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               MANCHETE
              DO EPISÓDIO 
              Worf tem
              45 minutos só para ele, mas 
              não consegue aproveitar a oportunidade 
               Episódio
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              episódio 
            
            Sinopse: 
            
            Data Estelar: 46579.2. 
             
             Ainda
            preso no campo de concentração Romulano habitado por Klingons e
            tendo descoberto que seu pai está realmente morto, Worf pergunta a
            L'Kor e Gi'ral, os Klingons que lideram o grupo, como eles conseguem
            viver pacificamente como prisioneiros --a maior desgraça que pode
            acontecer a um guerreiro é ser capturado por seu inimigo. 
             
            Eles explicam que, depois que foram capturados, durante o massacre
            de Khitomer, os Romulanos os impediram de cometer suicídio. Algum
            tempo depois, os captores viram que seus prisioneiros de nada valiam
            e decidiram libertá-los. Entretanto, para não desonrar suas famílias,
            os Klingons optaram por permanecer isolados, alimentando em seus
            entes queridos a idéia de que eles haviam morrido heroicamente em
            batalha. 
             
            Mais tarde, Worf encontra Tokath, o líder Romulano, e é incapaz de
            entender por que ele forneceu esse lar pacífico para seus inimigos
            jurados, os Klingons. Worf descobre que não apenas os Romulanos
            vivem com os Klingon em harmonia ali, mas que Tokath chegou a se
            casar com uma mulher Klingon. O Romulano não está disposto a
            permitir que as idéias de Worf estraguem o ambiente pacífico que
            eles construíram ali e pede que o Klingon não teste sua tolerância. 
             
             Recusando-se
            a aceitar o modo de vida daquelas pessoas, Worf tenta fugir do
            complexo, mas é impedido. Ele fica mais surpreso ainda ao descobrir
            que quem o impediu de fugir foi Toq --um Klingon! Tokath decide então
            injetar em Worf um transponder que permita que eles monitorem sua
            posição o tempo todo e designa Toq para vigiá-lo. 
             
            Frustrado, Worf controla sua tensão ao executar um exercício
            antigo de arte marcial Klingon, atraindo a atenção de Toq, Ba'el e
            dos demais representantes da geração mais nova de Klingons daquele
            pequeno povoado.  
             
            Worf vê a oportunidade de despertar nos Klingons um interesse por
            sua herança e cultura, algo que seus pais lhes haviam negado. Ele
            assume o papel de professor, contando as lendas e costumes com os
            quais cresceu. COnforme ele o faz, a atração física para com Ba'el
            fica mais forte. A mãe dela, Gi'ral, logo percebe e tenta
            desencorajar o relacionamento. Entretanto, justo quando ambos estão
            se entregando ao que sentiam, Worf vê que ela tem orelhas pontudas
            --ela é meio-Romulana. Isso faz com que Worf a rejeite, causando
            mal-estar entre os dois. 
             
            Enquanto isso, ele segue ensinando as tradições Klingons. Ele
            convida Toq para uma caçada. Após alguma argumentação, ele
            convence as autoridades a permitir que os dois saiam brevemente do
            complexo. Durante o jantar, Ba'el também ecoa os efeitos das idéias
            de Worf, ao perguntar a Tokath se ele autorizaria que ela deixasse o
            planeta, caso desejasse. 
             
            A tensão está no auge quando Toq entra na sala, carregando em
            triunfo um animal que ele matou durante a caçada. Ele agora parece
            um legítimo guerreiro Klingon e evoca todos a cantarem com ele uma
            velha canção de batalha. Enquanto todos os Klingons cantam, Tokath
            é puro descontentamento. Ao que parece, Worf já
            "contaminou" os Klingons do complexo.  
             
             Tokath
            volta a confrontar Worf, argumentando que a perda das raízes é um
            preço pequeno a se pagar pela paz. Mas Worf discorda, e o Romulano
            dá a ele um ultimato. Ou ele aceita a vida naquela sociedade pacífica,
            ou será condenado à morte. Obviamente, Worf escolhe a segunda opção.
            Ba'el oferece a ele ajuda para fugir, mas Worf se recusa,
            determinado a enfrentar seu destino com honra. 
             
            Quando a execução está para acontecer, Toq se posta entre Worf e
            os executores Romulanos. Ele diz que se Worf vai morrer, ele também
            o fará. Um por um, os demais Klingons tomam seu lugar à frente de
            Worf e Toq. Quando a própria filha de Tokath, Ba'el, se junta ao
            grupo, Gi'ral convence o Romulano a desistir da execução. 
             
            Worf promete nunca revelar a localização daquele complexo e levar
            com ele de volta à Enterprise todos os Klingons que queiram deixar
            aquele lugar. Ba'el, sabendo que não seria aceita entre os Klingons
            por seu sangue Romulano, permanece no planeta com seus pais. 
             
            Ao voltar à Enterprise, Worf não revela a Picard a existência do
            campo, mas diz que os Klingons foram resgatados após um acidente
            com uma nave. O capitão entende que não é verdade, mas aceita
            manter o segredo de Worf. 
              
            Comentários: 
             
            Se a primeira
            parte de "Birthright" só era especial em razão da
            subtrama envolvendo Data e sua nova capacidade de sonhar, na restou
            para alimentar a conclusão do episódio duplo. Não há qualquer
            menção aos eventos relacionados ao andróide, nos deixando com a
            estranha sensação de que aquela história não tinha nada que
            estar alinhada com a trama de Worf no acampamento Klingon/Romulano. 
             
            O ponto fraco do episódio de abertura era justamente a trama de
            Worf. Ela perde totalmente o sentido a partir do momento em que o
            Klingon descobre que seu pai está mesmo morto, iniciando uma nova
            história para a segunda parte. Essa descontinuidade entre as duas
            partes nem é surpreendente, levando em conta que dois escritores
            diferentes engendraram cada um dos episódios (Brannon Braga cuidou
            da primeira parte, e René Echevarria da segunda). Mas é
            extremamente negativa. 
             
             Ademais,
            a própria narrativa envolvendo Worf e seus colegas Klingons é bem
            sonolenta. A discussão de princípios que envolve o episódio é até
            interessante, mas fica ofuscada pelo fato de que o Klingon não
            teria outra opção: independentemente do que ele pensava a respeito
            da "solução" de Tokath para estabelecer a convivência
            pacífica entre Klingons e Romulanos, ele precisaria provocar os
            Klingons para que eles procurassem suas raízes, para que ele mesmo
            pudesse escapar dali. 
             
            A contraposição de origens e sua perda em nome da paz poderia
            alimentar um debate interessante, mas acaba perdida na visão imutável
            de Worf. O Klingon em nenhum momento pára e pensa sobre o que
            Tokath conseguiu promover e sobre a possibilidade de isso ser de
            fato positivo. Perde-se uma chance de desenvolver um pouco mais o
            personagem, fazendo-o reagir sensivelmente àquela situação. 
             
            O mais perto que chegamos disso é quando Worf leva um tapa na cara
            de seu próprio preconceito, ao descobrir que Ba'el é
            meio-Romulana. Mas até isso acaba perdido em um roteiro que aposta
            totalmente na inflexibilidade e teimosia do Klingon da Enterprise.
            Em outros segmentos, como em "The Enemy", esse
            valor moral diferenciado de Worf jogou tremendamente a favor de seu
            personagem. Mas aqui, dado que estávamos falando só de Klingons,
            faltou um pouco de trabalho. 
             
            Não que Worf devesse realmente mudar de opinião e apoiar a
            iniciativa de Tokath. Mas ele deveria ao menos mostrar alguma hesitação,
            alguma dúvida sobre se ele estava fazendo o certo ou o errado. Com
            a ausência de dilema moral na cabeça de Worf, vão-se todas as
            chances de estabelecer um bom drama para a história. 
             
            Para completar a desgraça, o enredo é por demais vagaroso, e
            depende muito do próprio Worf para sobreviver. Deve ter sido a glória
            (e ao mesmo tempo o esgotamento) para Michael Dorn --ele aparece em
            pelo menos 90% das cenas do episódio. Sem dúvida, um tour de
            force. Mas infelizmente o roteiro não conseguiu traduzir em evolução
            para o personagem todo o tempo de tela que foi dado a ele. 
             
            Estando o problema na concepção original da história e em seu
            roteiro, não havia nada que os atores convidados pudessem fazer
            para ajudar, embora todos eles tenham feito um bom trabalho em seus
            respectivos papéis. No fundo, o episódio todo é um enorme
            marasmo. Não há muitas cenas ou momentos memoráveis para os
            personagens (ou para a audiência). Talvez a melhor cena seja a dos
            Klingons cantando, após Toq voltar da caçada. 
             
             Tecnicamente,
            o episódio até é bom, com o trabalho de cenografia qualificado
            para o complexo Romulano/Klingon (embora aparentando ser pequeno
            demais para abrigar todos os seus moradores), os belos aparatos
            Klingons enferrujados e o trabalho discreto e competente do diretor
            Dan Curry. 
             
            Aliás, discrição seria um bom modo de definir "Birthright"
            --um segmento totalmente esquecível, com sérios problemas de
            estruturação narrativa e uma grande oportunidade perdida de dar
            mais substância ao personagem de Worf, tão maltratado nas
            primeiras temporadas da série. 
              
            Citações: 
            Worf - "A place can be safe
            and still be a prison."  
            ("Um lugar pode ser seguro e ainda ser uma prisão.") 
             
            Worf - "A Klingon does not run away from his battles." 
            ("Um Klingon não foge de suas batalhas.") 
            
            Trivia: 
             
            Este episódio foi o primeiro e único da série dirigido por Dan
            Curry, o supervisor de efeitos especiais da Nova Geração.
            "Fiquei muito feliz pela escolha de Dan, pois sempre gostei
            muito dele", diz Michael Dorn, o Worf. "É uma pessoa
            muito interessante e paciente", completa. 
              No
            áudio original, em inglês, é possível ouvir um erro de Patrick
            Stewart ao gravar o diário do capitão. Ele diz que a data estelar
            é 46759.2 ao invés da correta, 46579.2. A data estelar 46759.2
            estaria entre os episódios 146 e 147. "Birthright, Part
            II" é o episódio 143.
            
   Um
            mapa estelar que aparece durante o episódio mostra que uma das
            estrelas do setor em que está a Enterprise tem o nome de
            "Echevarria", que é o sobrenome do autor do episódio,
            René Echevarria. 
             
            Ficha
            técnica: 
            Escrito por René Echevarria 
            Direção de Dan Curry 
            Exibido em 01/03/1993 
            Produção: 143 
            Elenco: 
            Patrick Stewart como
            Jean-Luc Picard 
            Jonathan Frakes como William Thomas Riker 
            Brent Spiner como Data 
            LeVar Burton como Geordi La Forge 
            Michael Dorn como Worf 
            Gates McFadden como Beverly Crusher 
            Marina Sirtis como Deanna Troi 
             
            Elenco convidado: 
             
            Sterling Macer, Jr.
            como Toq 
            James Cromwell como Jaglom Shrek 
            Jennifer Gatti como Ba'el 
            Cristine Rose como Gi'ral 
            Alan Scarfe como Tokath 
            Richard Herd como L'kor 
             
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