Série Clássica
Temporada 2

Análise do episódio por
Carlos Santos



 









 

MANCHETE DO EPISÓDIO

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Sinopse:

Data Estelar: 3614.9.

Kirk, Scott e MaCoy estão desfrutando um agradável show de bailarinas em Argelius II, parte da recuperação de Scott após este ter sofrido um acidente a bordo da nave causado por uma tripulante. Após a apresentação Scott leva uma bailarina para um passeio, e minutos depois houvesse um grito forte. Kirk e McCoy correm e encontram a bailarina morta, esfaqueada e Scott com a arma do crime na mão, em choque. O administrador da Cidade, Sr Hengist, assume as investigações, mas não tem muita experiência. Scott diz não lembrar de nada a respeito do crime. Kirk está preocupado com a situação de seu oficial, pois precisará acatar qualquer ação contra Scott caso este seja condenado pelo crime.

Aparece então o “prefeito” Jaris, que fala a Kirk sobre algo chamado “contato Empático Argeliano”, um tipo de elo mental, o qual seria realizado por sua esposa, Sybo e na casa do prefeito. Kirk sugere o uso de um tricorder especial para “ler” os acontecimentos vividos por Scott nas ultimas 24 horas, e contra a recomendação de Hengist, Jaris concorda com o uso desta tecnologia.

Enquanto Jaris conversa com Kirk a respeito das implicações diplomáticas do crime, a tenente Tracy é transportada com o aparelho requisitado. Tracy é deixada a sós com Scott para realização do teste, e Kirk, agora com McCoy, discute as possibilidades. Enquanto eles conversam Jaris da falta da faca usada no crime, e em logo em seguida houvesse um grito, e logo eles descobrem que a tenente também foi assassinada, nas mesmas circunstancias do crime anterior, e mais uma vez u suspeito principal é Scott, que não se lembra do que aconteceu, mais uma vez.

Scott insiste que o trauma causado por um acidente a bordo da nave pode estar causando a amnésia de Scott, mas Kirk já começa a ter duvidas sobre isto. Hengist volta com duas pessoas que também estavam próximas do local do primeiro assassinato. Um dos homens era o pai da bailarina, e o outro seu noivo, que também passa a ser suspeito, embora a situação ainda pese muito contra Scott. Kirk passa a pressionar Hingest sobre a investigação, mas Jaris o repreende, lembrando o valor estratégico do espaço porto de Argelius. Hingest parece inclinado a declarar Scott culpado.

Com a esposa de Jaris finalmente pronta, eles decidem prosseguir com a a tentativa de ele mental, mas Kirk exige que a sala seja trancada durante a experiência. Exigência aceita, todos se sentam em volta da mesa, embora Spock, a bordo da Enterprise, recomende contra. O procedimento é iniciado, e a mulher sente uma presença que ela classifica como maligna, quando as subitamente se apagam, e mais uma vez ouve-se um grito. Quando a iluminação volta, Scott esta com a mulher em seus braços, que cai ao chão morta, com a faca dos dois crimes anteriores enfiada nas costas.

Vendo que não como não relacionar Scott com os crimes, Kirk agora discute se Scott era responsável por seus atos. Começa um bate boca entre Kirk e Hengist, interrompido por Jaris, estupefato com o crime. Kirk e McCoy convencem Jaris a levar McCoy de volta a nave, e usar os computadores da nave para tentar descobrir o que realmente aconteceu.

A bordo da nave, Kirk explica os procedimentos que serão adotados, e então eles começam o procedimento, que se resume a passar Scott por um detector de mentiras. O próprio computador da nave diz que o ferimento de Scott causado durante o acidente a bordo, não seria suficiente para causar a alegada amnésia de Scott, o que não ajuda Scott. O engenheiro afirma que havia algo entre ele e a esposa de Jaris na hora em que esta foi assassinada.

Com os fatos dizendo uma coisa e o computador da nave outra, Hengist começa a se tornar impaciente, mas Jaris ainda se mostra calmo e aceita dar mais algum tempo e credito a Kirk e sua investigação. O capitão chama o Morla, noivo da primeira vitima, para depor. Este afirma ter ficado com raiva, mas que não mataria a mulher, pois a amava. Morla é dispensado.

Kirk resolve então usar outra linha de investigação, baseado nas palavras de Sybo momento antes dela ser assassinada. Eles começam uma busca no banco de dados da nave a respeito das palavras ditas por ela antes da morte, “Redjac”, “Beratis”, e “Kesla” e acabam correlacionando o nome “Redjac” ao conhecido assassino de mulheres do século 19, “Jack, O Estripador”.

Apesar do espanto de todos, começasse a discutir a possibilidade de um ser alienígena, que se alimentaria do medo das vitimas, pudesse ser o verdadeiro autor dos assassinatos. Tal entidade seria um ser de energia pura, mas que poderia assumir a forma humana eventualmente. Hengist,cético, começa a perder a paciência, mas Jaris o mantêm em seu lugar.

Uma nova pesquisa mostra uma rota de crimes contra mulheres, partindo da Terra chegando até Argelius, passando por Rigel IV, por coincidência, o mesmo local de onde veio investigador Hengist, e mais, que tanto os nomes Kesla e Boratis foram atribuídos a assassinos de mulheres em outros planetas. Kirk pede que Hengist testemunhe, mas este se nega. Quando Kirk pede ao computador que investigue a origem da faca usada no assassinato, eles descobrem que a mesma é proveniente de Rigel IV, origem de Hengist. Este então se vê encurralado e tenta fugir, mas é impedido por Kirk, caindo morto após receber um golpe do capitão. A entidade que estava no corpo de Hengist, passa a se esconder então no computador principal da Enterprise.

Eles concluem que a entidade, que se alimenta do medo, irá tentar aterroriza a tripulação da nave antes de tentar matá-los, por isto Kirk manda sedar todos a bordo, na tentativa de que isto a atrase. Eles planejam colocar o computador em sobrecarga para manter a entidade ocupada, mas esta já começa a tomar conta dos controles da nave, dificultando suas ações. Spock manda que o computador entre em um calculo matemático sem solução, até que este não tem mais recursos disponíveis para manter a entidade, obrigando-a a deixá-lo e procurar outro corpo. A criatura toma o corpo de Jaris, e depois volta a Hengist, mas Spock consegue sedá-lo. Com a criatura presa no corpo do investigador eles usam o tele-transporte para dispersá-la em milhões de partículas pelo espaço.

 

Comentários:

O sétimo episodio da segunda temporada da Serie clássica chega em clima de “policial noir. “A Wolf In The Fold” é pura ficção fantástica travestida de ficção-cientifica e com fortes doses de um folhetim de mistério, mistério que começa com o assassinato da bailarina Kara, (Tânia Lemani).

Ao longo das investigações sobre o assassinato, que acabam se multiplicando, o roteiro vai pontuando alguns pontos interessantes. Primeiro, apesar de ter uma concepção machista, (como todo bom romance Noir), é agradável a concepção de que os tripulantes da Enterprise não são assexuados, o que torna os personagens mais verossímeis. Provavelmente um reflexo dos acontecimentos dos “liberais” anos sessenta e sua mensagem “faça amor, não faça a guerra”, entre outras.

O clima de investigação normalmente prende a atenção do espectador, mas uma vez que as e a certeza de que Scott vai livrar a pele acaba sendo usada de forma inteligente, pois a pergunta que fica é como ? como é que as moças foram mortas e como é que nosso engenheiro Casanova vai se livrar desta.

A responsabilidade diplomática de Kirk quanto a questão, principalmente devido a importância de Argelius para a Federação também ajuda a manter uma certa tensão no episodio, pois impede uma solução a lá “Diplomacia Cowboy”, normalmente empregada por Kirk, que precisa usar de muita habilidade diplomática de verdade, algo que desejamos ver no comandante de uma nave cuja missão é “conhecer novas vidas e civilizações. Aqui é necessário a Kirk não só contribuir, como estimular as investigações, mesmo que isto só ajude a piorar a situação de seu amigo. Além disto é muito agradável vermos uma sociedade pacifica onde as pessoas não são retratadas como idiotas, e com um representante sensato e coerente, no caso o prefeito Jaris. Um bom exemplo eu diria.

Quando tudo parece na estaca zero, eis que estamos de novo face a face com os computadores da Enterprise. Um fato curioso, é que apesar de Jornada nas Estrelas sempre usar o conflito Homem x Maquina como tema para diversos segmentos, é comum a demonstração de uma confiança excessiva na infalibilidade das maquinas. Este é um exemplo claro disto. Não chega a depor contra o episodio, mas vale o registro.

Quando a coisa parecia sem saída eis que surge a resposta. Uma entidade alienígena que se vive para sempre e se alimenta do medo das vitimas. Vejam que tal abordagem seria por demais comum no ambiente de Jornada nas Estrelas, mas ao correlacionar esta entidade com o famoso “Jack, o Estripador”, o segmento agrega muito do mistério envolto neste enigmático assassino do século 19. Note que sem querer Hengist se denuncia quando demonstra conhecer o assassino terrestre, algo incomum para alguém não nativo na Terra, séculos depois de sua morte.

O elenco regular funciona bem, embora sem nenhum destaque, que fica para a atuação de John Fielder, que contribui muito para o sucesso do segmento, principalmente durante as investigações, fornecendo um bom suporte para o roteiro.

Toda a abobrinha que se segue a respeito das “telas hipnóticas que cegam a vitima” ou sobre a criatura de energia que se alimenta do medo, e de que este ocupa o corpo de Hengist, serve meramente para concluir o episodio, pois aqui, na revelação de que o assassino era Jack, encontra-se o clímax deste episodio, mesmo apesar da solução final parecer muito simplista e necessitar de uma certa dose de suspensão de descrença, uma vez que entidade poderia tomar o corpo de qualquer tripulante e se mandar de volta para Argelius e desaparecer. Seu súbito interesse em ficar na Enterprise não se justifica.

Mas deixemos isto de lado, pois este legitimo policial Trekker quer apenas divertir, e neste quesito ele é eficiente, graças a uma trama simples, boas doses de bom humor da serie clássica quando permitido, um bom ritmo e uma boa dose de criatividade.

 

Citações:

Kirk: "My work is never done."
("Meu trabalho nunca termina.")
McCoy: "My work, Jim."
("Meu trabalho, Jim.")

Sybo: "An ancient terror.It has a name -- Beratis, Kesla, Redjac! Devouring all life, all light. A hunger that will never die! Redjac! Redjac! Aah!"
("Um antigo terror. Isto tem um nome – Beratis, Kesla, Redjac ! Devorando toda a vida, toda a luz. Uma fome que nunca irá morrer. Redjac! Redjac! Aah!")

Computador: "Redjac. Source -- Earth, 19th century. Language -- English. Nickname format -- murderer of women. Other Earth synonyms -- Jack the Ripper."
("Terra, seculo 19. Língua Inglês. Apelido de um assassino de mulheres. Outros sinônimos terrestre: Jack, O Estripador.")

Kirk: "Mr. Spock, this cafe has women that are so..."
("Sr. Spock, este café tem mulheres que são tão...")

 

Trivia:

O autor desta historia havia escrito um thrillher chamado Yours Truly, Jack The Ripper, adapatado de um conto do autor (de mesmo titulo), onde o estripador era mostrado aterrorizando uma cidade americana nos anos sessenta. Na historia o estripador era uma forma de vida desconhecida com um longo tempo de vida, vagando pelo mundo. O inspetor da Scotland Yard que investiga o caso acaba sendo este entidade, que assumiu a forma humana.

Robert Bloch é mais conhecido como autor do romance “Psicose”, que serviu como base para o filme de Hitchcock .Bloch também escreveu “What Are Little Girls Made Of?” e “Catspaw”.

Durante a cena que Hengist tenta fugir da sala de reuniões, um observador cuidadoso vai notar que o double do ator é não se parece em nada com ele.

 

Ficha técnica:

Escrito por Robert Bloch
Direção de Joseph Pevney
Musica de Gerald Fried
Exibido 22/12/1967
Produção: 36

Elenco:

William Shatner
como James Tiberius Kirk
Leonard Nimoy
como Spock
DeForest Kelley
como Leonard H. McCoy
Nichelle Nichols como Uhura
George Takei como Hikaru Sulu



Elenco convidado:

John Fielder como Hengist
Charles Macauley como Jaris
Pilar Stewart como Sybo
Charles Dierkop como Morla
Joseph Bernard como Tark
Tania Lemani como Kara
John Winston como chefe de Transporte Kyle
Virginia Aldridge como Karen Tracy
Judy MocConnell como ordenança Tankris
Judi Sherven como enfermeira

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