Começa a última batalha por Enterprise

A última batalha antes que Enterprise possa chegar às telinhas já começou a ser travada. Trata-se das negociações entre produtores e atores de Hollywood para evitar uma greve da categoria no segundo semestre, o que atrasaria o cronograma de todos os seriados em produção, incluindo a nova série de Jornada.

As primeiras rodadas de discussão começaram na semana passada, num esforço de fechar um novo contrato entre as duas partes. O sindicato dos atores americanos (SAG) e a Federação Americana de Artistas de Rádio e Televisão (AFTRA), que representam juntos cerca de 130 mil atores, apresentaram 45 diferentes propostas de contrato, de acordo com o tipo de trabalho.

A Aliança de Produtores de Filmes e Televisão (AMPTP), que representa os estúdios, apresentou apenas 19. O contrato atual expira em 30 de junho. Se até lá não houver um novo contrato acertado entre as duas partes, teremos uma greve.

Um número considerável de propostas de ambos os lados lidam com a questão dos pagamentos residuais. Os residuais são pagamentos feitos a atores por exibições subsequentes de seu trabalho, ou seja, em reprises, vendas ao exterior ou home video. Como resultado, elas podem ser responsáveis por uma considerável porcentagem da renda de um ator, ou, olhando de outro ângulo, da despesa de um produtor. O tema portanto é central nas negociações.

Os atores propõem também que a rede Fox passe a pagar a mesma taxa de residuais que pagam as outras três grandes redes (NBC, ABC e CBS). Atualmente a Fox paga apenas 2/3 do valor pago pelas grandes.

Aumento nos pagamentos básicos de residuais, contribuições para planos de pensão e de saúde e programas de “pay-per-view” para atores também estão entre as propostas. Os sindicatos dizem que isso irá ajudar a “classe média” dos atores.

Outra proposta do SAG é a de proibir os estúdios de fazer acordos com o agente pessoal do ator. As negociações precisam ser feitas ou pelo próprio ator ou por um agente credenciado pelo SAG.

A prática conhecida como “Paint Down” também está sendo atacada pelo SAG. Essa técnica consiste em utilizar um dublê de uma etnia fazendo-o se passar por um de outra etnia (por exemplo, um branco sendo dublê de um negro). Segundo a nova proposta do sindicato, apenas dublês da mesma etnia dos atores poderiam ser contratados.

Uma preocupação dos sindicatos de atores também gira em torno da perda de trabalho para o exterior. Eles alegam que US$ 10 milhões são perdidos todo ano em razão de produções americanas feitas fora dos EUA para se aproveitar das menores exigências entre os atores de outros países (exemplos não faltam de produções americanas que são filmadas no Canadá).

A proposta é que as regras do sindicato valham para atores americanos mesmo que eles estejam atuando em outro país, evitando assim deixá-los nas mãos de legislação estrangeira.

As exigências dos estúdios são bem menores, mas algumas delas estão em confronto direto com propostas do SAG.

Entre as exigências, os produtores querem pagar menos a atores com três falas ou menos em uma série de TV. Eles seriam pagos com a metade do valor normalmente atribuído a um ator.

Outro item pede a redução de residuais pagos a atores de programas exibidos em syndication com uma audiência limitada. Eles apontam que o corte de residuais em séries que dificilmente dão lucro por serem exibidas em mercados pequenos deveria reduzir o custo de sua exibição, facilitando a venda do programa e gerando mais residuais aos atores, embora o valor por residual tenha sido reduzido.

Os estúdios também propõem reduzir sua obrigação de fornecer passagens de primeira classe para atores indo trabalhar em locações distantes.

No começo deste mês, um acordo foi fechado entre os escritores e os produtores, evitando uma outra greve que pairava sobre Hollywood. Com uma das greves evitadas, a outra (de atores) provavelmente também será, dizem os especialistas. As peças já estão na mesa e as negociações voltam à ativa na terça-feira. Fica a torcida.

Fonte: TrekToday