Obi-Wan Kenobi: Parte IV

Episódio conclui resgate de Leia com repeteco, emulando fuga da Estrela da Morte

Sinopse

Data: 9 a.B.Y. (nove anos antes da Batalha de Yavin)

Obi-Wan, muito ferido, é levado por Tala a Jabiim e desperta num tanque de bacta, assustado, revivendo o confronto com Vader, e perguntando por Leia. Em melhor saúde, ele pede ajuda aos rebeldes em Jabiim para resgatar Leia. Eles resistem em agir, mas acabam concordando em ajudar. E Tala se oferece para levá-lo a Nur, com sua identidade como oficial do Império servindo como disfarce para a infiltração.

Na Fortaleza Inquisitorius, em Nur, Reva interroga Leia. A Terceira Irmã diz que Obi-Wan está morto e ninguém virá por ela. Reva quer saber onde estão os operadores da rede conhecida como O Caminho. Se Leia contar, diz a inquisidora, poderá ir para casa. Mas a princesa nega conhecimento.

Tala desembarca na fortaleza e chega a ser confrontada por um oficial, mas diz ter informações confidenciais e estar sob as ordens dos inquisidores. Com isso, consegue ocupar uma estação de trabalho e ter acesso ao sistema de computador da instalação. Obi-Wan, por sua vez, se aproxima a nado. Tala abre uma passagem para ele, que rende um stormstrooper e consegue entrar.

Na sala de interrogatório, Reva tenta usar a Força, sem sucesso, para extrair informações de Leia. A pequena Lola sai do bolso da princesa e tenta defendê-la, atacando Reva, mas a inquisidora neutraliza a droide.

Tala guia Obi-Wan até a área da detenção. Mais uma vez, ela é questionada por um oficial, e o mata com discrição para permanecer a postos. Enquanto isso, o velho Jedi tem de se evadir de droides imperiais que vigiam os corredores. Dois stormtroopers acabam ouvindo um ruído dele, mas Obi-Wan consegue usar um truque da Força para desviá-los.

Enquanto isso, Reva tenta criar uma identificação com Leia, dizendo ter passado pela mesma coisa – esperado pessoas que nunca vieram salvá-la. Agora, afirma, a única pessoa que pode resgatá-la é ela mesma, cooperando. Leia diz concordar, mas precisa falar com o pai antes. Reva perde a paciência e decide enviá-la para uma sala de tortura.

Nos pisos inferiores, Obi-Wan descobre que há muitos Jedi mortos e preservados mumificados na Fortaleza. Até mesmo jovens aprendizes e sensitivos da Força. É um museu dos horrores. Ele então pede a Tala que forneça uma distração.

Na sala de tortura, Reva é chamada. Isso a leva a um encontro com Tala, que diz ser uma oficial de Mapuzo e ter informações de que os rebeldes estão em Florrum. Reva tem dúvidas sobre se ela diz a verdade ou não.

Durante esse diálogo, Obi-Wan vai à sala de tortura, derruba dois stormtroopers com seu sabre de luz e resgata Leia. Os dois fogem, mas acabam flagrados por um droide-sonda, que soa o alerta.

Reva ia mandar Tala para interrogatório, mas aí o caos tomou conta da base. Obi-Wan confronta vários stormtroopers, Reva lidera outros tantos em perseguição a ele. O tiroteio acaba acertando uma das janelas de vidro, que está prestes a quebrar e inundar o corredor. Obi-Wan contém o vidro com a Força, enquanto Tala chega e leva Leia com ela. Os soldados estão prestes a chegar, e aí os vidros todos são quebrados por Obi-Wan, que corre para deixar o corredor e fechar a porta atrás de si.

Tala dá um casaco e um chapéu imperial a Obi-Wan, que esconde Leia sob si. Os três vão ao hangar e estão prestes a partir quando Reva chega, acusando Tala de traição e rendendo os três. Tudo parece perdido, quando chegam duas naves rebeldes atirando. São pilotos de Jabiim ao resgate. Um deles pousa e permite que o trio embarque, enquanto o outro fica atirando em Reva para distraí-la. Quando esse segundo caça tenta se afastar, é abatido. Só a nave com Obi-Wan, Leia e Tala escapa.

Vader chega à fortaleza furioso e pretende matar Reva pelo fracasso, mas ela diz que os deixou ir e que colocou um rastreador na nave, para encontrar Kenobi e os rebeldes. Vader se impressiona e a deixa viver.

Enquanto os rebeldes lamentam a perda de Wade, o piloto morto no resgate, Tala diz que agora eles se tornaram soldados afinal. O clima é de pesar. Leia e Obi-Wan se sentam juntos e se dão as mãos. Já a pequena Lola, discretamente, se acende com uma luz vermelha…

Comentários

A quarta parte de Obi-Wan Kenobi fecha o que seria o resgate da pequena Leia e abre caminho para uma nova etapa na “jornada do herói”. Como um final de segundo ato, o segmento cumpre sua função, embora seja o menos imaginativo e mais “pinte pelos números” da minissérie. Sem meias palavras, é uma reciclada forte da própria história de resgate de Uma Nova Esperança, em que Luke Skywalker, Han Solo e o próprio Obi-Wan partem ao salvamento da mesma Leia, presa na Estrela da Morte.

Uma vantagem de ter uma inspiração tão explícita na tradição da mitologia, como é o caso de Star Wars, é poder promover essas repetições com gosto, em vez de vergonha. A ideia toda é que, sim, a história se repete, de novo e de novo, e humanos são colocados à prova de maneira similar, não importando de onde vêm, quem são ou de que lado estão.

Essa “poesia” da saga, com rimas ocasionais, permite referências de todo tipo, o que muitas vezes funciona, outras nem tanto. Para ficar neste episódio, é absolutamente encantador vermos Obi-Wan sendo transportado numa maca flutuante, todo chamuscado, num enquadramento similar ao que nos mostrou, anos antes, Vader/Anakin sendo resgatado de Mustafar e levado a Coruscant para ganhar as operações que o transformariam no homem-máquina que se tornou. O paralelismo é mantido ao longo de toda a sequência, conforme vemos tanto Obi-Wan como Vader em seus tanques de bacta, se contorcendo e revelando suas pesadas cicatrizes de combate. Vader, em ódio, por saber que seu antigo mestre ainda vive e escapou. Obi-Wan, em desespero, ao se perguntar onde está Leia. A essa altura, podemos considerar o confronto entre os dois um empate. Em Mustafar, dez anos antes, Obi-Wan venceu. Em Mapuzo, Vader venceu. E, claro, não ficará satisfeito até virar o jogo e, em essência, destruir a única pessoa que ainda resta capaz de lembrá-lo da época em que fora Anakin Skywalker, cavaleiro Jedi. (Há Luke e Leia, claro, mas ele não sabe disso.)

A visita à Fortaleza Inquisitorius é uma adição interessante e justifica sua introdução no episódio passado. Para os fãs do game Jedi: Fallen Order, foi uma festa. Afinal, antes desta minissérie, a edificação que serve de base para os inquisidores só havia sido vista lá. Mas, para quem não está particularmente ligado nos detalhes de construção do universo ficcional, ela só faz o papel que cabe à Estrela da Morte em Uma Nova Esperança. Os ecos, por sinal, são tão fortes que às vezes provocam risos – o que talvez não seja a reação pretendida. Exemplo? Leia é levada para ser torturada em um dispositivo que tem agulhas, lembrando o que veríamos nove anos mais tarde, com Vader no lugar de Reva. É um daqueles pontos em que a “rima” da “poesia” de Star Wars é tão divertida que acaba momentaneamente tirando a gente da história, em uma cena que de outro modo seria apenas tensa e apavorante, como essa série costuma ser em sua tônica.

Aliás, a tumba dos Jedi no interior da fortaleza é talvez o lance mais interessante, além de apavorante, de todo o segmento. Os corpos congelados com expressões de terror retratam, ao mesmo tempo, o colapso da antiga ordem e o horror da nova, e cada um deles parece ter uma história para contar. Obi-Wan olha para tudo aquilo em total choque e descrença, enquanto vai se reencontrando com a Força. Os velhos truques começam a voltar, embora ainda vejamos um Jedi enferrujado.

Tala Durith mais uma vez cumpre um papel importante ajudando Obi-Wan, embora suas sequências, até o final, fiquem muito repetitivas, sendo quase descoberta e escapando em três diferentes ocasiões.

E o grande destaque do episódio tem de ir para a Leia de Vivien Lyra Blair. A atriz mirim tem seu melhor desempenho até agora na série, transmitindo todas as emoções e, ao mesmo tempo, a sagacidade da jovem princesa, em seu duelo de falas com a também excelente Reva de Moses Ingram. Carrie Fisher, se estivesse entre nós, certamente abriria um sorriso de orelha a orelha com a atuação de Blair. Fora isso, muito interessante o trabalho de roteiro nessas cenas, que servem, do nosso ponto de vista, mais como uma interrogatório de Reva do que de Leia. A Terceira Irmã expõe mais seus traumas e conflitos. Está claro que ela se sentiu abandonada no passado e teve de “salvar a si mesma”, como ela mesma colocaria, passando ao lado sombrio da Força. De certa maneira, ela quer buscar a expiação de sua culpa ao fazer Leia percorrer o mesmo caminho. E quando a princesa se recusa, desperta a fúria em Reva. De certo modo, Reva e Leia fazem um par similar a Vader e Obi-Wan – o personagem bom lembra o mau do que ele poderia ter sido e não foi. Há remorso, há arrependimento, e tanto Reva quanto Vader querem apagar os que podem lembrá-los disso, como uma forma distorcida de “cura”. Psicologicamente, é um prato cheio.

Por fim, temos de destacar o resgate pelos rebeldes, no momento em que não parece haver mais saída – de novo, Star Wars clássico. Música, cena, nostalgia e heroísmo sabor “Sessão da Tarde nos anos 1980” se misturam para fazer a coisa toda funcionar, muito embora seja um daqueles lances em que, se você pára para pensar na coincidência imensa, isso pode chacoalhar a suspensão da descrença.

Em um segmento econômico (pouco mais de meia hora fora créditos), a Parte IV conclui o segundo ato de Obi-Wan Kenobi, abrindo caminho para as próximas etapas da “jornada do herói”, que deve culminar com a provação suprema…

Avaliação

Citações

“Your body is not the only thing that needs to heal, Ben. The past is a hard thing to forget. And you just need time, that’s all.”
“Some things can’t be forgotten.”
“You care about Leia? Then you’re going to have to try.”
(Seu corpo não é a única coisa que precisa ser curada, Ben. O passado é uma coisa difícil de esquecer. E você só precisa de tempo, é isso.)
(Algumas coisas não podem ser esquecidas.)
(Você se importa com a Leia? Então vai ter de tentar.)
Tala Durith e Obi-Wan Kenobi

“You were warned what defeat would bring! I will tolerate your weakness no longer.”
“I let them go. I put a tracker on their ship. Soon, the location of the network and Kenobi will be ours.”
“It seems I have underestimated you.”
(Você foi avisada do que o fracasso traria! Não tolerarei mais sua fraqueza.)
(Eu os deixei ir. Coloquei um rastreador na nave deles. Logo, a localização da rede e de Kenobi será nossa.)
(Parece que eu subestimei você.)
Darth Vader e Reva, enquanto ele a sufoca com a Força

Trivia

  • O ator O’Shea Jackson Jr., que faz o rebelde Roken, é também rapper, onde é conhecido como OMG. Ele é filho do rapper Ice Cube.
  • Quando Roken pergunta de Wade, um dos pilotos, morto em combate, Tala responde: “Acho que vocês são soldados agora afinal.” Parece uma sinalização do nascimento embrionário da Aliança Rebelde, fazendo a transição entre fuga do Império para uma real resistência.
  • Esta é a primeira aparição de Jabiim, o mundo que representa o fim d’O Caminho, em Star Wars. Ele já foi mencionado diversas vezes em obras não canônicas e citado no cânone em Star Wars The Force Awakens Beginner Game, mas nunca visitado antes.

Ficha Técnica

Escrito por Joby Harold & Hannah Friedman
Dirigido por Deborah Chow

Exibido em 8 de junho de 2022

Título em português: Parte IV

Elenco

Ewan McGregor como Obi-Wan Kenobi
Indira Varma como Tala Durith
Vivien Lyra Blair como Leia Organa
Moses Ingram como Terceira Irmã
O’Shea Jackson Jr. como Roken
Maya Erskine como Sully
Sung Kang como Quinto Irmão
Rya Kihlstedt como Quarta Irmã
James Earl Jones como a voz de Darth Vader
Hayden Christensen como Darth Vader

Podcast: Resenha Jedi

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Edição de Leandro Magalhães
Revisão de Salvador Nogueira

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