Episódio provoca primeiro salto no desenvolvimento dos personagens
Sinopse
Data estelar: 1704.2.
Spock e Joe Tormolen se transportam para o planeta Psi 2000 para resgatar uma equipe de pesquisa antes que o planeta se desintegre. Eles descobrem que todos morreram congelados quando o sistema de suporte de vida foi desligado. Mais estranho ainda, as posições dos corpos dos pesquisadores mostram que eles estavam mentalmente afetados. Alguns até haviam cometido suicídio.
De forma inadvertida, Tormolen acabou levando o que mais tarde seria chamado de vírus “Psi 2000” para a Enterprise, que se espalhou rapidamente entre a tripulação, atingindo suas almas e trazendo à tona seus desejos mais profundos. O vírus é uma mutação derivada da água e é transmitido pelo suor. Ao tentarem impedir Tormolen de cometer suicídio, Sulu e Kevin Riley são infectados.
A tripulação começa a agir exageradamente, manifestando suas fantasias. Sulu ameaça o pessoal da ponte com um florete, e Kirk declara seu amor pela Enterprise. Christine Chapel admite sua paixão por Spock, e o vulcano lamenta sua repressão de emoções. O resultado mais fatal, no entanto, ocorre quando Riley declara-se capitão da Enterprise e se tranca na engenharia. O tenente desliga os motores da nave e a órbita começa a decair por efeito da errática gravidade do planeta.
McCoy encontra um antídoto para o vírus, mas, para que não seja tarde demais, Spock e Scott precisam improvisar um meio de ligar os motores da nave sem antes aquecê-los. O que faz com que abram uma dobra temporal e acabem voltando dois dias no tempo, embora longe do perigo que os rondava.
Comentários
“The Naked Time” é sempre lembrado como o primeiro grande salto do desenvolvimento dos personagens principais de Jornada nas Estrelas. No entanto, pouco se menciona a não tão sutil mensagem embebida neste episódio.
Toda a história é uma parábola que demonstra os malefícios do álcool. McCoy refere-se ao sintoma da doença como similar a embriaguez. A grande dificuldade enfrentada pelo pessoal da Enterprise é a de “dirigir” a nave que está prestes a cair em Psi 2000. Em certo momento, a câmera mostra claramente uma pichação a bordo da nave com os dizeres “Sinner repent” (Pecadores, arrependei-vos).
É claro que além de fazer uma “pregação” contra o álcool, o episódio se aproveita da eliminação do senso de autocrítica dos personagens para desenvolvê-los e permitir ao telespectador olhá-los “de dentro”.
Assim, Kirk mostra sua relação de amor e ódio com a Enterprise, que toma-lhe todo o tempo e o impede de ter uma vida pessoal.
Spock expõe seu “complexo de híbrido”, o fato de ter reprimido todo e qualquer traço humano de sua personalidade, apesar de tê-los todos dentro de si.
Sulu demonstra sua paixão pela esgrima, interpretando uma espécie de D’Artagnan a bordo da Enterprise.
A enfermeira Chapel mostra seu amor por Spock.
O curioso é que, além de desenvolver os personagens principais, “The Naked Time” também imprimiu grande carisma nos personagens secundários. O maior exemplo disso é o tenente Riley, que mostra um grande potencial, graças à excelente atuação de Bruce Hyde. O tenente ainda voltaria a Jornada no episódio “The Conscience of the King”, mas não com a mesma vitalidade.
Uma possível falha no roteiro é o fato de McCoy estar o tempo todo em contato com os doentes, mas mesmo assim não ser contaminado.
Avaliação
Citações
“I will take you home, Kathleen…”
(“Vou levá-la para casa, Kathleen…”)
Kevin Riley
“Do you know at Joe’s mistake was? He wasn’t born an Irishman.”
(“Sabe qual foi o erro do Joe? Ele não nasceu irlandês.”)
Kevin Riley
“When I feel friendship for you, I feel shame.”
(“Quando sinto amizade por você, eu sinto vergonha.”)
Spock
Trivia
- Os trajes anticontaminação deste episódio foram feitos da forma mais barata possível, usando como tecido estranhas cortinas de banheiro.
- “The Naked Time” é o episódio favorito do roteirista John D.F. Black e do ator George Takei. Bob Justman achava que ele devia abrir a série, mas ele não estava finalizado na data exigida para isso.
- Kevin Riley é vivido por Bruce Hyde. Cogitou-se em algum ponto torná-lo personagem regular, mas Riley só aparece mais uma vez, em “The Conscience of the King”.
- Este episódio marcou a primeira aparição da enfermeira Christine Chapel. Majel Barrett apareceu loira para que a NBC não reparasse em seu retorno à série. Deu certo? Jerry Stanley, executivo da NBC, ao ver as cenas, só disse: “Bem, bem, bem, olha só quem voltou!”
- Depois de ver George Takei sem camisa, Marc Daniels decidiu que Sulu faria suas cenas com o peito exposto. Takei passou os três dias seguintes fazendo flexões nas horas vagas.
- Scotty usa um feiser para cortar a parede, mas na versão original não vemos o feixe da arma. Isso foi incluído somente na versão remasterizada.
- Este episódio tem uma das melhores cenas entre William Shatner e Leonard Nimoy na série. Spock confessa seus sentimentos, e Kirk admite a solidão do comando.
- Alexander Courage dá aqui sua última contribuição musical à primeira temporada, depois de compor para “The Cage”, “Where No Man Has Gone Before” e “The Man Trap”. Ele se afastou da série após uma briga com Gene Roddenberry, que escreveu uma letra para o tema de Star Trek só para poder dividir os royalties. Courage voltaria no terceiro ano, mas suas composições seriam recicladas ao longo de toda a série.
- Originalmente, cogitou-se fazer deste episódio a primeira parte de um duplo, tendo como continuação “Tomorrow Is Yesterday”. No final, a produção acabou optando por dois episódios independentes.
Ficha Técnica
Escrito por John D. F. Black
Dirigido por Marc Daniels
Exibido em 29 de setembro de 1966
Títulos em português: “O Tempo” (AIC-SP), “Tempo de Nudez” (VTI-Rio)
Elenco
William Shatner como James T. Kirk
Leonard Nimoy como Spock
DeForest Kelley como Leonard H. McCoy
James Doohan como Montgomery Scott
Nichelle Nichols como Uhura
George Takei como Hikaru Sulu
Elenco convidado
Bruce Hyde como tenente Kevin Riley
Stewart Moss como Joe Tormolen
John Bellah como dr. Harrison
Majel Barrett como Christine Chapel
Concordo que este foi o primeiro grande episodio de TOS, as atuações foram memoraveis. A história mesmo era muito bem escrita, mostrando que quando se sabe fazer as coisas com dedicação os erros ficam longe. Foi tão bom que ganhou um “re-make” em TNG.
A despeito de McCoy não se contaminar é possivelmente o mesmo pelo qual os médicos de hoje em dia também não se contaminarem, Higiêne. Ele provavelmente usaria luvas, mascaras, lavaria as mãos constantemente entre outros habitos comuns a um médico. Só que como não haveria nenhum assessor nessa area nas gravações estes habtos não foram mostrados.
Excelente episódio. Já mencionei apenas um furo, quando o efeito de gravidade invertida, no prólogo, dá a impressão de que o líquido que contamina a primeira vítima, na estação, é de alguma forma senciente.
Dois registros ainda valem a pena: Nimoy salvou o episódio, ao vetar a cena em que um tripulante desenharia um bigode ridículo em seu rosto, e Takei também, ao sugerir um D´Artagnan romântico em lugar de um óbvio samurai cisudo, como originalmente escrito.
Aliás, Shatner também ajudou muito. Segundo uma de suas memórias, já aporrinhado de tanto levar cutucadas da espada de Takei, foi dele a idéia de desarmar na mão o espadachim. A proposta foi aprovada pelo diretor e gravada sem que Takei dela soubesse, o que ajudou a dar o ar de surpresa.
O tripulante Riley deveria ter sobrtevivido. Pena.
Uma das imagens mais antiga que me lembro de ST, (não entendia muito o que acontecia), foi o Sulu correndo pelos corredores, sem camisa e com uma espada tentando agarrar a Uhura…memorável!
“já aporrinhado de tanto levar cutucadas da espada de Takei”
hum… será que foi aí que começou a briga?
Uma das coisas que me agonizava ao ver era aquela impressão de algo estar grudando na mão.
E o líquido que se aproximava sorrateiramente nas pessoas e contaminava através de contato físico? Argh!!
Esse episódio e a matéria são/estão nota dez.
Episódio, de construção simples, bem escrito, bem dirigido. O que prova que idéais simples, são as melhores. Nada melhor que mandar uma mensagem contra o alcool que mostra seus efeitos, nada melhor que mostra como alguem realmente é que’desnuda-lo’ com o efeito do alcool. Episódio vencedor.
PS. Remasterizado Psi 2000, ficoi melhor ainda.
Tirando o piloto, foi o primeiro grande episódio e, além do que foi citado acima, ainda introduziu a base da teoria científica das viagens no tempo, que chegou até ao cinema com ST IV.
Roteiro e direção nota 10.
Post 1^, do PADO:
” … A despeito de McCoy não se contaminar é possivelmente o mesmo pelo qual os médicos de hoje em dia também não se contaminarem, Higiêne. Ele provavelmente usaria luvas, mascaras, lavaria as mãos constantemente entre outros habitos comuns a um médico. Só que como não haveria nenhum assessor nessa area nas gravações estes habtos não foram mostrados.”.
É exatamente isto, PADO.
Em controle de infecções, existem 02 grandes tipos de isolamento: (1) o Isolamento com Precauções de Contato, para doenças infecciosas transmitidas por secreções e (2) o Isolamento Aéreo, para patologias transmissíveis por partículas aéreas. Em ambas as modalidades de isolamento, as pessoas circunjacentes/circulantes utilizam EPI’s (os Equipamentos de Proteção Individual: máscara, capa, luvas, touca etc.).
E, indubitavelmente, a maior medida protetiva hospitalar para o controle de infecções: A LAVAGEM DE MÃOS.
Um abraço.
A-koo-che-moya, Gene …
Prezados:
Sou novo no grupo mas velho fã da série. Comprei agora o pacote com as três temporados. As críticas que tenho lido são, na minha opinião, um pouco falhas e metafóricas. Não pensei em uma campanha contra o alcoolismo. Pensei muito mais em desnudar a psiquê dos tripulantes para que nós soubéssemos com quem estávamos tratando. E aí reside um dos grandes méritos da série: a abordagem psicológica e a falha dos mecanismos sociais de controle (auto-censura e auto-crítica) como condutoras do caos. Pode ser grave: o primeiro cara tentou suicídio e morreu por vontade própria para perplexidade do McCoy. Os outros foram mais benignos e puseram a nave à deriva. O senso de humor sempre presente foi fantástico comm o irlandes cantando – e muito mal – na sala de máquinas. Kirk desesperado: calem este homem. Episódio sensacional
Post 9^:
“Sou novo no grupo … . Comprei agora o pacote com as três temporados. As críticas que tenho lido são, na minha opinião, um pouco falhas e metafóricas … .”
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“As”, como artigo definido singular, é um determinante muito amplo, significando na frase, sem metáforas ou conotações, a totalidade. Na frase, “As” significa TODAS as críticas.
Erootôoi se?
Tís eî?
Ao gênio psicologista novato do Post 9:
A pergunta está devidamente transliterada do GREGO ÁTICO, mais conhecido como GREGO CLÁSSICO. Traduz(e) e responde.
A-koo-che-moya, Gene …