TB entrevista Jess Bush e Babs Olusanmokun

Apesar de pouco explorados na Série Original de Star Trek, o doutor M’Benga e a enfermeira Chapel se tornaram ícones. Em uma nova roupagem e com novos atores, os personagens estão de volta em Strange New Worlds, mais nova série da franquia, que estreia em 5 de maio.

Ambos Jess Bush (Chapel) e Babs Olusanmokun (M’Benga) conhecem bem o peso que estão carregando. Porém, isso não tira a liberdade deles de, como artistas, desenvolver novas facetas para estes personagens. Pelo contrário, a produção da série os incentiva a colaborar com a construção destas versões mais jovens.

Em entrevista para a imprensa, realizada pelo Paramount+ para promover a iminente estreia do novo seriado, eles puderam contar mais detalhes sobre esse processo. O Trek Brasilis foi um dos veículos convidados para bater um papo não apenas com os dois atores, mas com o elenco principal completo da série. Confira a seguir um trecho da nossa conversa com Jess Bush e Babs Olusanmokun em vídeo e, abaixo, a transcrição completa da entrevista.

Vocês interpretam personagens que estiveram na Série Original, mas não muito foi mostrado deles. Eu estava pensando… que tipo de preparo vocês fizeram para incorporar esses personagens? Vocês assistiram à Série Original? Qual foi a aproximação de vocês? O que é antigo e o que é novo sobre os personagens de vocês?

Babs Olusanmokun – Para mim, infelizmente, o M’Benga de Booker Bradshaw esteve em apenas dois episódios da Série Original, você sabe. Então, eu os assisti, mas eu realmente tomei a decisão de construir uma nova vida, uma nova jornada para ele. Então, está sendo um trabalho em progresso nesse momento, mas é animador e é uma honra construir a partir do que ele deixou lá atrás para mim.

Jess Bush – Para mim, eu assisti todas as performances de Majel Barrett na Série Original e eu estudei sobre qual sua posição era, culturalmente entendendo, onde ela estava no time, como tudo aquilo funciona. Eu também li muito sobre relatos de enfermeiras. Muito da performance de Majel puxa disso, porque há espaço para crescer a partir dela apenas destilando sua essência como um ponto de partida. Ela é muito sarcástica, ela é uma atiradora direta, ela tem muito humor no modo em que interage com as pessoas. Pegando essa essência, em colaboração com Akiva [Goldsman] e Henry [Alonso Myers], e a escrita deles é tão maravilhosa como uma ferramenta para descobrir quem ela é… Eu colaborei com eles no começo, dando ideias como: quem é a mulher mais nova que existe por baixo disso? E também quem ela é em 2021, porque há tanta complexidade a mais a ser encontrada, há tanta relevância para o mundo hoje em dia em relação à experiência de ser uma jovem mulher. E foi ótimo, eles confiaram muito em mim e me deram algumas direções também. Eles tinham algumas ideias sobre quem ela é e o que está acontecendo com ela internamente e isso também me deu lições a explorar. Então, sim, tem sido um prazer imenso explorar com ela e continuar descobrindo quem ela é e como ela se relaciona com as pessoas ao redor dela. É, tem sido uma honra ser apenas a segunda atriz na história a trazer essa personagem à vida.

Quais novos vocabulários ou conhecimentos vocês aprenderam entrando nesse novo mundo da ficção científica? Ou vocês sempre souberam falar vulcano?

Babs Olusanmokun – Eles tornaram isso fácil para nós. A preparação, o material que nós recebemos e como nós pronunciamos as coisas e dizemos nomes… Há um time incrível de suporte por trás das câmeras, criativamente e em outros modos. Então, enquanto nós estivemos fazendo o nosso trabalho, tem sido amável.

Agora gostaria de falar sobre a diversidade no elenco, afinal Star Trek tem alienígenas e todos os tipos de pessoas. Como vocês se sentiram em relação a isso?

Jess Bush – Eu acho que a diversidade tem sido um pilar do que Star Trek é, o que Star Trek tem sido desde seu início, e essa é uma parte tão especial do que a franquia é. Eu acho que intencionalmente eles continuaram com isso, continuaram fazendo isso ser relevante. A diversidade hoje tem significado diferente do que a diversidade era quando a Série Original foi concebida. Da minha experiência, eu fico animada por cinco pessoas do elenco principal serem mulheres. Eu penso que isso é incrível e isso não foi criado como um token apenas para um ponto do roteiro, é o que é. Estamos em posição de poder e, para mim, tem sido algo novo e incrível.

Babs, uma das coisas que eu sempre amei sobre Star Trek é como ela usa o pano de fundo da ficção científica para explorar questões atuais. Isso é algo que veremos a série ou o seu personagem fazendo em Strange New Worlds?

Babs Olusanmokun – Eu acredito que eu posso dizer que sim, sem entregar nenhum ponto de roteiro. Eu acho que os showrunners, Akiva e Henry, estão muito atentos à manutenção do legado de Star Trek nesse sentido de falar de coisas que estão acontecendo agora. Nós absolutamente iremos tocar em alguns pontos e espero que vocês estejam atentos para ver isso. Está lá. Então sim, ós estamos definitivamente fazendo isso.

Jess, você sentiu muita pressão ao aceitar esse papel já que ele foi originalmente interpretado pela primeira-dama de Star Trek?

Jess Bush – Eu acho que no início, quando a ideia surgiu, foi meio desafiador. É uma grande responsabilidade. Mas as pessoas que produzem Star Trek e as pessoas que assistem Star Trek nos dão muito suporte. É uma comunidade tão bonita. Eles apenas querem que você tenha sucesso. Tem sido uma recepção muito calorosa, eu me sinto apoiada e acredito, mais que tudo, tem sido uma honra tão grande ter sido confiada para isso e tem sido um enorme desafio criativo.

Babs, eu sou brasileiro. E um pequeno pássaro me contou que você é faixa preta de terceiro grau em jiu jitsu brasileiro! Você emprestou algumas habilidades de luta para o M’Benga? Podemos esperar que ele as mostre em Strange New Worlds?

Babs Olusanmokun (em português) – Cara… Gustavo, eu não posso falar nada. (risos)

Babs Olusanmokun (em inglês) – Eu acabei de falar para o Gustavo que eu não posso comentar sobre isso. Claro, isso tem sido uma grande parte da minha vida, mas por enquanto, sem comentários.

Babs Olusanmokun (em português) – Não posso, não posso, não posso! (risos)

Está tudo bem, só de te ver falando português, já é maravilhoso! (risos) Agora uma pergunta para ambos. Como vocês se sentem não apenas interpretando personagens tão icônicos, mas ser parte de uma franquia tão icônica?

Jess Bush – É incrível! O que eu mais gosto sobre Star Trek, desde o início, é que há um impacto cultural tão vasto e é tão presente… Referências de Star Trek estão em todo lugar, está em tudo. Eu acho que eles tem sido bem intencionais em como eles usam esse poder e ter a chance de contribuir com isso, como uma artista… Não há nada mais que eu poderia pedir. É poder usar sua voz e seu coração para passar uma mensagem positiva e ter um impacto que está sempre visando pelo melhor, por um mundo melhor.

Babs Olusanmokun – Eu concordo absolutamente com tudo o que Jess acabou de dizer. Eu acho que isso é uma parte tão importante do legado de Star Trek e é um legado que abraça isso. O time criativo por trás abraça isso porque, claro, sem isso simplesmente não seria Star Trek. Então, é uma missão que permanecem nas diferentes séries e me sinto extremamente honrado de ser parte disso. Somos abençoados por termos sido escolhidos para contar essas histórias, trazer algo mais leve para este mundo.

Seus personagens estão sempre juntos, mas têm diferentes personalidades. Dr. M’Benga é todo sério e a enfermeira Chapel é mais solta e divertida. Como essa relação aconteceu para vocês no set? E vocês se identificam com seus personagens?

Jess Bush – Obviamente, há semelhanças. Eu e Babs desenvolvemos uma amizade para além do set. Tem sido fascinante e incrível genuinamente ir ao set e ver o que acontece quando nossos personagens interagem e ver as nuances e diferenças entre eles. Porque eu acredito que eles são diferentes, nossa relação no set é diferente do que temos do lado de fora. É realmente bonito ver, a partir dos roteiros que recebemos e das nossas próprias escolhas, o resultado final de como isso se desenvolve. E que continua a se desenvolver, na verdade. Nós tivemos muitas oportunidades de fazer isso. Passamos muito tempo juntos e nós nos importamos profundamente um com o outro e apoiamos um ao outro de um jeito que é quase familiar, eu acredito. Tem sido uma parte amável dessa descoberta.

Babs Olusanmokun – Eu concordo. Absolutamente. Eu concordo. Tem sido muito divertido brincar com esses personagens e me aproximar de Chapel, a Chapel da Jess. As escolhas que nós fazemos individualmente para os personagens… colocá-las juntas, entender o que eles tem um com o outro e o tipo de espaço que eles dão um ao outro na ala médica, no trabalho, tem sido uma experiência bonita até então.

E, para encerrar, vocês acham mais difícil interpretar um personagem com uma certa história prévia ou um personagem completamente novo?

Jess Bush – Para mim, acredito que tenho o melhor de dois mundos. É um desafio criativo muito animador interpretar alguém que já existia antes, mas quais partes dessa personagem eu quero que se conectem com a minha? É muito interessante para mim pensar, ah, o que isso significa e o que acontece se eu germinar isso um pouco mais, trazer para os dias atuais? Mas também há a liberdade para explorar e tomar novas decisões. É um presente maravilhoso.

Babs Olusanmokun – Meu trabalho é sempre um desafio. Embora eu tenha menos para me basear, é ainda trabalho e há uma beleza nisso que me possibilitar criar algo, mas algo que eu terei que responder sobre se alguma coisa não se sustentar. É como “você quer ser o chefe? Ok…”. Tem sido fantástico, um verdadeiro deleite enfrentar esse desafio e espero que os fãs apreciem isso.

Colaborou Salvador Nogueira.

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