DS9 1×16: The Forsaken

Odo é surpreendido por Lwaxana Troi

Sinopse

Data estelar: 46925.1 

Bashir é encarregado de ciceronear quatro embaixadores em visita à Estação 9: o vulcano Lojal, o boliano Vadosia, a arbazana Taxco e a betazoide Lwaxana Troi, que, na mesa de dabo, tem seu broche de cabelo roubado. Odo rapidamente identifica o larápio, o que a deixa encantada. Ela pede a Bashir que conte tudo o que sabe sobre Odo.

No Ops, O’Brien sofre com o computador da estação quando os embaixadores chegam com Bashir. A recepção é interrompida quando uma misteriosa sonda emerge do buraco de minhoca. Enquanto isso, Lwaxana vai encontrar Odo no escritório da segurança e flerta com ele, atraída pelo fato de ele ser um transmorfo. O comissário fica muito desconfortável.

Lwaxana no Quark's

O’Brien e Dax conseguem estabelecer uma conexão com a sonda, e o computador responde surpreendentemente bem. Uma análise revela que a espaçonave é apenas um complexo computador. Odo, com seus próprios problemas, reclama com Sisko sobre Lwaxana, a qual o reencontra em seguida, convidando-o para um piquenique em uma holossuíte. Odo recusa o convite, e os dois entram juntos no turboelevador, que trava no meio da viagem. Dax tenta teletransportá-los dali, mas um mau funcionamento impede. Lwaxana fica feliz de ter um tempo a sós com Odo, que não pode mudar de forma por conta dos circuitos elétricos expostos nos mecanismos de trava do turboelevador.

Ao mesmpo tempo, Bashir quer se livrar dos embaixadores, mas Sisko ordena que ele siga acompanhando-os. Já O’Brien tem um problema inusitado: o computador, antes terrível, agora está sendo muito gentil com ele. E sempre que o chefe se afasta do Ops, surge um novo problema para trazê-lo de volta.

Sisko, Dax e Kira tentam determinar o que está acontecendo, e a oficial de ciências lança a hipótese de que a sonda pudesse ser uma forma de vida senciente não biológica. O’Brien sugere devolver os arquivos baixados de volta à sonda, mas antes que ele possa tentar, o computador desliga os sistemas da estação.

O'Brien e Anara no Ops

Odo, ainda preso no turboelevador com Lwaxana, em breve terá de reverter a seu estado líquido. Ele está envergonhado com sua situação, mas a embaixatriz deixa claro que ele não tem nada a temer, expondo também que ela usa uma peruca para alterar sua aparência. Depois de muito resistir, o comissário aceita se liquidificar e se aconchegar no colo de Lwaxana.

No Ops, O’Brien tenta distrair a forma de vida que tomou o controle da estação, cortando-a de cada um dos sistemas individuais, enquanto Sisko e Dax tentam dar mais tarefas simultâneas ao computador. De início, funciona, mas, então, o sistema se sobrecarrega e um incêndio começa em um dos corredores, onde Bashir está com os embaixadores, deixando-os presos.

A urgência para resolver o problema aumenta; O’Brien tem uma ideia: tratar a forma de vida como um pet e criar uma “casinha de cachorro” para ela. Ele sugere isolar uma partição no computador da estação e alojar a forma de vida lá, assim ela poderá ter a atenção dele sem afetar os demais sistemas.

Odo preso no elevador com Lwaxana Troi

Sisko conduz uma equipe para salvar os embaixadores, que estão gratos a Bashir por ter protegido suas vidas, e Odo se despede de Lwaxana, com a promessa de que voltarão a se ver.

Comentários

“The Forsaken” traz a primeira aparição de Lwaxana Troi em Deep Space Nine. Anteriormente, ela tinha estado em cinco episódios da Nova Geração. Lá, ela era tratada como excêntrica, inclusive, é assim que Deanna, sua filha, a apresenta para Picard. Não só isso, mas especialmente nos primeiros três episódios de TNG em que ela aparece, ela é apresentada como sendo uma mulher obcecada em casar a filha, em casar-se novamente, e não mede esforços dando em cima de Picard de forma até ostensiva, mesmo sabendo que ele não tem nenhum interesse nela. Ainda que nos episódios seguintes eles tenham suavizado um pouco essas características, a personagem já chega em DS9 com essa bagagem.

Title Card Deep Space Nine The Forsaken

Dito isso, aqui em “The Forsaken” os roteiristas conseguiram apagar um pouco a forma pejorativa como Lwaxana era apresentada e deram mais camadas para a personagem. Sim, ela traz as características conhecidas de ser uma caçadora de homens, e a vítima da vez é Odo. Porém, na cena do elevador onde eles ficam presos por horas, ela acaba se mostrando ser uma mulher que no fundo é solitária e a maneira como ela tenta se conectar com as pessoas é dessa forma. No fundo, ela apresenta uma vulnerabilidade, uma mulher presa a costumes e imposições da sociedade, na qual ela sente que tem sempre que se mostrar bonita, forte e não comum, nunca comum. Ela demonstra ser extremamente empática com Odo, e eles criam uma certa cumplicidade numa cena extremamente poderosa, quando ela tira a peruca e mostra a Odo quem ela é. Em contrapartida, isso permite que Odo mostre também sua vulnerabilidade e, finalmente, entre em seu estado líquido na frente dela. Ato que ele nunca tinha feito antes na frente de outras pessoas, a não ser do cientista que cuidou dele.

Essa cena nos permite, da mesma forma, aprender um pouco mais sobre o Odo. Em como no início ele estava aprendendo a se relacionar com sólidos, e a maneira que ele achou foi a de agradá-los ao fazer performances, mudando a sua forma para cadeiras, animais, entre outras coisas. Ainda que isso não o agradasse. Ele era a atração da festa, mas acabou passando a odiar esse tipo de acontecimento e se tornando uma pessoa discreta e distante. Odo valoriza muito a sua individualidade e, até mesmo, Kira, com quem ele tem uma relação de amizade mais próxima, ele demonstra dificuldade em se abrir. Aqui, com Lwaxana, de certa forma, ele cria esse laço de cumplicidade que irá se estender para as aparições futuras da personagem em DS9, ainda que os episódios não sejam bons como esse aqui. “Fascination”, em especial, é bem ruim.

Lwaxana e Odo

Mas antes de chegarmos nesse momento de entendimento entre Odo e Lwaxana, ele tem extrema dificuldade em lidar com ela. Na conversa com Sisko, na qual ele pede conselhos ao comandante, Odo diz que a maneira como Lwaxana expressa a sua gratidão por ele ter recuperado o broche dela, e em como ela parece estar interessada nele, deixam-o desconfortável. Ele não sabe lidar com esse tipo de situação e acredita que os humanos passam tempo demais nos rituais de acasalamento. Sisko ainda tenta entender qual o problema, afinal, relacionamentos fazem parte das relações humanas. Claro que aqui, a agressividade da Lwaxana em demostrar sua afeição é o grande problema, mas é interessante ver a visão de Odo sobre os sólidos. Não é a primeira, nem será a última que vemos Odo tentando entender o comportamento humano. Por fim, Sisko o aconselha a tratar o problema com delicadeza, pois Lwaxana é embaixadora da Federação.

Inclusive, não é só Odo que tem problemas para lidar com os recentes visitantes. Junto com Lwaxana vieram mais três embaixadores para visitar a Estação, e Sisko deixou Bashir responsável por ciceronear todos eles. Já tínhamos visto em “Move Along Home” que Sisko não tem paciência para a diplomacia, e esse episódio reforça ainda mais essa faceta do comandante. Ele tenta a todo custo se manter distante dos embaixadores. Mas é compreensível, ainda mais a forma como os três são caracterizados. Infelizmente, eles são extremamente estereotipados e isso acaba prejudicando a história. A mulher que parece ser diplomata com o intuito de viver na soberba, exigindo ter aposentos maiores do que os oferecidos. O Vulcano, que sabe tudo, acha que é melhor do que todos pelo seu superior intelecto, dentro da bidimensionalidade que estamos acostumados ver a caracterização da raça vulcana em geral. Pelo menos Bashir coloca o vulcano em seu lugar, quando ele reclama que Dax não sabe de nada, e o doutor diz que ela pode aparentar ser jovem, mas tem mais de 300 anos. E, por fim, o terceiro embaixador que também acha que sabe tudo e quer ficar dando sugestões, metendo-se no trabalho de quem verdadeiramente está no comando. A impressão que fica é que nenhum deles é diplomata de carreira, porque não é possível tanta arrogância e falta de tato. Ou talvez seja apenas falta na qualidade de escrita do roteiro mesmo.

Bashir e embaixadores no Ops

Conforme Bashir vai passando o tempo com os três embaixadores, que não se deixam agradar com nada, ele teme por sua carreira e até é engraçado como Sisko conta que ele já passou por isso, e agora é a vez de Bashir. Talvez seja um rito de passagem, em que todos os oficiais de baixa patente têm que passar. Mas, no fim, Bashir acaba salvando os embaixadores, os quais se sentem agradecidos e valorizam o bom doutor. Clichês a parte, Bashir estava no lugar certo, na hora certa. Não é o melhor dos momentos, todavia, depois de ver as três figuras diminuindo Bashir o episódio inteiro, foi bom ver esse final. Não é possível que os roteiristas continuem utilizando Bashir como o alívio cômico dos episódios o tempo todo. A boa notícia é que em algum momento isso irá mudar.

Essa história dos embaixadores, tanto do Odo com Lwaxana, quanto Bashir com os outros três, poderia ser considerada como as histórias B e C do episódio. A história A seria a parte da sonda, digamos, apresentando o lado sci-fi do episódio. Uma entidade que não se sabe se é senciente ou não. O problema é que acabamos não descobrindo o propósito da sonda, por que e por quem ela foi enviada, será que em algum momento ela conseguiria evoluir e se comunicar com eles? Ou continuaria agindo como um animal de estimação, como acaba sendo tratada por O’Brien, que a tem como um cachorrinho que só quer atenção, e a maneira de fazer isso foi criar caos com os sistemas do computador? No fim, se formos ver, acaba parecendo que a parte da sonda na realidade é que está a serviço das outras duas histórias. É a boa e velha falsa encrenca. Afinal, foi a sonda que fez o elevador ficar parado com o Odo e a Lwaxana dentro, e causou o incêndio no corredor onde estavam Bashir e os embaixadores e que possibilitou Bashir de ser o herói. O que no fundo é uma pena, pois a história tinha potencial para mais desenvolvimento.

Sisko após embaixadores deixarem o Ops

Sem contar que a premissa da sonda conseguir dominar o computador da Estação parece ser totalmente sem fundamento. Sisko não permitiu que Dax trouxesse a sonda para dentro da Estação por questão de segurança, afinal não sabiam do que se tratava. Então, por que fazer o download de arquivos da sonda para dentro do computador parece ser uma boa ideia? Por que não fazer o download num computador isolado? Aliás, isolar a entidade é a solução dos problemas no final do episódio. Para não dizer que toda essa trama não se salva, a interação do O’Brien com o computador é interessante. Em como ele parece acreditar que o sistema cardassiano tem a sua personalidade, em como ele tem dificuldade em lidar com o computador por não ser tão preciso como os sistemas federados, mas, ao mesmo tempo, não permitirem que ele contorne as regras. Acaba sendo válido apresentar esse tipo de dificuldade aqui nesse primeiro ano. Já tínhamos visto O’Brien lidando com os problemas na Estação, e aqui mostra que ele ainda não conseguiu superar todos esses problemas. Quase um ano se passou e ainda nem todos os sistemas funcionam corretamente. É verdadeiro e compreensível. E é exatamente esse seu conhecimento do computador que faz com que ele perceba a mudança de personalidade que leva a eles descobrirem o que realmente está acontecendo.

Outro ponto interessante é a apresentação de Anara, a assistente bajoriana do O’Brien. Os roteiristas tinham um propósito ao trazê-la, mas que será revelado em um episódio futuro. Ainda que não tenha tido os resultados esperados por eles.

No fim das contas, “The Forsaken” é mais um episódio com cara de genérico, com os roteiristas querendo aproximar DS9 de TNG ao invés de procurar a própria identidade da série. Nessa primeira temporada tivemos muitos episódios nesse estilo, inclusive trazendo personagens vistos em TNG, como Q, Vash, Lursa e B’Etor e a própria Lwaxana. Mas, por outro lado, conseguiram de certa forma dar mais dimensão e desenvolvimento para o personagem do Odo, a sua relação com a Lwaxana e até mesmo dar mais camadas para essa personagem que chega em DS9 com características não muito bem-vistas, e “pré-conceitos” de que um episódio com Lwaxana não poderia ter nada de bom. Mas, como Odo bem disse, não era nada do que eu esperava (pelo menos essa parte)!

Avaliação

Citações

“Great. Everything’s in working order, except nothing’s working.”
(Ótimo. Tudo está funcionando, exceto que nada está funcionando.)
Kira

“Nothing makes them happy! They are dedicated to being unhappy and to spreading that unhappiness wherever they go! They are the ambassadors of unhappy!”
(Nada os faz felizes! Eles são dedicados a serem infelizes e a difundir a infelicidade por onde quer que vão! Eles são os embaixadores da infelicidade!)
Bashir

“Procreation does not require changing how you smell, or writing bad poetry, or sacrificing various plants to serve as tokens of affection.”
(Procriação não requer mudar como você cheira, ou escrever má poesia, ou sacrificar várias plantas para servir como presentes de afeição.)
Odo

Trivia

  • O episódio teve dois títulos provisórios: “Ghost in the Machine” e “Only the Lonely“. O segundo era uma homenagem a uma canção de Roy Orbison.
  • Este episódio marcou a primeira das três participações de Majel Barrett como a embaixadora betazóide Lwaxana Troi durante a série. A personagem é oriunda de A Nova Geração.
  • Michael Piller disse que esse episódio foi escrito como um bottle show, para economizar dinheiro no final da primeira temporada.
  • A data estelar deste episódio o coloca depois de “Dramatis Personae”, o episódio seguinte.
  • A entidade apelidade de Pup por O’Brien nunca mais é mencionada em tela, e supostamente deve ter sido apagada quando Kira rodou o programa 197 que Sisko criou para destruir todo o computador da Estação em “Call To Arms”.

Ficha Técnica

História de Jim Trombetta
Roteiro de Don Carlos Dunaway e Michael Piller
Direção de Les Landau

Exibido em 23 de maio de 1993

Título em português: “Intruso de Estimação”

Elenco

Avery Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O’Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko

Elenco convidado

Majel Barrett como embaixadora Lwaxana Troi
Constance Towers como embaixadora Taxco
Michael Ensign como embaixador Lojal
Jack Shearer como embaixador Vadosia
Benita Andre como Anara

Balde do Odo

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Sinopse de Salvador Nogueira
Edição de Muryllo Von Grol
Revisão de Rafaela Sieves

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