TNG 2×20: The Emissary

Episódio traz romance para Worf e muda o klingon para sempre

Sinopse

Data estelar: 42901.3

O Comando da Frota Estelar ordena a Enterprise a se encontrar com uma emissária da Federação em uma missão secreta e urgente, cujo teor só será conhecido no encontro. Picard e seus comandados ficam ainda mais intrigados quando descobrem que a dignitária viaja dentro de uma sonda, para ganhar seis horas.

A sonda é recuperada e K’Ehleyr é trazida a bordo. A emissária é meio klingon, meio humana, e uma velha conhecida de Worf — os dois têm um caso não resolvido. Ela informa Picard da missão: encontrar uma nave klingon que passou 75 anos em espaço profundo, com a tripulação em hibernação, e agora está voltando. O problema é que ela partiu numa época em que federados e klingons eram inimigos. K’Ehleyr considera um confronto inevitável, mas Picard ordena a tripulação a encontrar uma alternativa. Para isso, Worf terá de trabalhar com a emissária.

As coisas de início não vão bem. A tensão entre eles é palpável. K’Ehleyr fica furiosa e quebra uma mesa de vidro em seus aposentos. Troi, por sua vez, recomenda que ela vá descarregar suas energias no holodeck. A emissária decide usar o programa de calistenia de Worf, que depois acaba se juntando a ela lá. Em meio às lutas, surge um clima entre os dois e eles transam. Worf então quer fazer o juramento e casar-se, mas K’Ehleyr não tem a menor intenção de seguir a tradição klingon.

Num relatório a Picard, só aparece uma opção: a Enterprise chegar à nave T’Ong antes que a tripulação acorde e a mantenha em hibernação, até a chegada de uma escolta klingon. O capitão não está satisfeito e fica menos ainda quando o encontro acontece e os guerreiros já estão despertos. A T’Ong ataca a Enterprise. E então Worf tem uma ideia. Eles fingem que o klingon está no comando da nave, para ganhar a confiança do capitão da T’Ong.

O ardil dá certo e K’Ehleyr é despachada para assumir o comando do cruzador klingon, até a escolta chegar. Ela se despede de Worf indicando que tem um real interesse nele e que talvez eles possam ficar juntos no futuro. Para o klingon, é como se isso já fosse uma realidade.

Comentários

“The Emissary” é um ótimo veículo para Worf, personagem que foi bastante surrado pelos roteiristas nas duas primeiras temporadas da série. Aqui ele não é idiotizado, e sempre que isso acontece as coisas fluem muito bem (a exemplo do que ocorrera em “Heart of Glory”, do ano anterior). E o peculiar é que é uma história de amor para o klingon, algo até então jamais abordado para essa espécie, fora algumas piadas baratas. Tudo é novidade.

Ajuda também que Suzie Plakson faça um papel esplêndido como K’Ehleyr. Sua atitude debochada, combinada à personalidade forte que esperaríamos de um klingon, torna a personagem instantaneamente interessante, e a demanda por seu retorno à série surgiu imediatamente após a exibição desse episódio.

Vemos aqui lampejos da qualidade que marcaria as temporadas posteriores da série, com uma orientação bastante clara a personagem. A trama da nave klingon adormecida é basicamente um pano de fundo para a apresentação do relacionamento entre Worf e K’Ehleyr, e nem incomoda que seja simples e direta. Outro sinal claro e bem-vindo de foco é o fato de que até mesmo a cena de abertura, com o já tradicional jogo de pôquer, além de trazer um sabor de “um dia na vida da Enterprise”, coloca em relevo Worf (e sua incapacidade de blefar, num prelúdio para o que veríamos depois em sua relação amorosa, onde ele é incapaz de esconder seus sentimentos, ou ao menos avançar de forma mais cautelosa). Bela jogada.

Como se não bastasse isso, apesar de simples, a história de fundo é bem resolvida, de novo explorando Worf e o que ele aprendeu nesse arco — às vezes blefar, usar subterfúgios, é uma boa ideia. E assim ele resolve a crise com os klingons, fingindo ser o capitão da Enterprise. É um contraste enorme de inspiração com, por exemplo, “Samaritan Snare”, que teve uma trama legal para La Forge, mas com um desfecho mal ajambrado.

Além de bem escrito e inspirado, o episódio é econômico. Ambientado praticamente todo a bordo da Enterprise, ele recicla o programa de calistenia de Worf (visto antes em “Where Silence Has Lease”), com direito a céu colorido típico da Série Clássica e tomadas da nave klingon recicladas de Jornada nas Estrelas: O Filme. Para o que o segmento pedia, deu bem para o gasto.

E o final sugere que esta não seria a última vez que veríamos K’Ehleyr. Com efeito, “The Emissary” traz elementos que impactariam a vida de Worf por longos anos, com repercussões importantes para o personagem em A Nova Geração e além.

Avaliação

Citações

“Lieutenant, I order you to relax.”
“I am relaxed!”
(Tenente, eu o ordeno a relaxar.)
(Eu estou relaxado!)
Picard e Worf

Trivia

  • Este episódio é baseado em uma história escrita por Thomas H. Calder. O argumento foi reescrito para televisão por Richard Manning e Hans Beimler, que também se encarregaram do roteiro.
  • O diretor Cliff Bole bolou nos sets vários dos costumes klingons vistos aqui. “Eu bolei aquele negócio em que [K’Ehleyr] crava as unhas na mão e tem todo aquele sangue. Eu fiz aquilo no set. Estava me perguntando o que essas pessoas fazem, e tinha a imagem de ossos quebrando e achei que era isso que eles faziam quando se empolgavam.” Mas, claro, as coisas só esquentaram mesmo entre Worf e K’Ehleyr no intervalo comercial…
  • Suzie Plakson volta à série depois de ter interpretado a doutora Selar em “The Schizoid Man”. Tracy Tormé, autor daquele episódio, queria escrever um romance entre Selar e Worf, mas a ideia foi descartada em favor deste episódio. Selar não retornou, mas Plakson sim.
  • Wesley Crusher (Wil Wheaton) não aparece neste episódio.
  • As tomadas do cruzador klingon foram recicladas de Jornada nas Estrelas: O Filme, mas com a adição de efeitos de disparos de disruptor e camuflagem.
  • O showrunner Maurice Hurley ficou satisfeito com o episódio. “Grande ideia e um dos que funcionaram. Difícil que não funcionasse, mas funcionou de ponta a ponta. Com os klingons você está lidando com emoção e paixão. (…) A série fica tão presunçosa intelectualmente e autocentrada, e você precisa de algo assim para chacoalhá-la; alguém disposto a derrubar as barricadas. A ideia da meio klingon foi divertida.”
  • Cliff Bole também gostou. “E achei que Michael Dorn fez um bom trabalho nele. Acho que deixei [Suzie Plakson] exagerar um pouquinho. Ela foi um pouco longe demais, mas é uma moça talentosa. Acho que os episódios klingons são divertidos, porque você pode ir meio longe com eles.”

Ficha Técnica

História televisiva e roteiro de Richard Manning & Hans Beimler
Baseado em história não publicada de Thomas H. Calder
Dirigido por Cliff Bole

Exibido em 26 de junho de 1989

Título em português: “A Emissária”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi

Elenco convidado

Diana Muldaur como Katherine Pulaski
Colm Meaney como Miles O’Brien
Suzie Plakson como K’Ehleyr
Lance LeGault como K’Temoc
Georgann Johnson como Gromek
Anne Elizabeth Ramsay como alferes Clancy
Dietrich Bader como tripulante tático

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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