Star Trek Day promove a Série Clássica

No Star Trek Day, o painel sobre a Série Clássica foi apresentado por Wil Wheaton (Wesley Crusher de A Nova Geração) e contou com a presença de George Takei, o Sr. Sulu da Série Original e com Rod Roddenberry, filho do criador da série, Gene Roddenberry.

George Takei começou dizendo que quando fez o teste de elenco para a série original no estúdio da Desilu, conversou com Gene Roddenberry para saber algo a respeito do novo seriado. E ficou muito animado, além de ter conseguido o emprego, com a visão futurista de Gene. Ao saber de seu personagem, viu nisso uma oportunidade de quebrar esteriótipos que haviam na época.

Rod Roddenberry comentou que sua introdução ao mundo de Star Trek quando criança, se deu no escritório de seu pai, mas não entendia e não assistia o seriado. Quando começou a participar de convenções, já adolescente, foram os fãs que o ensinaram sobre Star Trek, principalmente assistindo A Nova Geração. Da série original, o episódio que o conquistou foi “Devil in The Dark”, que mostrou a empatia de Kirk e Spock pela a criatura que estava matando as pessoas, uma metáfora para o racismo.

George Takei disse que sabia da diversidade abordada na série, e que tinham o famoso acrônimo, IDIC (Infinita Diversidade em Infinitas Combinações) desde o início das filmagens.

Comentando a respeito do episódio “The Naked Time” da Série Clássica, onde o personagem Sulu torna-se um espadachim, Takei disse que deu sua contribuição para definir melhor o papel. Na época das filmagens, ele conversou antes com o escritor deste episódio, John D. F, Black, que queria colocar Sulu usando uma espada de samurai. Takei disse que era consistente com sua etnia japonesa-americana, mas o seriado se passava no século 23 e Sulu veria sua herança de forma mais abrangente. Na infância, após assistir As Aventuras de Robin Hood, com Errol Flynn, o ator e os amigos brincavam de Robin Hood, assim seria mais interessante que Sulu praticasse esgrima.

Quando perguntado se sabia esgrima, ele respondeu que sim, e brincou dizendo que você não pode perguntar a um ator se sabe alguma coisa, pois ele sempre vai dizer que sim. Mas ele foi aprender esgrima para esse episódio. Mais interessante é que ele procurou na lista telefônica professores de esgrima e achou os Estúdios Falcon, onde se inscreveu. Por coincidência, seu professor, Mr. Faulkner, foi a pessoa que coreografou As Aventuras de Ronin Hood e inclusive participou de algumas cenas, lutando contra Errol Flynn.

Wil Wheaton afirmou que George Takei, mesmo sem Star Trek, era uma pessoa que procurava justiça para todos. Perguntou como Star Trek afetou esse impulso por ativismo.

“Você é gentil em dar crédito por tudo isso, mas lembrem-se eu estava dentro do armário, eu não era muito corajoso. A razão de eu ser uma pessoa orientada para a justiça foi que, aos cinco anos de idade, eu tive uma das maiores falhas da nossa democracia jogadas na minha cara.” Contou ainda a história de quando sua família foi levada, durante a segunda guerra mundial, para um campo de concentração americano para japoneses. Todos da família eram americanos, inclusive sua mãe e pai, mas foram categorizados como inimigos, por causa de sua face oriental. Essa história foi contada por George em seu livro Eles Nos Chamavam de Inimigos, disponível em português.

Rod Roddenberry, como produtor executivo dos novos seriados de Star Trek, considera-se o guardião da chama de Gene Roddenberry, e disse que é mais fã da filosofia de Star Trek do que da ficção científica e está muito orgulhoso dos novos seriados, que respeitam essa filosofia, dizendo: “O mínimo que Star Trek pode fazer é fazer você olhar para qualquer assunto sob uma nova perspectiva”.

Wil Wheaton citou que Star Trek sempre foi progressista e um dos únicos temas em que a franquia não podia ser progressiva era na representação LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer). Naquela época, os atores que eram abertos sobre serem gays corriam grandes riscos em suas carreiras e em sua segurança. Agora, temos um casal gay em Star Trek: Discovery, Dr. Hugh Culber (Wilson Cruz) e Paul Stamets (Anthony Rapp).

George Takei disse que em sua vida adulta sempre escondeu sua condição de homossexual e estava vivendo uma vida dupla. Era ativista em política, no movimento de direitos civis, em movimentos pacifistas durante a guerra do Vietnam, mas fechado no único tema que era muito pessoal para ele para proteger sua carreira. Alguns colegas sabiam, mas respeitavam sua privacidade para não prejudicá-lo. Contou sobre uma conversa que teve com Gene Roddenberry, após o cancelamento de Série Clássica, sobre porque Star Trek não abordava o assunto homossexual. Gene respondeu que sabia do assunto, era uma parte importante da diversidade, mas não podia abordar esse assunto no seriado, senão Star Trek não existiria na televisão.

Assim, constatou que o episódio com o beijo interracial entre o capitão Kirk (William Shatner) e Uhura (Nichelle Nichols), no episódio “Plato’s Stepchildren”, foi o de menor audiência de todos. Televisão era um meio financiado por comerciais e ninguém podia abordar esse assunto, há 54 anos atrás. Então ter um casal gay em Discovery, um seriado de Star Trek, é um grande avanço.

Todos os episódios da Série Original podem ser assistidos na Netflix.

Fonte: Star Trek.com