LDS 1×02: Envoys

Mariner e Boimler com ferengi

Medo e delírio em Tulgana IV: uma selvagem jornada ao coração do sonho federado

Sinopse

Encontramos a Cerritos quieta no espaço, no que uma esfera brilhante atravessa o casco da nave e cruza o caminho de Mariner e Tendi em um corredor. Mariner reconhece a chance pelo que ela é: a de ter uma Entidade Transdimensional para chamar de sua. Ela agarra a criatura, que protesta com a velha e boa eloquência que se espera de maléficas entidades energéticas. A criatura barganha sua liberdade em troca de gerar para ela um formoso tricorder com faixa roxa. Solta, a agora muito desgastada criatura acaba avançando contra a capitão Freeman no corredor, que, distraída, nem percebe a colisão.

Mariner agarra a entidade energética

Já no muquifo onde trabalham, as moças observam Boimler chegar todo pimpão por ter sido escolhido para pagar de Uber ao General K’orin, do Império Klingon, ir até Tulgana IV, enquanto Rutherford decide mudar de setor na Cerritos para poder ter um tempo livre e acompanhar Tendi na observação de um pulsar mais tarde.

Ao transportar a bagagem do general até a nave auxiliar usando seu melhor unforme de gala, Boimler descobre que Mariner conseguiu a tarefa de piloto na missão de escolta. Boimler pira na batatinha quando Mariner sai na mão contra K’orin, mas aprende que a alferes é uma velha amiga dele, embora não possa nem imaginar desde quando isto seria possível. Chegando em Tulgana IV, Boimler tem de pousar perto da Pequena Qo’noS, o bairro étnico klingon na capital do planeta. Enquanto Boimler e Mariner discutiam na área de pouso, um bêbado K’orin afana a nave auxiliar e larga os federados ao Kahless-dará ali, sem possibilidade de contatarem a Cerritos devido a um bloqueio tecnoblábico no escudo do planeta.

Mariner e K'orin bebendo

Sem muitas opções, ambos precisam ir para a cidade rastrearem o paradeiro do klingon. Eles perguntam sobre K’orin em um sujinho de comida klingon do bairro, e apesar de a atendente invocar um pouco com Boimler, Mariner consegue informação de que ele foi para um bar andoriano ao norte dali, e seguem em seu encalço, tendo de passar por uma feira cheia de sinistros kaelons e taxors.

Na Cerritos, Ramson acompanha Rutherford em algumas simulações táticas no holodeck que terminam de maneira catástrofica para a nave simulada, não importando qual decisão Rutherford tomava. O alferes então decide tentar a enfermaria, mas acaba expulso de lá pela dra. T’Ana, depois de deixar um paciente bajoriano completamente surtado com seu estado de saúde. A caitiana sugere a Rutherford tentar a sorte no departamento de segurança da nave.

Mariner e Boimler conversam com uma klingon

Mariner e Boimler passam pelo bairro de Risa, onde Mariner procura mais informações sobre K’orin. Boimler começa a cair no xaveco de uma anabaj, mas Mariner sossega o facho do alferes com um banho de mangueira, quando ele estava prestes a receber ovos da criatura na sua garganta. Depois, no bairro andoriano, Boimler acaba interferindo com alguns andorianos que tentavam capturar um transmorfo vendoriano, o que inicia uma briga grande no bar em que estavam. Mariner consegue interromper o caos ao pagar bebida para todos com a carteira que afanou de um taxor. Com sua perna e orgulho feridos, Boimler chora as mágoas em um beco da cidade, dizendo que vai desistir da Frota Estelar depois de perceber que não tem o jogo de cintura que ela demonstrou ter, o que deixa Mariner muito chateada.

O tenente Shaxs joga Rutherford no meio de sua simulação favorita de combate contra drones borgs, mas o alferes passa o rodo em todos facilmente, com a ajuda do seu implante cibernético. O bajoriano fica entusiasmado pelo potencial demonstrado por Rutherford para as tarefas de segurança. Rutherford agradece o apoio de todos ali, mas diz que decidiu voltar à engenharia por sentir que é realmente onde ele se realiza.

Mariner observa triste a combadge de Boimler no chão

Mariner arrasta um desanimado Boimler por uma floresta quando são encontrados por um suspeito ferengi que oferece a eles uma carona. Mariner paga de louca e já aceita a oferta, mas Boimler interrompe indignado dizendo que não podem confiar em um cara tão suspeito. O ferengi ataca ambos com uma faca, mas Boimler protege Mariner disparando um feiser contra o sujeito, que foge correndo. A dupla finalmente encontra a nave auxiliar abandonada nas escadarias da embaixada federada e larga K’orin desmaiado na porta principal.

No voo de volta para a Cerritos, uma constrangida Mariner pede para Boimler manter segredo sobre o lance com o ferengi, promessa que o alferes imediatamente rompe ao contar o evento para um grupo de entusiasmados alferes no bar da nave. Sorrindo para si mesma, Mariner vai para seu alojamento e, em uma comunicação subespacial, agradece seu amigo ferengi Quimp pela força que dera em ajudar Boimler, enquanto Tendi assiste ao pulsar Tripoli em seu padd, ao lado de Rutherford, em um tubo Jefferies, onde o alferes faz manutenção de seus adorados conduítes EPS.

Tendi e Rutherford trabalham em um tubo Jeffries

Comentários

“Envoys” é um episódio bem divertido que trabalha o arroz-com-feijão do dia a dia da Frota: uma missão de escolta básica e um tripulante procurando novas tarefas a bordo da nave. Não daria para ser mais centrado em personagens nem se tentasse, pois ambas as tramas foram meros vetores para colocar os personagens nas situações que ilustravam diretamente suas características e habilidades, além de limitações.

A linha principal foi termos um tradicional contraste de “experiência das ruas” contra “conhecimento acadêmico”, com as desventuras da dupla de alferes na escolta do general klingon, e as situações resultantes disso, o foi muito bem tocado no geral. Claro que a sequências de experiências ruins seria um peso para alguém que preza tanto protocolo como Boimler, mas talvez eles tenham tornado a desilusão dele excessivamente exagerada. Ainda assim, serviu bem como queda de ficha para a Mariner se tocar em provocar uma oportunidade de o alferes mostrar sua qualidade.

Tendi e Mariner em oficina a bordo da Cerritos

O aspecto da trama menos agradável foi que o aprendizado não pareceu ser de tão de mão-dupla: Boimler aprendeu algo a ferro e fogo, mas não temos a impressão de que Mariner também teria aprendido algo positivo para si com a experiência, exceto se considerarmos que esse ato dela de ajudar o colega tenha sido motivado por perceber que experiência de campo se conquista, exatamente como ela já fez antes e como Boimler estava tentando fazer naquele momento, o que não deveria ser razão para tripudiar. Talvez se adicionassem nessa mistura ela também dar mais valor ao preparo prévio que Boimler demonstrou ter, a coisa toda tivesse ficado mais redonda.

Poderia-se dizer também que Mariner não teria demonstrado defeitos, e que ela seria eficiente demais no episódio, mas não é tanto o caso: ela mostrou que não sabia nada das restrições de comunicação planetária do local, as que Boimler tinha na ponta da língua, e isso foi uma grande desvantagem na situação deles. A dica do Boimler de tomarem cuidado com os kaelons também a pegou de surpresa.

Mariner dá um banho de mangueira em Boimler

Na Cerritos, foi divertido acompanhar Rutherford tentando vários setores diferentes. Tal qual no piloto, Rutherford quis considerar as necessidades de interagir com seus colegas, mas sabe que tem um perfil onde não pode abrir mão das coisas que realmente o definem. Foi interessante que eles tenham saltado o alferes de tarefa em tarefa até que ele finalmente achou algo no qual também tem potencial, em vez de apenas o mandarem de volta para a engenharia por falta de opções, após tirarem todas as piadas da situação. Da maneira como foi feita, a situação demonstrou que embora Rutherford tenha encontrado alternativa válida, seu coração ainda estava na engenharia, e isso é o que ele deveria seguir.

Tendi fez apenas aparições pontuais, mas em bons momentos: o ótimo encontro com a esfera energética no teaser; como catalisadora das ações de Rutherford; e posteriormente vendo o pulsar com ele no tubo Jefferies. Na enfermaria, ela serviu mais de adereço para T’Ana. Sabemos que a doutora é bem rabugenta, mas deu para perceber que mesmo ela considera importante o tato no trato com pacientes. A mesma coisa com o tenente Shaxs: ele é todo durão, mas não lidera implementando medo, e sim respeito em seus subordinados. Vemos aqui que, embora esses personagens secundários estejam dentro de certos “tipos”, eles demonstram ser mais profundos do que se poderia esperar.

Rutherford, Tendi e T'Ana na enfermaria da Cerritos

Em um aspecto mais amplo, vimos que as reações da tripulação a Rutherford anunciar suas troca de funções ocorriam brincando contra o que se naturalmente esperaria por parte dos oficiais, o que entregou não somente humor mas também a percepção de que temos uma tripulação contente, que quer estar ali – ótima maneira de ressaltar mais ainda os aspectos “federados evoluídos” e “otimismo de Jornada“.

E claro que o episódio se vale de várias das velhas e boas conveniências no roteiro para nos entregar o que propõe: a esfera energética do teaser pode atravessar o casco da nave, mas não os braços de Mariner, o tradutor universal ignora o taxor, e a alferes conseguir contatar secretamente um conhecido ferengi que calhou de estar por ali no planeta (ainda que dê para ver a embaixada ferengi perto do local). Mas nada fora do comum em relação ao que já vimos tantas vezes em tantos outros episódios.

Andorianos e vendoriano no bar em Tulgana IV

A menção à Seção 31 me pareceu meio fora de lugar demais, mas dá para aceitar considerando que Boimler, pelo seu interesse em todas as coisas relativas à Frota, poderia já ter esbarrado com obscuros relatos a respeito dela. Ademais, Discovery deu uma boa banalizada sobre o conhecimento público a respeito da Seção 31, de uma forma ou de outra.

Uma dose de “fanon” pessoal: apesar de a nave na simulação do Ramson ser da classe California, não devemos assumir por isso que a Cerritos teria bercário e escola primária a bordo – possivelmente elementos particulares da simulação. A nave não parece ter tripulação civil em quantidade que justificasse isso, mas vamos ver o que eles aprontam para os próximos episódios.

Embaixada da Federação em Tulgana IV

As cenas em Tulgana IV foram boas para ilustrar as vantagens da mídia animada para a construção de mundo de uma série de Jornada. Aquele planeta tinha uma rica arquitetura, alto tráfego de naves, população extremamente diversa, bairros étnicos de inúmeras espécies da franquia, e a embaixada federada em um imponente edifício. É interessante observar também que eles estão tendo um cuidado de manter consistência nos tripulantes de fundo. Sempre vemos rostos novos, mas constantemente aparecem tripulantes que já foram vistos em cenas de fundo antes, o que indica que eles devem ter a tripulação bem mapeada, e vários deles podem ser usados como elenco de apoio e receber mais desenvolvimento.

O teaser pré-abertura com a esfera de energia foi nada menos que maravilhoso, e não se relaciona com o restante do episódio. Dá para sentir na água que esta pode ser uma característica da série: entregar nas cenas antes da abertura algumas miniaventuras sem relação direta com as tramas principais.

Grupo de alferes no bar da Cerritos

No todo, um episódio muito bom, que trabalha bem a proposta da série de nos entregar humor observacional no universo de Star Trek respeitando as características mais valiosas da franquia.

Avaliação

Citações

“I really got to think of something cool to say when we’re going to warp. Something like, ‘It’s warp time!’ What do you think of that? Is that good for you?”
(Eu realmente preciso pensar em algo legal para dizer quando entramos em dobra. Algo tipo, ‘Está na hora de dobra!’ O que acha disso? Te parece bom?)
Capitão Freeman para oficial que a acompanha

“Or maybe it’s just ’cause all Klingon names sound the same? Like, they all have an apostrophe por some reason.”
(Ou é porque todos os nomes klingons soam iguais? Tipo, eles todos têm um apóstrofo por alguma razão.)
Mariner, sobre Tendi achar o nome de K’orin familiar

“I don’t have a lot of friends yet, and doing science on my own really bums me out, so thanks, Rutherford.”
(Eu não tenho muitos amigos ainda, e fazer ciências sozinha me chateia, então obrigada, Rutherford.)
Tendi, agradecendo Rutherford

“We’re, like, the same age. Back in what day?”
(Nós somos, tipo, da mesma idade. Em que época atrás isso?)
Boimler, sobre Mariner já conhecer K’orin

“Excuse me, sir. I don’t know you. That is Starfleet property you’re handling.”
(Com licença, senhor. Eu não te conheço. Isto aí é propriedade da Frota Estelar que você está apalpando.)
Mariner, para um alienígena na multidão a carregá-la

Trivia

  • Este é o primeiro episódio de Jornada na história que mostra um dos personagens usando as três cores de departamento dos uniforme no mesmo segmento, com Rutherford tentando funções em diferentes setores da nave.
  • “Envoys” também marca o reaparecimento de vendorianos, a espécie de transmorfos primeiro introduzida no episódio “The Survivor” , da Série Animada.
  • Para sua frase de efeito, a capitão Freeman especula usar uma expressão semelhante à que os Power Rangers utilizavam em sua série, “It’s morphin time!” (“hora de morfar!”).
  • Enquanto resmungava sonhando, Mariner faz menção às luas de Nubia sobre as quais Khan comentou durante Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan.
  • Uma das lojas do mercado tem armamento klingon visto na Série Clássica, na época de A Nova Geração e até mesmo variações do universo Kelvin.

Ficha Técnica

Escrito por Chris Kula
Dirigido por Kim Arndt

Exibido em 13/08/2020

Elenco

Tawny Newsome como Beckett Mariner
Jack Quaid como Brad Boimler
Noël Wells como D’Vana Tendi
Eugene Cordero como Sam Rutherford
Dawnn Lewis como Carol Freeman
Jerry O’Connell como Jack Ransom
Fred Tatasciore como Shaxs
Gillian Vigman como T’Ana

Elenco convidado

Jess Harnell como General K’orin
Tom Kenny como Quimp
Kari Wahlgren como Anabaj
Ryan Ridley como paciente Bajoriano
Paul Scheer como tenente-comandante Andy Billups
Jessica McKenna como computador da Cerritos

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