DS9 1×04: Babel

Premissa pouco inspirada sobrevive graças à química dos personagens

Sinopse

Data estelar: 46423.7.

Um vírus mortal criado por terroristas bajorianos há 18 anos, durante a época da construção da estação pelos cardassianos, é liberado por acidente na estação quando o chefe O’Brien consertava um sintetizador de alimentos.

O vírus gradualmente infecta todos a bordo, gerando um estado de afasia (incapacidade de se comunicar ou de entender o que os outros dizem) em toda a tripulação, que com o tempo, os conduziria à morte.

Kira corre contra o tempo, procurando pessoas ligadas ao terrorismo bajoriano à época da ocupação cardassiana, na esperança de encontrar um cientista capaz de fornecer um antídoto.

Ela encontra o auxiliar do responsável pela criação do vírus, que é capaz de engendrar um antídoto a partir dos primeiros resultados obtidos pelo doutor Bashir.

Comentários

A ideia do vírus em si é boa (com os seus sintomas afásicos iniciais e tendo sido manufaturado pela resistência bajoriana da época da construção de Terok Nor), mas a falta de tempo para desenvolver a contento tamanha crise (envolvendo a contaminação de toda a estação e a sua quarentena – fora o risco de a estação se transformar em um necrotério) e a extrema conveniência e facilidade da sua resolução condenam prontamente o episódio à mediocridade.

Talvez a manutenção do tom farsesco inicial, sem escalar a crise, beneficiasse o segmento.

O teaser do episódio até que é bom em si mesmo, mostrando a sobrecarga de O’Brien com a manutenção da legada estação cardassiana e se conclui vislumbrando algum perigo ainda não especificado instalado no último replicador consertado pelo chefe (que se mostra uma espécie de paciente zero aqui e o primeiro a exibir os sintomas terminais do ardiloso vírus). Infelizmente, a cena final do segmento busca uma rima cômica com esse início mais leve que se mostra deveras dissonante com a crise mortal que acabou de ser vivida.

A apresentação dramática falha (de longe!) em capturar a confusão afásica dos recém infectados (nem mesmo humoristicamente isso é bem explorado), deixando os atores meio que por conta própria (Meaney se sai bem melhor aqui do que Farrell e Lofton, por exemplo). A ordem e sincronismo das infecções dos personagens regulares (com a exceção de Odo) também é arbitrada para o segmento funcionar nos seus termos.

Nesses termos estabelecidos, Ben e Jake tem bons momentos juntos, assim como Odo e Quark. E a investigação de Kira sobre o criador do vírus é razoável e o seu subsequente “sequestro do suspeito” é coerente com a personagem da major até aqui.

Tema atual (pensado satiricamente), Quark potencializou a cadeia de transmissão do vírus, obteve e vendeu produtos (literalmente já infectados) ilegalmente, promoveu festas e aglomerações em meio ao confinamento, se autodeclarou “serviço essencial” para não fechar (idem) e chegou a cobrar dívidas dos seus clientes já sintomáticos, tratando a afasia por eles verbalizada como uma linguagem (!?). Isso sem contar o capitão alienígena do episódio, um “caminhoneiro” tão desesperado por entregar a sua carga perecível que acabou quase morrendo e explodindo boa parte do “terminal” e tendo seu “caminhão” destruído no processo.

(O que acabou dando meio ponto extra para o episódio.)

E mais algumas castanhadas:

– A ideia de “armadilhas tecnológicas” retornaria mais tarde na série em episódios como “Civil Defense” e “Empok Nor”;

– A luta de Bashir contra uma doença seria mais bem explorada no segmento “The Quickening”;

– Incrível Bashir não ter antecipado a possibilidade de transmissão aérea do vírus e o uso de máscaras e filtros de algum tipo.

Avaliação

Citações

“Rom is an idiot… he couldn’t fix a straw if it was bent.”
(Rom é um idiota. Ele não poderia consertar um canudo se estivesse entortado.)
Odo

 

Trivia

  • Somente Ira Steven Behr foi listado como tendo escrito este episódio em nota à imprensa emitida na época pela Paramount. Sendo que o segmento foi escrito por ele na companhia de Sally Caves, Michael McGreevey e Naren Shankar
  • O episódio contou com uma participação especial não creditada de Dan Curry como Dekong Elig (na realidade, sua foto, vista em um monitor de computador).

Ficha Técnica

História de Sally Caves e Ira Steven Behr
Roteiro de Michael McGreevey e Naren Shankar
Dirigido por Paul Lynch

Exibido em 24 de janeiro de 1993

Título em português: “Babel”.

Elenco

Avery Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O’Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko

Elenco convidado

Jack Kehler como Jaheel
Matthew Faison como Surmak Ren
Ann Gillespie como Jabara
Geraldine Farrell como Galis Blin
Bo Zenga como Asoth
Kathleen Wirt como “vítima de afasia”
Lee Brooks como “vítima de afasia”
Richard Ryder como “segurança bajoriano”
Frank Novak como “homem de negócios”
Todd Feder como “homem da Federação”

Balde do Odo

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Edição de Muryllo Von Grol
Revisão de Nívea Doria

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