É com imenso pesar que o Trek Brasilis reporta a morte de Richard Arnold, antigo braço direito do criador de Star Trek, Gene Roddenberry, e grande figura das convenções brasileiras. A notícia foi dada por Michael Okuda, famoso artista gráfico da franquia, pelas redes sociais. Arnold há tempos vinha batalhando contra o câncer. Ele tinha 66 anos.
Arnold conheceu Roddenberry ainda como fã, na época da Série Animada, nos anos 1970, em uma convenção. Anos mais tarde, passou a trabalhar como guia dentro dos estúdios da Paramount Pictures e, numa dessas ocasiões, impressionou o Grande Pássaro da Galáxia por seu conhecimento enciclopédico de Star Trek. Gene o manteve por perto como um assistente informal, e ele é um dos tripulantes da Enterprise na clássica cena do primeiro filme para o cinema, em que o almirante Kirk apresenta a ameaça de V’ger à tripulação.
Com o início da produção de A Nova Geração, Roddenberry conseguiu que Arnold fosse contratado oficialmente pelo estúdio, como arquivista e pesquisador da série. Em paralelo, e mesmo antes da estreia da série, ele ajudava Gene a vetar e aprovar histórias para romances e quadrinhos de Jornada. Arnold permaneceu como contratado do estúdio até a morte de Gene, em 1991, e depois focou suas energias no mundo das convenções, do qual ele nunca deixou de fazer parte.
Arnold conheceu todos os elencos de Star Trek, alguns muito de perto (Richard fez uma ponta no primeiro filme de J.J. Abrams, em 2009, como um romulano), e sempre esteve no cenário dos eventos realizados pela Creation, empresa americana que até recentemente realizava os eventos oficiais da franquia. No Brasil, ele esteve pela primeira vez em 1998, para uma convenção de Arquivo-X, Star Wars e Babylon 5. Depois disso, ajudou o fã-clube Frota Estelar Brasil a trazer os atores Walter Koenig (2002) e Leonard Nimoy (2003) ao país. Também foi fundamental para a vinda dos atores René Auberjonois (2018) e Connor Trinneer (2019) em eventos que marcaram o retorno do clube, agora como NovaFrota, e assinou um prefácio para o livro F30, que conta os 30 anos do clube, em suas duas fases.
Nunca ninguém no meio trekker teve um vínculo tão forte com o Brasil. E todos que conversaram com ele, seja em convenções, seja por telefone, por email, pessoalmente, sabem que era um grande sujeito. Adorava contar causos. Ficou me devendo, por sinal, uma história sobre Isaac Asimov, que prometera me contar em sua próxima vinda ao Brasil. Lamentavelmente, a pandemia entrou no meio do caminho, seu retorno foi adiado e agora, infelizmente, tornou-se impossível.
Com diagnóstico terminal, ele havia deixado Los Angeles em 2020 para morar em Saint Louis, onde passaria seus últimos dias.
Que descanse em paz o querido Richard Arnold.