Revelado o piloto de Enterprise, a nova série de Jornada

Salvador Nogueira
Editor do Trek Brasilis

Voyager já concluiu todas as suas filmagens, e restam apenas alguns trabalhos de pós-produção para que os produtores fechem esse capítulo da saga de Jornada. Naturalmente, a partir de agora, todas as atenções se voltam para a nova produção televisiva ambientada no universo de Jornada nas Estrelas.

A Paramount permanece em silêncio total, mas tudo isso deve mudar em algumas semanas (pessoalmente, aposto nesta semana como a data para o anúncio oficial). A aposta não vem de graça: a UPN acabou de fechar acordo com para exibir, a partir da próxima temporada, o seriado “Buffy: A Caça-Vampiros”, nos EUA.

Além disso, a justiça norte-americana acabou de confirmar o direito da Viacom (empresa-mãe da Paramount) de manter a UPN, mesmo tendo adquirido, no ano passado, a rede CBS. Com a posição da UPN garantida e fortalecida, e o início das filmagens da nova série a apenas duas semanas de distância, o momento é ideal para o anúncio.

Oficializadas ou não, as informações continuam a vazar, e o TrekToday, site que tem mantido a dianteira quando o assunto é novidades da série, traz agora uma revisão, feita por uma de suas fontes, do roteiro do piloto do novo show. Leia a tradução na íntegra e veja o que se pode esperar da próxima série de Jornada.

Enredo

Há algumas semanas, tive a chance de ler o roteiro do piloto para “Star Trek – Enterprise” (embora a série vá se chamar provavelmente apenas “Enterprise”). A versão final básica do roteiro já estava definida antes do envio das convocações de elenco, de modo que todas as informações na lista de elenco se encaixam perfeitamente com o que li –não há uma única diferença no roteiro.

A série se passa antes da fundação da Federação, como antes relatado. Se os produtores mantiverem a data canônica de fundação, 2161, o piloto será de cinco a dez anos anets disso. CLaro, isso abre algumas possibilidades para a conclusão da série. Adicionalmente, isso retira os problemas de continuidade associados com o fato de Spock ser o primeiro Vulcano e a Enteprise de Kirk a primeira nave com esse nome na Frota Estelar. Afinal, em “Enteprise”, a Frota Estelar nem existe ainda.

Olhando para o roteiro do piloto, o desenvolvimento de personagens e de relacionamentos parece ser o maior foco de “Enterprise”. Uma das coisas que eu gostei mais no roteiro é o senso de humor reminiscente da Série Clássica. Amigos e adversários trocam farpas uns com os outros –lembra da relação Spock-Magro? A série certamente tem muito mais drama ligado a personagens do que o que vimos em Jornada em anos recentes.

Na época em que o piloto se passa, Vulcanos e humanos estão em uma relação um pouco díspare, mais parecida com uma relação paternalista, com os Vulcanos contendo os humanos por medo de eles não estarem prontos. Os Vulcanos, sempre lógicos, não acreditam que os humanos estejam prontos para pular para o espaço, apesar de eles estarem se esforçando para isso. T’Pau é enviada à Enterprise como uma supervisora, para dar aos Vulcanos algum controle sobre os procedimentos.

A estréia começa com a Enterprise na Doca Espacial, sendo preparada para ir ao espaço. Enquanto isso está acontecendo, uma nave Klingon com um tripulante se acidenta na Terra, após ser perseguida por dois membros Suliban, uma nova raça alienígena a ser mostrada na série. Isso certamente fornece uma nova dimensão ao comentário de McCoy em “Day of the Dove” de que o primeiro contato Klingon foi um “evento desastroso”.

O Klingon é ferido mortalmente por um humano logo após a queda. Ele sobrevive apenas por causa de seus órgãos secundários e os sistemas de suporte de vida –mas sua vida está por um fio. Outro conflito surge entre humanos e Vulcanos, quando os humanos insistem em devolver o Klingon a seu planeta natal. Os Vulcanos, em contrapartida, temem que o governo Klingon veja isso como uma desgraça, levando a relação entre os povos para o lado negativo.

Os humanos acabam triunfando no final, e a Enterprise, sob o comando do capitão Jackson Archer, é enviada até Qo’noS, a fim de devolver o Klingon ferido. Logo, é possível ver como a relação delicada entre os Klingons e a Federação começou, a partir desse incidente diplomático.

Os Suliban, a nova espécie mostrada na série, são novos e originais. ELes podem mudar sua estrutura esquelética, e isso é mostrado no piloto, embora eu vá deixar os detalhes exatos como uma surpresa. Um dos Suliban, um personagem chamado Silik, irá ser um recorrente durante a série, de acordo com a lista de elenco. Em geral, eles são muito legais!

A Enterprise também é fascinante. Sua velocidade máxima é dobra 4, e ela costuma “apanhar” bastante –um eco distante das futuras naves estelar da Série Clássica e da Nova Geração. A gravidade artificial na nave é gerada por um poço de gravidade, que também é um lugar na nave sem qualquer gravidade. Se você está procurando por Okudagrams or interfaces LCARS, você ficará desapontado, já que a Enterprise é toda chaves e botões!

Muitas das tecnologias familiares que vimos nas outras séries de Jornada não estarão por perto. No entanto, veremos as origens de alguns desses elementos que conhecemos e amamos. Por exemplo, a pistola “phase”, um ancestral mais antigo do feiser, faz uma aparição. Claro, não há raios tratores, então a nave usa um tipo de gancho de atracação. Você ficará feliz em saber que o transporte existe nessa época, assim como os comunicadores de abrir, tão familiares aos fãs da série original.

Não há tradutor universal. Temos um aparelho de tradução antigo que permite a humanos e Vulcanos se comunicarem, mas isso não ajuda com o Klingon ferido –porque esse tradutor primitivo precisa ser programado com uma linguagem específica antes que possa funcionar. Entra Hoshi Sao, que, com suas habilidades exo-linguísticas, é capaz de se comunicar com o Klingon.

Comentário

Há algumas coisas que eu gostaria de esclarecer. Esse show não vai parecer com a Série Clássica –essa é uma série futurística com efeitos especiais do estado da arte, assim como foi com Deep Space Nine e Voyager. A série mostrará tecnologia mais primitiva, mas isso não significa que os valores de produção estarão comprometidos. Claro, ainda estará milhas a frente do que temos hoje.

Estou convencido de que “Enterprise” pode ser a melhor série de Jornada até agora. Será como uma segunda Renascença para a humanidade –a chance de sair e realmente procurar estranhas novas vidas e civilizações, algo que faltou às séries mais recentes. Esses personagens estarão realmente enfrentando uma nova fronteira. Também, a nave estará no Sistema Solar um bom tempo, devido a limitações de velocidade, então teremos uma visão em primeira mão de como essa revolução tecnológica afeta a humanidade, e nossas reações ao encontrar todas essas novas raças.

Nós precisamos ser realistas aqui –não há muito mais o que explorar no universo do século 24. Com a premissa de Voyager, não havia realmente tempo suficiente para conhecer qualquer das raças –só olhe para a que se passou por um inimigo, os Kazons. E vamos encarar –os Borgs não têm mais o soco que costumavam ter.

Estou otimista sobre essa premissa pré-sequência porque escaparemos do buraco em que Jornada tem sido escrita nos últimos dez anos –não já mais material para histórias no futuro. Em “Enterprise” n´so estaremos explorando uma região do espaço sobre o qual não sabemos nada –nossa própria vizinhança. A nova série será capaz de destacar raças menores que sempre vimos na saga de Jornada, mas que sabemos muito pouco a respeito. “Enterprise” será história em andamento!

A filosofia de Gene Roddenberry sempre foi centrada na questão do que significa ser humano, e ao retornar às raízes de Jornada, essa questão estará mais uma vez em primeiro plano. Não há meio melhor de explorar a humanidade do que visitar a espécie humana em uma época em que estávamos apenas começando a esticar as pernas e conhecer a galáxia. Essa nova premissa irá trazer a nova perspectiva que Jornada precisa tanto, com novas possibilidades para histórias e grandes arcos.

Olhando para os pilotos das três novas séries de Jornada, “Enterprise” aumenta o padrão consideravelmente, embora esteja apenas em forma de roteiro ainda. Havia alguns erros de continuidade na versão que eu li, embora eles devam estar todos corrigidos agora. Mesmo assim, há muito background em Jornada, de forma que podem ser perdoados alguns pequenos erros. Tudo sobre esse show é fantástico –o ambiente, a história, os personagens são todos sensacionais. Claro, ainda resta ver como o roteiro ficará em filme –mas dado o excelente desempenho de Jornada nesse quesito, isso não deve ser um problema, e a atuação dificilmente pode ser pior que a de Voyager. Por enquanto, o roteiro recebe um 9 de 10, com apenas um ponto contando por alguns problemas com a linha do tempo.

Então, o que podemos esperar quando todas as peças se juntarem? Assista em setembro para saber!