Gênese  |  Episódios  I  Reflexões  |  Palavras do autor  |  Palavras do artista

Universo paralelo

Star Trek Early Voyages, nº 06 – julho de 1997
40 páginas
"Cloak & Dagger, Part II"

História: Dan Abnett e Ian Edginton
Desenhista: Patrick Zircher
Arte-final: Greg Adams
Cor: Marie Javins
Letras: Janice Chiang
Editora: Bobbie Chase
Editor interino: Bob Harras

Material produzido por Salvador Nogueira para o Trek Brasilis

 

Data Estelar: 2396.6
Data Terrestre: 2254

Sinopse:

O disparo da arma Tol Par-Doj causou sérios danos à Enterprise, incluindo a queda de seus escudos. Indefesa, a nave sofreu uma abordagem pelos Vulcanos rebeldes, liderados pelo comandante Tagok. Os tripulantes resistem bravamente à invasão, conseguindo contê-la, a custo de cinco mortos e 29 feridos.

Antes que a Cortez pudesse novamente voltar a atacar --o que seria fatal para a Enterprise--, a Número Um instruiu José Tyler a baixar os escudos da nave adversária remotamente. Mohindas então disparou torpedos fotônicos contra a Cortez, desativando seu sistema de gravidade artificial. Enquanto os Vulcanos tentam contornar os danos, a equipe sênior da Enterprise se reúne para debater uma saída da presente crise.

Enquanto isso, Pike e seu grupo de descida são mais prisioneiros do que "convidados". T'Kell revela a ele que pretende usar a Enterprise para a fuga de seus comandados, depois que uma antiga arma Vulcana até então nunca construída, a Vorl-Tak, destruir a Cortez e, junto com ela, seus inimigos rebeldes. Spock conta a Pike do que se trata a Vorl-Tak --uma arma que usa a força gravitacional de um planeta como amplificadora de poderes psiônicos. Ela não só é devastadora contra quem é usada, como causa o colapso do próprio planeta em que está instalada. T'Kell quer dispará-la contra a Cortez. Caso não atinja o alvo, mesmo assim o planeta será destruído, acabando com as intenções de Tagok e seus subordinados de permanecerem por lá.

Spock tenta dissuadir T'Kell de usar esse recurso, argumentando que o equipamento poderia ser desmontado para a construção de uma nave que levasse seu povo para fora de lá. A matriarca está irrelutante. Ela ordena o disparo, que faz a Cortez em mil pedaços. Enquanto isso, Pike volta à Enterprise em sua nave auxiliar, para preparar o resgate do povo de T'Kell, acordo que ele aceitou à base de chantagem.

O planeta está se desfazendo, o povo de T'Kell está morrendo, e a interferência impede o teleporte do grupo de descida da Enterprise de volta à nave. Pike ordena que a Enterprise entre na atmosfera, para que seja atingido o limite de alcance do transporte naquelas condições. Os membros do grupo de descida são resgatados, mas nada se pode fazer pelos Vulcanos.

Enquanto a Enterprise se recupera do incidente, Spock decide que os Vulcanos estão melhores sem emoções devastadoras. Em razão disso, ele inicia um processo para eliminar o que ainda resta de seu lado humano.

Comentários

Se a primeira parte da história deu alimento ao personagem Spock, a segunda parte é ainda mais contundente. Ela explica de forma clara o porquê de o Spock de "The Cage" ainda apresentar vários traços de seu lado humano, sorrindo no planeta e gritando a bordo da nave, enquanto sua versão posterior, vista durante a Série Clássica, ser muito mais austera e livre de emoções. Segundo "Early Voyages", acabamos de ver o episódio que iniciou esse ódio interno de Spock por seu lado humano.

Tirando esse grande arco para o único personagem realmente conhecido da série, não há grandes destaques. A história é em geral um pouco mais forçada do que deveria, com armas Vulcanas tão devastadoras que chegam às beiras do inacreditável.

A estratégia de baixar remotamente os escudos da Cortez pode ter sido uma novidade para a tripulação da Enterprise em 2254 --mas para os fãs de Jornada, já é conhecida desde 1982, quando foi usada por Kirk em "A Ira de Khan". E se no filme a manobra parece inovadora e brilhante, aqui é mostrada de forma corriqueira e pouco emocionante. Faltou criatividade.

Essa segunda parte é mais voltada para ação do que para os personagens, diferentemente do que aconteceu na primeira parte. Aqui temos boas sequências de adrenalina, como a abordagem da Enterprise e a batalha espacial, que dão o tom do enredo. Entretanto, temos algumas frases muito bem escritas, como o momento em que a Número Um diz que "ninguém bagunça minha nave no meu turno", ou Spock relata a Pike que "minha perspectiva nisso não é diferente do que a sua seria se tívessemos descoberto uma colônia dos guerreiros eugênicos de Khan ou dos nazistas de Hitler".

A arte continua excelente como de costume, mas dessa vez apresenta um 'blooper': numa das cenas, a Enterprise claramente apresenta o código de registro "NCC 1707"!

Apesar do excesso de complicação, a história não chega a se perder em nenhum momento e não deixa muitos nós desatados, embora a má vontade de Pike em não salvar os Vulcanos emotivos quando a Enterprise parte em resgate do grupo de descida seja um pouco incômoda.