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STAR TREK II: |
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O momento decisivo na carreira do compositor chegou em 1982, quando a Paramount estava para lançar a aguardada primeira seqüência do controvertido "Jornada nas Estrelas: O Filme" (1979). Depois de despender 40 milhões de dólares no primeiro filme, o estúdio decidiu economizar e liberou apenas ¼ daquele valor para "Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan". O aperto orçamentário não permitiu a presença, na equipe técnica do filme, de muitos nomes famosos – e portanto caros. Mas a escolha dos profissionais não pôde ser mais acertada, a começar pelo diretor e roteirista Nicholas Meyer, que dirigira em 1979 a interessante ficção-científica "Um Século em 43 Minutos". Segundo Horner, Nicholas Meyer contratou-o para fazer uma trilha mais acústica, com um senso de aventura em alto-mar, e indiscutivelmente teve sucesso nessa empreitada. Horner não titubeou em descartar o famoso tema criado por Goldsmith para o filme anterior, substituindo-o por um novo de sua autoria, ao qual agregou a introdução da música da série de televisão, de Alexander Courage. Este vibrante “Main Title”, dedicado ao almirante Kirk e à sua nave, Enterprise, é o motivo propulsor do score: nele as dinâmicas orquestrações de cordas, metais e percussão são traduzidas pela orquestra de 94 instrumentos em uma interpretação acima da média. Outro tema importante é aquele dedicado ao vilão Khan, ouvido pela primeira vez na 2ª faixa do CD, "Surprise Attack". É um motivo ameaçador, que inicia em tom baixo para logo em seguida ser interpretado em alto volume pela orquestra, notadamente nos confrontos da nave de Khan, a Reliant, com a Enterprise. Sendo a trilha que impulsionou a carreira de Horner,
"A Ira de Khan" contém um grande número de "Hornerismos" que se repetiriam em trabalhos subseqüentes (por exemplo, as fanfarras que são quase idênticas às de "Krull", "Rocketeer" e outros filmes...), agregados a composições extremamente criativas. Como se vê é uma partitura enérgica e voltada à ação, que enfatiza as memoráveis batalhas "navais" entre as duas naves estelares (“Surprise Attack”, "Kirk´s Explosive Reply”), com alguns momentos contemplativos e líricos onde ouvimos o terceiro tema principal, dedicado ao capitão Spock. Em “Battle In The Mutara Nebula” o compositor cria efeitos de eco interessantes para metais e sopro, e faz referência à trilha de Goldsmith ao utilizar o “Blaster Beam”, instrumento de percussão metálico que em "O Filme" representava a nuvem alienígena. De um modo geral, a partitura de "A Ira de Khan" captura a visão militarista/naval do diretor Meyer para Jornada nas Estrelas, transmitindo um senso “náutico” que forma uma ótima coreografia com os visuais. Reparem na cena da Enterprise zarpando da doca espacial: Horner, com sua música, nos faz sentir como se estivéssemos assistindo à partida de um navio pirata comandado por Errol Flynn... Em suma,
"A Ira de Khan" pode não ser melhor que o trabalho anterior, de Goldsmith, mas sua grandeza épica a coloca entre as melhores trilhas de
Jornada nas Estrelas. |