TB relembra o fanzine Trekker Report

Arquivo_005A Nova Geração está acabando, após sete anos de exibição nos EUA. Aqui no Brasil, estamos em 1994 e vimos apenas o primeiro ano repetidas vezes. O episódio se chama All Good Things e dizem, entre outras coisas, que tem a presença de Q e da estação Fairpoint, como no episódio inicial da série. Não temos internet. A ansiedade cresce. As informações não chegam. Só que não chegam a quem não sabia naquela época onde procurar. No fanzine Trekker Report dava pra saber as últimas novidades da série, e de quebra informações inéditas em nosso país sobre Star Trek Generations, longa-metragem que estrearia no final do ano (e em 1995 aqui).

Fanzines são um dos mais elementares sistemas de divulgação de informação entre amantes de qualquer coisa, desde sempre. E é claro que algo que reúne milhões de seguidores como Star Trek não deixaria de ter os seus. Seja no exterior, seja no Brasil. E o Trekker Report foi um dos mais conhecidos, e mais queridos, de todos eles. Lançado em 1992 por um grupo de amigos paulistas, o Trekker Report tinha um irmão, que falava apenas de naves espaciais, feito pela mesma turma. Era o Starfleet. E eles combinados, no passar nos anos, se transformaram no Trekker Mix, e depois no StarMix.

Gilberto Camargo, os irmãos Paulo e Fernando Maffia, André Guerra, Julio Aires Monte-Maia, Luiz Roberto Mundel, Ivo Luiz Heinz… eram muitos nomes por trás da pequena revista esperada pelos trekkers durante as convenções da Frota Estelar Brasil em São Paulo nos anos 90. Lá, havia a certeza de ler as notícias “quentinhas” (mas com algum tempo de atraso, claro) sobre as séries A Nova Geração, Deep Space Nine, Voyager, e os filmes para cinema que estavam saindo na época, além de conhecer material diverso sobre o universo trekker e até de outras séries e filmes. As edições também abriam espaço para histórias em quadrinhos amadoras dos autores.

Muito do que o Trek Brasilis é nos dias de hoje se deve à formação como trekker de seus editores baseada em publicações como o Trekker Report/Mix/Star Mix/Starfleet. Em um momento nostálgico, é uma delícia folhear as páginas das publicações e relembrar como era misteriosa essa fase para todos nós. E atrás de preservar esse interessante passado, o TB conversou com Gilberto Camargo, que escrevia, desenhava, editava e ainda vendia os fanzines em eventos.

gilberto“A ideia de fazer o Trekker Report, inicialmente, foi numa reunião de grupos que o fã-clube Frota Estelar Brasil fez, bem no comecinho dos anos 90, para algumas atividades. Nela conheci o Fernando Maffia, irmão do Paulo Maffia”, conta Gilberto. “Foi uma época muito legal. A internet nem existia, e depois era para poucos, então sempre foi uma epopeia conseguir as informações. Nossas reuniões de grupo para editar os fanzines pareciam trabalhos para escola.”

E como o fanzine era montado? Simples, até demais: “era tesoura, papel, xerox e cola. Sem impressoras ou programas de editoração, a gente fazia a impressão em pequenas gráficas”. A procura era grande em convenções da Frota, “onde vendíamos parte considerável da tiragem”, diz o editor, “sendo que a distribuição na cidade era feita por mim e pelo meu amigo Jorge Cosmo. O trabalho era bom, tínhamos muitos pontos de venda, sendo que as bancas da Avenida Paulista recebiam nossos fanzines.”

Já ao final de sua produção, as publicações começaram a ser turbinadas com material de parceria com outros fanzines, como o ENPE – E No Próximo Episódio, e do JETCOM. Perto do final dos anos 90, após dezenas de edições, os fanzines se renderam à chegada cada vez mais democrática da internet e não foram mais produzidos. “Nunca me ocorreu que tívessemos feito algo tão relevante. Uma pena que muitos números esgotaram e os originais se perderam com o tempo, senão iríamos tentar disponibilizá-los na rede nos dias de hoje”, lamenta Camargo. “Muitos de nós continuam ligados a esse meio de fandom, de geeks. Eu, particularmente, continuo vendendo produtos em muitos eventos.”

Pioneiros em um trabalho que impactou positivamente a vida de muita gente, Gilberto Camargo e outros têm nosso eterno agradecimento pelo tempo que batalharam para trazer informações e material de Star Trek ao fã brasileiro. O Trek Brasilis, que neste mês completa 17 anos de vida, tira o chapéu para esses desbravadores.

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