Tudo sobre a nave estelar Enterprise (NCC-1701-D) e toda a
    tecnologia que permeia o século 24 você aprende por aqui.

 









 

 

Sistemas de transporte

por Tiago Duarte

Nota do tradutor, por Tiago Duarte

Este novo tópico na enciclopédia do Trek Brasilis nos traz uma das tecnologias mais complexas a bordo da Enterprise, provavelmente ultrapassada somente pelo próprio motor de dobra. Todo o texto foi extraído do livro Star Trek: The Next Generation Technical Manual, escrito pelos criadores de quase toda a tecnologia do século 24: Michael Okuda (de onde deriva o termo Okudagram, também conhecido como LCARS, que é o “sistema operacional” dos computadores da nave) e Rick Sternbach. Michael foi o supervisor de artes cênicas durante toda A Nova Geração e responsável por criar todos os painéis, avisos, adesivos, escritas alienígenas e desenhos mostrados na série. Rick também foi parte da equipe durante toda a duração do seriado, como ilustrador sênior, e sua responsabilidade era desenhar todas as naves, props (desde canecas de café até dispositivos médicos) e qualquer objeto que um tripulante pudesse usar em cena.

Alguns termos neste texto são extremamente técnicos e por isso a tradução tornou-se um pouco complicada. Preferi deixar poucos itens sem tradução, apenas por não conseguir encontrar um termo adequado (“buffer” e “scanner” são dois exemplos). Sugiro (seguindo a recomendação dos próprios autores) que ao ler este artigo, mantenham suas mentes abertas ao se deparar com as impossibilidades cientificas que aparecem de vez em quando. Usando uma frase já muito batida, mas nem por isso menos válida: “a ficção científica de hoje é o fato científico de amanhã”. Com isso em mente, aprenda agora tudo sobre o transporte, sem ter que ser desmaterializado e convertido em energia no processo.

 

Notas da produção, por Rick Sternbach

O transporte é um dos conceitos mais brilhantes de Jornada nas Estrelas. Ele permite aos personagens ir de um lugar ao outro de maneira rápida e eficaz durante a história. Em Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, foi sugerido que a tecnologia de transporte avançou até o ponto em que é capaz de sintetizar objetos. Esta é uma idéia interessante, mas deve haver algumas restrições, senão seria possível reproduzir um objeto raro ou valioso, ou até mesmo trazer pessoas de volta à vida. Tais habilidades seriam danosas ao processo de desenvolvimento de uma história. A idéia de manter os objetos sintetizados, armazenados numa “resolução molecular”, em vez de uma “resolução quântica”, foi sugerida como uma resposta a este problema. Na verdade, houve algumas ocasiões nas quais o transporte foi usado para “salvar o dia” no final do episódio, mas os escritores sempre tentam evitar tais usos para a tecnologia em questão.

A idéia de que transportadores seriam incapazes de funcionar em dobra foi sugerida no episodio “The Schizoid Man” da segunda temporada. No entanto, nós percebemos que impor esta regra iria trazer problemas para alguns escritores, então tomamos o cuidado de sugerir um “atalho”: o de que você poderia de fato se transportar em dobra, desde que ambos os pontos de destino e origem estejam no mesmo fator de dobra. Como esperado, tal situação realmente aconteceu em “Best of Both Worlds” e o chefe de transporte O’Brien a confirma na fala em que diz que “as velocidades de dobra são compatíveis para o transporte”. Um último detalhe: o console do operador de transporte tem três barras luminosas sensíveis ao toque, que controlam o processo de transporte. Isto foi planejado como uma homenagem à Serie Clássica, na qual Scotty operava três botões que deslizavam de baixo para cima para acionar o transporte.

 

Introdução

O transporte extra-veicular de e para a Enterprise é realizado pelos sistemas de transporte, que permite que pessoal e equipamentos sejam transportados para distâncias de até 40.000 quilômetros.

O transporte para a tripulação e convidados é fornecido por quatro transportadores pessoais localizados no deck 6 da seção disco. Dois transportadores pessoais adicionais estão localizados no deck 14 na seção de engenharia.

O transporte de carga é fornecido por quatro transportadores de baixa resolução localizados no deck 4, na área de carga, e outros quatro localizados nos decks 38 e 39, também na área de carga. Estas unidades são projetadas primariamente para trabalhar com resolução molecular (não apropriada para formas de vida) para o transporte de carga, mas podem ser configuradas para uma resolução quântica (apropriada para formas de vida) se for necessário, embora tal alteração incorra em uma redução drástica na capacidade de massa transportável.

A evacuação de emergência da nave é feita por seis transportadores de emergência, quatro destes localizados na seção disco, e outros dois na seção de engenharia. Estes transportadores são equipados com bobinas de transição de fase de grande volume que operam em modo “somente leitura” e são capazes apenas de efetuar transportes (não podendo receber matéria). Estes transportadores de emergência são preparados para operar com um gasto mínimo de energia, se comparados às unidades padrão, mas têm, em contrapartida, um alcance e capacidade de compensação Doppler reduzidas. O alcance típico para estas unidades é de 15.000 quilômetros, dependendo da energia disponível para a operação.

Cada par de transportadores é desenhado para compartilhar um único tanque de buffer de padrão de transporte, normalmente localizado no deck inferior à câmara, diretamente abaixo dela. Os transportadores de emergência são projetados para acessar os buffers de padrão dos transportadores primários, para suplementar seus próprios buffers. Esta duplicação do hardware resulta em uma perda de apenas 31% na capacidade de carga, mas gera quase 50% de aumento na capacidade de trabalho do sistema em situações de emergência.

O casco externo da Enterprise incorpora uma série de dezessete conjuntos emissores de transporte. Nestes emissores estão incorporados scanners moleculares de foco virtual de longo alcance e bobinas de transição de fase. Os emissores estão estrategicamente posicionados para proporcionar uma cobertura de 360 graus, em todos os eixos. Existe ainda uma sobreposição da cobertura dos emissores para fornecer uma operação adequada, mesmo no evento de falha em até 40% dos emissores.

 

Operação dos sistemas de transporte

A operação do transporte pode ser dividida em cinco estágios principais. Por causa da natureza crítica deste sistema, regras de operação normal requerem que um chefe de transporte supervisione e monitore a operação do sistema. (Nota: Esta seção descreve uma seqüência de transporte da câmara para um destino remoto. A seqüência de um local remoto para a câmara de transporte envolve os mesmos elementos do sistema, embora numa ordem e configuração diferentes.)

Varredura do alvo e travamento das coordenadas. Durante esta primeira fase, as coordenadas de destino são programadas no sistema de transporte. Sensores de varredura verificam a distância e movimento relativo, e se as condições ambientais no ponto de destino são satisfatórias para o transporte de pessoal. Também durante esta fase, uma bateria de diagnósticos automatizados garante que o sistema de transporte esteja funcionando dentro dos padrões especificados para o transporte de pessoal.

- Energizar e desmaterializar. O scanner molecular produz em tempo real uma cópia do padrão do tripulante enquanto as bobinas primárias de energização e bobinas de transição de fase convertem o tripulante em um filamento de matéria separada subatomicamente.

- Compensação Doppler do padrão no buffer. O filamento de matéria é mantido no buffer de padrão por um breve período, permitindo ao sistema compensar o efeito Doppler entre a nave e o destino do transporte. O buffer de padrão serve também como um dispositivo de segurança no caso de uma falha no sistema, permitindo que o transporte seja abortado e desviado para outra câmara.

- Transmissão do filamento de matéria. O ponto exato de saída da nave é um dos dezessete conjuntos emissores que transmitem o filamento de matéria dentro de um campo de confinamento anular.

 

Componentes do sistema

Os componentes principais do sistema incluem:

- Câmara de transporte. É a área protegida na qual acontece o ciclo de materialização/desmaterialização. A plataforma da câmara é elevada acima do piso para reduzir a possibilidade de uma descarga estática possivelmente perigosa, que às vezes acontece durante o processo de transporte.

- Console do operador. Esta estação de controle permite ao chefe de transporte monitorar e controlar todas as funções do transportador. Ela também permite o cancelamento de seqüências automáticas e outras funções de controle.

- Controlador de transporte. Este sub-processador do computador está localizado ao lado da própria câmara. Ele gerencia a operação dos sistemas de transporte, incluindo as seqüências automáticas.

- Bobinas energizadoras primárias. Localizadas no topo da câmara de transporte, estas bobinas criam um poderoso Campo de Confinamento Anular (CCA), que cria uma matriz espacial na qual o processo de materialização/desmaterialização acontece. Um campo secundário mantém o tripulante dentro do CCA (este item é uma precaução, visto que a interrupção do CCA durante os estágios iniciais de desmaterialização pode resultar numa descarga intensa de energia).

- Bobinas de transição de fase. Localizadas no piso da câmara de transporte. Estes dispositivos de manipulação de quarks realizam efetivamente o processo de desmaterialização/materialização, removendo a energia de ligação entre as partículas subatômicas. Todos os transportadores de pessoal são desenhados para operar com uma resolução quântica (necessária para o transporte de formas de vida). Transportadores de carga são geralmente otimizados para trabalhar no modo molecular (mais eficientes energeticamente), mas podem também ser configurados para resolução quântica se necessário.

- Scanner de imagem molecular. Cada posição ("pad") na câmara de transporte possui uma parte inferior (onde o tripulante fica) e uma parte superior (localizada logo acima do tripulante). Cada pad superior incorpora quatro conjuntos redundantes de scanners de imagem molecular de 0.0012m em intervalos de 90º em volta do eixo primário do pad. Rotinas de checagem de erros permitem que qualquer um dos scanners seja ignorado se os seus resultados diferirem dos outros três. Uma falha em dois ou mais scanners resulta em uma abortagem automática do processo de transporte. Cada scanner está desalinhado 3.5’ de arco do eixo do CCA, permitindo uma derivação das informações do estado quântico usando uma série de compensadores Heisenberg. Os dados do estado quântico não são usados quando o transportador está em modo de carga (resolução molecular).

- Buffer de padrão. Este dispositivo tokamak supercondutor “atrasa” a transmissão do filamento de matéria até que o compensador Doppler possa compensar o movimento relativo entre os emissores e o destino. Um único buffer de padrão é compartilhado por cada par de câmaras de transporte. Regras de operação exigem que pelo menos mais um buffer esteja livre no sistema, para o caso de um desvio de emergência. Em situações de emergência, o buffer de padrão é capaz de armazenar todo o filamento de matéria em suspensão por períodos de até 420 segundos, antes que a degradação do padrão comece a ocorrer.

- Bio-filtro. Normalmente usado apenas em transportes para a nave (subida), este dispositivo de processamento de padrão faz uma varredura no filamento de matéria que está chegando e procura por padrões que correspondem a formas bacteriológicas e virais conhecidas. No caso da detecção de tais padrões, o biofiltro remove estas partículas do filamento de matéria.

- Conjunto emissor. Montado no exterior da nave, esses conjuntos transmitem o conteúdo do CCA e do filamento de matéria para as (ou das) coordenadas de destino. O conjunto emissor inclui uma matriz de transição de fase e bobina primária de energização. Também incorporadas a estes conjuntos, estão três blocos redundantes de scanners moleculares de foco virtual de longo alcance usados durante o processo de transporte originado em um ponto remoto. Usando técnicas de inversão de fase, estes emissores podem também transportar itens de/para coordenadas dentro do volume habitável da própria nave.

- Scanners de destino. Um grupo de quinze blocos de sensores, parcialmente redundantes localizados nos conjuntos sensores laterais, superiores e inferiores. Estes dispositivos determinam as coordenadas de transporte, incluindo direção, distância, e velocidade relativa do destino do transporte. Os scanners de destino também produzem informações ambientais sobre o local de destino. Coordenadas de transporte também podem ser geradas pelos scanners de navegação, táticos e de comunicação. Para transporte interno ponto-a-ponto, as coordenadas podem ser obtidas dos sensores internos da nave. Tripulantes podem ser localizados para transporte através de seus comunicadores.

 

Operação do transporte – Linha de tempo

O procedimento de transporte necessita que um grande número de operações intrincadas seja executado com intervalos de milisegundos entre si, com margens de erro extremamente pequenas. Por esta razão, a maior parte do processo de transporte é altamente automatizada, embora protocolos de operação exijam a supervisão de um chefe de transporte. O operador deve, geralmente, verificar o travamento das coordenadas e a prontidão do sistema. A seqüência do processo em si é conduzida pelos programas de auto-sequência do controlador de transporte, sob a supervisão do operador. A seguir, você encontra uma tabela contendo os principais eventos durante o programa de auto-sequência (os tempos são estimados e podem variar de acordo com a distância e carga a ser transportada):

Tempo (segundos) Dispositivo Evento
00.000 Console do operador Início da auto-seqüência
00.001 Controlador de transporte Início da seqüência automática de diagnóstico
00.007 Controlador de transporte Consulta do sistema de transporte para a verificação da rota do sinal e disponibilidade de buffer de padrão. Também é designado um buffer de padrão de backup.
00.046 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação dos estados lógicos do controlador
00.057 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação dos scanners de destino e compensação Doppler
00.063 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação do buffer de padrão
00.072 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação do buffer de padrão de backup
00.085 Buffer de padrão Inicialização do buffer de padrão e buffer de backup
00.097 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação das bobinas de transição de fase
00.102 Bobinas de transição de fase Sinal de referência ativado
00.118 Console do operador Verificação da designação do conjunto emissor
00.121 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação do conjunto emissor e duto de transporte
00.138 Controlador de transporte Diagnóstico e verificação dos scanners moleculares e compensadores Heisenberg
00.140 Scanners de destino Verificação das coordenadas de destino
00.142 Console do operador Painel indica prontidão do sistema
00.145 Bobinas primárias de energização Começa a emissão do campo de confinamento anular na câmara
00.151 Bobinas de transição de fase Energizadas até 1.7 MeV. Freqüência inicial em 10.2 GHz
00.236 Buffer de padrão Tokamak supercondutor para capacidade de operação
00.259 Conjunto emissor Energizados os elementos do CCA para 1.7 MeV
00.327 Buffer de padrão Sincronização com as bobinas de transição de fase
00.332 Scanners moleculares Reset dos scanner para estado nulo
00.337 Scanners moleculares Ampliação para resolução de quarks habilitado
00.338 Bobinas primárias de energização CCA para 12.5 MeV (nível inicial de operação)
00.341 Console do operador Painel indica o inicio da seqüência de energização. Este processo pode ser controla manualmente
00.359 Scanners moleculares Inicio da seqüência de varredura. Travamento na freqüência de referência.
00.363 Bobinas primárias de energização Modulação do CCA travada
00.417 Bobinas de transição de fase Início da aceleração para 162.9 GHz, energizado até 32 MeV
00.432 Scanners moleculares Começa a transmissão da imagem para o buffer de padrão
00.464 Controlador de transporte Verificação da integridade dos dados da imagem
00.523 Buffer de padrão Sincronia da freqüência com as bobinas de transição de fase
00.596 Bobinas de transição de fase Freqüência travada em 162.9 GHz. Começa o ciclo de desmaterialização
00.601 Controlador de transporte Registro do ID de transporte armazenado para registro da atividade
00.998 Buffer de padrão Início da entrada do filamento de matéria
01.027 Controlador de transporte Verificação da integridade do filamento de matéria
01.105 Bobinas de transição de fase Aumento da potencia de entrada para 37 MeV
01.132 Conjunto emissor CCA para 1.9 MeV. Travamento na fase de referência
01.190 Scanners de destino Re-verificação das coordenadas de destino, distancia e vel. Relativa
01.204 Controlador de transporte Re-verificação da integridade de operação do buffer de padrão. Opções de transferir para o backup ou abortar a seqüência
01.216 Scanners de destino Travamento no destino. Começa a varredura constante das coordenadas de destino
01.221 Conjunto emissor Começa a transmissão do campo de confinamento anular para as coordenadas de destino
01.227 Conjunto emissor Primeira detecção da reflexão do CCA. Compensação Doppler em sincronia com o buffer de padrão
01.229 Controlador de transporte Correção do nível do solo nas coordenadas de destino
01.230 Conjunto emissor CCA para potencia máxima
01.237 Buffer de padrão Começa a transmissão do filamento de matéria para o conjunto emissor
01.240 Conjunto emissor Começa a transmissão da imagem através do CCA
01.241 Conjunto emissor Começa a transmissão do filamento de matéria pelo CCA. Começa o ciclo de materialização
02.419 Controlador de transporte Verificação da seqüência de materialização. Opções de abortar para um pad alternativo
02.748 Bobinas de transição de fase Começa a desaceleração para 25.1 GHz. (Padrão. O ponto de desaceleração varia de acordo com a massa transportada)
03.069 Buffer de padrão 50% do filamento de matéria alcançados. Opção de abortar para pad alternativo não mais disponível
04.077 Bobinas primárias de energização Ciclo de desmaterialização completado. Mantém a potencia do CCA
04.185 Bobinas de transição de fase Mantém em 25.1 GHz
04.823 Conjunto emissor Ciclo de materialização completo
04.824 Controlador de transporte Verificação da integridade do padrão
04.947 Bobinas de transição de fase Colocadas em modo de espera
04.949 Bobinas primárias de energização Liberada a trava do CCA
04.951 Buffer de padrão Tokamak colocado em modo de espera
04.973 Conjunto emissor Liberada a trava do CCA
05.000 Console do operador Sinal de transporte bem sucedido



Início da seqüência de transporte


Durante a seqüência de transporte


Seqüência completada

 

Outras funções do transportador

- Subida. Este processo é muito similar ao descrito acima, exceto que o conjunto emissor faz o papel das bobinas energizadoras primárias e que o sinal é normalmente processado pelo biofiltro.

- Transporte ponto-a-ponto. Refere-se a um processo de transporte duplo, no qual um item é desmaterializado em um ponto remoto e roteado a uma câmara de transporte. No entanto, ao invés de ser materializado como num processo de subida normal, o filamento de matéria é enviado a um segundo buffer de padrão e então para um segundo conjunto emissor, que direciona o item ao destino final. Este processo de transporte direto consome quase o dobro de energia de um transporte normal e não é normalmente usado, exceto em situações de emergência. Transportes de ponto-a-ponto não são usados em situações de emergência que necessitam que um grande número de indivíduos seja transportado, porque na verdade ele reduz pela metade a capacidade total do sistema, devido ao tempo mínimo do ciclo de transporte (ver “Limitações de uso”).

- Manter no buffer de padrão. Um item transportado que ainda não começou o ciclo de materialização pode ser mantido no buffer sem degradação do padrão por até 420 segundos, dependendo da quantidade de massa do item. Embora o procedimento normal seja direcionar o filamento de matéria diretamente para o conjunto emissor assim que a compensação Doppler estiver sincronizada, esta opção de “manter” pode ser executada caso seja detectado algum problema com o conjunto emissor ou os dutos condutores, que transportam o filamento de matéria até o conjunto emissor. Esta opção também está disponível à discrição do operador por motivos de segurança, em situações em que é interessante deter um indivíduo por um período de tempo até a chegada de um destacamento de oficiais de segurança.

- Transporte em resolução molecular. Objetos vivos são sempre transportados em resolução quântica, mas no interesse de conservação de energia, muitos objetos de carga são transportados na resolução molecular, que é mais baixa. Embora transportadores pessoais operem sempre em resolução quântica, eles podem ser configurados para transporte de carga se necessário.

- Dispersão. Desativar o campo de confinamento anular irá deixar o filamento de matéria que está se materializando sem nenhum ponto de referência para se formar. Neste caso, o item transportado irá se formar de maneira aleatória, normalmente tomando a forma de gases dissociados e partículas microscópicas. Caso o operador desative a auto-seqüência, ele poderá forçar a desativação do CCA, permitindo a dispersão inofensiva de um item transportado perigoso, tal como um dispositivo explosivo. Duas travas de segurança previnem que esta opção seja acionada acidentalmente. Tal dispersão normalmente é realizada transportando o item para o espaço exterior à nave.

- Transporte próximo à dobra. Transporte através de um campo subespacial de baixa intensidade (menos de 1.000 milicochranes) requer uma série de ajustes à seqüência de transporte, incluindo uma elevação da freqüência do CCA para 57 MHz para compensar pela distorção subespacial.

- Transporte em dobra. O transporte através de um campo de dobra requer uma elevação similar a 57 MHz do CCA. Além disso, a nave e o ponto de destino devem estar contidos num campo de dobra de valor integral igual. Qualquer problema mantendo a equivalência dos campos de dobra irá resultar em uma grave perda de integridade do CCA e da integridade do padrão. Tal perda de integridade é fatal em formas de vida sendo transportadas.

- Varredura do biofiltro. Sinais de transporte chegando à nave são automaticamente analisados em busca de padrões conhecidos de uma grande variedade de formais bacteriológicas e virais. Quando tais padrões são detectados, técnicas limitadas de manipulação quântica são empregadas para tornar estas formas inertes ou removê-las do filamento de matéria.

 

Limitações de uso

Os transportadores de pessoal e carga são enormemente úteis na operação da nave, mas estão sujeitos a limitações de uso. Algumas das principais limitações na operação do transporte incluem:

- Alcance. O alcance normal durante a operação é de aproximadamente 40.000 quilômetros, dependendo da massa a ser transportada e velocidade relativa entre origem e destino. Transportadores de emergência têm uma capacidade mais limitada e sofrem uma limitação de 15.000 quilômetros, novamente, dependendo da energia disponível.

- Interferência dos escudos defletores. Quando os escudos defletores estão erguidos em posição defensiva, é impossível para o CCA se propagar apropriadamente através do espectro eletro magnético e subespacial. Adicionalmente, distorções espaciais criadas pelos escudos podem afetar a integridade do padrão. Por estas razões, não é possível executar o transporte quando os escudos estão ativos.

- Ciclo de transporte. Embora a auto-seqüência do transporte dure aproximadamente cinco segundos, o resfriamento e reset do buffer de padrão levam em média oitenta e sete segundos, gerando um ciclo de transporte de aproximadamente noventa e dois segundos. Já que os dutos condutores permitem que o filamento de matéria seja direcionado para qualquer buffer de padrão, uma câmara de transporte pode ser reutilizada imediatamente, sem esperar o resfriamento do buffer, através do direcionamento do filamento para outro buffer de padrão. Considerando que existem apenas três buffers de padrão para uso de transporte de pessoal, este processo pode ser repetido duas vezes antes que se precise esperar pelo resfriamento do buffer da câmara em uso. Isto se traduz numa média de 1.9 transportes de seis pessoas por minuto, resultando numa capacidade total do sistema a algo em torno de setecentas pessoas por hora.

- Transporte em Dobra. Campos de dobra produzem distorções espaciais intensas nos sinais de transporte, tornando impossível se transportar enquanto a nave está em dobra. A única exceção é quando ambos os pontos, de origem e destino, estão viajando na mesma velocidade integral de dobra.

- Limites dos sintetizadores. O transporte de pessoal é feito num nível quântico usando uma imagem analógica do padrão do item a ser transportado. Em contraste, a síntese de alimentos e ferramentas (que emprega a tecnologia de transporte) usa uma imagem digital muito mais limitada, de resolução molecular. Por causa desta limitação, a síntese de matéria viva não é possível.

 

Evacuação por transporte

Os sistemas de transporte são muito úteis durante missões que necessitam trazer (ou enviar) um grande número de indivíduos para a nave em um curto período de tempo. O uso do transportador impõe exigências específicas no perfil da missão de resgate:

- Evacuação para a nave. No caso de uma evacuação de emergência para a nave, todos os seis transportadores pessoais seriam usados. A taxa máxima de subida é limitada pelo tempo do ciclo do sistema de transporte (ver “Limitações de uso”). A utilização de todos os seis transportadores resulta em uma taxa máxima de subida de aproximadamente setecentas pessoas por hora.

- Evacuação da nave. A evacuação de emergência da Enterprise pode ser realizada com uma maior eficiência considerando-se a existência de seis transportadores de emergência capazes de transportar vinte e duas pessoas de cada vez para fora da nave. Estas unidades, que são incapazes de transportar para a nave, compartilham os buffers de padrão dos transportadores pessoais, mas empregam bobinas de transição de fase maiores, capazes apenas de efetuar a leitura de um padrão, gerando um acréscimo de 370% na capacidade de massa sobre as unidades padrão, embora seu alcance seja limitado a 15.000 quilômetros (comparados aos 40.000 quilômetros das unidades padrão). Como resultado, quando os transportadores de emergência são usados para suplementar os transportadores de pessoal e carga, a taxa é elevada a 1.850 pessoas por hora.

Os transportadores de emergência ainda têm outra vantagem significante: a de usar menos energia. Isto pode ser de grande importância durante situações de crise, quando a energia disponível é limitada. Em tais casos, o transporte pode ser restrito a apenas os transportadores de emergência, resultando numa taxa de evacuação de mais ou menos mil pessoas por hora, devido ao fato de as bobinas de transição de fase de menor potência levarem um tempo maior para descarregar.


Fonte: "Star Trek: The Next Generation - Technical Manual". Okuda, M.