Shatner comenta sobre os filmes da Série Clássica

Em entrevista ao USA Today e ao Collider, o ator William Shatner, em seus 90 anos, falou sobre uma variedade de tópicos relacionados a Star Trek. Os assuntos foram do cancelamento da Série Clássica, aos filmes em que participou, até o suposto novo filme para 2023.

O velho Bill comentou a respeito do lançamento dos primeiros quatro filmes da série original em resolução 4K. Ele é a favor de manter a originalidade de todo o trabalho feito naquela época.

Eu entendo que fizeram pequenas alterações para torná-lo (o primeiro filme) mais elegante, isso é um ponto interessante, que você destaca sobre os erros. Se eu pudesse argumentar, eu diria que seria melhor deixá-lo em toda a sua crueza, em todos os seus esforços, em vez de fazer com que pareça bonito e agradável, embora não fosse tão bonito quando foi feito originalmente.

Falando sobre o primeiro filme no cinema, Shatner admitiu que Star Trek: The Motion Picture não foi o que esperavam.

Foi maravilhoso. Toda a novidade. Fomos cancelados e, de repente, todo esse dinheiro foi investido na produção. Nós pensamos que estávamos indo para a grande arena do cinema. Nós não estávamos. O filme não foi o sucesso que esperávamos.

Mas os efeitos especiais, até mesmo a própria nave, eram muito primitivos no programa de televisão. Você olha para isso agora, é quase cômico. E fomos descobrindo as coisas à medida que avançávamos. É como se uma filmagem bruta viesse depois de filmarmos e disséssemos: “Oh, não! Estamos caindo na ponte para o lado errado”. Até encontrarmos os resultados, estávamos às escuras.

Robert Wise foi contratado pelo estúdio para ser o diretor e produtor executivo de Star Trek: The Motion Picture. Antes de entrar em Jornada, Wise já tinha experiência em dirigir filmes de ficção científica como os clássicos O Dia em que a Terra Parou e O Enigma de Andrômeda. Shatner comentou sobre os problemas que teve de enfrentar durante as filmagens.

Robert Wise tinha acabado de sair de Amor Sublime Amor, eu acho que ele era renomado, era como um diretor popular. Então, com sua habilidade de diretor, foi ótimo porque ele tinha todos estes filmes caros como crédito e vimos seu trabalho de câmera e a coisa foi brilhante. Ele era um bom diretor, o problema estava em que ele era essencialmente um editor, estava editando o filme em sua mente, mas nunca teve a chance de editá-lo porque o filme sofreu atrasos, devido as greves que aconteceram durante as filmagens. Então, tivemos que parar de filmar, e ele ficou sem tempo para editar e o filme foi mostrado sem a astúcia da edição. Não foi tão polido como poderia ter sido e sofreu como resultado disso.

Segundo Shatner, ele nunca assistiu a um episódio da série ou a qualquer filme em que tenha participado, e não se vê curioso para saber como ficaram os filmes em 4k, porque nunca gostou de se ver como era, mas brincou dizendo que olhando para trás não se vê tão mal assim como está agora.

Quanto a razão de aceitar voltar a Star Trek para fazer o primeiro filme, o ator disse que tem sempre em mente de se sentir bem para fazer o seu melhor trabalho. E isso aconteceu com Jornada.

Eu me sentia bem sobre interpretar as cenas. Devo me sentir bem, eu teria que me sentir genuíno, sincero, honesto, verdadeiro. Soa bem para minha mente treinada no teatro. Acho que o público vai rir ou chorar ou seja lá o que for que eu esteja tentando fazer. Do contrário, é como se alguém gritasse que um touro entrou no palco.

Em relação a Star Trek IV: The Voyage Home, o chamado filme das baleias, Shatner revelou que já tinha experiência neste tema desde o teatro.

Eu tinha trabalhado sobre o tema das baleias muito antes de ter feito a performance. De um grande poema “WhalesWeep Not!”. Eu fiz isso com sons de baleia na frente de 18.000 pessoas. Eu estive com esse tema de baleias, falei sobre baleias. Então, não tenho certeza de onde essa coisa de baleia veio (no filme), mas eu fico me perguntando se não foi uma coincidência, essa coisa de baleia que eu estava na época. Mas tendo estado com o tema das baleias, o som das baleias, o desaparecimento delas, eu fiquei muito entusiasmado com o conceito da coisa. E Leonardo fez um trabalho maravilhoso dirigindo isso.

A terceira temporada da série original

Voltando a época da Série Clássica, Bill cita os tempos ruins do último ano do show e a notícia do seu cancelamento.

No terceiro ano, todos nós ficamos arrasados. A série acabou e todos nós, de fato, amávamos aquele programa. Muitos dos roteiros, até as pessoas falavam sobre a terceira temporada, nada foi bom. Nós tivemos de custo em torno de 150 mil dólares a série, agora eles gastam dois, três, quatro, cinco milhões de dólares em uma hora. Então, você pode ver a desvantagem que estava lá. Mas todos nós gostamos, eu gostei de fazer a série até o final. Eu tinha me divorciado e foi uma época muito túrgida, para mim, O cancelamento do programa foi um ponto baixo na minha vida. Foi o último capítulo para mim naquela época. Mas, como na vida, às vezes, o que está por baixo ressurge. Então, quando os filmes começaram, minha vida acelerou e eu estava já trabalhando em uma série de filmes. E a continuidade da vida me impressionou, o fato de você poder existir por mais um tempo e foi a mensagem de como a vida continuou com Star Trek e de outra forma esta vida continua.

Novo filme para 2023

No passado, Shatner disse que gostaria de fazer uma aparição nos filmes da Linha do Tempo Kelvin, desde que houvesse um bom motivo para isso, mas sempre se mostrou cético em relação à ideia de “ressuscitar” Kirk após sua morte em Star Trek Generations.

Agora a Paramount anunciou que um novo filme de Star Trek está sendo programado para estrear em 2023, com o  diretor de WandaVision, Matt Shakman, no comando. Shatner disse que ficou “encantado em saber” que há um novo filme em andamento. E quando perguntado se gostaria de participar, brincou:

Precisamos ver um Prime Kirk 55 anos após o fato (o final da série), e talvez 10 quilos mais pesado. Como você explicaria isso? Esse é o dilema deles. O que você acabou de dizer (sobre o filme) é novidade para mim e estou muito feliz em saber disso. Mas minha conexão (com o estúdio) está desgastada. Não tenho medo. Embora eu tenha um pouco de medo de ficar desgastado.

Atualmente, Shatner está provendo o seu novo álbum musical chamado Bill, que é uma espécie de retrospectiva, com o ator destacando momentos significativos de sua vida e as questões e desafios enfrentados ao longo do caminho, em uma série de canções. Um desses momentos foi a morte do colega e amigo Leonard Nimoy (Spock). Em outra faixa deste novo álbum, Shatner foca em onde ele se encontrava no verão de 1969, quando foi transmitido o pouso da Apollo 11 na Lua. O episódio final da série original, “Turnabout Intruder”, foi ao ar algumas semanas antes do evento histórico.

O novo álbum Bill, será lançado pela Let’s Get It! Records / Republic Records em 24 de setembro e traz convidados como Joe Jonas e Brad Paisley.