TNG 4×08: Future Imperfect

Riker tem a chance de evoluir quando se vê dezesseis anos no futuro

Sinopse

Data estelar: 44286.5

Após desmaiar durante uma missão no planeta Alfa Onias III, Riker acorda 16 anos depois. Ele agora é capitão da Enterprise, e viúvo com um filho, de nome Jean-Luc. A dra. Crusher explica que, durante a missão em Alfa Onias III, ele contraiu um vírus que apenas recentemente se tornou ativo, apagando todas as memórias de Riker dos anos anteriores.

Nesse futuro, Riker descobre que um tratado de paz com os romulanos está para ser assinado, e o seu antigo nêmese romulano, o agora embaixador Tomalak, está a bordo da Enterprise, assim como o almirante Jean-Luc Picard. Mas, ao verificar que sua esposa morta era Minuet, um personagem criado pelo holodeck quase quatro anos atrás por quem Riker se apaixonou, o comandante percebe que tudo não passava de uma fraude.

Tomalak então surge e diz ser aquela uma simulação com o objetivo de fazer Riker revelar a localização de um posto estratégico da Federação na Zona Neutra. O comandante é colocado em uma cela com um menino humano, de aparência igual à de seu filho.

Quando os dois conseguem escapar dos romulanos e o menino chama Tomalak de “embaixador”, Riker descobre que mais uma vez tudo não passou de uma farsa. Não havia romulano algum, somente o menino – na verdade um alienígena, Barash, que vive sozinho em Alfa Onias III, após a morte de sua mãe. Ele queria manter Riker lá para lhe fazer companhia. Com a fraude exposta, o comandante volta à Enterprise, mas decide acabar com a solidão do alienígena, levando-o para a nave com ele.

Comentários

“Future Imperfect” tem várias qualidades interessantes. Em primeiro lugar, apresenta um atraente futuro alternativo, do qual temos vontade de conhecer mais. Ver Picard como almirante e Data, vestido em vermelho, como primeiro oficial de Riker, é no mínimo curioso.

As constantes falhas no computador dão a dica de que algo está muito errado. O primeiro pensamento é o de que os romulanos estão aprontando para o comandante. Por isso, é fantástico descobrir que na verdade os vilões de sangue verde e orelhas pontudas nada têm a ver com a fraude encenada para Riker.

A premissa do episódio é intrigante e os roteiristas conseguiram desenvolvê-la de modo a dar pistas do que realmente se trata a história sem tornar o desfecho totalmente previsível. Por exemplo, os romulanos agem de forma estúpida demais e deixam Riker e o menino escapar facilmente. Mas não é o suficiente para que se perceba que a situação é uma simulação. Só quando o menino menciona o “embaixador Tomalak” é que tudo fica claro.

Além de apresentar elementos ficcionais interessantes, o episódio também oferece boa chance de desenvolvimento para Riker. Conhecemos mais a perspectiva do primeiro oficial em se tornar pai, a frustração com a suposta saída de Troi da Enterprise e descobrimos que sua paixão por Minuet não está tão morta quanto deveria.

Em termos de produção, o episódio também tem bom desempenho. A direção é boa e as mudanças no cenário da Enterprise são convincentes, com a inclusão de painéis na ponte e novos decalques nas portas e corredores. Simples, mas eficiente.

Já a maquiagem não está nos seus melhores dias. Riker não parece estar 16 anos mais velho, e suas mechas brancas deixaram-no mais esquisito do que envelhecido. La Forge, apesar da ausência do Visor, não parece um dia mais velho. O alienígena tampouco parece convincente. A única maquiagem que realmente funcionou foi a de Picard, com os (poucos) cabelos mais compridos e o cavanhaque.

Por fim, um destaque para a cena em que Riker desmascara a primeira farsa, na ponte da Enterprise. O comandante perguntando a Data sobre o tempo de chegada em Dobra 1, 7, 8 e 9 é empolgante, e a sequência, em que ele manda Picard calar a boca, é sensacional. Se não fosse por mais nada, o episódio valeria por ela.

Avaliação

Citações

“I said shut up! As in ‘Close your mouth and stop talking’.”
(‘Eu disse cale-se! Como em ‘feche a boca e pare de falar’.)
Riker, para o falso Picard

Trivia

  • Segundo Brannon Braga, esta história foi comprada de imediato pelo showrunner Michael Piller. “Tínhamos algumas propostas incríveis, mas a mais notável que ouvimos foi em ‘Future Imperfect’, em que a dupla veio e disse, ‘temos uma história em que Riker acorda de um acidente quinze anos no futuro… Riker tem um filho, é o capitão da Enterprise e não tem ideia do que aconteceu’. Mike Piller disse, ‘pare, vamos comprar’.”
  • A única mudança significativa sobre a proposta original de J. Larry Carroll e David Bennett Carren foi a inclusão da fantasia romulana dentro da fantasia. Michael Piller explicou: “A primeira versão ficou um pouco sem graça depois que entramos na história, meio como ‘Remember Me’. Você tinha uma situação em que estava e algo estranho está acontecendo e ainda assim não pode simplesmente acabar sendo um sonho no fim do episódio porque não é satisfatório. O que você faz é, você pega o terceiro ato e precisa fazer algo que mova a ação adiante. Esse é um dos melhores exemplos da noção de que você não deve se autocensurar. Eu apenas falei e David Carren disse, ‘Quer dizer que ele pensa que é um plano romulano real por um ato?’, e eu disse, ‘Não é isso que eu quero dizer’, e então disse, ‘Pare, espere um minuto, e se a gente fizer exatamente isso e rodar como uma trapaça romulana por um ato?’ Isso é o que acho que fez o episódio funcionar.”
  • A cena do turboelevador com Riker e Barash (como Jean-Luc) foi incluída porque o episódio terminou curto demais. Carroll e Carren se encontraram com Rick Berman e Michael Piller para criar uma cena nova na noite anterior à filmagem.
  • O título do episódio faz um jogo de palavras, invertendo o tempo verbal do inglês past perfect.
  • O ator Andreas Katsulas não estava confortável com sua aparição recorrente como Tomalak neste episódio. “Eu me senti muito mais confortável quando eu era um gigante incrível na tela, apenas uma face. De repente eu tinha de responder por todo o resto, não senti apoio e nada estava apoiando o que eu estava fazendo. Eu não estava feliz em reaparecer a não ser que eu voltasse a ser um personagem de tela.”
  • Esta foi a terceira aparição de Tomalak, depois de “The Enemy” e “The Defector”. Ele voltaria uma quarta vez, em “All Good Things…”, mas apenas como um personagem visto numa tela. O ator ficou mais conhecido, contudo, em Babylon 5, como o narn G’Kar.
  • Esta é a primeira aparição da enfermeira Alyssa Ogawa, embora ela surja apenas no futuro ilusório aqui.
  • Wil Wheaton (Wesley Crusher) não aparece neste episódio.
  • Michael Westmore comentou sobre o trabalho de maquiagem deste episódio, mais sutil do que em outros. “Cada membro do elenco deveria ter envelhecido dezesseis anos. Os produtores decidiram que, em vez de colocar cada ator numa cadeira de maquiagem por duas ou três horas, seria uma ideia melhor sugerir sua idade mudando os cabelos e talvez fazendo algum esticamento de borracha em torno dos olhos. Achei que era uma abordagem sensata, porque a maioria dos atores estava nos seus trinta e poucos, e mesmo envelhecendo-os dezesseis anos os colocaria em algum lugar dos quarenta e poucos. A maioria das pessoas não parece dramaticamente diferente nessa idade, e teria sido uma perda de tempo e energia o uso de próteses para obter esse efeito.”
  • A música que Riker toca ao trombone é Misty, de Errol Garner.
  • Os cenários da base romulana na ilusão de Barash são redecorações dos interiores borgs de “The Best of Both Worlds, Part II”.
  • O diretor Les Landau elogiou o trabalho de Frakes. “Foi uma oportunidade para Jonathan assumir o comando de um episódio e isso mostra a qualidade dinâmica de Riker ao ter de lidar não apenas com ter envelhecido quinze anos, mas descobrir que tem um filho e foi casado e é capitão da Enterprise. Você pode imaginar acordar um dia e descobrir que você pulou 15 anos no seu CD? Havia muitos truques e pistas falsas, e ainda assim havia algo universal sobre o tema desse alienígena no final que era a corporificação desse menino. O momento final em que Riker vê esse alienígena nas cavernas desse mundo e diz, ‘vou levá-lo comigo e você sempre será parte de mim’, é uma volta à base do que Star Trek é. É aquele apreço pela condição humana, amor pelo ser universal. Soa muito esotérico e esnobe falar assim, mas isso acontece quando Star Trek está em seu melhor.”
  • A nave romulana de Tomalak neste episódio tem o nome “Decius”. Esse era o nome de um oficial pertencente à tripulação do comandante romulano interpretado por Mark Lenard (Sarek) no episódio da Série Clássica “Balance of Terror”. Decius morreu nesse episódio.
  • Também no clássico “Balance of Terror” foi dito que havia oito postos avançados na Zona Neutra naquela época (2266). Em 2367, data deste episódio, existem pelo menos 23 postos avançados naquela área.

Ficha Técnica

Escrito por J. Larry Carroll & David Bennett Carren
Dirigido por Les Landau

Exibido em 12 de novembro de 1990

Título em português: “Futuro Imperfeito”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Andreas Katsulas como Tomalak
Chris Demetral como Jean-Luc/Ethan
Carolyn McCormick como Minuet
Patti Yasutake como Alyssa Ogawa
Todd Merrill como Gleason
April Grace como Hubbell
George O’Hanlon, Jr. como chefe de transporte
Dana Tjowander
como Barash (não creditado)

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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