TNG 7×11: Parallels

Worf salta entre mundos paralelos e vive um relacionamento inesperado

Sinopse

Data estelar: 47391.2

Worf retorna de um torneio de bat’leth numa nave auxiliar, depois de ter se sagrado campeão, e chega à Enterprise, que está retornando ao Conjunto Argus, telescópio subespacial da Federação que parou de transmitir dados de forma misteriosa.

Ao chegarem aos aposentos de Worf, ele tem de encarar uma festa surpresa por seu aniversário. Riker diz que Picard não pôde comparecer, mas logo depois da chegada de Geordi, o capitão surge comendo bolo. Mais tarde, na ponte, Data constata que o Argus segue transmitindo dados, mas para outra região do espaço, não para a Federação.

No bar panorâmico, Worf convida Troi para ser Soh-chIm de Alexander, algo como uma madrinha dele. Ela aceita. Depois, o klingon vai à engenharia onde analisa com Data, La Forge e Picard os registros do Argus, que foi usado para espionar diversas instalações federadas, depois de ter sido abordado por um cruzador cardassiano. Worf então tem uma tontura e nota que Data e La Forge mudaram de lugar.

Ele vai à enfermaria, e Crusher diz que seu problema deve estar relacionado a uma concussão que teve no torneio de bat’leth – embora ele não se lembre de ter passado por isso. Ela diz que a contusão foi o que o deixou em nono lugar na competição, mas Worf insiste que ficou em primeiro. Em seus aposentos, seu troféu agora indica nono lugar. Ele acha que alguém está lhe pregando uma peça, mas Crusher o convence de que é o resultado da concussão.

Na ponte, Worf detecta a aproximação de um cruzador cardassiano. Gul Nador pergunta por que a Enterprise está tão próxima à fronteira cardassiana, e Picard explica que é para o reparo do Conjunto Argus. Worf diz que a nave é a mesma que abordou o telescópio dias atrás, mas ninguém mais se recorda de ter estudado os registros.

Em seus aposentos, o klingon está perturbado. Troi vai visitá-lo, e La Forge chega em seguida. Nesse meio tempo ela parece ter mudado instantaneamente de roupa, e um quadro mudou de lugar, para depois se transformar inteiramente. Worf tem outra crise de tontura e se vê na ponte, com a nave sob alerta vermelho, em batalha com os cardassianos. Ele hesita em atirar, e Riker assume o posto tático. A Enterprise sofre danos severos, e Worf pede para deixar o serviço, por conta de sua desorientação. Picard autoriza.

O klingon é mais uma vez visitado por Troi em seus aposentos e desta vez descobre chocado que ela mora lá também, e eles são casados. Worf procura Data na engenharia, e o androide rastreia o subespaço em busca de anomalias temporais. Worf recapitula os momentos em que a realidade parece ter se transformado e conclui que Geordi esteve presente em todos os momentos. Eles vão procurá-lo na enfermaria, mas descobrem que ele está morto, ferido após a batalha com os cardassianos.

Data descobre um fluxo quântico no RNA de Worf e constata que sua assinatura quântica não bate com a deste universo – ele teria vindo de outra realidade quântica. Agora ele está num mundo em que Riker é o capitão, e ele é o primeiro oficial. Wesley é o oficial tático e informa a detecção de uma anomalia próxima. Data encontra uma trilha iônica deixada por uma nave auxiliar que cruza com o fenômeno. Worf conclui que passou por ela ao retornar à Enterprise, o que enfraqueceu a separação entre as realidades quânticas. E aparentemente o pulso diferencial subespacial gerado pelo VISOR de Geordi ocasionava saltos entre realidades.

Wesley procura pela realidade de origem de Worf sondando a anomalia com um pulso diferencial subespacial e tem sucesso em encontrá-la, mas então surge uma nave bajoriana para atacar a Enterprise. A batalha gera um pulso que desestabiliza a fissura entre universos, e diversas Enterprises começam a pipocar no espaço, vindas de outras realidades quânticas. Riker abre contato com elas e diz estar procurando uma com a assinatura específica de Worf. Ela é encontrada e envia a nave auxiliar que o klingon teria usado. Ele voará rumo à anomalia gerando um campo inverso de dobra para fechar a fissura e retornar todos às suas realidades originais.

Durante a incursão, uma das Enterprises começa a atacar a nave auxiliar – eles não querem retornar à sua realidade, onde os borgs estão por toda parte. Para salvar Worf, a Enterprise de Riker acaba destruindo sua contraparte rebelde. No fim, o klingon consegue retornar a seu universo de origem e passa a olhar para Troi com outros olhos, convidando-a para jantar e servindo champanhe

Comentários

“Parallels” é uma exploração incrível da interpretação dos mundos múltiplos da teoria quântica – um conceito real –, traduzida em uma história com impacto pessoal em um dos personagens, Worf, numa combinação sensacional de ficção científica e drama, mistura que costuma permear os melhores episódios de A Nova Geração.

É quase uma versão de “Mirror, Mirror” com esteroides, em que, ao longo de 45 minutos, temos a chance de conhecer não um, mas múltiplos universos alternativos, com o oficial de segurança klingon como âncora para cada visita.

A mecânica quântica é a teoria que governa as forças e partículas que compõem o universo, e um de seus aspectos mais curiosos é que o estado de uma partícula só é definido quando é observado. Antes disso, ele permanece numa sobreposição de estados, sendo tudo que pode ser ao mesmo tempo.

Ninguém sabe o que isso de fato quer dizer, mas uma das interpretações mais intrigantes desse fenômeno é que, toda vez que há uma observação (que equivale a uma interação entre partículas que as force a estabelecer seu estado), o universo se bifurca em realidades diferentes, e em cada uma delas uma das possibilidades da sobreposição de estados seria realidade.

Isso implicaria que todas as versões possíveis do universo existem ao mesmo tempo, em realidades paralelas – até mesmo aquelas em que Troi e Worf têm um relacionamento amoroso! Foi, por sinal, algo que pegou muitos fãs de surpresa, e são poucos os que gostam do desenvolvimento dessa relação, que seguiria evoluindo e ganharia contornos reais em “All Good Things…”, depois de anos de chove-e-não-molha entre Riker e Troi.

De toda forma, ao menos em sua apresentação individual aqui, a coisa funciona muito bem. É um dos elementos mais potentes a obrigar Worf a refletir o que pode ser a sua vida em múltiplas realidades. O episódio sabe combinar mudanças triviais (como um quadro fora de lugar) com outras importantes (cardassianos ou bajorianos em conflito com a Federação) e algumas profundamente pessoais, como o já citado casal Troi-Worf, além da morte de Geordi e a perda de Picard para os borgs, sem precisar se comprometer com nenhuma delas a longo prazo. No universo de origem de Worf, tudo continua como sempre esteve.

E, no entanto, sua viagem por realidades alternativas produziu mudanças em seu comportamento e em sua percepção dos amigos e colegas. Isso é muito bem ilustrado pelo fechamento do episódio, em que Worf passa a ver Troi com outros olhos e busca envolvê-la em uma situação romântica, com jantar e champanhe. Totalmente compreensível, dada a despedida amorosa e apaixonada dos dois em outra realidade.

Michael Dorn e Marina Sirtis são as principais estrelas deste episódio. Ele, como sempre, carrega muito bem as transições entre humor e drama que são características de Worf. Já ela sabe comunicar com muita eficácia suas segundas ou terceiras intenções apenas com um olhar ou um sorriso. Isso dá contornos de realidade à até então improvável relação entre os dois.

Tecnicamente, o episódio é bem realizado, retratando de forma eficaz cada nova realidade enquanto mantendo um “contínuo” para que experimentássemos a mesma confusão que Worf. É verdade que a mais pura tecnobaboseira é usada para viabilizar a trama, mas realmente não haveria outro jeito de fazer, e as recompensas dramáticas em muito superam as conveniências de pseudociência.

Embora o episódio praticamente todo seja ambientado na Enterprise, vemos esforços importantes da produção, com a redecoração de cenários clássicos como a ponte, e a rápida, mas eficaz, exploração de várias realidades, sobretudo quando, em uma cena espetacular, as Enterprises começam a pipocar na tela. Igualmente bem realizada é a apresentação de vários Worfs a bordo da nave auxiliar no esforço para restaurar cada um a sua realidade. Mas a profundidade toda está no impacto que a aventura causa em Worf, transformando uma trama sci-fi sofisticada em um drama pessoal. Com isso, estamos diante de um dos melhores episódios desta trepidante sétima temporada.

Avaliação

Citações

“For any event, there is an infinite number of possible outcomes. Our choices determine which outcomes will follow. But there is a theory in quantum physics that all possibilities that can happen or could happen do happen in alternate quantum realities.”
(Para qualquer evento, há um número infinito de desfechos possíveis. Nossas escolhas determinam quais desfechos se seguem. Mas há uma teoria na física quântica em que todas as possibilidades que podem acontecer ou poderiam acontecer de fato acontecem em realidades quânticas alternativas.)
Data

Trivia

  • A primeira versão do roteiro foi concluída em 27 de setembro de 1993, e a versão final, em 7 de outubro.
  • Originalmente, o plano era trazer Tasha Yar em linhas do tempo alternativas. Mas os produtores pensaram que o episódio ficaria muito parecido com “Yesterday’s Enterprise”. Por isso, acabaram pela opção de trazer Wesley. Brannon Braga comentou: “Wesley poderia ter sido explorado em mais profundidade, mas pensei que seria mais interessante se ele simplesmente estivesse lá.”
  • Este é o primeiro episódio a sugerir uma relação entre Worf e Troi, algo que seria mais desenvolvido ao longo da temporada. Os eventos de “Ethics”, mas em um universo paralelo, foram um catalisador para a relação deles. Brannon Braga apontou que os roteiristas vinham colocando pistas de uma possível relação desde a quinta temporada. “Acho que a maioria das pessoas não pegou a relação que estávamos tentando desenvolver, o que foi bom – queríamos aquela surpresa quando descobrimos que estão casados.”
  • Braga também contou que o relacionamento foi de início concebido como uma piada entre os escritores, mas, ao ver as filmagens, eles sentiram que os dois atores tinham boa química um com o outro.
  • Jeri Taylor também comentou a relação Troi-Worf: “Foi meio divertido, mas enfurece algumas pessoas. Algumas pessoas ficaram tão irritadas que não colocamos Riker e Troi juntos e pronto, e como nós tivemos a petulância de introduzir isso!”
  • A última fala do episódio, “Champanhe”, não estava no roteiro. Ela foi adicionada por Jeri Taylor depois que o diretor Robert Wiemer pediu um final mais definitivo.
  • Braga disse ter tomado cuidado para não abusar da ideia de que as realidades alternativas pudessem ser resultado de Worf ficando louco para evitar similaridades com “Frame of Mind”.
  • Originalmente, a tripulação iria cantar “Parabéns a Você” em klingon, mas os produtores concluíram que não valia a pena pagar os royalties pela canção. Com isso, optaram por “For He’s a Jolly Good Fellow”, que permitiu a Braga fazer a piada de que não havia uma palavra klingon para “jolly” (alegre).
  • Em uma das realidades alternativas deste episódio, vemos um alferes cardassiano, marcando a primeira aparição de um membro dessa espécie vestindo um uniforme da Frota Estelar até “Scavengers”, de Discovery, ambientado no século 32.
  • Jonathan Frakes não gostou do lance da relação entre Troi e Worf. “É absurdo! Gera grande material para convenções, mas para real desenvolvimento de personagens eu acho que é ridículo.”
  • Em seu comentário sobre o episódio, Brannon Braga discutiu o uso de tecnobaboseira e achou que tudo se saiu relativamente bem, exceto a solução proposta por Wesley para Worf retornar à sua realidade, que soou pouco convincente. A despeito disso, ele sente que o episódio funcionou bem e superou essas limitações.
  • Este episódio tem a mesma data estelar de “Sanctuary”, de Deep Space Nine, exibido na mesma semana.
  • Muitas das alterações feitas na ponte da Enterprise seriam reutilizadas no episódio final da série, “All Good Things…”.
  • O comunicador do uniforme de Worf como primeiro oficial neste episódio é o mesmo que a simulação imaginária do futuro mostrada em “Future Imperfect”.
  • A cor dos olhos de Data muda de universo para universo, algo que não estava no roteiro, mas serviu bem para ilustrar as transições.
  • “Parallels” foi citado pelo escritor Roberto Orci como sustentação para a existência contínua da realidade primária e do universo Kelvin criado pelo filme Star Trek (2009).
  • O troféu de Worf pode ser visto de novo na cena do jantar de “Resurrection”, de Deep Space Nine.
  • O Conjunto Argus apareceu antes em “The Nth Degree”, onde apresentou defeito por conta de uma sonda alienígena.

Ficha Técnica

Escrito por Brannon Braga
Dirigido por Robert Wiemer

Exibido em 29 de novembro de 1993

 Título em português: “Paralelos”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Wil Wheaton como Wesley Crusher
Patti Yasutake como Alyssa Ogawa
Mark Bramhall como gul Nador
Majel Barrett como voz do computador

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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