brasilis - Como você se envolveu com Jornada nas Estrelas, durante o início da terceira temporada de A Nova Geração?

Michael Piller - Eu conheci Rick Berman em um almoço com Gene Roddenberry e Maurice Hurley, o roteirista principal da Nova Geração durante as duas primeiras temporadas. Hurley estava saindo da série e pensou que eu seria um bom candidato para substituí-lo. Eu não fui contratado naquele almoço (Rick e Gene já haviam contratado outro amigo meu, Michael Wagner), mas eu concordei em escrever um roteiro para a próxima temporada.

Meu agente ficou furioso. Escrever um roteiro free-lance ia parecer que eu não tinha conseguido um emprego na equipe. Nenhuma série iria me contratar como roteirista da equipe novamente, ele disse. Mas eu realmente queria escrever um roteiro de Jornada, por isso ignorei o conselho de meu agente. Hoje, em sua aconchegante casa nova, ele está feliz por eu ter feito isso.

Quando eu estava escrevendo aquele primeiro episódio, Wagner e Roddenberry não estavam se dando bem, e na época que entreguei meu roteiro, Michael decidiu deixar a série. Eu recebi uma ligação de Rick Berman. "Nós amamos seu roteiro", ele disse. "Você obviamente conhece a série. Gostaria de assumir a equipe de roteiristas?"

Até hoje, eu não acho que haja alguma coisa particularmente especial naquele roteiro, exceto por uma cena que abriu as portas do universo de Jornada para mim. Na história (co-escrita por Wagner), um cientista construiu sua vida inteira em torno de um evento estelar que ocorre uma vez a cada 200 anos. E, agora, por misteriosos problemas com a nave, parece que ele vai perdê-lo. Ele expressa sua amarga frustração ao mais jovem membro de nossa tripulação, o garoto de 16 anos Wesley Crusher, usando pela primeira vez em minha carreira em Jornada (mas não a última) uma metáfora de beisebol. Aqui vai o diálogo que me ganhou o emprego:


STUBBS - Eu poderia viver com o fracasso. ...Bem, talvez não. Mas nunca ter tentado. Perder sua chance na rebatida. Você conhece beisebol?

WESLEY - Meu pai me ensinou quando eu era pequeno.

STUBBS - Uma vez, séculos atrás, foi o passatempo mais amado da América, Wesley. Abandonado por uma sociedade que valorizava fast food e jogos mais rápidos. Perdido por impaciência. Mas eu vi os grandes jogadores fazerem as grandes jogadas.

WESLEY - Você os recriou em um Holodeck?

STUBBS - Não, aqui... (sua mente) Com o conhecimento de estatísticas... runs, rebatidas e erros... vezes na rebatida... placares. Homens como nós não precisam de Holodecks, Wesley. Eu joguei temporadas na minha mente. Foi uma recompensa para mim mesmo. Pela paciência. Sabendo que a minha vez iria chegar. Chame seu arremesso. Aponte para uma estrela. Uma grande rebatida e a multidão se levanta. Uma nova era para a astrofísica. Adiada por 196 anos por causa da chuva.



No final, Rick Berman compartilhava de meu amor pelo beisebol e aquela cena acertou-o bem entre os olhos. E uma parceria estava formada.


TB - Você gostava de Jornada antes de seu envolvimento com o franchise?

Piller - Minha família e eu assistíamos à Nova Geração regularmente. Era o tipo de série que toda a família podia ver junta e então comentar. E episódios como "The Measure of a Man" causaram uma grande impressão em mim. Então, sim, eu era um fã. Entretanto, eu não era um trekker, por qualquer definição, porque eu nunca realmente abracei o Jornada nas Estrelas original, embora eu estivesse familiarizado com ele. 


TB - O que você acha que mudou em Jornada depois que você passou a escrever para a série?

Piller - Eu acredito que a maior influência que tive nos episódios foi trazer um foco mais forte para os personagens coadjuvantes, para tentar criar uma família mais forte. Picard e Data estavam bem desenvolvidos, os outros personagens não. Então comecei a vasculhar as histórias para dar ao elenco reunido uma oportunidade de crescer, e acho que eles fizeram isso.


TB - Por que você quis sair da série depois da terceira temporada? O que ou quem fez você mudar de idéia?

Piller - Eu tinha um tipo bizarro de fantasia de ir para o México, sentar na praia e escrever roteiros. Então, quando eu assinei (contrato para A Nova Geração), tinha me comprometido por apenas um ano. Pelo fim da temporada todo mundo estava tão satisfeito com o progresso criativo que fizemos que Gene Roddenberry veio e se sentou comigo por alguns minutos e disse o quanto ele gostaria que eu voltasse para a próxima temporada, porque ele realmente sentia que a série estava para decolar. E, como acabou acontecendo, ele estava absolutamente certo. Foi durante o verão da terceira temporada que o "cliffhanger", "The Best of Both Worlds", levou a um incrível aumento de interesse e de audiência para a série. Mas a verdade é que eu não tinha idéia de como "The Best of Both Worlds" ia terminar quando eu escrevi a primeira parte do "cliffhanger", porque eu não esperava estar por perto no ano seguinte para escrever a conclusão.


TB - Muitos o consideram como o verdadeiro "pai" da versão moderna de Jornada. Que tipo de impacto você acredita ter tido na série?

Piller - Estou muito orgulhoso das contribuições que fiz, junto com Rick Berman, de trazer o franchise de volta para a excelência criativa. Mas há apenas um pai de Jornada nas Estrelas e esse é o sr. Roddenberry. Ele deu o exemplo e eu o segui. Eu trouxe minha própria filosofia de narrativa. Eu encorajei roteiristas a serem ambiciosos e tentarem fazer de cada episódio um clássico que pudesse resistir ao teste do tempo. Eu não esperava que pudéssemos fazer isso toda semana, mas acho que o importante era não se satisfazer em preencher uma hora com explosões espaciais e efeitos especiais. Nosso trabalho como escritores era explorar a condição humana. Eu não consigo pensar em outro franchise que permita a um escritor fazer isso de forma tão confortável e interessante como Jornada nas Estrelas. Precisamos nunca perder essa oportunidade. Eu acredito que eu trouxe esse senso de obrigação para os roteiristas da série.


TB - Há muitos fãs que sentem sua falta na produção atual de Jornada. Como você se sente sobre isso?

Piller - Ocasionalmente, eu também sinto minha falta lá, mas eu acho que as pessoas que ainda estão lá são pessoas que têm o direito de explorar seus próprios universos. Eu encorajo vocês a apreciarem o que eles estão tentando fazer, porque cada um deles tem fortes ambições de manter a qualidade da narrativa. Eu nem sempre concordo com as decisões deles, mas eu sempre me sinto bem quando leio um roteiro que vai direto para examinar personagens e explorar dilemas morais e éticos que ressonam com nossa vida atual.


TB - Como co-criador das duas mais recentes versões de Jornada, que conselho você daria a Brannon Braga, que pela primeira vez está tendo a chance de criar uma série para o franchise?

Piller - Esse não é um conselho para o Brannon, é um conselho a todo mundo que está criando uma série de televisão, que é o de dar ouvidos à sua própria consciência. Eu acredito que a obrigação do roteirista é ir de encontro à audiência, iluminar e explorar do mesmo jeito que a tripulação na ponte de uma nave estelar faz. Há muitas outras pessoas que estarão interessadas no lado negócio de Jornada, incluindo números de audiência, demografia e oportunidades subordinadas. Eu respeito essas pessoas e trabalharei com elas o melhor que puder, mas um roteirista nunca deve cruzar a linha e se tornar uma das pessoas de negócios. Se fizermos, perdemos tudo que somos. É sempre preciso uma sutil, mas definitiva, tensão entre os que estão atrás de excelência criativa e os que estão atrás de audiência. Isso sempre levará ao melhor tipo de série, não importando se é Jornada ou qualquer outra coisa. Então, seja fiel a seus próprios instintos criativos e não se venda. Esse é o meu conselho.


TB - Deep Space Nine é considerada por muitos como uma visão mais dark de Jornada. Há até aqueles que dizem que a série desistiu do futuro imaginado por Gene Roddenberry. O que você acha que Gene pensaria de Deep Space Nine?

Piller - Rick e eu conversamos com Gene sobre nossos planos para Deep Space Nine e ele deu seu total endosso. Nossa meta não era mudar o universo de Jornada, mas explorar um canto dele que nunca havia sido visto antes, enquanto sendo fiel a todos os princípios de Roddenberry. Nós confrontamos os valores humanistas de Roddenberry com valores espirituais e metafísicos alienígenas, que deram uma oportunidade de explorar novas idéias sem mudar as idéias de Gene sobre a humanidade no século 24.


TB - Você acredita que Deep Space Nine e Voyager foram trabalhadas adequadamente nos últimos anos?

Piller - Sim. Eu apenas não concordei quando eles se afastaram de histórias que eram sobre os personagens e temas de relevância contemporânea. 


TB - Como consultor de Voyager, você recebe regularmente notas sobre os roteiros e decisões de produção para a série. Quais as questões básicas você acha que os episódios finais de Voyager deveriam lidar?

Piller - Eu gostaria de ter visto a Voyager voltar para o universo de Jornada pela metade da última temporada e então ter descoberto que as circunstâncias para onde eles voltaram são mais complexas e não tão acolhedoras quanto eles esperavam. Eu gostaria de ter visto uma ameaça aos membros Maquis da tripulação que haviam sido terroristas. Eu adoraria ter visto Janeway forçada em um conflito entre os membros de sua tripulação que a serviram lealmente pelos últimos sete anos e um interrogatório oficial da Frota Estelar. Como você pode dizer, eu amo dilemas éticos e morais. Não tenho idéia do que eles estão planejando, entretanto.


TB - Você vê um futuro para Voyager na TV ou no cinema?

Piller - Improvável, embora eu não ficasse surpreso em ver os personagens de Voyager aparecendo em outro material de Jornada no futuro.


TB - Quais foram as principais diferenças entre o primeiro roteiro que você fez para o filme "Insurrection" e a versão concluída?

Piller - Houve enormes diferenças entre a primeira versão que eu escrevi para o filme e a versão concluída, porque o primeiro roteiro, para ser franco, era um desastre absoluto. O que ele era eram dois filmes em vez de um e tínhamos histórias suficientes para preencher uma minissérie.

Rick e eu discutimos sobre perder o arco inteiro do Data. Falamos sobre perder o arco inteiro sobre a fonte da juventude. Sabíamos que Patrick havia amado a fonte da juventude e não gostaria de perdê-la, mas ainda achávamos que a parte do Data no filme estava funcionando melhor que a outra metade. Na verdade, no primeiro roteiro a fonte da juventude não era mais que um tópico de comédia -- comédia ruim, diga-se de passagem. Eu sabia que para o filme ter um impacto emocional a fonte da juventude precisava significar alguma coisa, particularmente para Picard.

No desenrolar, optamos por usar o comportamento de Data como um gancho para a história e então enfatizar a defesa heróica de Picard do planeta.


TB - É verdade que há um documentário ou livro sobre esse filme que foi proibido pela Paramount ou coisa do tipo?

Piller - Eu escrevi um livro durante a roteirização de "Jornada nas Estrelas - Insurrection" -- com aprovação adiantada da Viacom Consumer Licensing e da Pocket Books -- que pretendia ser um livro de referência para escritores de filmes. Minha sugestão para a editora era a de levar o leitor pelo processo inteiro de desenvolvimento de um filme, começando com a idéia e mostrando como mudanças, problemas, opiniões, exigências do estúdio e considerações financeiras afetariam o produto final. E, em essência, para ver se o leitor tomaria as mesmas decisões que Rick e eu tomamos conforme o roteiro foi evoluindo. O livro de nenhum jeito criticava algum dos envolvidos, nem fazia qualquer escândalo; apenas dava um insight em Jornada que nunca havia sido dado antes. Por razões que não descreverei aqui, a Pocket Books optou por não publicar o livro, o que foi um grande desapontamento. Deve ser esclarecido que ele não depreciava o filme, que, eu continuo a acreditar, se sustenta sozinho entre os outros filmes de Jornada.


TB - Como são suas atuais relações com a Paramount? Você se vê trabalhando para eles novamente? E em Jornada nas Estrelas?

Piller - Estou trabalhando com a Paramount e a Lion's Gate Television em um piloto para uma série baseada em "The Dead Zone", de Stephen King. Eu certamente não posso prever o futuro, por isso é difícil dizer que nunca mais trabalharei em Jornada. Eu sou muito amigo de todo mundo que está lá e Rick e eu nos encontramos frequentemente para almoçar e em ocasiões sociais, mas após dez anos é difícil você não se tornar repetitivo. Eu acho que é um cenário improvável.


TB - Em que seu trabalho em Jornada ajudou sua carreira? 

Piller - Para todos os efeitos e propósitos, Jornada nas Estrelas FOI minha carreira. Não é o único crédito no meu currículo -- que inclui roteiros para três anos de "Simon & Simon", uma breve estadia em "Miami Vice" e um par de outras séries que não duraram muito --, mas todo escritor sonha com uma oportunidade de escrever algo que em última análise se torna uma marca pessoal. E certamente a evolução de A Nova Geração e a criação de Deep Space Nine e Voyager foram um feito muito significativo na comunidade criativa e sou extraordinariamente grato por isso.


TB - Você agora criou sua própria produtora. Você poderia contar mais sobre ela? Onde fica? O que você pretende produzir? Quais são seus projetos mais recentes?

Piller - Meu filho, Shawn, e eu criamos a Piller2 (pronuncia-se "Piller Squared"). Tivemos vários projetos de desenvolvimento com a rede de televisão WB e no ano passado produzimos um piloto chamado "Day One", baseado na minissérie britânica "The Last Train". Chegou tão perto de ir ao ar que não posso nem começar a te contar. E foi realmente um grande desapontamento quando não aconteceu, porque eu realmente achei que poderia ser como Jornada nas Estrelas na Terra. Como eu mencionei, estamos fazendo uma adaptação de Stephen King este ano e acabamos de fechar um acordo com Anthony Michael Hall para estrelar (eu acho que ele é brilhante). Estamos também gastando um bom pedaço de tempo ajudando jovens escritores a desenvolver suas habilidades, do mesmo modo que fizemos em Jornada com gente como Ron Moore (cujo próprio piloto já foi aprovado pela WB nesta temporada), Brannon Braga, Ken Biller e Rene Echevarria (que está agora conduzindo "Dark Angel" para a Fox). Desenvolvemos um roteiro de comédia este ano com um jovem escritor de Nova York chamado David Graziano, em quem vejo um futuro promissor. Estamos sempre procurando vozes singulares, combinadas à nossa experiência, para introduzi-las na comunidade criativa.


TB - O que você acha que é mais fácil de vender em termos de conceito, um piloto para uma série de ficção científica ou um que não seja sci-fi?

Piller - Isso realmente depende do cliente. O Showtime está procurando sci-fi, então será mais fácil vender um sci-fi para o Showtime. Há certos lugares onde já tem sci-fi suficiente e eles não têm espaço para mais um. Este ano essa era a situação na Fox, então não levamos nenhum sci-fi para a Fox. Algumas redes simplesmente gravitam mais em torno de franchises tradicionais do que outras. Realmente depende do ano, do humor da comunidade e das pessoas no comando das redes.


TB - Além de Eric Stillwell, que trabalha com você, com quem mais dos tempos de Jornada você mantém contato regularmente?

Piller - Praticamente todo mundo, porque eu vou a todas as festas que eles têm e continuo a distribuir notas para os escritores. Por isso estou no alcance da mão, embora isso possa mudar um pouco assim que Voyager terminar. Eu certamente permanecerei próximo a Rick pelo resto da minha vida e em contato com todos os escritores que trabalharam para mim naquela época. Eu me sinto particularmente próximo a Ira Behr (que está escrevendo o novo piloto de comédia de Jason Alexander para a ABC).


TB - Você acredita que sua experiência anterior com jornalismo o ajudou a desenvolver habilidades de escritor?

Piller - Eu acho que teve um impacto extraordinariamente valioso. Como um jornalista, eu pendia para o entretenimento das notícias televisivas -- encontrando o material fora do comum interessante que eu pudesse trabalhar de forma singular. Mas quando passei ao mundo do entretenimento, acho que meu material era mais sério e ambicioso do que o das pessoas que estavam simplesmente interessadas em entreter. Eu fui um peixe fora d'água nos dois lugares e isso me serviu bem nas duas vezes.


TB - É conhecida sua admiração por David E. Kelly. Quais as características de Kelly que você admira mais? Ele seria um bom roteirista de Jornada?

Piller - Eu acho que seu background como advogado organiza sua mente de um jeito não dessemelhante ao da organização da minha mente como jornalista. Certamente a incrível produção de material dele, que é consistentemente divertida e intrigante, faz cada temporada de televisão um prazer para o telespectador.


TB - Quais você acha que são as melhores séries de TV nos EUA e quais os maiores nomes de sua profissão atualmente?

Piller - Minhas séries favoritas no ar atualmente são: "The West Wing", então acho que Aaron Sorkin precisa estar na minha lista; "The Practice", então acho que David Kelly precisa estar na minha lista; e então tem um sorteio entre "Ally McBeal", que melhorou muito neste ano, "Boston Public", que está ficando melhor a cada semana, "Lei & Ordem", que eu acho que não é tão sólida quanto costumava ser, mas é consistentemente sólida (mas em perigo de ser sobrepujada pelo monstro do spin-off). Levando tudo em conta, não estamos em uma má temporada de televisão afinal. Eu sinto falta de Larry Sanders e Seinfeld. Eu ainda acho que "Frasier" é consistentemente divertido, mas é a única meia-hora que assisto. Estou ansioso para a nova temporada de "The Sopranos", mas eu achei a segunda temporada decepcionante. A primeira temporada foi o melhor que a televisão consegue chegar. Minha série favorita que vi este ano foi uma minissérie de 1983, "Reilly: The Ace of Spies", que eu comprei e assisti e simplesmente amei. É roteiro e televisão do tipo que mantém todos nós seguindo em frente.


TB - Considerando toda a saga de Jornada, qual episódio é o melhor, em sua opinião?

Piller - É muito difícil para mim escolher um episódio. Certamente "The Measure of a Man" é um que fica comigo. Eu acho que "The Inner Light" é um de que particularmente tenho orgulho. Eu não escrevi nenhum dos dois, mas eu acho que foram episódios televisivos memoráveis.


TB - Qual o toca mais?

Piller - Eu provavelmente escolheria "The Offspring".


TB - Qual é o seu favorito?

Piller - Sempre tive um ponto fraco no meu coração por "The Perfect Mate". Não me pergunte por quê. Eu não chamaria de meu favorito, mas é um que eu me lembro com grande apreciação quando penso em toda a minha experiência. Também tem "Whispers", de Deep Space Nine, em que O'Brien pensa que todo mundo está conspirando contra ele e no final ele não é O'Brien, mas um clone, e o O'Brien real estava capturado. Eu achei que aquele foi um episódio de Deep Space Nine muito bom. E eu não posso deixar de fora "Duet", em que Kira interroga um criminoso de guerra Cardassiano.


TB - Em sua opinião, qual é o caminho que Jornada deveria tomar nos próximos anos?

Piller - Na minha opinião, eu acredito que deveriam permitir a Jornada que tomasse fôlego e ficasse alguns anos parada antes de iniciar uma nova série.


TB - Você conhece o Brasil?

Piller - A primeira babá da minha filha era do Brasil e ela uma vez fez um pequeno papel em Deep Space Nine e aparentemente retornou para uma grande celebração de sua aparição no Brasil. A Playboy brasileira ofereceu a ela um monte de dinheiro para que ela posasse nua (ela recusou). Então conheço muito o Brasil pelo que ela me conta. É certamente um país que eu gostaria muito de visitar um dia.


TB - Você gostaria de dizer algo aos fãs brasileiros?

Piller - Apenas que aprecio a atenção que todos vocês prestam à qualidade do material que tentamos fazer aqui e espero que você continuem a assistir qualquer das futuras séries que saiam da Piller2.


Michael Piller posa para foto nos sets de filmagem de "Insurrection"



Entrevista realizada em março de 2001.