TNG 7×12: The Pegasus

Um erro do passado volta com uma nave experimental para assombrar Riker

Sinopse

Data estelar: 47457.1

A Enterprise está celebrando o Dia do Capitão Picard quando é chamada a se encontrar com a USS Crazy Horse e receber o almirante Erik Pressman, oficial da Inteligência da Frota Estelar, com mais detalhes de sua próxima missão. Ele é o antigo comandante de Will Riker em seu primeiro posto, a bordo da USS Pegasus. Mas o primeiro oficial da Frota Estelar claramente fica perturbado em reencontrá-lo.

Pressman explica a missão a Picard a seus comandados: resgatar a USS Pegasus, até então presumida perdida, mas aparentemente detectada em algum lugar do sistema Devolin, antes que os romulanos possam se apoderar dela. O almirante diz que a nave possui várias tecnologias experimentais que não podem cair em mãos inimigas. Privadamente, Pressman diz a Riker que os reais planos são recuperar equipamento para retomar os experimentos da Pegasus, mas ordena o primeiro oficial de Picard a não revelar nada disso a ninguém, nem mesmo a seu capitão.

A Enterprise chega ao sistema e encontra uma ave de guerra romulana. Seu capitão, Sirol, diz estar estudando anomalias gasosas na área, e Picard diz o mesmo – os dois claramente ocultando suas intenções. Ambos continuam rastreando um cinturão de asteroides no sistema, até que a Enterprise encontra um possível sinal da Pegasus – dentro de um dos asteroides.

A única forma de resgatar a nave é adentrando o asteroide por uma fissura. A contragosto, Picard obedece a ordens de Pressman para fazer isso. Ao localizarem a Pegasus, Riker e Pressman são os únicos a embarcarem na nave, que está parcialmente inserida no interior rochoso do asteroide. O almirante fica satisfeito em encontrar o equipamento procurado – um dispositivo de camuflagem, algo que o Tratado de Algeron, assinado com os romulanos há 60 anos, proíbe a Federação de desenvolver.

Isso explica o que levou a um motim pouco antes da perda da Pegasus, 12 anos atrás. Riker, então um alferes, foi um dos únicos a ficar ao lado de Pressman, e os dois foram dos poucos sobreviventes a sair da nave num módulo de fuga antes que ela sofresse uma explosão. Picard pressiona Riker para saber mais a respeito, mas o primeiro oficial diz estar sob ordens para não discutir o assunto, o que abala a relação entre ambos.

Durante as operações de resgate, a nave romulana usa seus feisers para fechar a passagem por onde a Enterprise entrou no asteroide, deixando-a presa. O comandante romulano se oferece para resgatar a tripulação federada e levá-la a Romulus, e Picard fica de pensar no assunto.

Cansado de ocultar a verdade de seu capitão e disposto a oferecer uma alternativa para a Enterprise, Riker revela que Pressman foi resgatar um dispositivo de camuflagem. Ele conta que se trata de uma camuflagem de fase, que muda a estrutura atômica de um objeto de forma que ele possa atravessar barreiras de matéria. Instalado na Enterprise, ele permite que a nave avance através do asteroide e se liberte. Picard então ordena sua desativação diante dos romulanos e diz que seu governo receberá em breve um relatório sobre este incidente, enquanto dá voz de prisão a Pressman por ter rompido o Tratado de Algeron. Riker de início também é preso por ter ocultado a violação durante esses 12 anos, mas acaba tendo seu posto restituído por Picard por ter dito a verdade quando a situação impôs essa necessidade.

Comentários

“The Pegasus” mergulha em um episódio sinistro do passado de Riker, mostrando que a Frota Estelar e a Federação, a despeito de seus grandes ideais, também tem suas tramoias. No caso em questão, uma conspiração para desenvolver secretamente um dispositivo de camuflagem proibido por tratado.

Não é a primeira vez que A Nova Geração pinta essas cores pouco lisonjeiras a certas autoridades federadas. Basta se lembrar de “Ensign Ro”, da quinta temporada, em que o almirante Kennelly conspira com cardassianos para eliminar lideranças bajorianas que lutam contra a ocupação de seus territórios. Neste novo episódio, a exemplo do anterior, vemos um oficial ser colocado em um dilema, tendo de esconder a verdade de seu capitão por ordem de um almirante. Ro Laren demorou menos para perceber seu erro que William Riker aqui. Mas vale lembrar que o primeiro oficial tinha um vínculo prévio e uma história traumática com seu ex-capitão Erik Pressman, enquanto a alferes não tinha qualquer elo emocional com Kennelly.

É uma caminhada lenta, mas segura, da série de se afastar um pouco dos ideais de Gene Roddenberry e mostrar aspectos menos preto no branco da Frota Estelar, algo que evoluiria ainda mais com Deep Space Nine e, depois, com Picard. Do ponto de vista da consistência interna, esse é um episódio que adiciona elementos importantes ao cânone, explicando o porquê de a Frota Estelar não ter dispositivos de camuflagem, mesmo depois de Kirk ter roubado um dos romulanos em “The Enterprise Incident”, da Série Clássica.

Para além da angústia de Will Riker, que exige uma atuação mais cheia de nuances e variações de Jonathan Frakes, temos cenas raras de se ver em A Nova Geração, com oficiais em franco conflito. Tanto Pressman, enquadrando Riker por sugerir destruir a Pegasus, como Picard, confrontando seu primeiro oficial pelos mistérios cercando a perda da nave doze anos atrás, trazem uma rispidez e uma intensidade poderosa que realçam o drama da história.

O ator convidado Terry O’Quinn também faz um ótimo trabalho como Erik Pressman, mostrando força e presença para os embates com Frakes e Patrick Stewart. Michael Mack também captura bem a ironia e a falsidade dos romulanos como Sirol, ajudando a construir um grande episódio.

Com um ritmo extremamente calibrado, o segmento não deixa a peteca cair, mantendo a audiência sempre interessada mesmo ao tentar sustentar por meia hora o mistério que envolve a Pegasus. Os efeitos visuais também ajudam a carregar a trama, representando convincentemente a nave experimental presa à rocha, bem como a viagem da Enterprise para dentro e para fora do asteroide.

Ao final, o segmento enfatiza o espírito de lealdade e de retidão moral de Star Trek, com Riker percebendo que deve a seu capitão – e às vidas perdidas na Pegasus – a verdade, a despeito das dificuldades que viveu no passado e da inexperiência que o afligia quando passou pela crise que levou à perda da nave, doze anos antes. Com grande realismo dramático e apenas uma maquiagem de ficção científica, temos aqui mais um grande episódio de A Nova Geração.

Avaliação

Citações

“I have a lot of friends at Starfleet Command, Captain!”
“You’re going to need them.”
(Eu tenho muitos amigos no Comando da Frota Estelar, Capitão!)
(Você vai precisar deles.)
Erik Pressman, depois de ser preso, e Jean-Luc Picard

Trivia

  • A primeira versão do roteiro foi concluída em 7 de outubro de 1993, e a versão final, em 18 de outubro.
  • O episódio foi inspirado pelo romance Raise the Titanic!. O roteirista Ronald D. Moore começou com a premissa de uma nave misteriosa do passado que guarda um segredo. “É uma história de tipo clássico e logo de saída eu pensei que Riker poderia ter estado naquela nave. O que ele está protegendo?”
  • Moore notou que esse episódio tinha temas similares de honra e dever aos de “The First Duty”, só que Wesley Crusher não teve o benefício de um bom histórico para compensar um erro de começo de carreira, como Riker teve aqui.
  • Este é o primeiro episódio desde “The Enterprise Incident”, da Série Clássica, em que a Enterprise usa um dispositivo de camuflagem. E aqui finalmente temos a explicação de por que a Federação não faz uso deles. Disse Moore: “Eu pensei, vamos costurar isso, não porque é a última temporada, mas porque estou cansado dessa pergunta em convenções!” Ele acreditava que o tratado era a explicação mais simples e melhor que outras oferecidas no passado fora do cânone – de que a camuflagem fazia mal a humanos, que não funcionava em naves da Federação ou de que os federados “não bisbilhotam”. Essa última, por sinal, veio de Gene Roddenberry. Ele teria dito: “Nosso pessoal é composto por cientistas e exploradores – a gente não sai por aí bisbilhotando.”
  • Inicialmente, Moore abriria o episódio de forma leve com Data, Troi e Riker ensaiando a peça Pygmalion. Mas Michael Piller não gostou, e aí Moore teve a ideia do Dia do Capitão Picard, só para usar a imitação que Frakes fazia de Patrick Stewart.
  • Ao apontar que criou mais um almirante criminoso, Moore brincou: “Tenho orgulho de dizer que criei outro almirante insano. Eles devem pôr algo na água do Quartel-General da Federação.”
  • O consultor científico André Bormanis cria aqui sua primeira tecnobaboseira original para a série, com o “campo duonético”. Era uma homenagem à duotrônica de Richard Daystrom em “The Ultimate Computer”, da Série Clássica.
  • Este episódio acaba ornando bem, embora de forma não intencional, com “The Next Phase”, em que aprendemos que os romulanos estão também desenvolvendo um dispositivo de camuflagem que pode permitir atravessar matéria sólida.
  • Os eventos do episódio final de Enterprise, “These Are the Voyages…”, se passam durante este segmento. Lá, Riker usa uma simulação da Enterprise NX-01 no holodeck para se decidir sobre se conta ou não a Picard sobre o dispositivo de camuflagem da Pegasus. Mas a verdade é que as cenas daquele episódio não se encaixam muito bem com as deste.
  • Na primeira versão do roteiro de Moore, Riker era punido de forma muito mais severa, sentenciado a 30 dias na detenção e recebendo uma reprimenda formal que acabaria com qualquer chance realista de se tornar capitão.
  • Michael Mack se tornou o primeiro ator afro-americano a interpretar um romulano neste episódio.
  • Joycelyn Robinson, como alferes Gates, acabou com uma fala neste episódio, mesmo sem ser creditada. Ela havia sido escrita para Data, mas Brent Spiner e o resto do elenco apontaram que o oficial do leme, e não o de operações, deveria obedecer à ordem de marcação de curso.
  • A produção ficou tão impressionada com a atuação de Terry O’Quinn neste episódio que Michael Piller considerou usar o personagem em um episódio de Deep Space Nine. Acabou não acontecendo.
  • As artes do “Dia do Capitão Picard” foram fornecidas por duas escolas primárias e pelos filhos de Alan Sims, responsável pelos objetos de cena da série.
  • Os produtores originalmente planejavam que a Pegasus fosse da classe Cheyenne, mas mudaram para a classe Oberth para não precisar construir um modelo novo. Mesmo assim, na cena ambientada na engenharia da Pegasus, uma das telas ainda mostra uma configuração de quatro naceles.
  • A trilha musical do episódio é de John Debney, que fez várias trilhas de SeaQuest DSV e antes havia composto a música para “The Nagus” e “Progress”, de Deep Space Nine.

Ficha Técnica

Escrito por Ronald D. Moore
Dirigido por LeVar Burton

Exibido em 10 de janeiro de 1994

 Título em português: “Pegasus”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Nancy Vawter como Margaret Blackwell
Terry O’Quinn como Erik Pressman
Michael Mack como Sirol

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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