Elenco de Discovery revela incertezas e emoções na STLV 2025

Durante a convenção STLV: Trek to Vegas (agosto passado), parte do elenco da série Star Trek: Discovery como Anthony Rapp (Stamets), Wilson Cruz (Culber) e Doug Jones (Saru) subiu ao palco para compartilhar memórias dos bastidores, revelando as incertezas de seus personagens, o peso da representatividade e até um toque de inveja por um episódio musical que nunca veio. 

Cruz e Rapp discutiram a importância de interpretar o primeiro casal abertamente gay da franquia. Cruz, com sua experiência na GLAAD (organização de defesa de mídia para pessoas LGBTQ), destacou a pressão de honrar as expectativas dos fãs.

As pessoas esperaram tanto por aquele momento. Havia tanta, tanta gente que defendia isso. Então, se sentíamos qualquer tipo de pressão, era simplesmente para corresponder à expectativa que aqueles fãs fervorosos tinham há tantos anos, a ponto de criarmos fanfics realmente lindas e comoventes, e algumas delas estranhas.

Outro assunto comentado pelos atores foi a controversa morte de Culber na primeira temporada. Culber foi assassinado por Ash Tyler no episódio 10. Cruz revelou que inicialmente não sabia que o retorno de seu personagem estava planejado.

Não me contaram imediatamente que o Dr. Culber voltaria. Foi devastador quando recebi a primeira ligação. Logo depois, quando vim gravar as cenas em que estou na rede micelial e ele percebe minha presença, Aaron e Gretchen disseram: ‘Ele vai voltar, só não descobrimos como ainda, e não sabemos como faremos isso porque vai acontecer na segunda temporada’.

Houve um tempo na indústria de entretenimento em que os personagens LGBTQIA+ tinham sempre um fim trágico ou morriam mais frequentemente do que personagens heterossexuais. Consciente disso, Cruz pressionou os produtores para tranquilizarem o público sobre o destino de Culber.

Eu me esforcei muito para conversar com estúdios e emissoras sobre o porquê dessa viagem ser problemática, certo? Parecia, e não apenas parecia — na verdade, houve uma explosão de personagens gays que foram assassinados violentamente na televisão nos anos posteriores a 2000, e foi notável, era óbvio. E, portanto, é prejudicial, porque nos apegamos a esses personagens e, então, ficamos devastados com a perda deles dessa forma.

… Eu também entendi a controvérsia que viria desse assassinato tão violento. E, então, eu realmente, para proteger a série, juro a vocês, para proteger a série. E sim, eu queria manter meu emprego, mas para proteger a série nos termos de, eu não quero que Star Trek e esta série percam seu público, percam o público LGBTQ especificamente porque caímos nesse estereótipo que eles não sabiam que iríamos reverter… Eu defendi a oportunidade de expressar isso ao público. E acho que por causa da minha experiência na GLAAD e porque eles confiaram em mim, achamos necessário ajudar o público a entender que isso fazia parte de um arco narrativo mais longo.

O retorno de Culber na segunda temporada, emergindo nu da rede micelial, rendeu momentos de risadas no painel. Cruz brincou sobre a filmagem:

Eu estava pelado, com uma ‘coisa’ cobrindo só o essencial. E o set estava gelado!.

Rapp completou, rindo:

Eu só via sua bunda.

A interação, que incluiu Cruz recriando a cena em posição fetal no palco, arrancou gargalhadas da plateia.

O que quero dizer é que eu estava em posição fetal. De bunda nua. Então, se bem me lembro, eram Mary Wiseman (Tilly), Sonequa Martin-Green (Burnham), e você estava de frente para mim, e eu estava deitado no chão. Nu. E então, eu me senti vulnerável. Então, eu olho para eles antes deles estarem acendendo a luz, porque, sabe, você tem certeza de que tem que acender direito. E eu olho para Sonequa, que percebe que eu me sinto muito vulnerável. Ela diz: ‘É tão lindo.

Outro assunto que os atores compartilharam com o público foi suas impressões a respeito do episódio musical “Subspace Rhapsody” de Star Trek: Strange New Worlds. Na conversa, Cruz revelou uma ponta de frustração com a produção do episódio musical pela outra série e por nunca ter acontecido em Discovery, embora tenham cogitado isso, na época.

Eis o que vou dizer sobre isso. … Na primeira temporada, estamos sentados lá com Aaron Harberts, Gretchen Berg, Alex Kurtzman e Akiva. E alguém diz: ‘Bem, o que vocês acham de ter um episódio musical?’ E nós pensamos: ‘Claro! Seria incrível.’ Então, durante toda a temporada, pensamos: ‘Na próxima temporada, vai acontecer, certo?’ Não aconteceu na segunda temporada. Pensamos: ‘Ok. Temporada 3, certo?’ Não. Foi durante as filmagens da 4ª temporada? Ou… a 4ª temporada estava sendo filmada [ou] a 4ª temporada, depois que a série (Strange New Worlds) foi ao ar, eles anunciaram isso, e eu… [longa pausa] Eu os amo, mas fiquei furioso com isso, e eles fizeram um ótimo trabalho. Foi divertido. Mas eu fiquei bravo. Não trabalho mais para eles, então posso dizer isso (risos).

A decepção do elenco por não ter um episódio musical foi aliviada por sua performance vibrante em um musical não ligado a série. Durante a segunda temporada de DiscoverySonequa Martin-Green (Michael Burnham), Anthony Rapp (Paul Stamets), Doug Jones (Saru) e Mary Wiseman (Sylvia Tilly) participaram de uma edição animada do Carpool Karaoke, inspirada no quadro de James Corden. Wilson Cruz não estava nesta produção. O quarteto cantou músicas como “That’s the Way I Like It” (KC and the Sunshine Band), “Space Oddity” (David Bowie) e “Shape of You” (Ed Sheeran), enquanto fazia o icônico sinal vulcano, no carro em que dirigiam. Já na ponte da nave Discovery, brincaram sobre os inúmeros reboots e spin-offs da franquia, mencionando o acordo da CBS com o produtor Alex Kurtzman. O grupo também prestou homenagens aos ícones da franquia.

A imprevisibilidade sobre o destino dos personagens marcou alguns membros do elenco. Doug Jones, que interpreta Saru, revelou sua ansiedade ao ler roteiros da segunda temporada, temendo a morte de seu personagem durante o processo de vahar’ai.

E a segunda temporada chega, e eles fazem um episódio em que eu lia uma página de cada vez, pensando: ‘Ah, ele está ficando doente. Ah, você vai me matar.’ Certo?

Para sua surpresa, a transformação de Saru o libertou do medo inato, ensinando ao próprio Jones uma lição de coragem.

De repente, ele não tem mais medo. O medo inato desapareceu. Ele agora tem uma confiança e uma coragem que nunca conheceu antes, que nenhum Kelpiano conheceu desde os dias em que nós, muito antes dos Ba’ul nos pegarem. Então, pensei: “e se eu, Doug Jones, aplicar essa mesma teoria à minha vida humana?” O mundo ao nosso redor não mudou. Ameaças e desafios nos atingem todos os dias, mas tudo depende de como reagimos a eles. Então, em vez de ficar pensando: ‘Ah, estou com medo dessa coisa, vamos todos morrer’, como costumo fazer, farei como Saru faz agora e pensar: ‘Vamos superar isso. Vai ficar tudo bem’. … Foi isso que Saru me ensinou, e sou grato a ele para sempre.

Outros membros do elenco em papéis secundários, como James Frain (Sarek), Alan van Sprang (Leland) e Rekha Sharma (Landry), também enfrentaram incertezas quanto ao futuro de seus papéis. Frain relembrou com humor sua exclusão do salto temporal de 900 anos da série:

Eu pensei: ‘Ah, e eu vou com vocês, certo?’ E eles disseram: ‘Não, você tem que se manter na linha do tempo. Porque lembra da bíblia pela qual somos obcecados, porque os fãs vão nos matar se errarmos alguma coisa?’ E eu disse: ‘Acho que consigo avançar.’ Eles disseram: ‘Não, não pode.’ Eu disse: ‘Ok, obrigado pelas lembranças.’

Van Sprang revelou que, muitas vezes, os atores são mantidos no escuro sobre o destino fatal de seus personagens, mas ele já está acostumado com isso.

Para mim, foi 50-50. Às vezes era um grande choque, às vezes eu sabia o que ia acontecer, mas sempre recebia um telefonema dos produtores pessoalmente. Eles sempre diziam: ‘Você vai embora’. Então, não foi como sentar à mesa, ler, receber um roteiro e ser morto, embora eu ache que isso aconteça bastante com algumas pessoas.

Sharma, por sua vez, descobriu as múltiplas mortes de Landry diretamente nos roteiros.

Foi assim que eu descobri pela primeira vez. É, eu li e pensei: ‘O quê? Mas eu acabei de chegar.’ E aí me ligaram de volta. Eu pensei: ‘Incrível.’ E aí eu pensei: ‘O quê?’ E aí a terceira vez! Você sabe como termina. Cinco episódios, três mortes.

A personagem de Rekha Sharma morre no episódio 4 da 1ª temporada “The Butcher’s Knife Cares Not for the Lamb’s Cry”, ao lutar com um tardígrado. A versão no Universo Espelho de Landry também tem final trágico no episódio 13 da 1ª temporada, “What’s Past Is Prologue”. No episódio 10 da 3ª temporada, “Terra Firma, Part 2”, a linha do tempo alternativa criada pelo Guardião da Eternidade mostra uma versão espelho de Landry ser executada por Michael Burnham (versão espelho).

As cinco temporadas de Star Trek: Discovery estão disponíveis no Paramount+

Fonte: TrekMovie

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