TNG 7×04: Gambit, Part I

Divertida trama de ação coloca Picard, Riker e Data em situações atípicas

Sinopse

Data estelar: 47135.2

Um grupo avançado à paisana investiga um bar de Dessica II à procura de Picard. Uma testemunha diz, em troca de passagem na Enterprise, que ele foi confrontado por um grupo de mercenários e desintegrado por um disparo de feiser.

De volta à nave, Riker tem dificuldades para aceitar a morte do capitão. Indisposto a participar do funeral, ele consegue autorização da Frota Estelar para investigar a perda de seu oficial comandante e trazer os responsáveis à Justiça. Interrogando novamente o yridiano que serviu de testemunha, desta vez na Enterprise, ele consegue a informação de que os mercenários estavam a caminho do sistema Barradas.

A Enterprise então se encaminha para lá e um grupo avançado desce em Barradas III, o único planeta classe M do sistema. Riker decide liderar o grupo, e Data fica no comando da Enterprise. Na superfície, eles confrontam os mercenários, que acabam capturando Riker. Uma nave então surge nos sensores da Enterprise, faz um ataque rápido e consegue fugir. Em consulta com a Frota Estelar, Data descobre que uma nave igual está envolvida em muitos saques neste setor.

Na nave mercenária, Riker é levado à ponte e confrontado pelo capitão, Arctus Baran. O oficial da Frota Estelar teve um dispositivo implantado em seu pescoço, capaz de produzir dor intensa quando ativado por Baran. Toda a tripulação mercenária tem um igual, ficando à mercê do capitão. Os tripulantes acham perigoso demais deter um oficial da Frota Estelar e defendem matá-lo, mas Baran o considera um refém valioso. E Riker tem uma surpresa quando descobre Picard, assumindo uma identidade falsa como Galen, como um dos tripulantes mercenários.

A nave tem um problema com o motor de dobra e está prestes a explodir, quando Riker se oferece para corrigir o problema. Tendo sucesso, ele acaba convencendo Baran de forma definitiva de seu valor vivo. Ele é levado a um aposento, e mais tarde é visitado por Picard, que explica como se tornou membro da tripulação, enquanto explorava o sítio arqueológico de Dessica II. Ele diz que os mercenários têm armas que ativam teletransporte, o que explica sua desmaterialização no bar. Capturado, ele convenceu Baran de que era um contrabandista e podia ser útil. Mas o capitão mercenário não se dá bem com ele. Picard pede a Riker que se torne amigo de Baran, para descobrir o que eles procuram – aparentemente um artefato arqueológico romulano específico.

Com a Enterprise de volta a Dessica II após a frustrada perseguição aos mercenários, Data ordena que um grupo avançado desça ao planeta para tentar descobrir o que os bandidos faziam lá. Ele acaba concluindo que estão atrás de artefatos romulanos e projeta que o próximo alvo nessa busca seria Calder II – onde há um posto científico da Federação e para onde os mercenários também estão partindo.

Na nave mercenária, a mando de Baran, Picard trabalha analisando artefatos em busca de uma assinatura específica. Uma romulana que faz parte do bando, Tallera, vai confrontá-lo e insiste que ele não atrapalhe os planos do grupo.

Na ponte, Baran quer destruir o posto científico para transportar os artefatos do planeta, mas Riker o convence de tentar deixá-lo usar sua autoridade como oficial da Frota Estelar para que baixem os escudos, viabilizando o transporte sem destruir nada. O plano fracassa, mas Picard configura os disruptores para desativar os escudos com um tiro, o que dá certo. Eles conseguem transportar alguns artefatos, porém não todos, e Baran ordena a destruição do posto. Eis que chega a Enterprise, atacando a nave mercenária.

Baran ameaça matar Riker a não ser que ele ordene a nave da Frota Estelar a recuar. Ele dá a ordem a Data e então usa seus códigos de acesso – já bloqueados – para baixar os escudos remotamente. Data entende o truque e ordena que Worf baixe os escudos. Picard então dispara os disruptores e uma das naceles de dobra da Enterprise parece bastante danificada.

Continua…

Comentários

“Gambit, Part I” é uma aventura atípica, mas bem construída, que cativa e diverte a audiência, trazendo um sabor de novidade à série.

Há muitos elementos incomuns. Por exemplo, a ausência de Picard durante praticamente meio episódio, enquanto a tripulação precisa lidar com sua morte. E, em contraste com “The Best of Both Worlds”, desta vez Riker não concorda em ficar na ponte e decide comandar o grupo avançado, deixando Data na cadeira de capitão da Enterprise.

Diante dessas circunstâncias, não é surpreendente que esses sejam os três personagens que mais brilham no elenco principal. Patrick Stewart, apesar da presença relativamente modesta, traz à vida o contrabandista Galen. Jonathan Frakes expõe toda a angústia de Riker em razão da perda do capitão, bem como sua rápida capacidade de adaptação quando se vê capturado e descobre que Picard está vivo. E Brent Spiner traduz bem a frieza de Data ao assumir o comando e impor sua autoridade sobre uma tripulação que, por vezes, parece desconfortável em ser liderada por um androide (ecoando – com muito mais suavidade, é verdade – o que se viu em “Redemption II”, quando Data assumiu o comando da USS Sutherland).

Ainda assim, a prioridade claramente não são os personagens. Estamos diante de um segmento que privilegia muito mais a ação – e o faz muito bem. A história em si parece intrigante e misteriosa, introduzindo elementos de forma gradual, de modo a manter o espectador sempre curioso com o que virá a seguir. E tudo isso ganha um realce conforme vemos Picard e Riker tão deslocados de seu comportamento padrão.

O elenco convidado tem um peso maior do que o usual neste episódio, mas poucos de seus membros traduzem personalidades significativas. É o caso de Baran, vivido por Richard Lynch, Tallera, interpretada por Robin Curtis (que já usou orelhas pontudas antes vivendo Saavik em Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock e Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa), e o yridiano Yranac, vivido por Alan Altshuld. Os demais cumprem apenas funções de roteiro no episódio e não se revelam particularmente interessantes.

Do ponto de vista da produção, o episódio é bem caprichado, com cenários elaborados para o bar e para o ambiente da nave mercenária, além de filmagens em locação emulando Dessica II. Certamente ajudou ter o produtor Peter Lauritson na direção, que conduziu com segurança o segmento.

O cliffhanger, com a Enterprise sob ataque, acaba sendo clichê, mas há suficientes mistérios a serem desvendados e problemas a serem resolvidos para atraírem os espectadores para o desfecho.

Avaliação

Citações

“Deanna, I’m sorry. This is not about revenge. This is about justice. The captain died in a bar fight for nothing. Somebody has to answer for that. Then, I can mourn.”
(Deanna, lamento. Isso não é sobre vingança. É sobre justiça. O capitão morreu em uma briga de bar por nada. Alguém tem de responder por isso. E aí eu posso lamentar.)
William T. Riker

Trivia

  • A história nasceu com um roteiro especulativo submetido por Christopher Hatton na sexta temporada. A história quebrava um dos tabus impostos por Gene Roddenberry a Star Trek, que não deveria haver algo como piratas espaciais. Embora de início estivessem céticos, Michael Piller e Jeri Taylor acabaram voltando à história de Hatton por oferecer uma oportunidade de uma “brincadeira menos falante”. Rick Berman, ciente do tabu, mas disposto a considerar a proposta, colocou um lenço vermelho em torno do busto de Roddenberry em sua mesa ao discutir a história. Ele explicou: “Eu apenas tapei os olhos como uma piada um dia. Sempre que eles vinham com uma história que eu achava que Gene não gostaria eu tapava os olhos dele enquanto discutíamos a história… Eu tiro e coloco, dependendo de quem está lá.”
  • O roteiro original de Hatton seguia o ponto de vista de Picard e não envolvia Riker. O escritor forneceria a história para outro episódio desta temporada, “Thine Own Self”.
  • Naren Shankar comentou: “Nós dissemos que nunca faríamos um show de ‘rodeio’ em ‘A Fistful of Datas’”. O roteirista estava inseguro sobre a capacidade da história de funcionar ao ser expandida em duas partes. “Para mim, é um dos clássicos problemas da televisão: se você começa o episódio dizendo que o capitão está morto, ninguém vai comprar… e você está só matando o tempo até o capitão ser revelado.”
  • Brannon Braga era um dos oponentes da história. “Quando a história foi comprada, eu não fui atraído pelos elementos toscos e exagerados e fiquei com medo que ficasse muito caipira. Eu não acho que fazemos tosqueira muito bem – especialmente do jeito que tentamos fazer com ‘Gambit’. Saiu como Buck Rogers: A Série e por que fazer isso? Isso é bom? Nós experimentamos muitos meios diferentes. Eu estava curioso de por que estarmos nos envolvendo com um meio que não é usualmente respeitado.”
  • A ponte da nave mercenária é uma redecoração pesada da ponte de batalha da Enterprise-D. Os elementos mais notáveis a permanecerem foram a tela e o teto. Já as cadeiras do centro de comando foram tiradas da ponte da Enterprise-A, vista em Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira e Jornada nas Estrelas VI: A Terra Desconhecida.
  • Este episódio contém a mais longa luta de feiser da série, com mais de setenta tiros. Todas as explosões foram feitas em pós-produção, por conta de um banimento temporário de explosivos em locação no Cedar Grove, do Griffith Park, onde as cenas foram filmadas. Todas as manchas de danos em rochas também foram feitas digitalmente.
  • Jeri Taylor comentou a escalação de Richard Lynch como Arctus Baran. “Richard foi simplesmente a melhor pessoa que leu para o papel. Peter Lauritson, que dirigiu o primeiro episódio, conhecia seu trabalho, gostava dele e realmente o queria. É sempre um problema achar adversários dignos para Picard. Você precisa de um ator que tem o poder, a estatura e a presença para ir palmo a palmo com ele e se você não tem isso, você não tem um episódio. Richard trouxe tudo isso e por sua tosqueira e pelo tipo de coisas estereotipadas que ele fez, ele tem esse poder inegável e eu achei que foi uma boa troca.”
  • Robin Curtis (Tallera) substituiu Kirstie Alley como Saavik no terceiro e quarto filmes de Jornada nas Estrelas.
  • Sabrina LeBeauf (alferes Giusti) é mais conhecida por seu papel como Sondra Huxtble em The Cosby Show. Seu personagem foi batizado em homenagem a uma amiga de Naren Shankar. Disse Peter Lauritson: “Sabrina era fã e, embora fosse profissional, acho que sentar nos controles da Enterprise a enervou um pouco, mas ela se recompôs e mandou bem.”
  • Bruce Gray havia interpretado o almirante Chekote no episódio “The Circle”, de Deep Space Nine, que foi ao ar apenas seis dias antes deste.
  • Caitlin Brown (Vekor) antes interpretou Ty Kajada em “The Passenger”, de Deep Space Nine. Ela também é conhecida por ter vivido Na’Toth, a assistente de G’Kar, na primeira temporada de Babylon 5.
  • Talvez Picard tenha escolhido o nome Galen em homenagem a seu professor de arqueologia, o professor Galen, visto em “The Chase”.

Ficha Técnica

História de Christopher Hatton e Naren Shankar
Roteiro de Naren Shankar
Dirigido por Peter Lauritson

Exibido em 11 de outubro de 1993

Título em português: “O Golpe, Parte I”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Richard Lynch como Arctus Baran
Robin Curtis como Tallera
Caitlin Brown como Vekor
Cameron Thor como Narik
Alan Altshuld como Yranac
Bruce Gray como Chekote
Sabrina LeBeauf como Giusti
Stephen Lee como barman
Derek Webster como Sanders

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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