Scorpius Run conecta as temporadas 2 e 3 de Strange New Worlds e coloca Enterprise de Pike no meio de uma “corrida maluca”

Para os fãs de Star Trek: Strange New Worlds, a espera entre as temporadas é sempre um desafio. Ainda mais se há uma greve de roteiristas entre elas, que faz com que o lançamento da temporada seguinte seja arrastado por quase dois anos.

Foi nesse contexto que a minissérie em quadrinhos Star Trek: Strange New Worlds – The Scorpius Run foi lançada pela IDW entre agosto de 2023 e janeiro de 2024, proporcionando uma aventura autônoma que se encaixa perfeitamente na linha do tempo do seriado, apesar de não ser considerada canônica. Sem a pretensão de construir grandes pontes narrativas, a minissérie captura a essência de exploração e o carisma da tripulação da Enterprise que os espectadores tanto amam.

Ao iniciar a leitura, a sensação é de estarmos diante de um “episódio perdido” da série, o tipo de aventura que se encaixaria perfeitamente na cadência de Strange New Worlds. A história começa com a USS Enterprise em uma missão de rotina de exploração na perigosa e misteriosa Constelação de Escorpião. É aqui, em meio a anomalias gravitacionais, que eles interceptam um sinal de socorro que altera completamente o curso de sua missão.

A trama logo se revela como uma empolgante “corrida maluca”. Após o resgate de uma piloto alienígena, a tripulação descobre que ela está fugindo de um senhor da guerra galáctico conhecido como Zephyx, que os força a participar de uma competição mortal. Com regras brutais e consequências devastadoras para os perdedores, a corrida se torna uma prova de vida ou morte para a Enterprise e um verdadeiro teste para a liderança do Capitão Pike.

O enredo mergulha a tripulação em uma situação que, de longe, é uma das mais arriscadas que eles já enfrentaram fora da tela. O conceito é puro Star Trek, ecoando clássicos como a “arena de gladiadores” de Triskelion, mas com uma dose de adrenalina moderna que mantém o leitor na ponta da cadeira.

Os roteiristas Kirsten Beyer e Mike Johnson demonstram uma compreensão íntima dos personagens de Strange New Worlds. A voz do Capitão Pike é imediatamente reconhecível; ele é o líder calmo e pensativo que conhecemos, que busca uma solução pacífica mesmo quando a violência parece a única opção. É emocionante ver sua mente estratégica em ação, utilizando a inteligência e a diplomacia como suas principais armas.

A minissérie em cinco edições também nos dá a oportunidade de ver o resto da tripulação brilhar. Spock, como sempre, é o porto seguro da lógica e da racionalidade, e seus momentos de raciocínio rápido são cruciais para a sobrevivência da Enterprise. Una e La’an, por sua vez, têm seus próprios momentos de heroísmo, demonstrando a força e a determinação que as tornaram personagens tão amados. As interações entre a tripulação soam autênticas, como se estivéssemos assistindo a um episódio inédito da série.

As verdadeiras estrelas desta minissérie, no entanto, são a arte de Angel Hernández e as cores de Nick Filardi. A dupla cria um espetáculo visual que é simplesmente deslumbrante. As cores são vivas, explosivas e contribuem imensamente para a sensação de perigo e a natureza caótica da corrida. Cada painel é uma obra de arte, e os designs de naves e dos novos seres alienígenas são criativos e impressionantes.

A arte consegue capturar fielmente a estética de Strange New Worlds. Os designs dos uniformes e os interiores da ponte da Enterprise são reproduzidos com uma precisão que nos faz sentir em casa. Porém, o mesmo não acontece com as expressões faciais dos personagens, que deixam a desejar em diferentes pontos do quadrinho.

Apesar de toda a ação e do ritmo acelerado, o quadrinho não se esquece de suas raízes temáticas. Em seu cerne, The Scorpius Run é uma história sobre trabalho em equipe e a importância de encontrar força em uma tripulação unida. A corrida é apenas o cenário para uma exploração mais profunda dos laços que unem a Enterprise, um lembrete do que torna a Frota Estelar tão especial.

Em termos de vilões, Zephyx serve ao seu propósito de forma eficaz, sendo o motor da trama. Ele é uma ameaça tangível que força a tripulação a se unir, mas o foco permanece na Enterprise e em sua luta pela sobrevivência, em vez de se aprofundar demais na psicologia do antagonista. Isso é uma escolha acertada, que permite que a história seja contada de forma concisa e direta.

A minissérie se beneficia de ter uma história fechada, que se resolve completamente em suas cinco edições. Não há pontas soltas ou cliffhangers deixados para um volume futuro. É uma jornada completa, do início ao fim, que entrega uma conclusão satisfatória e impactante, validando o arco de toda a série.

É um testemunho do poder de uma narrativa coesa e visualmente impactante, provando que a alma da Enterprise pode ser capturada e expandida para além da tela. A aventura reafirma a crença de que a magia de Star Trek é uma força ilimitada, pronta para explorar novas fronteiras em qualquer meio.

Avaliação

Ficha Técnica

Roteiro: Kirsten Beyer & Mike Johnson
Arte: Angel Hernández, Mike Allred, Steffi Hochriegl & Mike Cho
Cores: Nick Filardi
Editora: Heather Antos
Assistente editorial: Vanessa Real

Lançamento em português: sem previsão

 

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