Guia de episódios

STAR TREK II:
THE WRATH OF KHAN

1982



 









 


      
Sinopse comentada
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       O Melhor dos Tempos

 



Quando Harve Bennett foi chamado a produzir a sequência de "Jornada nas Estrelas: O Filme", a "primeira diretriz" dada pelo estúdio foi basicamente "faça o que quiser, mas faça barato". Nascido em berço televisivo, Bennett sabia muito bem como economizar em produções, fazendo-as parecer muito mais caras do que realmente eram. Basicamente, foi o que ele fez com "A Ira de Khan".

A primeira providência foi chamar uma equipe experiente com aventuras espaciais para fornecer os efeitos. A empresa contratada foi a então hegemônica Industrial Light & Magic, criada por George Lucas para revolucionar as técnicas de efeitos visuais com seu "Star Wars".

Com o furor dos Jedis, não era difícil entender por que a ILM era a mais cara das produtoras de efeitos especiais de Hollywood na época. Mesmo assim, o uso de técnicas simples e a encomenda racional de tomadas de efeitos, somente quando eles eram absolutamente necessários, acabaram garantindo um baixo custo para a produção.

Uma das providências que Bennett e seu diretor, Nicholas Meyer, decidiram tomar logo de cara foi ver que partes de seu roteiro podiam ser contadas com efeitos visuais produzidos (utilizados ou não) para "Jornada nas Estrelas: O Filme". Quem prestar atenção vai descobrir que todas as cenas da Enterprise até a chegada da nave à estação Regula I já apareceram antes na primeira aventura cinematográfica da série.

Em vez de tornar o filme "barato" aos olhos do público, a estratégia mostrou a inteligência e a capacidade de tomar decisões da dupla Bennett e Meyer. E mais: permitiu que a ILM torrasse todo o seu orçamento em cenas que realmente importavam, dando origem a uma das mais célebres batalhas espaciais da história de Jornada nas Estrelas.



Mesmo os grandes efeitos do filme são em geral bastante simples, e lembrar como foram obtidos nos ajuda a mergulhar numa época em que criar efeitos era uma tarefa criativa e que exigia múltiplas respostas, não somente sentar-se num computador e criar virtualmente a coisa toda.

A tomada inicial de "A Ira de Khan", por exemplo, com o fundo de estrelas passando pela câmera, foi feita filmando a projeção do espaço num planetário! Simples e eficiente.

A nebulosa Mutara, que acabaria figurando em muitos episódios de Jornada pelos anos seguintes, foi criada com um aquário com diferentes camadas de tinta, filmadas numa velocidade em que o movimento das diferentes cores aparentava mais rapidez do que era de fato no líquido filmado.



As tomadas com as duas naves e a estação Regula I foram todas feitas com modelos em miniatura. Detalhe: Regula I nada mais era do que a estação orbital em que Kirk encontra Scotty em "O Filme", só que virada de cabeça para baixo.



Flashes de luz sobre os modelos criavam os efeitos de turbulência dentro da nebulosa. E cada um dos diferentes sistemas de iluminação acoplados às naves era filmado separadamente -- a junção de todos eles numa só tomada formava o produto final.

Os criadores tiveram o trabalho de iluminar as naves de uma forma ligeiramente diferente da usada em "Jornada I", tornando as cenas mais intimistas e mais vivas do que as obtidas para o primeiro filme.

Lado revolucionário

Embora a imensa maioria dos efeitos do filme tenha sido obtida com técnicas tradicionais (claro, sempre com uma certa dose de criatividade por parte dos profissionais da ILM), "A Ira de Khan" também foi o responsável por uma das maiores inovações da história do cinema -- o início da verdadeira revolução que culminou nas produções modernas: a introdução de gráficos realistas criados por computador.

A demonstração do projeto Genesis que Kirk projeta em sua cabine era fruto de um experimento em mais de um sentido: a sequência inteira foi totalmente criada por computador -- desde as tomadas espaciais ao efeito Genesis e à transformação da lua deserta num planeta vivo e habitável.



Foi a primeira vez que um gráfico gerado por computador teve um destaque tão grande num filme, abrindo caminho para a revolução do CGI (Computer-Generated Imagery) que hoje domina os efeitos de praticamente todas as produções que exigem tomadas de efeitos complexas.

Claro, pequenos artefatos computadorizados já existiam antes (como o próprio diagrama da Enterprise que abre o filme, num dos monitores da ponte), mas nunca um efeito criado em computador tinha se destinado a imitar com (suposta) perfeição a realidade.

Com a combinação de estratégias eficientes de produção de efeitos, reciclagem de material do filme anterior e a dosagem certa de inovação, "A Ira de Khan" consegue o que parecia impossível, ao menos em termos técnicos: ser melhor e muito mais barato que seu antecessor.