Easter eggs e referências de “Unification III”

ATENÇÃO: ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS!

O 7º episódio da 3ª temporada de Star Trek: Discovery, denominado “Unification III”, contém muitos easter eggs e referências dos demais seriados e filmes de Star Trek. Estes são os que encontramos.

O título deste episódio, “Unification III” é uma referência ao episódio em duas partes de Star Trek: The Next Generation, “Unification I” e “Unification II”. Discovery é a primeira série de Star Trek a não mostrar os títulos dos episódios durante os créditos de abertura, uma tradição que continuou com Picard. Star Trek: Lower Decks usou o estilo de Star Trek: The Next Generation e tem os títulos escritos nos créditos. “Unification III” é a primeira vez que o título de um episódio de um seriado de Star Trek é uma sequência de títulos de episódios de um seriado totalmente separado.

Durante os momentos de abertura do episódio, vemos que uma insígnia mais nova e arredondada da Frota Estelar adorna a porta do hangar da Discovery, que parece ter sido colocada junto com a atualização da nave, no episódio da semana passada. No chão do gabinete do Saru, a insígnia também foi atualizada. O piso do hangar ainda tem a insígnia antiga.

Tilly menciona que as três caixas pretas que Michael encontrou vieram:

  • Da USS Yelchin, uma homenagem a Anton Yelchin, o Pavel Checov dos filmes do J.J. Abrams, que faleceu aos 27 anos, em 2016, pouco antes do lançamento de Star Trek Beyond.
  • Da Gav’Nor, possivelmente nomeado em homenagem ao embaixador telarita Gav. A Gav’Nor não foi identificada como uma nave da Federação no diálogo, e sua caixa preta parecia ser de um design diferente dos da Yelchin e da USS Giacconi.
  • Da USS Giacconi (NCC-316608), nomeada em homenagem ao astrofísico ítalo-americano Riccardo Giacconi, que recebeu o Prêmio Nobel de Física de 2002, por contribuições à astrofísica que levaram à descoberta dos raios-X cósmicos. Esta caixa preta foi encontrada por Book em Hunhau.

Anton Yelchin

Riccardo Giacconi

O almirante Vance informa que Vulcano agora se chama Ni´Var. Ni’Var é um termo que foi criado pela escritora Dorothy Jones Heydt, para o fanzine Spockanalia, da década de 1960. Introduzido na canção The Territory of Rigel, Ni’Var significa, em vulcano,  “duas formas” e é destinado a descrever a comparação e contraste de duas coisas, ou dois aspectos de uma coisa, um excelente termo para descrever o novo mundo natal vulcano + romulano.

Ni´Var foi também o nome de uma novela originalmente intitulada The Thousandth Man, de Claire Gabriel, que foi publicada, de forma reduzida, na antologia The New Voyages de 1976. Na história, a introdução de Leonard Nimoy diz: “Estou informado de forma confiável que Ni´Var é um termo vulcano que lida com as dualidades das coisas: dois que são um, duas diversidades que são uma unidade, duas metades que se unem para fazer um todo”. Na história, Spock é dividido entre duas metades, uma lógica e uma emocional por um cientista louco. Nenhuma metade pode existir sem a outra.

O episódio “Shadows of P’Jem” de Star Trek: Enterprise mostrou uma nave vulcana também chamada Ni’Var.

Vance menciona que a reunificação dos vulcanos e romulanos “levou séculos após a morte de Spock”. Esta é uma morte presumida. Os registros da Frota Estelar mostram que Spock caiu em um buraco negro em 2387, bem na época da supernova romulana. Eles não têm ideia de que ele realmente voltou no tempo para 2258, e foi para o universo J.J. Abrams em Star Trek de 2009. Ele morreu, na linha do tempo Kelvin, no filme Star Trek: Sem Fronteiras.

Star Trek: Sem Fronteiras

Quando Saru descobre que os romulanos estão compartilhando o planeta anteriormente conhecido como Vulcano, ele diz: “Os romulanos eram considerados inimigos em nosso tempo.” Vance ressalta que “a história esqueceu isso no seu tempo, mas romulanos e vulcanos eram duas tribos da mesma raça.” O ponto de origem da Discovery acontece em 2258, isso é oito anos antes dos eventos de “Balance of Terror”, em que Kirk, Spock e praticamente todos na Frota Estelar, aprenderam que romulanos se pareciam muito com vulcanos.

A nave estelar na animação de SB-19, na tela do almirante Vance, parece ser uma nave da classe Constitution do século 32, como visto em vários episódios anteriores da 3ª temporada.

O portal SB-19, na tela do almirante Vance, parece o portal de Stargate, seriado onde uma equipe de exploradores composta de soldados e cientistas viaja através do Stargate, um portal que dá acesso a outros planetas.

Os flashbacks em que vemos Michael conversando com Spock (Ethan Peck), bem como com o garoto Spock (Liam Hughes), vêm do episódio final da 2ª temporada de Discovery, “Such Sweet Sorrow Part 2”. Combinado com as imagens de arquivo de Spock (Leonard Nimoy) de Star Trek: The Next Generation, este é o único episódio de Star Trek, em que Spock aparece três vezes, interpretado por três atores diferentes e em nenhuma das cenas o personagem está vivo. Esta também é a única vez que Ethan Peck e Leonard Nimoy aparecem como Spock jovem e velho no mesmo episódio de Jornada nas Estrelas.

Existem vários precedentes para episódios de Star Trek ou filmes, em que vários atores de Spock aparecem na mesma história.

  • No episódio da TAS “Yesteryear” Spock (Leonard Nimoy) encontra-se com ele mesmo quando criança (Billy Simpson).

  • Em Star Trek: A Procura de Spock, Leonard Nimoy aparece no mesmo filme com outros quatro atores de Spock, Carl Steven, Vadia Potenza, Stephen Manley e Joe W. Davis. Esses atores interpretaram Spock em seus vários estágios de envelhecimento no planeta Gênesis fazem parte do cânone.

  • Em Jornada nas Estrelas: A Última Fronteira, Spock (Leonard Nimoy) está na mesma cena com uma versão infantil de Spock.
  • Em Star Trek, filme de 2009, Leonard Nimoy aparece ao lado de Zachary Quinto, mas também tem um terceiro Spock criança, interpretado por Jacob Kogan.

  • Em Além da Escuridão: Star Trek, tanto Zachary Quinto quanto Leonard Nimoy aparecem.

  • Em Star Trek: Sem Fronteiras, duas fotos de Nimoy existem na mesma história de Zachary Quinto como Spock.
  • Nos episódios de Star Trek: Discovery “Light and Shadow” e “If Memory Serves”, Liam Hughes interpreta a criança Spock no mesmo episódio em que Ethan Peck interpreta o Spock adulto.

O clipe de Leonard Nimoy, de “Unification II”, é feito a partir de dois momentos das discussões de Spock com o capitão Picard em Romulus. Note que o guarda-roupa de Spock muda no meio da gravação.  A cena onde Spock faz alusão a “mentes fechadas” acontece bastante cedo no episódio. O resto do discurso, no entanto, acontece no final do episódio.

O computador observa que os dados vêm dos “arquivos pessoais do almirante Jean-Luc Picard”, por isso podemos considerar a cena como uma interpretação holográfica das conversas de Spock com Picard, já que os registros de computador sabem como Spock se parece e fala.

Discovery salta para o território vulcano no ponto Lagrange-1 de Ni’Var. Um ponto lagrange é um ponto no espaço onde as forças gravitacionais de dois corpos maiores, por exemplo estrelas ou planetas, e a força centrífuga de um terceiro objeto menor, naquele momento, se cancelam. Isso permite que o terceiro objeto, por exemplo, uma nave estelar, assuma uma posição fixa em relação aos outros dois objetos sem qualquer consumo de energia.

Objetos menores (verdes) nos pontos Lagrange estão em equilíbrio. Em qualquer outro ponto, as forças gravitacionais não são equilibradas.

Com o uso agora generalizado de dispositivos de transporte pessoal, não podemos entender para que serve a sala de transporte dedicada, aonde chegam os membros do conselho, além de ser um lobby para o resto da nave.

Burnham menciona para T´Rina que ela é uma graduada da Academia de Ciências Vulcanas. No episódio “Lethe” vimos o dia da formatura de Burnham na Academia.

Burnham fala que o T’Kal-in-ket é usado desde o tempo de Surak, o fundador da lógica vulcana. A primeira referência canônica a Surak foi no episódio da Série Clássica “The Savage Curtain”, no qual Surak lutou com Kirk e Spock, ao lado de Abraham Lincoln.

A presidente de Ni´Var, T’Rina (Tara Rosling) diz a Saru: “Seu salto para o futuro não é amplamente conhecido, mesmo dentro da Frota Estelar”. Saru diz a ela que é porque eles não querem ser “polarizadores, dado os acordos temporais”. Isso faz novamente referência à Star Trek: Enterprise, na qual Daniels disse a Archer que os acordos temporais impediram que a viagem no tempo fosse usada ilegalmente, fato explicado aqui. Mas também parece indicar que Vance não disse a toda a Frota Estelar de onde a Discovery é realmente.

T’Rina fala que “no desejo de servir muitos, a Federação ignorou a necessidade de poucos”. Debatem então sobre a máxima: “As necessidades de muitos, superam as necessidades de poucos.” Isso tem origem em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, conforme explicado aqui.

Shalankhkai ou sha-set é um defensor no processo de T’Kal-in-ket. O termo vulcano original era sha-set, mas após a reunificação de romulanos e vulcanos, a antiga designação romulana de shalankhkai foi usada. No século 32, apenas as irmãs da ordem Qowat Milat poderiam servir como shalankhkai.

Gabrielle Burnham chegou de volta no futuro em Essof IV. No episódio “The Red Angel”, um dos locais de teste do Projeto Daedalus da Seção 31 foi uma instalação de pesquisa em Essof IV. Neste planeta, a tripulação da Discovery tentou capturar o Anjo Vermelho.

Ficamos sabendo que a mãe biológica de Burnham, Gabrielle Burnham (Sonja Sohn), tornou-se membro do Qowat Milat. Isso faz referência às freiras guerreiras romulanas, introduzidas no episódio “Absolute Candor” de Star Trek: Picard, onde o personagem Elnor foi educado pelo Qowat Milat. “Unification III” foi escrito por Kirsten Beyer, que, juntamente com Michael Chabon, Akiva Goldsman, e Alex Kurtzman, co-criou Star Trek: Picard. Ver foto acima.

Embora tenham se passado muitos séculos, Gabrielle Burnham usa as mesmas vestes azul-marinho da ordem Qowat Milat – e ela carrega uma espada vermelha, assim como o jovem Elnor em Star Trek: Picard.

Quando T´Rina fala sobre a união de romulanos e vulcanos e Burnham cita que Spock teria achado fascinante. Essa era uma palavra usada frequentemente por Spock na Série Clássica.

Na cerimônia do t’kal-in-ket, existem alguns aspectos antigos dos vulcanos. Os gongos e o fogo não são apenas evocativos do casamento de Spock no episódio “Amok Time”, da Série Clássica, mas também da cerimônia no filme Jornada nas Estrelas III: A Procura de Spock, na qual o katra de Spock foi colocado de volta em seu corpo.

A insígnia de metal usada por todas as pessoas do planeta Ni’Var que se transportam para a Discovery é uma combinação do IDIC vulcano e do logotipo romulano. IDIC foi um acrônimo para Infinita Diversidade em Infinitas Combinações (Infinite Diversity in Infinite Combinations), a base da filosofia vulcana, celebrando a vasta gama de variáveis no universo. A filosofia, assim como o povo vulcano, eram frequentemente representadas por uma insígnia com um triângulo sobre um círculo, referida como um IDIC. Este símbolo foi introduzido pela primeira vez em “Is There in Truth No Beauty?” da Série Clássica.

Nos aposentos de Burnham na USS Shenzhou há um diploma vulcano ou um certificado da Academia de Ciências Vulcanas com um símbolo IDIC. No episódio “Lethe”, Burnham usa um broche do IDIC depois de se formar na Academia de Ciências Vulcanas.

O guarda-roupa dos membros do conselho fornece uma cartilha visual rápida para a cultura romulo-vulcana combinada: o corte geral do seu manto é vulcano, enquanto os ombros afilados e o tecido são romulano.

A caligrafia vulcana, introduzida em The Next Generation e vista algumas vezes em Discovery sobrevive até o século 32; exemplos podem ser vistos no holograma do almirante Vance do planeta Ni’Var, e gravados no gongo cerimonial usado para abrir e fechar o T’Kal-in-ket.

O emblema vulcano IDIC é visto em um dos três painéis de parede decorativos no ambiente preparado para o T’Kal-in-ket.

Foto de Jörg Hillebrand @gaghyogi49

Outro painel representa o emblema vulcano-romulano.

Foto de Jörg Hillebrand @gaghyogi49

E o terceiro painel representa o emblema romulano.

Os painéis de parede decorativos transparentes, com corpos planetários, vistos na sala do ambiente do T’Kal-in-ket , apareceram pela primeira vez no episódio da 1ª temporada “Magic to Make the Sanest Man Go Mad” , de Discovery (abaixo).

Foto de Jörg Hillebrand @gaghyogi49

O planeta irmão de Vulcano (Vulcano não tem lua) pode ser visto no espaço nas janelas da Discovery.

Tilly menciona para Saru que ela nunca completou seu treinamento de comando. Este foi um grande ponto do enredo do episódio “Point of Light”, quando vimos Tilly ganhar a meia maratona do Programa de Treinamento de Comando.

A Tenente Detmer (Emily Coutts) refere-se ao banheiro em seus aposentos como “fresco” (fresher), um termo que foi usado primeiro em Star Trek, pela autora Diane Duane, em seus romances Rihannsu, My Enemy (1984) e The Romulan Way (1987).

Depois de muita especulação, parece muito claro agora que Tilly e Burnham ainda dividem um quarto. Isso é porque Burnham faz uma piada com Tilly, dizendo que ela vai pedir para  ela “mudar minha cama para o outro lado do quarto.” Isso significa que elas têm sido colegas de quarto desde “Context Is For Kings”, da 1ª temporada de Discovery.

Esta é a primeira vez que vemos Saru fazendo a famosa saudação vulcana Vida Longa e Próspera. Saru se junta a vários outros capitães não vulcanos da Frota Estelar, que mostraram o famoso gesto de mão, incluindo o capitão Picard, de Star Trek: The Next Generation, o Capitão Archer, de Star Trek: Enterprise e é claro, o capitão Kirk, da Série Clássica . Parece que Saru é o primeiro não-humano e não vulcano a fazê-lo.

Estes foram os easter eggs e referências que encontramos em “Unification III”. Se você encontrar mais alguma, escreva nos comentários.