TNG 3×06: Booby Trap

A Enterprise cai numa armadilha e é salva por uma aposta no fator humano

Sinopse

Data estelar: 43205.6

Enquanto Geordi tem um encontro fracassado no holodeck e Data e Wesley jogam xadrez tridimensional, a Enterprise entra num campo de detritos onde, mil anos antes, ocorreu a batalha final entre duas espécies inimigas. A nave detecta um misterioso sinal de socorro de dentro do campo e encontra um antigo cruzador promelliano.

Picard lidera um grupo avançado para investigar o interior da nave. A tripulação morrera em seus postos, e um registro do diário do capitão promelliano é recuperado, em que ele assume total responsabilidade por suas mortes.

De volta à Enterprise, Picard ordena a partida, mas a nave começa a ter sua energia drenada. Tentativas de escapar só aumentam a perda. Aparentemente, eles agora estão presos na mesma armadilha que vitimou os promellianos um milênio atrás.

Geordi começa a trabalhar numa forma de manter os escudos, a fim de evitar contaminação fatal por radiação, e, depois, de como escapar do estranho campo de força. Para isso, ele recria no holodeck a sala de projetos do motor da Enterprise, em Utopia Planitia, Marte, durante a construção da nave, bem como a projetista-chefe, Leah Brahms.

Interagindo com uma versão virtual de Brahms, ele desenvolve um plano de fuga: deixar o computador assumir o controle da nave, realizando milhares de manobras para compensar o campo de força. Picard hesita em ceder o comando, ainda mais depois que simulações mostram que nem sempre a manobra tem sucesso.

Os escudos caem, e o tempo é curto. La Forge então tem a ideia oposta, dar apenas um impulso inicial para quebrar a inércia e depois desligar tudo, usando apenas dois propulsores laterais para controlar a trajetória. Picard abraça esse plano e pilota pessoalmente a nave, usando a gravidade de um asteroide como estilingue para obter o impulso final que leva a Enterprise para fora do campo de detritos. De volta ao holodeck, Geordi dá um beijo apaixonado na versão virtual de Brahms, antes de desligar o programa.

Comentários

“Booby Trap” é uma aventura divertida e criativa que tem seu núcleo na discussão sobre o valor do fator humano, versus puro poder computacional, como solução para problemas. É o humanismo de Star Trek mais uma vez bem representado, sem no entanto martelar todo mundo na cabeça com isso.

A premissa da nave abandonada há mil anos é interessante e permite um vislumbre do lado explorador do capitão Picard, que quebra seu estilo ranzinza ao se empolgar com a visita ao cruzador promelliano. Mas, claro, quem mais se destaca no episódio é Geordi La Forge, e LeVar Burton entrega uma atuação leve e relaxada do engenheiro-chefe da nave.

É interessante como o tema do episódio acompanha toda a trama, desde o começo, quando Geordi usa o poder computacional do holodeck como estratégia de paquera para seduzir Christy e, mais tarde, quando ele recria a sala de projeto do motor da Enterprise-D no mesmo holodeck, interagindo com uma versão artificial da dra. Leah Brahms.

Até mesmo Guinan toca no assunto, indicando que Geordi pode ter mais sucesso (no caso, com as mulheres) se for ele mesmo, versus uma versão programada de si mesmo. E cabe ao próprio La Forge, ao final, reconhecer o que falta e propor a solução para salvar a Enterprise.

A trama e o tema ajudam a construir e apresentar a personalidade do engenheiro-chefe, mais uma vez reprisando o sucesso desta terceira temporada em dar tridimensionalidade maior aos personagens principais.

Os valores de produção mais uma vez são muito bons, com cenas maravilhosas da Enterprise e do cruzador promelliano em meio ao campo de asteroides, além de uma trilha sonora poderosa e energética de Ron Jones (com uma pequena participação de Johannes Brahms no teaser).

Avaliação

Citações

“Is it possible… that we’ve fallen into the same snare that killed them? A thousand year old booby-trap?”
(É possível… que tenhamos caído no mesmo truque que os matou? Uma armadilha de mil anos?)
Picard

Trivia

  • Este foi o último episódio com envolvimento do escritor Michael Wagner, que foi o showrunner da série apenas pelos quatro primeiros episódios da terceira temporada.
  • Na primeira versão da história, Picard é quem se envolveria com a Leah Brahms simulada. Michael Piller comentou: “Parecia para mim, ‘Picard deveria estar na ponte, não batendo papo com alguma mulher’. Eu disse a mim mesmo, ‘Deve ser o Geordi, porque o Geordi é apaixonado pela nave e essa é uma história sobre um cara apaixonado pelo seu ‘Chevy 57’. Isso funcionava com o personagem do Geordi, que sempre foi desajeitado com mulheres, mas, se ele pudesse se casar com seu carro, ele viveria feliz para sempre. Ele cria a personificação da mulher que criou o motor que ele ama. É meio que a relação entre ele e seu Pontiac.”
  • Originalmente, Brahms seria “Navid Daystrom”, intencionalmente uma descendente do doutor Richard Daystrom, do episódio clássico “The Ultimate Computer” (por sinal, o tema deste episódio casa perfeitamente com a daquele). Contudo, o departamento de elenco não soube que o papel exigiria uma atriz negra até que Susan Gibney já estivesse contratada. Por sugestão do coordenador de roteiros Eric Stillwell, o personagem trocou de nome, mas o elo com Daystrom foi mantido, ao incluir uma fala em que se dizia que ela havia se formado no Instituto Daystrom.
  • O plano original era construir uma versão mockup do motor de dobra para as cenas no holodeck, mas o custo se tornou proibitivo e um cenário mais simples, com peças transparentes e diagramas, foi projetado.
  • Neste episódio, vemos pela primeira vez os uniformes que seriam usados até o final da série, mas apenas em Picard. Os demais atores ainda usam a primeira versão criada para a terceira temporada, com linhas de costura nas partes coloridas e ombreiras maiores.
  • Em um engraçado erro de gravação na sala de transporte, Michael Dorn (Worf) trocou sem querer a palavra toys por boys, e a frase ficou: “Eu não brinquei com meninos.” Todo mundo caiu na gargalhada.
  • Este foi o primeiro episódio dirigido por Gabrielle Beaumont e o primeiro segmento de Star Trek a ser dirigido por uma mulher.

Ficha Técnica

História de Michael Wagner & Ron Roman
Roteiro de Ron Roman e Michael Piller & Richard Danus
Dirigido por Gabrielle Beaumont

Exibido em 30 de outubro de 1989

Título em português: “Armadilha”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher
Wil Wheaton como Wesley Crusher

Elenco convidado

Whoopi Goldberg como Guinan
Colm Meaney como Miles O’Brien
Susan Gibney como Leah Brahms
Albert Hall como Galek Sar
Julie Warner como Christy

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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