TNG 1×05: Haven

Tentativa de escrever episódio orientado a um personagem falha com Deanna Troi. Leia agora a revisão do Trek Brasilis para “Haven”, de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

Sinopse:

Data Estelar: 41294.5.

O relacionamento entre Deanna Troi e William Riker é posto em xeque quando a mãe da conselheira, Lwaxana Troi, é teleportada a bordo da Enterprise para realizar o casamento da filha com o dr. Wyatt Miller.

O casamento fora prometido mutuamente pelos pais dos dois quando eles ainda eram crianças, e agora os Millers, melhores amigos do falecido pai (humano) de Deanna, querem ver a promessa cumprida.

Deanna concorda em cumprir a promessa e aceita casar-se com o noivo que ela nem conhece. Logo depois, ele vem a bordo da Enterprise e os dois tentam iniciar um relacionamento. Wyatt, entretanto, parece distante, pois há anos vem tendo a visão de uma mulher em sua mente, e Deanna não é essa mulher.

Tudo se esclarece quando uma nave taleriana, contaminada por uma praga, tenta entrar em órbita do planeta Santuário (Haven, em inglês), onde está a Enterprise, apesar dos protestos do povo na superfície do planeta. Um dos tripulantes da nave é a mulher cuja imagem perseguia Wyatt há tanto tempo.

Comentários:

“Haven” é um episódio que tenta. Tenta ser bom, tenta ter conteúdo, tenta ser engraçado. Só tenta, mas não consegue. É a história errada, na hora errada.

Isso porque, para começo de conversa, com apenas nove episódios exibidos na bagagem, ninguém pode esperar que o público vá ligar se a conselheira está querendo abandonar a carreira e deixar a nave. E olhe que foi óbvia a tentativa dos produtores de adiar a exibição. Na verdade, “Haven” foi o quinto episódio a ser produzido, e só o décimo exibido.

Além disso, os personagens simplesmente não estavam maduros o suficiente para enfrentar um enredo tão voltado a um personagem, no caso, Deanna Troi. O resultado só podia ter sido o que foi: um enorme vazio.

A história é uma versão pasteurizada de crítica aos casamentos arranjados, muito comuns no passado para selar união de sangue entre famílias amigas ou para redistribuir o poder em povos organizados por estruturas de governo hereditárias. A prática ocorre até hoje, em sociedades mais tradicionalistas, mas não é o suficiente para dizer que haja muito o que discutir ou refletir a respeito.

Da mesma maneira, o conflito entre Riker e Wyatt, o noivo de Deanna, além de forçado, é equivocado. Pelo que se vê do início da temporada, não seria Riker o revoltado com a situação, mas sim Deanna.

Com um tema infeliz, em um momento infeliz, só sobrou apelar para o humor. E eles bem que tentaram — trouxeram Majel Barrett para interpretar a inconveniente, excessivamente honesta e telepata Lwaxana Troi, a mãe de Deanna.

Não deu certo. A personagem passa de engraçada a insuportável nos primeiros momentos. Se há alguma graça, está nas reações de Picard à personalidade pitoresca da mãe de sua conselheira.

Por fim, a aparição dos tarelianos, em uma nave que representa o que sobrou de uma espécie devastada por uma guerra de armas biológicas, poderia ter sido um bom tema para o episódio. Entretanto, da forma que foi usada, não passou de um bom escapismo para tirar Wyatt do caminho e deixar Troi seguir viagem com a Enterprise.

Tão evidente é o escapismo que a relação entre Wyatt e uma sedutora tareliana não faz o menor sentido. Telepatia interestelar sem conhecimento prévio das pessoas envolvidas conduzindo a um destino é coisa que nem o guru, astrólogo e picareta Walter Mercado saberia explicar…

O resumo da ópera: da primeira vez, passa. Mas se alguém achar legar assistir mais de uma vez, é melhor procurar um médico.

Citações:

Data – “Could you please continue the petty bickering? I find it most intriguing.”
(Poderiam, por favor, continuar com a implicância mesquinha? Eu a acho bastante intrigante.)

Trivia:

  • Neste episódio Troi chama William Riker pelo apelido de “Bill”. Essa foi a segunda (e última vez) em toda a série que algum personagem o chamou assim. Posteriormente, o apelido “Will” veio a ser utilizado (além do “Number One” — Imediato, na versão brasileira — somente dito pelo capitão Picard).
  • Também foi a última vez, até o episódio final da 2º temporada, em que Troi tratou Riker com a palavra betazóide para amado: “imzadi”.
  • Por coincidência, o diretor Richard Compton começou a dirigir este episódio exatamente um dia depois de fazer 20 anos em que ele atuou como um personagem coadjuvante da Série Original, o tenente Washburn, no episódio “The Doomsday Machine”. Ele é um dos membros da equipe de Scotty tentando consertar a nave Constellation.
  • Lwaxana Troi, mãe de Deanna, é interpretada por Majel Barrett, viúva de Gene Roddenberry (hoje ela usa o nome Majel Roddenberry). Ela interpretou a Número Um (ainda de cabelo preto) no episódio piloto de Jornada, de 1964, “The Cage”. Fez também o papel da enfermeira Christine Chapel (já loira) na série clássica. É dela também a voz do computador nas séries Nova Geração, Deep Space Nine e Voyager, além de em inúmeros jogos de Jornada para computador.

Ficha técnica:

História de C.J. Holland
Roteiro de Tracy Tormé & Lan O’Kun
Direção de Richard Compton
Exibido em 30/11/1987
Produção: 005

Elenco:

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Gates McFadden como Beverly Crusher
Marina Sirtis como Deanna Troi
Wil Wheaton como Wesley Crusher
Denise Crosby como Natasha “Tasha” Yar

Elenco convidado:

Majel Barrett como Lwaxana Troi
Rob Knepper como Wyatt Miller
Nan Martin como Victoria Miller
Robert Ellenstein como Steven Miller
Carel Katarina como sr. Homn
Raye Birk como Wrenn
Danitza Kingsley como Ariana
Michael Rider como chefe do transporte