Publicado originalmente
em 6 de maio de 2002


Criando a 5ª letra do alfabeto
Conheça a gênese da última Enterprise da tela do cinema


 









 

USS Enterprise
NCC 1701-E
Especificações Técnicas

Dimensões
Comprimento: 685,3 metros Envergadura: 250,6 metros Altura: 88,2 metros
Peso
3.205.000 toneladas métricas
Tripulação
855 pessoas
Velocidade
Cruzeiro: Warp 6
Máximo: Warp 9.7
Aceleração
Descanso-Partida em momento crítico: 6,62 segundos
Parada-Warp 1: 0,72 segundos
Warp 1-Warp 4: 0,62 segundos
Warp 4-Warp 6: 0,54 segundos
Warp 6-Warp 9,7: 3,96 segundos
Autonomia
Missão padrão: 7 anos Recomendação de revisão em doca: a cada 18 anos
Sistemas de Propulsão
Warp: [2] LF-44 Unidades Avançadas de Warp Drive Linear
Impulso: [2] FOG-5 Unidades de Impulso Subatômicas Unificadas
Armamento
12 Trilhos de Phaser Tipo XII
03 Lançadores de Torpedos Quantum/Photon modelo MK 95
Sistemas
Computador Principal: M-16 Processador Bio-Neural Gelpack Isolinear III
Navegação: RAV/ISHAK Modelo 3 Guia de Warp Celestial
Defletores: FSS-3 Campo de Força Primário e Sistema de Controle de Defletor
Naves Auxiliares
8 Work Bee (pequena nave de manutenção geral)
4 Shuttlecrafts de várias classes
8 Shuttlepods de várias classes
1 Iate do Capitão (Mark 2)
Fonte: "Starship Spotter" - Pocket Books (2001)

 

No século 24...
O trabalho no protótipo da USS Sovereign ("Soberana", em português) começou em 2365. Com o primeiro encontro da Federação com os Borgs, ocorrido ao final daquele ano ("Q Who?"), a Frota Estelar resolveu modificar os planos e criar a classe Sovereign como uma grande nave de batalha que pudesse confrontar inimigos como os Borgs.

Após a batalha de Wolf 359 ("The Best of Both Worlds, Part II"), a Federação redirecionou seu foco para a construção de naves de guerra, entre elas as do projeto Defiant. O Bureau para o Desenvolvimento de Naves fez um grande número de recomendações para atualização da capacidade estratégica e tática da Frota Estelar, sendo que muitos desses novos conceitos foram utilizados na nova classe Sovereign. A USS Sovereign NCC 75000 foi comissionada em 2369, e a USS Enterprise NCC 1701-E foi lançada dois anos depois, em 2371, com o capitão Jean-Luc Picard no comando.

Em 2368 a Frota Estelar descobriu que o sistema de dobra danificava certas áreas do espaço. Uma solução na época foi limitar a velocidade das naves para dobra 5. Apenas em situações emergenciais uma velocidade mais alta seria permitida. Na classe Sovereign o sistema de dobra foi modificado para não mais danificar o espaço, e esse padrão é o atual entre as naves da Frota Estelar.

Com uma perfeita harmonia entre exploração, combate e missões de suporte, a classe Sovereign deverá ser o principal instrumento da Federação e da Frota Estelar para o início do século 25.

 


Por Fernando Penteriche

Planejada originalmente para ser a última cena do último episódio da sexta temporada de A Nova Geração, a destruição da USS Enterprise-D teve de esperar até que a série saltasse da tela da TV para o cinema. A explicação? Falta de recursos para fazê-la convincente aos olhos do público, já que o orçamento do episódio final da temporada (que não seria "Descent", nesse caso) não permitiria a Ron Moore, Brannon Braga e Jeri Taylor destruir a nave capitânea da Frota de maneira adequada.

Em "Jornada nas Estrelas: Generations", com a ajuda de uma ave-de-rapina Klingon com mais de 30 anos, a principal nave do universo moderno de Jornada finalmente foi abatida, abrindo caminho para que, no próximo longa-metragem, Picard e cia. ganhassem uma novinha em folha. A desculpa dos produtores foi simples. "O design da Enterprise-D não combina com o formato de tela do cinema", diziam. Mas todos sabiam que isso chamaria o público para os dois filmes. Em "Generations", para ver a destruição da Enterprise-D, e no próximo filme, para conhecer a nova nave da Nova Geração.


O contratado para criar uma nova Enterprise para "Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato" foi John Eaves, o mesmo artista que, anos depois, criaria a Enterprise NX-01 de Archer. "Em setembro de 1995, quando eu estava no departamento de arte de DS9, o designer da produção Herman Zimmerman chegou em minha mesa e disse que em janeiro começaria a produção do novo filme da Nova Geração, 'Jornada nas Estrelas: Ressureição' [posteriormente modificado para 'Primeiro Contato']", diz John Eaves. "Herman disse que, claro, haveria uma nova Enterprise e que se eu tivesse alguma idéia em mente e quisesse apresentá-la, que começasse a fazer alguns rascunhos. Puxa, a Enterprise sempre foi minha nave favorita de todos os filmes e séries de ficção científica! Desde que eu me lembro, sempre tive modelos das naves de Jornada perduradas em minha sala. Quando criança, eu desenhava a Enterprise em minhas batalhas pessoais e em descobrimento de novos mundos", continua. "Minha infância inteira girava em torno dessa nave e agora, muitos anos depois, eu tinha a oportunidade de criar a Enterprise-E. Fiquei maravilhado com a oportunidade."

No começo, Eaves desenhou mais de cem rascunhos da nave. Porém a utilização da Enterprise-D como ponto de partida trouxe algumas complicações, pois o modelo da nave usada na série era de fato muito difícil para fotografar, logo, não serviria para o cinema. Os produtores estavam certos. John desenhou então uma Enterprise mais estreita, porém com naceles curtas, como as da Enterprise-D. Michael Okuda e Herman Zimmerman gostaram da idéia, mas pediram que ele trabalhasse com naceles mais compridas.

Lembrando que em "Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan", na batalha com a USS Reliant, o pescoço da Enterprise clássica, que liga o disco ao casco secundário, foi atingido e que aquele era sem dúvida um alvo em potencial, Eaves retirou o pescoço e ligou as duas seções da nave de modo com que um ataque inimigo não pudesse separar o disco do casco secundário. "Meus desenhos refletem o que tínhamos em mente para a nova Enterprise", diz John. "Ela não seria classificada como uma nave que transporta famílias, e sim como uma nave de batalha, pronta para combater os Borgs", completa o designer.

Ao mostrar para um amigo como estava ficando a nave, Eaves recebeu um comentário inesperado. "Está parecido com um peru de Dia de Ação de Graças", teria dito ele. De fato, a forma com que Eaves colocou as naceles lembravam as asas de um peru. Após efetuar a mudança das naceles, Eaves acreditou que havia conseguido harmonia entre os elementos da nave e mostrou para Rick Berman, que aprovou o design. O próximo passo era definir a textura externa e fazer as plantas para construção do modelo, algo que ficou a cargo do veterano designer de Jornada, Rick Sternbach.

Em janeiro de 1996 o modelo começou a ser construído, e alguns pequenos detalhes do desenho final de John Eaves tiveram de ser adaptados. Sternbach deixou a nave com 24 decks, sendo a engenharia principal nos decks 15 e 16. Eaves conta que colocou detalhes pessoais na nave. "A Enterprise-E está coberta de pequenos elementos que refletem pessoas que conheço. Por exemplo, as duas naceles idênticas representam minhas duas filhas gêmeas, Olivia e Alicia. Mike e Denise Okuda estão representados pela forma de ponta de flecha na parte de cima e de baixo do disco. Os dois desenhos triangulares abaixo do disco são em homenagem a Matt Jefferies, o criador da Enterprise original, e por aí vai...", conta o designer.

Quanto estreou em "Primeiro Contato", a USS Enterprise-E foi muito bem recebida pelo público e principalmente pelos fãs. E desde o famoso passeio na doca espacial que Scotty proporcionou ao almirante Kirk em "Jornada nas Estrelas: O Filme", não tínhamos a possibilidade de ver os detalhes externos de uma nave de Jornada com tanta clareza. Em "Primeiro Contato", com a "excursão" que Picard, Worf e Hawk fazem, andando pelo casco da nave para deter os Borgs que encontravam-se no escudo defletor, a chance de conhecer detalhes da nova Enterprise foi dada ao público.

Em "Insurreição", o penúltimo filme da série para o cinema, conhecemos mais detalhes da nave, como a possibilidade de as naceles acumularem gases para algum fim. O iate do capitão foi finalmente mostrado e até um infame joystick na ponte foi utilizado por Riker.

A ponte chegou a ter um detalhe significativo alterado de "Primeiro Contato" para "Insurreição". Enquanto no primeiro filme a tela principal tinha um novo conceito --era virtual, só aparecendo quando requisitada--, no segundo filme voltou-se ao conceito tradicional, com uma tela física, que está lá o tempo todo mostrando alguma coisa.

Todo fã de Jornada que se preza adora as informações históricas das naves e dos personagens das séries. Muitas vezes eles não são ditos ou mostrados em episódios ou filmes, mas os manuais técnicos lançados pela editora Pocket Books fazem essa parte. A Pocket é uma empresa ligada à Paramount. Logo, as informações extraídas de seus livros técnicos são consideradas praticamente canônicas, ou seja, têm seu valor reconhecido como verdadeiro no universo "oficial" da série. Confira a tabela ao lado!

Fernando Penteriche é editor do Trek Brasilis.